Todos os dias ele vaga pela rua,
Procurando o respeito que perdeu.
Procurando nas calçadas o ser humano que morreu.
Nasceu do meu descaso e do seu desrespeito também.
Fruto nosso egoísmo, nosso falho conceito de bem.

Todas as noites ele se deita, com a esperança de não acordar.
Deleita-se nas lembranças, de um sonho difícil de alcançar.
Um mundo bonito e com flores, porém sem muros e grades,
Ser liberto de suas dores e suas enfermidades.

Todos os dias eu me deito, sem nem lembrar que ele existe,
Sem lembrar que passa fome, muito menos que é triste.
O seu nome não é importante, chame ele do que quiser,
Em seu terninho deselegante é apenas mais um José!