Desde que começaram os ataques aos Integrantes de Nossa Força de Segurança Pública, tenho acompanhado atentamente aos noticiários, para tentar entender o que está acontecendo. Não consegui...

A mídia quer vender notícia, e o assunto rende muitos comentários e interpretações.

Procurei ouvir pessoas encarceradas, reclusos em cadeias públicas, presídios e penitenciárias de alguns estados, e deles ouvi sempre a mesma coisa: isso tudo tem a ver com o tratamento indigno e desumano dado aos presos, uma vez que as penas são para reeducar, ressocializar, não para castigar.

Procurei, então, estudar as origens do PCC. Ele foi criado em 31 de agosto de 1993, durante uma partida de futebol no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté/SP - o "Piranhão", por oito presos transferidos da Capital por mau comportamento, que batizaram seu time como "Comando da Capital". Entre seus fundadores estava Cesar Augusto Roris da Silva, o "Cesinha", e José Marcio Felício, o "Geleião". No início, aquela união tinha como objetivos "combater a opressão dentro do sistema prisional paulista" e também vingar o "Massacre do Carandiru", quando integrantes da Polícia Militar, para conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, no Complexo do Carandiru, mataram 111 presos, em 02/10/1992.

O "descaso" e a "omissão" das autoridades com aquilo que chamavam de "exigências" dos presos (tratamento digno, celas limpas e com ventilação adequada, trabalho para pagamento dos danos causados às vítimas e à sociedade, redução da superpopulação carcerária, entre outros), as "regalias" e "mordomias" (dvd, video-cassete, televisão, mulheres, drogas, bebidas) permitidas a alguns presos, em troca de "favores" e "dinheiro", em uma corrupção inconsequente de agentes de segurança penitenciária, resultaram em uma organização criminosa capaz de coordenar ataques como os que vêm ocorrendo desde maio/2006.

Em fevereiro de 2001, Idemir Carlos Ambrósio, o "Sombra", chamado de "pai" pelos outros criminosos, tornou-se o líder mais expressivo da organização, ao coordenar, pelo telefone celular, rebeliões simultâneas em diversos presídios paulistas, com um saldo de 16 presos mortos. Em julho/2001, Idemir Carlos foi espancado até morrer, durante um banho de sol, por cinco membros da organização, em uma disputa interna pelo comando do PCC. Cesar Augusto Roris da Silva, o "Cesinha", e José Marcio Felício, o "Geleião", membros fundadores e responsáveis pela aliança do PCC com o "Comando Vermelho" do Rio de Janeiro, quando ambos estiveram presos no Complexo Penitenciário de Bangu, assumiram a liderança do PCC, e passaram a coordenar atentados violentos contra prédios públicos. Eles foram depostos em novembro/2002 e fundaram um grupo dissidente, enquanto Marcos Willians Herbas Camacho, o "Marcola", assumiu o comando da organização.

Marcos Willians é acusado, juntamente com outros integrantes do PCC, de participação, em março/2003, na morte do Juiz de Direito Antonio José Machado Dias, então corregedor do Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes/SP, considerado o mais rígido presídio do país, onde os presos passam 23 horas trancados, sem acesso a jornal, revista, rádio e televisão. Atualmente, um dos objetivos do PCC é promover uma rebelião e destruir o CRP de Presidente Bernardes/SP.

Acessos à mídia e a telefones fixos, instalados dentro dos presídios, além dos celulares cuja entrada, por vezes, é "liberada" ou "facilitada" por agentes penitenciários corruptos, ou por agentes de segurança que não dispõem de aparelhos de raio-x para detectar "objetos internalizados" no estômago, vagina ou ânus de familiares e visitantes dos presos, permitiram que o PCC tivesse acesso a uma matéria publicada em 15/02/2006, sobre as mortes ocorridas em 1992, no Complexo do Carandiru, quase 14 anos depois.

No dia 22 de fevereiro de 2006, os primeiros ataques foram registrados, e ainda no final do mês de abril, o governo de São Paulo foi informado sobre os ataques que poderiam acontecer no dia das mães.

O Governo de São Paulo, inerte e omisso, não alertou os integrantes de Nossa Força de Segurança Pública sobre a iminência de ataques. Politiqueiros e burocratas incapazes e irresponsáveis que foram, com o pensamento voltado para a garantia de seus cargos públicos com as eleições que se aproximam, discutiram e executaram as transferências de presos perigosos sem contar com o necessário apoio operacional e tático das tropas policiais militares. E os Integrantes de Nossa Força de Segurança Pública foi dizimado, barbarizado, em um espetáculo de horror e crueldade.

E novo aviso já foi dado, desta vez no feriado do Dia dos Pais, em agosto próximo.

As autoridades paulistas já começaram a conceder os indultos, que permitirão a saída dos presos no feriado que se aproxima, mesmo com as ameaças de novos ataques.

E nós, desta comunidade, vamos continuar como espectadores? Até quando? Será que até quando um de nossos familiares for atingido e morto? Será que não podemos reagir antes disso acontecer?

Eu proponho um abaixo-assinado, com muita divulgação na mídia, já que eles também são cidadãos sob ataque, a mercê de bandidos organizados. Já que não podemos pegar em armas e fazermos justiça com as próprias mãos, podemos, sim, pressionar nossos governantes através da demonstração de nossa vontade, de nossas assinaturas.

Já é passada a hora de nos unirmos, e agirmos como um só coração, um corpo único, contra o Crime Organizado, a Corrupção e a Violência.