Estou jogada ao chão
Que farei agora?
Oh não?  Quero meu destino,
a minha história.
Eu era feliz...
Amanhecia sorrindo com os raios de  sol
Em meus braços, lindos pássaros cantando pro arrebol.
Ventos me faziam sacudir,
A chuva me regava,
Flores e frutos eu dava
E todos se deliciavam
 
Mas veio um mostro e me cortou,
Ao chão me jogou,
E tudo acabou,
Tudo acabou...
O que sou agora?
Madeira?!
Ossos secos sem seiva,
Sinto que vou decompor
Minhas folhas caíram,
Meus propósitos ruíram...
 
Amarraram-me,
Transportaram-me,
E quando achei que fosse o fim,
Que não restava nada de mim,
Outros monstros
Talharam-me ainda mais,
Virei muitos pedaços,
Cada qual ao seu acaso.
 
Fui vendida
Seguindo outros destinos
Parando em outras mãos,
Sentia não valer mais nada
De tão fragmentada
 
Em mim, trabalhavam
Era analisada, tocada, retalhada
Quanta dor,
Despida, fui esculpida,
E revestida,
Impressionante,
Ganhava nova vida
Em cada vida, novo nome, novo propósito
 
Se me perguntam agora,
Pra que serve madeira?
Pra fazer porta, mesa, cadeira,
Moldura de retrato, ou um jogo de quarto,
De mim, muito se produz,
Até mesmo uma cruz,
Onde morreu Jesus,
E da morte fez luz.
 
Vidas Lascadas,
Escavacadas
Há sempre uma saída,
Para a esperança perdida
Seja árvore, madeira ou artefato
O fato,
É que tudo se reconstrói
Dentro de cada um de nós.