Com o avanço da computação gráfica temos visto muitos arquitetos utilizando representações tridimensionais para projetar. O que hoje é considerado um grande avanço pode também ser entendido como uma retomada de antigos hábitos.
O uso do desenho técnico como única ferramenta de projeto é algo marcante dos séculos XVIII, XIX e XX. Não que seja um problema, o refinamento das técnicas de desenho é fruto de um intenso esforço de otimização do processo de projeto. Com o desenho como única forma de projetar houve um considerável aumento na velocidade de desenvolvimento e diminuição dos custos dos projetos. Se retomarmos a premissa modernista de massificação do design e da arquitetura, a repreentação bidimensional oferece uma velocidade e diminuição de custos totalmente compatível com essa idéia.
No entanto, o uso da representação ortogonal (plantas, seções e vistas) não é completa. Ela não contempla uma série de elementos e detalhes essenciais em um trabalho de composição de espaços. Elementos esses que se fazem perceptíveis somente em representações tridimensionais. O legado de Gaudí pode ser visto como um bom exemplo disso. Suas obras são marcadas por um exaustivo exercício de desenho. São pranchas e mais pranchas do mais refinado desenho técnico e artístico. Não obstante, percebendo a limitação de suas ferramentas, Gaudí se lançou em uma incessante produção de maquetes. Maquetes de madeira, de gesso, de fios e até mesmo de areia. Visitando o museu da Igraja da Sagrada Família em Barcelona pode-se ver um belíssimo modelo 3D feito com fios e saquinhos de areia. Foi com esse modelo que o arquiteto concebeu a rica volumetria da catedral.
Se voltarmos para a idade média, vemos as antigas guildas utilizando maquetes de gesso e madeira como elemento projetual em grandes construções. Obras seculares como grandes igrejas eram erguidas ao longo de várias gerações de construtores e tinham como única referência de projeto uma maquete. Geralmente esse modelo ia sendo modificado para se adaptar à obra. Analisando o Renascimento Italiano de 1400, percebemos que os grandes arquitetos da época utilizavam largamente essa técnica. Um bom exemplo é Filippo Brunelleschi. Ele confeccionou uma série de maquetes para a Igreja de Santa Maria del Fiori que iam sendo alteradas no decorrer de sua complexa construção.
Então, no final do século XX, com o avanço da computação e o fácil acesso a bens de consumo começamos a perceber uma completa substituição da prancheta, do papel e do nanquim por computadores. Esse foi o ápice da otimização do processo de projeto. Nunca em toda a estória da arquitetura se viu uma velocidade de produção tão insessante como agora. Com essa vasta disseminação do computador como interface para desenvolvimento de projetos, novas ferramentas começam a surgir.
Nessa onda de criação de novas ferramentas para arquitetos temos surgimento de softwares para representação tridimensional de projetos de arquitetura, as chamadas maquetes eletrônicas ou maquetes 3D.
No começo usava-se o AutoCad 3D mas com o incanssável intuito de criar plataformas mais amigáveis vimos novos programas de representação tridimensional tomando espaço: 3D Studio, Maya, Lightwave, FormZ, Cinema 4D, Modo e principalmente Sketchup. Esse último massificou de vez a utilização de maquetes eletrônicas nos escritórios de arquitetura. Além de ser grátis, ele levou ao extremo a idéia de uma interface amigável e é disponibilizado pelo gigante da rede Google.
Essa retomada da maquete como ferramenta projetual está gerando uma revolução na arquitetura. Formas que antes eram impensáveis e inconcebíveis com o desenho técnico, estão se tornando presentes na paisagem das grandes cidades. Toda vez que avistarmos um prédio com formas orgânicas e irregulares, podemos ter certeza de que ele foi projetado com maquete eletrônica.
Arch. Hector Neumann
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