O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998 no governo FHC com o intuito de avaliar a educação aplicada em nosso país. Isso se prolongou até 2008, pois em 2009 o 2° formato do ENEM entrou em vigor. A partir de então, a nota alcançada pelos estudantes começou a valer como um meio de ingressar em uma universidade pública através do SISU (Sistema de Seleção Unificada), adquirir bolsas integrais dos cursos em centros particulares via Prouni (Programa Universidade para Todos) e, também, para poder financiar seu curso de ensino superior pelo FIES (Financiamento Estudantil). Outro detalhe, que poucos sabem, é que o ENEM também serve como um certificado de conclusão do Ensino Médio para os estudantes do EJA (Educação de Jovens e Adultos). 

Foi a partir daí que, devido ao interesse e necessidade da sociedade em aderir ao Exame para obter maior possibilidade de ingressar no ensino superior, que vários problemas envolvendo as provas começaram a acontecer nos anos seguintes. Isso colocou o ENEM em descrédito. É sobre esses problemas que vou conversar com vocês agora, aqui no “Mais Jovem”. 

Em 2009, primeiro ano da nova versão de prova, o governo, que havia marcado a prova para meados de outubro, teve que cancelar o evento devido a fortes suspeitas de que provas teriam sido furtadas de uma das gráficas que estavam fazendo a impressão. Na época, isso causou um transtorno muito grande entre os alunos que tiveram que esperar até novembro para, enfim, fazer as provas. Fechando com “chave de ouro” o primeiro ano com a nova versão do ENEM, o gabarito, posteriormente, foi divulgado com erros. 

No ano seguinte (2010), mais um escândalo devido a erros com as provas. Dessa vez a primeira data marcada foi respeitada, mas após a realização de tais, vários erros foram encontrados nos cadernos de prova do Exame. A justiça do Ceará, devido a estes motivos, suspendeu todas as provas que foram realizadas no país naquele ano, e um caos se instaurou no processo de definição de como fazer justiça com aqueles que foram prejudicados. Uns queriam que a prova fosse refeita por todos, já outros eram contra a ideia. No final das contas, a nova prova foi realizada em dezembro daquele ano apenas pelos alunos que haviam sido prejudicados por terem feito as provas com erros de impressão. E vocês pensam que acabou por aí? Que nada... lembram que vários dados pessoais dos alunos que haviam se inscrito para fazer o ENEM ficaram expostos na internet para qualquer um ver? Pois é, isso também foi em 2010. 

No meu ano de ENEM, 2011, o colégio particular Christus de Fortaleza/CE foi a sensação do momento. Um pré-teste foi realizado pelo INEP com 638 alunos do Christus, os quais tiverem acesso, sem saber no momento, a 14 questões que posteriormente foram aplicadas no Exame. Os alunos beneficiados tiveram suas provas suspensas e foram obrigados a refazê-las numa outra data. Além disso, vários alunos entraram na justiça pedindo a revisão da correção de suas provas, conseguindo melhorar suas notas. 

No ano passado, 6.497.466 de pessoas se inscreveram no ENEM. Foi o recorde histórico de inscritos. Até algum tempo atrás nada de extraordinário havia se falado na mídia sobre o ENEM 2012, porém, nunca é tarde né? 

Infelizmente uma ferramenta que deveria servir para tranquilizar as pessoas por, supostamente, ser realizada de uma forma justa e ética, demonstra, ao contrário do esperado, que esses quesitos ainda estão longe de ser respeitados. É difícil para qualquer um confiar em um sistema tão falho como este, e as universidades públicas, com razão, ficam repreensivas com relação a aderir a prova como substituta do tradicional vestibular. Cadê o respeito com aqueles que ralam o ano inteiro se preparando para tirar uma boa nota e, consequentemente, ingressar numa boa faculdade? Ao invés de uma esperança, o que fica na nossa cabeça é a pergunta: “o que vai acontecer com o ENEM neste ano?”.

P.S.: o ENEM é o maior exame do Brasil e o 2° maior do mundo, perdendo apenas para o vestibular da China.

Texto: Thiago Coelho