"Entretanto estavam de pé junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de sua Mãe, mulher de Cléofas e Maria Madalena. Jesus vendo sua mãe e junto dela o discípulo que ele amava, disse a sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe. E, desta hora por diante, a levou o discípulo para sua casa." (Jô 19, 25-27)

Incrível em como Cristo claramente afirmou! Em seu último momento antes de suas duas últimas frases e seu último suspiro Ele deixa como testamento para a humanidade uma Mãe para todos nós. Neste derradeiro momento ele tinha uma lucidez única onde deixou claro seu último desejo.

Cristo podia ter pedido a João: "Cuida da minha Mãe" ou dito "Toma conta dela", mas não foi isso visto que Maria havia parentes que pudessem cuidar dela (a irmã dela estava lá também) e João tinha sua mãe viva. Ela se chamava Salomé. Era uma das santas mulheres que seguiam Jesus. (cfr MC 3, 31) e zelava muito pelos seus filhos (João e Tiago) a ponto de pedir a Cristo que lhe concedesse os primeiros lugares no seu Reino ( cfr Mt 20, 20).

João era o único discípulo presente ao pé da Cruz e acima de tudo ele era o que representava lá todos os outros discípulos, isso lhe concedia autoridade em mostrar a intenção de Cristo a todos os homens. Sua intenção é proclamada de forma clara. Maria atribuída por Deus como mãe sobrenatural de todos os homens.

Na Bíblia pouco se fala de Maria e ao mesmo tempo MUITO SE DIZ. Se pararmos para analisar os textos ao qual se fala de Maria pode pensar em o que exatamente Deus fala sobre Maria. O que Deus quer dela? O que Deus pensa dela?

Salta aos olhos a priori que Deus mostra que Maria, assim como todos nós católicos devemos ter, vive em absoluta sintonia com a Sua vontade. No capítulo da anunciação quando ela sabe a respeito de sua prima Santa Izabel pelo que o anjo Gabriel disse IMEDIATAMENTE pensou que sua prima precisasse de ajuda e foi até lá. Essa sintonia é clara, pois ela poderia ter pensado: "Puxa Izabel está grávida também então vou rezar por ela". Porém ela OUVIU o que o anjo disse e sua sintonia com Deus era tamanha que se pos imediatamente fazer a vontade de Deus.

As palavras de Izabel quando encontra sua prima e "Aconteceu que, apenas Izabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou no seu ventre e Izabel ficou repleta do Espírito Santo. Exclamou ela em alta voz e disse..." (Lc 1, 41-42) O magnificat, isso foi o que ela disse... Izabel louvou o senhor e exulta em alegria falando um louvor e uma glorificação de Maria.

Leia com atenção essa passagem do evangelho: "...Izabel ficou repleta do Espírito Santo. Exclamou ela em alta voz e disse: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que a mãe do meu senhor venha ter comigo?Porque logo que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino saltou de alegria no meu ventre. Bem aventurada que acreditou, porque se hão de cumprir as coisas da parte do Senhor lhe foram ditas." (Lc 1, 41-45). Cada palavra, cada frase tem um peso.Izabel está feliz e sente-se honrada em receber a visita da "Mãe do meu Senhor" . E assim nos mostra que a Mãe de Deus é portadora de bênçãos do céu.

A presença de Maria também conferiu um duplo dom. Izabel foi infusa pelo Espírito Santo e João batista saltou numa alegria sobrenatural dentro do ventre de sua mãe. E isso aconteceu quando a prima apenas ouviu a saudação de Maria.

Maria não foi só uma mãe biológica qualquer. Tudo se cumpriu porque Maria quis, porque ela acreditou e abraço com fée confiança absoluta o convite de Deus tornando-se assim uma parte ATIVA e colaboradora LIVRE da obra da redenção.

A vocação para maternidade divina

Uma mulher "cheia de graça" é isso que ecoa ainda hoje na oração "Ave Maria". No evangelho há o relato da conversa com o Anjo Gabriel e ele enviado por Deus diz assim que entra na casa : " ...entrando onde ela estava, disse-lhe: Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo." (Lc 1, 26)

E assim ele mostra o plano de Deus para com ela. Deus mostra o que Ele sonhou para ela eternamente e neste sonho da Santíssima Trindade estava uma mulher "cheia de graça" que traria a luz ao mundo, que iria trazer o salvador.Deus em seu "plano" amoroso por amar demais este mundo ele contava com o SIM de uma mulher "cheia de graça".

Maria foi a única que o amor de Deus agiu sem traves. Nunca pairou sobre ela a sombra do pecado. Pelo fato dela ter essa aceitação amorosa para com Deus ela correspondeu à chamada a qual foi feita: a vocação para a maternidade divina. Ela foi sempre como Deus a queria nesta cresceram, desabrocharam todas as virtudes da santidade.

Ela foi virgem antes do parto, no parto e depois do parto. Cristo é verdadeiro homem porque nasceu de Maria. Cristo é Filho de Deus porque nasceu do Espírito Santo. São Lucas foi o evangelista que conheceu Maria e que ouviu as confidências dela. Imaginem isso! Ele conversou com Maria!

No evangelho escrito por Lucas está: "Maria disse ao anjo: Como se fará isso, pois eu não conheço varão? Respondendo o anjo disse-lhe: O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso mesmo o Santo que há de nascer de ti, será chamado Filho de Deus." (Lc 1, 34-35)

Quando Maria fica sabendo que será mãe questiona o anjo, pois ela havia oferecido a Deus sua virgindade, São José sabia disso também e mesmo assim eles eram casados e ela queria saber como isso iria acontecer. A resposta do anjo foi bem clara quando disse que o Espírito Santo desceria sobre ela. Ela tinha a consciência de que Deus havia aceitado seu oferecimento e agora mais do que nunca compreendeu através das palavras Anjo que isso seria possível. Ela seria virgem e mãe.

Como Maria Viveu e amou acima de tudo.

Maria não está limitada ao momento do "faça-se". Ela acompanhou toda a vida de Cristo desde a concepção até a morte, isto é, ela não foi apenas um instrumento passivo ela foi como disse Santo Irineu, "obedecendo, fez-se causa de salvação tanto para si como para todo o gênero humano". (Concílio vaticano II, Const. Lumen gentium, n.56)

Pensando na infância de Cristo foi ela, Maria, que manifestou Jesus aos homens como seu salvador. Foi aos pés de Nossa Senhora que desabrochou a fé dos pastores e os magos foram os primeiros adoradores de Jesus. Caminhando mais a frente é Maria junto com José que apresenta o menino Jesus no templo e o oferece a Deus, inclusive este oferecimento apresenta em menor grau o que aconteceria trinta e três anos depois ao pé da cruz e até pré anunciada pelas palavras proféticas de Simeão: "uma espada transpassará sua alma" (Lc 22, 35).

Foram trinta anos de vida oculta que aos nossos olhos podem não parecer nada, mas a maior parte da vida de Cristo foi vivida no lar de Nazaré com sua mãe e cada um de seus atos tinha infinito valor redentor. Imagine o quanto Cristo ao lado de sua mãe já redimia a humanidade nas pequenas tarefas do cotidiano, na sua vida em família, no trabalho com José, no descanso e nos sacrifícios do dia a dia?Há ainda uma passagem no evangelho relatada nesta fase oculta que resume como foi Cristo nesta época com sua mãe: "Era - lhes submisso" (Lc 2, 51). O quanto pode refletir diante estas três palavras, isto é, Cristo (Deus) vinculou a maior parte de sua vida terrena à vida de sua mãe.

No evangelho de João Maria é focalizada em momentos de grande significação em que ela está presente na missão de Jesus. Ele não só descreve fatos da vida dela, mas passa uma grande mensagem. Ele nos relata o primeiro milagre de Jesus a pedido de sua mãe e o toda a paixão.

Estas duas passagens deixam claríssima a dimensão da maternidade espiritual de Maria, assim como ela vivia. Maria durante as bodas de Cana possui uma delicada intuição quando percebe que o vinho estava acabando e que isso poderia acabar com a alegria dos noivos. Imediatamente e discretamente chega para seu filho e lhe pede um milagre.

(Pausa para reflexão!)... Conseguem imaginar a cena? Vocês, leitores conseguem sentir?

Cristo por sua vez responde: "Que importa isso a mim e a ti, mulher? Ainda não chegou a minha hora." (Jo 2 ,4). Parece até palavras duras não? Estas palavras no fundo são uma compreensível e amável censura a um pedido saído do coração, mas pouco razoável. Maria não encara desta forma e sabe que seu filho não negará seu pedido, pois imediatamente (após ter ouvido o que Jesus disse)solicita a presença dos que servem e diz: "Fazei tudo que Ele vos disser" (Jô 2, 5) e Cristo sem demora diz aos que servem que encham de água seis grandes recipiente grandes de pedra os converte em vinho. E eu aqui escrevendo esta cena fico imaginando o sorriso de Maria naquele momento.

Foi por intercessão de Maria que Cristo adianta a "hora" de iniciar os milagres. É por intercessão dela que este primeiro sinal faz com que os discípulos creiam em Jesus e finalmente a disposição de Jesus de acolher um pedido sem muita relevância ( muitos já foram em festas aos quais faltou bebida ou mesmo comida e ninguém morreu por isso) que chega a Ele por intermédio da solicitude da Mãe a qual está atenta às necessidades espirituais e materiais de todos os homens, isto é, seus filhos.

Maria tem uma função sim de mediadora e isso não é uma função autônoma e nem obscurece o fato incontestável de que Jesus Cristo é o único mediador. Maria possui uma autêntica mediação subordinada e "entranhadamente" unida à mediação de Cristo.

Conclusão

Nosso relacionamento e intimidade com Maria são em essência filial. Quando procuramos exemplos de amor incondicional pensamos na mãe e assim Maria é a mãe em excelência. Deus nos deu ela para que nas mínimas coisas recebêssemos um carinho e auxílio de mãe perfeita.

Maria viveu de forma simples, em silêncio, guardava tudo em seu coração e devido a isso sua grandeza se manifesta de forma suave, sutil, leve e por isso mesmo esta devoção é incompreendida por não católicos.

A devoção mariana por este motivo manifesta-se em mil expressões. A ladainha de Nossa senhora contém todas as suas qualidades em plenitude, pois ela as viveu de forma tão suave e fecunda que muitos ainda se espantam com tamanha humildade unida a tamanha santidade e não conseguem conceber a grandeza desta tão grande mulher, tão grande santa, tão grande mãe. A mãe de Deus e de todos nós.

Referências Bibliográficas que usei para escrever este artigo

BALAGUER, São Josemaria Escrivã. Caminho, 9 ed. São Paulo: Quadrante, 1999.
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MACHADO, Antônio Augusto Borelli. Rosário. 3 ed. São Paulo: Artspress, 1995.

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