O Ensino da Matemática na EJA (Educação de Jovens e Adultos), trás muitos desafios para os professores de Matemática, pois exige destes maiores habilidade e sensibilidade no sentido de saber lidar e problematizar os conhecimentos de matemática que os alunos já adquiram ao longo de suas vidas, seja no espaço escolar ou nos espaços de vivencias com os familiares, militância na igreja ou em associações, sindicatos e no mundo do trabalho. 

            O professor de Matemática na EJA precisar – se colocar na condição de observador e aprendiz, é preciso que este saiba e tomem consciência das coisas que estão em nossa volta e dos seus alunos. É preciso criar situações de aprendizagem que prova situações em que os alunos percebam que a matemática está por toda parte e em todos os lugares. Acredito que quando a nossa prática pedagógica incorpora esses princípios, desconstrói o mito de que a Matemática é uma disciplina de conteúdo difícil, uma vez que os próprios alunos percebem que possuem boas bases para adquirir os conceitos e aplicações na matemática, uma vez que eles já trabalham a matemática em ações cotidiana.

            O ponto de partida e de chegada da metodologia é claro: a realidade em que os sujeitos envolvidos vivem. Gallert (2006, p. 8), discute o papel do professor de matemática como mediador e também inovador das percepções e afirma que:

 [...] nesse momento o foco é situação-problema, o conteúdo não deve ser nem abordado. Essa metodologia muda radicalmente à maneira como estamos acostumados a começar o trabalho com a maioria dos conteúdos do currículo. [...] A metodologia da problematização nos desafia a mudarmos as sequencias de nossas aulas. Seria como “virar do avesso” aquilo que estamos acostumados a fazer na nossa profissão de professores.         

                                                   

D’Ambrósio, citado por Toledo (1997, p. 14), ensina-nos que:

[...] a etnomatemática tem como objetivo principal valorizar a matemática dos diferentes grupos culturais. Propõem uma maior valorização dos conceitos matemáticos informais, construídos pelos alunos através de suas experiências, fora do contexto escolar.

Em mais uma das minhas buscas constantes para  encontrar uma metodologia “ideal” para trabalhar a Matemática na EJA, descobri que meus alunos têm melhores desempenhos quando apresento e explico os conteúdos contextualizados, relacionando estes com as “realidades” vivenciadas por cada um dele, desafiando-os a pensarem a matemática a partir de situações-problema. Partindo desse principio pedagógico durante as aulas sempre procuro me expressar de maneiras mais simples possível, para que os conteúdos ministrados nas aulas se revelem como algo presente na vida e no fazer cotidiano deles.

Acredito que quando o professor fala, ou melhor, dizendo explica os conteúdos a partir de uma linguagem em que os alunos já conhecem e utilizam em suas ações cotidianas, os conteúdos adquirem maior significado para a vida e o fazer dos alunos, o que faz com que o processo de ensino e aprendizagem na matemática, enquanto algo prazeroso, dinâmico, com sentidos e intervenção na melhoria das condições de vida das pessoas que retornam ou busca a escola para suprir as suas necessidades impostas pelo contexto, social, cultural e econômico em que vivem.   

  Tenho me debruçado enquanto professor de matemática e no sentido de construir e possibilitar novas estratégias de ensino, visando assim, melhorar a minha prática de sala e começando os conteúdos sempre pelas as atividades em que os alunos consideram ser mais fácil de serem assimiladas, e assim tenho feito e com isso, percebo que os alunos ganham a confiança neles próprios, enquanto capazes de aprender, e vejo ainda que até aqueles que se sente com muitas dificuldades para aprender começam a criarem um “gostinho maior” pelas aulas de Matemática.

Outra estratégia que tenho recorrido com frequência é procurar conhecer o universo social, econômico e cultural dos alunos, procurando identificar as habilidades e os limites de cada um deles, e sempre insistindo e dando visibilidades ações que revelam que os mesmos são capazes de aprenderem.  Organizo os alunos em grupo e atribuo tarefas coletivas e fico por certo tempo observando as ações e reações deles diante das atividades para serem desenvolvidas, começo a trabalhar com as dificuldades individuais uma por uma.  Assim é possível elevar a autoestima dos alunos que possuem dificuldades, pois caso eles não consigam poderão sentir mal, principalmente quando as atividades envolvem as propriedades da matemática nos cálculos, até porque às vezes eles encantem maior facilidade em aprender com as explicações dos colegas.  

Detalhamento de uma experiência de aula de Matemática Financeira

Construímos o planejamento sobre a Matemática Financeira, visando trabalhar o funcionamento do sistema comercial e financeiro na perspectiva do Sistema Capitalista, a qual teve como “publico” envolvido os alunos do 1º Ano do Ensino Médio, turma C. Após uma breve exposição do tema e dos objetivos da aula, sugeri aos alunos que fizessem uma pesquisa de preço nos comércios lojas da cidade e internet, abarcando os produtos da cesta básica e outros que os alunos têm hábitos de consumirem e utilizar. Para desenvolverem a pesquisa os alunos construíram no coletivo uma lista dos produtos e listaram os supermercados  e  lojas  em que os produtos seriam pesquisados. 

A pesquisa durou três dias e enquanto os alunos realizavam a pesquisa eu fui trabalhando os conceitos básicos da Álgebra por meio das equações e inequações, depois comecei a trabalhar os aumentos e descontos que apresentavam nos produtos coletados na pesquisa, conforme as formas de pagamentos, analisando a variação percentual de cada produto.

Logo eles perceberam que os prazos para pagar “rimavam” com acréscimos (juros), depois começamos a fazer comparações nos preços de um prazo para outro, daí eles percebiam que quanto maior o prazo, mais alto eram os valores dos produtos. E relataram as comparações de preços e a descrições dos produtos.  Com tudo isso eles já estavam todos empolgados com o resultado das suas pesquisas, e sentiam parte do processo de ensino e aprendizagem. 

Depois passei a problematizar as respostas encontradas pelos alunos, no sentido de fazê-los perceber a variação entre preço a vista ou aprazo e em relação ao tamanho, quantidade e peso dos produtos, bem como da relação custo e benefícios.  

Quando interrogados sobre as impressões acerca dessa atividade alguns alunos descreveram como tranquila, pois já tinha prática em verificar os preços das mercadorias nos comércios e lojas para construírem seus orçamentos familiares do mês recorriam a pesquisa de preço, mas que não sabiam que essa atividade se chamava pesquisa. Outros alunos já viram como algo totalmente diferente das suas rotinas de compras, pois acreditavam que não viam sentido, pois pensavam que todos os mercados e lojas tinham basicamente os mesmo preços, ou que não valia apenas comprar ou deixar de comprar em função de valores um pouco mais baixos, mas que o resultado da pesquisa passaria a se cuidar desses detalhes, porque haviam percebido que isso faz uma diferença significativa no final do orçamento.    

A resposta dessa pergunta veio quando estudamos o regime de juros simples. Mas como já estavam todos empolgados com a pesquisa, o que eles mais queriam era que a matemática provasse pra eles por que tais coisas aconteciam na pesquisa com tantas regularidades. Nesse momento começamos a formar situações-problema com os dados coletados por eles, em seguida íamos classificamos cada valor das questões conforme o regime de juros simples, tudo isso para que eles fossem familiarizando com os elementos da fórmula, para depois extraí-los nas situações-problema.

Os resultados foram ótimos nesse trabalho realizado, pois serviu para eu perceber o quanto os alunos estavam envolvidos e também comprometidos com seu aprendizado, por outro lado eu como professor aprendi muito também com experiência.

Hoje posso dizer foi uma experiência que deu certo, pois já havia trabalhado o mesmo conteúdo e não tinha conseguido ter bons aproveitamentos o quanto esse. A matemática comercial e financeira, é um pouco complexas, precisamos está bem conectados com as situações para podermos entender e também conferir se de fatos os resultados em cada situação está de acordo com o sistema pregado, pois muitas vezes pagamos mais por não termos clareza do funcionamento do sistema.