O primeiro reduto naturista da América Latina, a Ilha do Sol, abrigava o Clube Naturalista Brasileiro, criado por Luz del Fuego.

No livro  Luz del Fuego – A bailarina do povo (pgs.218 a 220), Cristina Agostinho descreve como era a Ilha do Sol:

“Nos fins de semana, os sócios do clube apareciam. Luz controlava tudo, mesmo com a ilha repleta d gente. As roupas deviam ser deixadas na entrada, junto ao pequeno cais de madeira. Era terminantemente proibido levar bebidas alcoólicas, proferir palavrões ou praticar sexo na colônia. A diferença entre naturalismo e libertinagem era veementemente ressaltada por Luz del Fuego, que dizia que ali não era  rendez-vous nem motel e que quem quisesse farra e sexo devia ficar nos seus apartamentos em Copacabana ...

Na Ilha do Sol só eram permitidas as atividades saudáveis como, nadar, jogar volei, tomar banho de sol, etc ...

Mas por mais ditatorial que Luz del Fuego fosse, ela não podia ser onipresente nos oito mil metros da sua ilha e, por detrás dos panos, ou melhor, das pedras, os farristas acabavam por transgredir as suas regras.

Outro problema era controlar os atrevidos que passeavam ao redor da ilha para ver as pessoas nuas. Ninguém podia se aproximar sem autorização. Era perigoso e corriam o risco até de levar um tiro.

Luz não permitia que os empregados usassem armas, mas, por cautela, o seu trinta-e-oito estava sempre à mão e que não duvidassem da sua pontaria, pois diàriamente ela treinava , além do que, o velho Edgar e o Luiz Mertelo, um mulato forte que era contratado só para os serviços mais pesados, se mantinham sempre atentos aos intrusos e, mal êles apareciam, davam logo o alarme.

O zelo pelos associados incluía proporcionar a êles um ambiente descontraído e alegre e, muitas vêzes, Luz preparava sketchs teatrais, com Miss Lana e Risseto, para diverti-los e, outras vêzes, passava filmes documentários sôbre as colônias nudistas da Europa.

Mas a grande diversão na Ilha do Sol eram os bailes de Carnaval. A organização era primorosa. Cada pessoa que chegava recebia um cabide numerado para as suas roupas e uma plaquinha, com o mesmo número, para dependurar no pescoço e, depois de se molhar, ganhava uma baforada de confete pelo corpo, único adereço permitido além da máscara.

A segurança era feita por guardas portuários escolhidos a dedo por Luz del Fuego, em companhia de Risseto e Miss Lana e, durante as festas, os guardas distinguiam-se dos foliões apenas pelo quepe e, da mesma forma, os garçons eram identificados pela gravatinha-borboleta ...

A ilha ficava apinhada de gente e, para angariar fundos para as melhorias do clube, eram vendidos convites também para os não-sócios.

Nessas ocasiões, Luz del Fuego sabia que era impossível exigir a observância do regulamento pelo que, depois de dar as boas-vindas aos convidados e supervisionar os serviços, ela escapava às escondidas e o circo que pegasse fogo !... E quando os boatos de orgias na ilha começavam a circular e os jornalistas a procuravam, ela os brindava com aquele famoso arzinho inocente: ... “Meu amor, como vou saber, se eu nem estava lá !?..E se de vez em quando Luz del Fuego perdia o controle sobre os sócios no cumprimento das normas do Clube Naturalista, havia um mandamento  sagrado do qual ela jamais abriu mão: o da nudez total”.