MARX E A PEDAGOGIA MODERNA – PARTE II – A PEDAGOGIA MARXIANA FRENTE ÀS DEMAIS PEDAGOGIAS.

 – MARIO ALIGHIERO MANACORDA

Nas obras de Karl Marx está contida uma possível pedagogia, sendo que agora será inseria na história das instituições educativas e das teorias pedagógicas, permitindo assim, verificar as eventuais contribuições que daí possa vir à problemática pedagógica atual. Expondo os resultados da pesquisa de forma esquemática, sobre os temas de formação do homem, emancipação como indivíduo social, com finalidade de criar o homem onilateral.

A pedagogia de Marx diferente das demais propostas, que anunciavam assumir o trabalho no processo educativo e a finalidade da integralidade do homem, sendo a fórmula “metade escola e metade trabalho”. Marx, neste sentido, pregava uma pedagogia em que houvesse um tempo integral juntando a teoria à prática, de forma que os indivíduos trabalhassem com a teoria um horário e o aplicassem à prática em um outro horário, porém ele jamais ditou uma esta pedagogia aplicada atualmente, ele não se referiu a essas escolas técnicas atuantes hoje.

A escola, até o século XVIII, era voltada para a elite, ou seja, para as classes possuidoras de capital, não existindo para as demais classes. Apenas depois da Revolução Industrial é que ela passa a ser uma perspectiva de toda a sociedade, porém sendo denominada de “escola” (livresca e desinteressada) a instituição do elitista e “não-escola” (profissional e prática) a instituição do trabalhador. Principalmente depois da Revolução Industrial, a escola passou a ser um local do não - aprender, pois a educação e o desenvolvimento evoluíam com uma distância muito grande, pois, quanto mais a sociedade se industrializava mais as necessidades educacionais aumentavam. Desta maneira, o capitalismo tinha a necessidade das não-escolas, para que houvesse a especialização do trabalhador apenas para mantê-lo no cargo que já possuía, ou para o que iria possuir em uma fábrica, sendo um local também, em que o indivíduo aprenderia a transformar a natureza inconscientemente.

O Estado percebeu que a educação era importante para conseguir suas realizações, desta forma, tomou a educação para si. Fazendo também da educação um local de divisão, dividindo a classe daqueles que pensam (ciências teóricas) e dos que praticam (atividades manuais). Sendo o homem formado de pequenas partes de conhecimentos. Tem-se como exemplo, um arquiteto que pensa e desenha toda uma planta de uma casa, porém quem a deixa pronta é um pedreiro, ou seja, o arquiteto pertence à classe do pensar e, o pedreiro à classe do agir. Porém, quem melhor para construir uma casa a não ser quem a pensou?. Isto é apenas uma estratégia que o capitalismo usa para dominar os indivíduos.

Desta forma, o Estado investiu em uma instituição que era responsável pela formação do trabalhador, impondo as suas próprias estruturas à objetiva necessidade de expandir as aquisições da ciência que, quanto mais se converte em operativa, tanto mais tem necessidade de expandir-se e de entrar difusamente no processo produtivo. Sendo que, a lógica de escola, em Marx, nega uma educação utópica, sonhadora, etc. E quando Marx fala de uma escola ativa, ele se refere a um ambiente em que os indivíduos dominem o conhecimento. E ainda para ele, o trabalho é algo produtivo, prática do manejo dos instrumentos essenciais de todos os ofícios, associado à teoria como estudo dos princípios fundamentais das ciências.

A prática a que Marx se refere é algo que não coincide com o objetivo individual, mas de modificar o mundo, de uma atividade que todos estejam empenhados para conquistar um único objetivo, de forma que o homem modifique a natureza de forma consciente de sua ação e, ao modificá-la, modifique a si próprio, como homem. Desta forma, fazia de seu pensamento algo determinado pratico e não deixar o pensamento tornar-se “ideologia”, assim também com a educação.

A escola tornou-se uma instituição para as classes subalternas, fazendo com que desaparecesse a velha aprendizagem artesanal, sendo ocupada agora por um ensino elementar e técnico-profissional, havendo um aumento da escolaridade e uma diminuição do trabalho infantil, porque as crianças passaram a ir às escolas. Isto porque o capitalismo necessita agora de especialistas e técnicos de altos níveis.

Portanto, é possível afirmar que a possível pedagogia proposta por Karl Marx em suas obras foi distorcida por diversos autores e também pelo capitalismo, de forma que, suas idéias e teorias foram aplicadas incorretamente favorecendo apenas a uma parcela da comunidade, sempre em prol da classe dominante, ou seja, das classes que detém o poder.

REFERÊNCIA

Manacorda, Mario Alighiero. Marx e a pedagogia moderna. Trad. Newton Ramos de Oliveira. São Paulo: Cortez, 1921. Parte II.