“(...) o dilema do homem face às máquinas contemporâneas que utiliza: informatizadas, virtuais, cibernéticas, em rede, etc.; por trás do uso instrumental, criativo ou interativo, trata-se no fundo de uma partida, de uma competição, de um desafio, de um confronto em que qualquer um pode perder a dignidade (...)” (p. 117).

 

As máquinas fazem parte da vida do ser humano há muito tempo. O homem sempre sonhou com algo que realizasse o maior número de tarefas, com a maior facilidade e eficiência. A espécie humana depende tanto dos computadores, que muitas empresas, hospitais, indústrias e mesmo pessoas comuns não conseguiriam viver sem o auxílio desta máquina. Essa relação do ser humano com as máquinas torna-se uma "prisão”, onde os seres humanos estão cada vez mais dependentes dos serviços das máquinas.

A necessidade de comunicação imediata, velocidade e tecnologia (que foi causada pela Internet) fazem das máquinas o "melhor amigo" do homem.

Uma pergunta que fica suspensa no ar é: Será que algum dia, o homem será capaz de construir uma máquina com capacidade de pensar, sentir e realizar escolhas não baseadas em pensamentos lógicos, e já pré-definidos em seu sistema?

Mas essa relação também é feita de malefícios. Diante de todo esse processo de mudanças, hoje, o próprio homem já se questiona se o seus inventos tecnológicos estão contra ou a favor de seu próprio criador. Na realidade, o que se percebe é que o homem se vê mergulhado num mundo onde tudo parece muito óbvio e técnico, onde o mais importante é fazer, é criar e ter. O que poderia ser meio e instrumento passam a ser mais importante que os próprios valores humanos, pois, estes são colocados em segundo plano.

O homem da Era Tecnológica está cada vez mais abolindo de si a intuição, a emoção, a imaginação, pois, esses sentimentos inerentes ao ser humano são desvalorizados e até tidos como “inimigos do pensamento”. Como consequência de tudo isso, o homem se vê incapaz de gerir o seu próprio destino. Assim, também as relações humanas estão cada vez mais “frias” e a solidariedade, e a cooperação estão menos predominantes em nosso meio.

Toda essa mudança tem refletido de forma direta no processo educativo, pois esses conhecimentos têm provocado dificuldades e desorientação, principalmente por parte de pais e professores. O que se percebe é, apesar da criação de novos instrumentos tecnológicos que poderiam ser vistos como mais uma ferramenta de aprendizado, existe um receio muito grande por parte de alguns educadores que, muitas vezes, pode até mesmo ver esse instrumento como um inimigo que poderá substituí-lo.

O que se pode perceber também é que, com todo esse avanço tecnológico, existem os excluídos de usufruir desses recursos, pois, vivendo num mundo capitalista, onde os valores se encontram invertidos, as diferenças sociais são também bastante acentuadas. Isso faz com que a escola seja a instituição onde se poderia sociabilizar esse uso, no entanto, isso não acontece como deveria, levando a crer que é uma questão de má administração.

Estamos numa época que o homem deveria refletir bastante para reformular sua pergunta e, em vez de questionar se a tecnologia está contra ou a favor, deveria perguntar se ele está contra ou a favor de si mesmo. À final, todo o sofrimento que o ser humano tem vivido, a história tem mostrado que é consequência de seus próprios atos. Se por um lado ele cria, por outro lado também destrói, com uma única diferença: o que ele criar nem todos têm acesso, enquanto o que ele destruir afetará a todos, como, por exemplo, o ar que respiramos.

Diante de tudo isso, deve-se perceber que se a mudança afeta a todos, o dever e a responsabilidade na construção dessas mudanças, é o primeiro passo diante de si próprio e de seus valores humanos.

A tecnologia é sim uma ferramenta que nos ajuda e/ou ainda nos ajudará muito, mas devemos nos conscientizar até que ponto devemos ultrapassar essa barreira, para que as nossas relações pessoais não fiquem ainda mais distantes e nos tornemos uma humanidade preguiçosa dominada totalmente por máquinas.

"(...) as redes de comunicação constituem um imenso campo viral, e a transmissão instantânea é em si mesmo um perigo mortal(...)" (p. 123).

A Internet, como já sabemos, transformou a vida das pessoas desde que surgiu. Através dela muitas mudanças ocorreram: o modo em que as pessoas começaram a se comunicar e buscar informações mudou muito, principalmente ao que diz respeito à velocidade dessa comunicação.

Hoje em dia temos acesso a notícias praticamente em tempo real, o mesmo acontece com conversas on-line, seja através somente de textos como também com o auxílio da webcam. Na internet temos acesso a praticamente tudo: informação imediata, cultura, entretenimento diversificado, conteúdos destinados ao público adulto, enfim,inúmeros segmentos.

Você tem a liberdade de percorrer caminhos diferenciados: a princípio com segurança realiza pesquisas, explora conteúdos, acessa sites de relacionamentos, trabalha, entre outras tantas atividades que a Internet oferece.

Dentre tantas atividades as redes de comunicação em geral são as mais utilizadas para que a notícia percorra rapidamente. É justamente por essa comunicação simultânea, que devemos ter um olhar mais crítico sobre o que circula, pois, sem uma maior percepção estamos fadados a ser pegos de surpresa. Com apenas um clique você poderá se expor a riscos, como vírus, farsantes e conteúdos impróprios.

Mesmo com todos os alertas que os meios de comunicação transmitem quase que diariamente, as pessoas parecem ignorar e continuam se expondo aos perigos. O mundo virtual tem o poder de prejudicar a vida de uma pessoa, pois, pode-se também haver inúmeras informações totalmente desnecessárias. É possível publicar comentários sobre uma determinada pessoa, denegrir sua imagem, como também há roubo de identidade, calúnia, enfim, tantas outras coisas. O que não podemos esquecer é que os crimes virtuais ainda são poucos os solucionados, então, o melhor a ter-se em mente é a precaução.

As pessoas devem começar a ter mais consciência crítica sobre o que é disseminado no campo das redes de comunicação em geral. Caso isso não ocorra viraremos uma sociedade ainda menos critica e irresponsável.

Referência Bibliográfica:

 

BAUDRILLARD, Jean. Tela Total: mito-ironias do virtual e da imagem. 3a ed. Porto Alegre: Sulina, 2002.