MÃOS EM POESIA

Falar das mãos
É falar de sentimentos
De sofrimento e emoções
Ou simples lembranças de momentos
Mãos, ferramentas preciosas
Doces, finas e perfumadas
Delicadas, macias e calorosas
Rudes, pesadas e calejadas
Mãos que trazem a vida
Mãos que sempre desafiam
Mãos que tiram a vida
Como as mãos da pura agonia
Fartas são as mãos dadivosas
Alimentam, saciam a sede
Olorosas te ofertam rosas
E dormitosas as da quietude
Mãos que batem maldosas
Duras como as que repelem
Como machucam as mais ásperas
Mãos ingratas como esquecem
Mãos atrevidas a te despir
As mais ternas te acariciam
Maliciosas o corpo percorrem
Amorosas, nunca morrem
Mãos silenciosas que acalantam
Alegres são as que aplaudem
Sedosas as mãos que aliciam
As sequiosas sempre nos atraem
Não tem mãos mais divinas
Mãos que sempre fascinam
São as mãos doces femininas
As que os filhos acarinham
Existem as mãos misteriosas
Como as mãos que nos abençoam
Em suas preces ardorosas
Tem as traiçoeiras que só apontam
Crucificam-nos ou perdoam
Mãos, o que seria sem elas
No tiritar do frio nos aquecem
Na profunda escuridão, acendem os lumes
Na arte as mais belas aquarelas
Apaixonada escreve poesias
Fala da dor e de seu grande amor
Mãos das mais belas fantasias
Transformam os espinhos em flor
Mãos do trabalho labutam
Pedem um mundo sem miséria, vivem em luta
No caminhar da vida incerta
Mãos, ornadas da pura vaidade
Finos instrumentos dedilham
Mãos tristonhas com sua saudade
Recebem-te de volta e perdoam
Ah! Mãos quem me dera
Todo o tempo do mundo
Poetar-te no verão, na primavera
Em agradecimento profundo
Beth Souza
(para uma amiga especial Daiane Coelho)