Os educadores estão perplexos e decepcionados com a situação do Educador Infantil. Afinal, o que o governo pretende quando divulga na mídia sobre "Qualidade da Educação?

Construir escolas para colocar crianças lá dentro sem se importar com a parte pedagógica é continuar com a idéia de creche ou depositário de crianças. Será que os pais gostariam de ver seus filhos na escola, apenas brincando, comendo, assistindo TV? Isso é "nada" para um país que quer se unir aos mais desenvolvidos do mundo. Para que se importar com IDEB? O resultado já é conhecido por todos: criança finge que aprende e professor finge que ensina...

O reflexo será no ensino fundamental, médio e superior, caso eles consigam chegar até lá. Fica difícil acreditar que alunos sem "bagagem" que tiveram professores, aliás, "cuidadores" terão sucesso na vida escolar. Estamos regredindo e voltando no tempo quando a concepção de criança era vista como adultos em miniatura? Que qualquer pessoa habilidosa e caridosa da época podia reunir crianças no porão de casa para ensinar o Bê a Bá? A gente anda para frente. De pessoa bem intencionada o mundo está cheio...

E como ficam as mães que precisam trabalhar e confiam nas escolas e em seus profissionais, preparados para iniciar a formação de seus filhos? Muitos desses alunos são comprometidos por deficiências e que deveriam ser monitoradas por profissionais da área ocupacional por exemplo. São esses "cuidadores" que tem a responsabilidade por eles. Imagine crianças ficarem o dia todo em uma escola sem um planejamento pedagógico de suas atividades?

Acho que está faltando conhecimento sobre a base da educação, diretrizes e Planos Decenais que é uma determinação da Constituição Federal, para que todos os municípios mineiros tivessem a responsabilidade de elaborar seus Planos Decenais de acordo com a determinação do PNE (Lei Federal/2001), bem como as orientações da Secretaria de Estado da Educação.

Que será que nosso Município quer construir nesse plano? Que pilares são esses: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros, aprender a ser, eleitos como os quatro pilares fundamentais da educação? Pretende-se formar indivíduos autônomos, intelectualmente ativos e independentes, capazes de estabelecer relações interpessoais, de comunicarem e evoluírem permanentemente, de intervirem de forma consciente e proativa na sociedade? Então, qualquer pessoa bem intencionada, que não seja professora está apta para educar essas crianças, futuros cidadãos?

Incomodou a muitos perceber que não há uma valorização do profissional da educação e estão priorizando o cuidar, um jeito "maternal de ensinar", em detrimento de um embasamento teórico-conceitual, que são fundamentais para se compreender as situações vivenciadas no cotidiano escolar.
Não podemos esquecer que desde a promulgação da Constituição de 1988 e a vigência da Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases), a Educação Infantil ganhou maior importância, na medida em que a criança é reconhecida como sujeito de direitos e sua educação passa a se considerar como nível de ensino.

É importante ressaltar que existiram as "pré-escolas" como eram chamadas e não se exigia uma formação mínima para lecionar, principalmente, nas escolas situadas em bairros. Naquela época, o professor precisava, apenas, ter "jeito" com crianças e executar bem o que era pré-determinado. Refletir sobre as propostas pedagógicas, não fazia parte do universo do profissional de Educação Infantil; bem como não se faziam necessários investimentos na formação em serviço.

Nesse trabalho os aspectos práticos eram considerados mais importantes do que os teórico, pois a ênfase era dada ao aprendizado simples "do saber fazer". Não era requerida do profissional uma base teórica que sustentasse a sua prática.
Infelizmente a Educação ainda não contava com propostas inovadoras e comprometidas com a educação de qualidade. Percebeu-se também que, apenas, "saber fazer", já não era mais suficiente para um magistério comprometido com a qualidade. Era preciso muito investimento pessoal, bem como o comprometimento profissional para se obter uma maior qualificação profissional. Mas, isso foi há um bom tempo; agora o mundo exige muito mais.

As escolas de primeiro mundo valorizam a educação de crianças desde sua tenra idade. Eles dão valor à primeira etapa do desenvolvimento infantil!
Todo educador é professor e fazemos o nosso trabalho com muita competência; entrevistas com pais, planejamentos, projetos, portifólios, relatórios (inclusive para encaminhar a médicos), diários etc...educador infantil faz o mesmo trabalho que um professor, com a mesma dedicação e queremos o mesmo direito.

Será que qualquer pessoa seria capaz de atender a essas crianças respeitando suas diferenças, sabendo que elas têm níveis diferentes de aprendizado?
Ouvindo colegas da área e em toda parte pelas escolas percebemos uma desmotivação por parte de todos ao pensarem que apostavam em uma maior valorização por parte do governo, que sempre pautou a educação pela qualidade do ensino. O que será dessa etapa tão importante da educação básica?

Quero dizer que não podemos aceitar ver a categoria de educadores infantis rebaixadas "a babá", pois foi exigido o magistério para o concurso municipal. Magistério sempre foi e será carreira de professor. Tivemos disciplinas pedagógicas, somos antes de tudo educadores.

Vamos lutar sempre para não aceitar desconsiderações vindas de quem quer que seja e estaremos unidas com a comunidade escolar para exigir respeito, qualidade de ensino e valorização da nossa carreira. Temos que continuar a fazer o que sempre fizemos, como professoras e devemos lutar infinitamente para que nossos pequenos cresçam, prosperem e deem bons frutos.

"O exercício do pensamento não é um vir a ser e sim uma contingência em cada instante da vida: uma criança não é um projeto de um futuro adulto, ela é desde sempre uma pessoa."
DEHEINZELIN, Monique, 1996

Professoras Educadoras, não desistam!