Médico versus farmacêutico. Quando a ética submete-se ao ganho financeiro.

 

A Lei dos genéricos representou uma inovação, trazendo quedas nos preços e com ela, novas políticas publicas foram criadas para o melhor atendimento da população; Entretanto, correndo paralelamente às suas vantagens, não podemos ignorar os desacertos provindos dos excessos de permissividade comercial que não foi vislumbrada em sua criação. A farmácia mais que um balcão de negócios, com a nova lei, passou a ter a anuência e a proteção legal daquilo que antes eram feito por experientes balconistas num engodo de esperteza, e hoje, é praticado por “alguns” farmacêuticos que trocam receituário medico e às vezes, ante lamúrias de leigos enfermos que não buscaram orientação médica, criam prescrições próprias e por certo, também riscos aos seus “pacientes”.

É racional lembrar que a classe médica faz investimentos na busca de atualizações através de congressos e são visitados por laboratórios farmacêuticos que lhes entregam frutos de suas pesquisas, subsídios científicos e as inovações do momento. O empenho disso tudo é enorme, mas morre quando a receita medica chega ao balcão. Não adianta o médico explicitar orientações no receituário para não mudar sua receita.  A “mudança” quase sempre ocorre em razão de o farmacêutico ser também usado como peça chave comercial para alavancar vendas e promover lucros aos seus empregadores. A ética e a “verdadeira” formação que os habilitou a essa grande responsabilidade não é comum a todos. É correto substituir o receituário por um “genérico” com a mesma substancia, prestando assim benefício à sociedade, mas por outro lado é notado que na “falta” destes, para não perder o negócio, procuram substituí-lo por similares ou outras substancias que nem sempre promovem a cura e podem produzir efeitos colaterais fatais a alguns doentes, algo muito distante dos objetivos da saúde publica.

 Nesse jogo de “empurra” são desconsiderados os critérios de segurança, tolerabilidade e eficácia, que entre outros, levaram o medico a sua prescrição. Isso promove desserviço à sociedade, pois além de corromper com a relação medico/paciente, dá prejuízos, pois, muitos desses medicamentos substitutos são produzidos por laboratórios que só conquistam mercados graças aos enormes lucros oferecidos às farmácias e que por certo, merecem desconfiança mesmo sob o apelo indicativo dos doutores das farmácias.