Logística de transporte do Brasil e seus altos custos operacionais

            Definir o sistema e os tipos de modais a serem utilizados são fundamentais para que nossas empresas consigam satisfazer seus clientes na sua plenitude, entregando os produtos junto aos consumidores de forma rápida e com custos baixos. Entretanto, quando as políticas públicas restringem as possibilidades de escolha do modais, muito pouco pode ser feito, infelizmente esta é a situação em que se encontra o sistema logístico do Brasil.

            É evidente que as políticas públicas de logística implantadas no Brasil, em especial nas últimas décadas, favoreceram de forma direta a utilização do modal rodoviário. Não há investimentos significativos no incentivo da utilização de outros modais, o que vemos por parte do governo federal são apenas projetos, isto é, o que o governo deve fazer ele já sabe, o que nos deixa intrigados é por que não faz.

             A resposta à questão de porque os custos logísticos no Brasil são tão altos, provavelmente passe pela influência que as empresas que prestam serviço ao modal rodoviário (através da construção, manutenção das rodovias e concessões de implantação de pedágios) exercem sobre os agentes públicos com autoridade e capacidade de decisão. No momento em que não há investimentos em outros modais, naturalmente sobra mais recursos públicos para ser investido no modal rodoviário e em conseqüência nossa cadeia produtiva se torna refém deste único modal.

            Os efeitos deste descaso, ficam evidentes quando vemos dados, por exemplo, de que nossas principais industrias estocam seus produtos 33 dias a mais do que as industrias norte americanas, fundamentalmente pela precariedade do nosso sistema de transporte.

            Mudar a realidade do sistema logístico do Brasil, dando abertura para investimentos nos modais ferroviário, hidroviário, dutoviário e aeroviário, possibilitando assim que nossas empresas utilizarem de forma ampla a multimodalidade e intermodalidade, provavelmente seja o maior desafio dos governantes nas próximas décadas.