UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS - UNEAL

CURSO DE MATEMÁTICA

CAMPUS I

Antônio Magalhães de Oliveira

Eduardo Pedro dos Santos

Rafael Martins Correia

Van Clebson Marques de Queiroz

LÓGICA E FILOSÓFIA DA MATEMÁTICA

Arapiraca-AL

2009

Antônio Magalhães de Oliveira

Eduardo Pedro dos Santos

Rafael Martins Correia

Van Clebson Marques de Queiroz

LÓGICA E FILOSÓFIA DA MATEMÁTICA

 
 

Trabalho solicitado pelo professor José Milson Lopes da disciplina de Lógica e Filosofia da Matemática como forma avaliativa.

 
 


Arapiraca – AL

2009

Comparativo entre universidades norte-americanas e brasileiras

Seria metodologicamente errado pinçar as universidades brasileiras e norte-americanas e compará-las fora de contexto, elas são contextos dependentes, os EUA são um país muito diferente do Brasil. Nos EUA os gastos sociais representam apenas 15% do PNB, mas a participação do setor privado nos gastos sociais era 41%, poucos americanos acham que a educação superior seja uma obrigação do estado, onde predominam os modelos que somam zero: se um gasto é criado, alguém tem que pagar por ele, o setor público não tira dinheiro do ar, o dinheiro sai de algum lugar, em geral do bolso do contribuinte.

Os brasileiros têm visão mística do estado, ao passo que os americanos o desmistificam, se o estado gastar mais, os americanos gastarão menos, os estudantes americanos pagam caro pela educação: uma das universidades públicas estaduais mais baratas dos EUA é a de Arizona, cujas taxas e matrícula custam perto de 10 mil reais por ano. Já um aluno de graduação em Harvard gastará, em 2005-6, 38 mil dólares equivalente a 88 mil reais, em nove meses, incluindo casa e comida. Muitos trabalham desde cedo e economizam, juntamente com os pais. É o principal objetivo dos pais e dos filhos. Requer sacrifício, as bolsas são raras, mas os empréstimos a estudantes freqüentes, a lógica do sistema ensina que a renda futura aumentará dramaticamente em razão de seus estudos, terão condição de pagar.

Os EUA gastam mais com a educação superior do que a UE, que gastam 7% e entre 5% e 6% respectivamente. A origem desses gastos é diferente, nos EUA, quem estuda paga, na UE, como no Brasil, outros pagam pelos que estudam. Os EUA, nas duas primeiras décadas do século 20, receberam apenas três e quatro prêmios, respectivamente. Sete décadas mais tarde o número aumentou para 65. Mais da metade das citações científicas são feitas a pesquisadores em instituições americanas, o Reino Unido em segundo, distante, com 9%.

Há diferenças entre comportamento dos professores nos EUA e no Brasil, lá os professores trabalham, na média, muito mais do que os federais daqui, mesmo nas melhores universidades, a praxe é dar dois cursos, um na graduação e outro na pós; todos ou quase pesquisam e publicam. São avaliados pela produção, pelo ensino, pela obtenção de recursos e pelo serviço que prestam à profissão e a universidade, que inclui participação em comitês, associações profissionais. Os poucos que não pesquisam e não publicam não são bem vistos pelos colegas, mas compensam dando mais cursos, fazendo trabalho burocrático, orientando mais alunos. O que diferencia as universidades públicas brasileiras das americanas é a distribuição do trabalho e da produção. Temos professores e pesquisadores excepcionais, mas o baixo clero, no Brasil, é maioria e pesa muito. O etos não é acadêmico e científico, mas burocrático-sindical e, frequentemente, político ideológico. Greves de professores e funcionário de universidades são difíceis de entender nos EUA e as de alunos são impensáveis, afinal, eles são os que mais perdem.

Vínculo a crise financeira de várias instituições universitárias ao crescimento das faculdades caça-níqueis. Algumas dessas instituições são vergonhosas, de baixíssimo nível, mas roubam alunos de instituições mais sérias, como as PUCs. A entrada é muito fácil, e o custo é consideravelmente menor. As instituições públicas também retiram alunos pagantes das fundações e instituições privadas sem objetivo de lucro, que ficaram espremidas entre elas e as caça-níqueis.

Em geral, vários professores e alguns alunos participaram dos principais congressos e todos tomam as medidas necessárias para não prejudicar as aulas. Em contraste, nas instituições dedicadas ao ensino, como os colleges menores, a participação em congressos e seminários é muito pequena, mas não é desestimulada. A existência de uma lista internacional de protesto contra a demissão também seria inusitada em instituições americanas, exceto em questões relacionadas a perseguições políticas. As demissões são vistas como uma questão interna das instituições. As demissões de professores, raras no Brasil e raríssimas nas federais e estaduais brasileiras, são frequentes nos EUA, onde os professores iniciantes só adquirem estabilidade após quatro a seis anos de casa, a maioria não adquire.

Nos EUA, o grau de mestre era inicialmente reservado para os professores das escolas de nível médio. Foi apenas no início do século XX que o mestrado e o doutorado foram vistos como parte de um único programa, com o primeiro potencialmente servindo como um degrau parra se obter o seguinte. Os programas brasileiros de pós-graduação, em contraste, iniciam com foco no nível de mestrado. A política governamental determinava que as universidades tivessem permissão para formalizar estudos de doutorado apenas quando já tivessem um programa de mestrado consolidado. Esta política teve um sentido: primeiro, porque a criação de programas de qualidade doutoral leva tempo e segundo, porque o grau de mestre, e não o doutorado, é que foi considerado requisito para entrar na universidade como membro do corpo docente. Deste modo, programas de doutorado no Brasil tendem a ser muito mais recentes que os programas de mestrado, e em instituições como UFBA, por exemplo, há quase três vezes mais custo de mestrado que doutorado. No Brasil, acima de 95% de todos os estudantes de doutorado têm o grau de mestre. Nos EUA, é muito comum que alguém entre diretamente em um programa doutorado sem obter o grau de mestre.

Todos os cursos de doutorado no Brasil são formalmente acadêmicos, orientados para a pesquisa científica, no contexto dos EUA a distinção é feita entre o doutorado acadêmico, o doutorado profissional e o primeiro grau profissional. Os dois primeiros são acadêmicos uma vez que requerem uma tese e, por isto, são reconhecidos como equivalentes academicamente pela academia Nacional de Ciências.

É importante notar que nos EUA, a determinação do que é e do que não é reconhecido não ocorre dentro do domínio governamental. No Brasil, por outro lado, o reconhecimento e a avaliação dos programas de pós-graduação são realizados pelo ministério da Educação e do Conselho Nacional de Educação. Todos os programas de pós-graduação são classificados em uma escala de 1 a 7 por comitês acadêmicos formalmente constituídos e patrocinados pela CAPES. Nos EUA, em contrate, não há um sistema oficial para julgar os cursos de pós-graduação. As universidades são credenciadas e periodicamente avaliadas nos níveis de ensino de graduação e pós-graduação, por associações regionais, que reúnem instituições voluntárias que lhes dão suporte financeiro através do pagamento de anuidades. Há muitas outras diferenças entre programas de pós-graduação nos EUA e Brasil. Algumas estão relacionadas ao funcionamento interno do programa de doutorado.

No Brasil, um projeto de pesquisa é requerido para admissão em um programa de doutorado, nos EUA, raramente esta é uma exigência, pois, não se espera que o doutorando focalize sua tese antes de ser aprovado no exame de qualificação. Os exames de qualificação são menos formalizados no Brasil que nos EUA, que em contraste com os deste país, usualmente não inclui um componente escrito. Eles tipicamente envolvem não mais que uma defesa oral da proposta de dissertação ou da versão preliminar da dissertação, sobre esta questão, o modelo brasileiro se aproxima do europeu pelo fato de colocar ênfase na relação do orientador/orientando e minimizar a importância dos obstáculos programáticos pré-estruturados.

Também refletindo o modelo europeu, observa-se a ausência nos programas brasileiros de um comitê de tese/dissertação, o único comitê envolvido é aquele que avalia o produto final. Novamente no Brasil, como na Europa, o papel tutorial do orientador individual é enfatizado. Nos EUA, a importância do orientador é reduzida, uma vez que existe a expectativa de que ele ou ela compartilhe as responsabilidades da orientação com outros. De modo similar, como na Europa, no Brasil, a avaliação final da tese/dissertação envolve uma defesa pública. Nos Estados Unidos, tal defesa quase nunca é requerida. O estudante ou defende seu trabalho num encontro fechado diante de um comitê ou simplesmente obtém a assinatura de cada um dos seus membros.