Mas, afinal, o que é Semiótica ? 

“Todo pensamento é um signo e o próprio homem é o pensamento, ou, em outras palavras, é o próprio signo”. (Charles Sanders Peirce)

                                         Na década de 70 do século passado, conforme as professoras Mônica Rector e Eliana Nunes, ainda se fazia escassa a bibliografia em língua portuguesa da então polêmica área da Semântica e, poderíamos acrescentar, também da Semiótica. 

                                         De lá para cá, muitos conceitos, inclusive os de Semântica e de Semiótica, felizmente, ou foram sendo aperfeiçoados ou foram, aos poucos, sendo deixados de lado. Com a Semântica e a Semiótica aconteceu o aperfeiçoamento; já com outros conceitos linguísticos, como o de “certo e errado”, o fatal aniquilamento. 

                                          Muitos teóricos contribuíram, nestas últimas décadas, para o alargamento dos estudos linguísticos no Brasil, entre eles, aqueles que elaboraram e organizaram a Coleção Linguística e Filologia do Ao Livro Técnico S/A, particularmente a obra Manual de Semântica, texto referência para algumas questões que pretendemos de forma sintética abordar.

                                           Mas, afinal, nessa linha de estudos que estamos nos propondo, o que é mesmo Semiótica? É uma pergunta que peremptoriamente nos fazemos, quando, tresloucados, invadimos o campo da linguística, em busca de respostas, que nem sempre teremos. 

                                          Durante muito tempo a Semiótica, e igualmente a Semântica, foi tratada com certo descrédito. Seu padrão textualista e sociológico, aberto demais para modificaçãoes do meio, fez com que as premissas de sua área ficassem suscetíveis às mais diversas críticas, incluindo, aí, também as absolutamente descabidas. 

                                           Nesse contexto, finalmente no século XX, houve a consagração da Semiótica, que passou a ser de interesse de todos os campos do saber humano, sobretudo daqueles que orbitam no espaço do convencimento do outro, como é o caso, por exemplo, da mídia, dos partidos políticos, dos advogados,etc. 

                                           Sabemos que, até pouquíssimo tempo atrás, a palavra ocupava o lugar central e insubstituível na comunicação e, por consequência, na evolução humana. Aos poucos, porém, ela foi perdendo espaço para a imagem, o movimento e outras formas de comunicação, por incrível que pareça,  às vezes bem mais eloquentes e significativas que a linguagem oral. 

                                            Questões como estas começaram a chamar a atenção de diversos segmentos da sociedade e foi a Semiótica o campo que procurou dar conta destes anseios.                                              Assim, ficamos devendo aos linguistas Peirce e Saussure, a sistematização da chamada Semiótica. 

                                            Para o norte-americano Charles Sander Peirce (1839-1914), a Semiótica consistia na formalização dos signos. Já para o linguista Ferdinan Saussure a Semiologia (era assim que Saussure chamava a Semiótica) era a ciência que estudava a vida dos signos no meio social. 

                                            Mas, independentemente da denominação que deram, importante chamar atenção para o fato de Saussure e de Peirce terem sido contemporâneos e, possivelmente por esse motivo, a Semiótica/Semiologia tenha tomado um impulso tão grande no final do século XX/início do século XXI. 

                                            E assim, enfrentando a questão da terminologia e à medida que a complexidade de valores se tornava unificada na então atualidade dos meados do século XX, a Associação Internacional para Estudos Semióticos decidiu que o termo “Semiótica” poderia ser alternado com “Semiologia”. 

                                             Semiótica e Semiologia passaram a ser, desta forma, termos reciprocamente substitutivos, sendo que a preocupação única era desenvolver a teoria geral que encampasse todos os signos. 

                                             Remontando-se à origem desses estudos, poderíamos citar, ainda como referência, os teóricos ingleses do século XVII, de J. Wilkis a J. Locke, este último identificando a teoria dos signos como sendo a lógica dos pensamentos. 

                                               Conforme já foi dito, estabelecendo a ordem que se consubstanciou na realidade de um ser pensante, através da estruturação da Semiótica, surgiu Saussure que, no final do século XIX, etapa a etapa, desdobrou, finalmente, os passos da lucidez linguística, fazendo ver a relação entre significante e significado e a noção de um sistema que está longe de ficar limitado à linguagem verbal, atingindo também outros e infinitos sistemas sígnicos.

                                                Enfim, para que se possa explicar, através de um conceito simplista, o que é a Semiótica, podemos dizer que esse campo nada mais faz que interrogar a natureza do signo, deslindando os complicados mecanismos da comunicação humana, ampliando o universo de possibilidades de interação do homem com as realidades que o cercam.