UNICID - UNIVERSIDADE DA CIDADE DE SÃO PAULO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
ERMOSON DE GOES DOS SANTOS
A IMPORTANCIA DA LINGUAGEM VIRTUAL NA ATUALIDADE
FOZ DO IGUAÇU - PR
2011
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Ermoson de Goes dos Santos¹
RESUMO
O Mundo moderno em que vivemos, a Linguagem Virtual e um dos recursos mais valorização na atualidade, pois até mesmo em sala de aula a existência desta atividade é de suma importância. E assim direcionou o tema "A Importância da Linguagem Virtual na Atualidade". E tem como objetivos registrar os resultados de uma pesquisa que evoca a linguagem utilizada pelos usuários da internet, e analisar os dados através do questionário que resultará em percentagens distribuídas graficamente. A metodologia usada foi à pesquisa exploratória de abordagem qualitativa e quantitativa, onde buscou-se conhecimento junto aos autores e pesquisa de campo. E nos resultados esperados, a pesquisa foi elaborada a partir dos preceitos teóricos e metodológicos da lexicologia e da lexicografia, qual resultou em harmonia para maior compreensão dos objetivos desejados. É importante considerar que no ambiente virtual a compreensão se dá principalmente através da fonética, portanto é preciso refletir sobre a extensão dessa alternativa de percepção para avaliar sua influência sobre a produção textual, pois o processo de aquisição da linguagem apresenta padrão comum aos diferentes indivíduos e nas diferentes línguas, o que remete àquilo que, na linguagem, é comum à espécie humana.
Palavra-Chave: Linguagem virtual, preceitos teóricos, lexicologia, lexicografia
1 INTRODUÇÃO
Estudando a língua Portuguesa e sua evolução, percebe-se que ela é viva e está em constante mudança. Ao longo de sua história, a língua sofreu inúmeras transformações: ortográficas, fonéticas dentre muitas outras. O que se apresenta nesta pesquisa são as mudanças ortográficas que a língua sofre nos dias de hoje, que é uma escrita baseada na fonética da língua.
Devido a essas mudanças gramaticais, o que será verificado aqui é se o vício gramatical usado na internet invade também as salas de aula.
A língua, espelho da cultura, reflete uma busca constante pelo que é "novo", evoluindo rapidamente e introduzindo novos termos, logo aceitos pela sociedade.
O interesse pela pesquisa destacou-se através do grande avanço no uso da terminologia, no campo da informática, na evolução do uso da internet, que tem se
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tornado um dos meios mais difusos de mensagens, logo, trazendo em sua "bagagem", o uso da linguagem virtual que se propagou e se tornou globalizada.
É neste contexto que se encontram os adolescentes e jovens, divididos entre o mundo virtual e a realidade, sendo cobrados por pais, professores e pela sociedade quanto ao uso correto da escrita padrão, ao mesmo tempo em que são fascinados por este universo ágil da linguagem virtual.
2 A LINGUAGEM
2.1 A LINGUAGEM COMO INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO
A linguagem, segundo definição de Émile Benveniste, é um sistema de signos socializado que remete claramente à função de comunicação da linguagem. A expressão "sistema de signos", é empregada para definir a linguagem como um conjunto cujos elementos se determinam em suas inter-relações (VANOYE,1998, p. 21).
Segundo Vygotsky (1988, p. 75), sua evolução é marcada pela construção de uma inteligência pratica, dependente da ação e pela constituição de um processo de comunicação e relação com o outro que também implica na formação dos afetos. Tal desenvolvimento está vinculado, evidentemente, às características orgânicas da criança, especialmente do sistema nervoso.
Podemos dizer que a linguagem em sua função comunicativa é o principal instrumento de interação social, pelo qual se dá a socialização do individuo. Desta forma, a ênfase volta-se para o caráter instrumental da língua e não para o literário de acordo com (MATOSO, 1985, p. 89).
Esse primeiro período de desenvolvimento vai, aproximadamente, ate os dois anos de idade, época em que, no geral, podemos esperar que as crianças estejam começando a usar a linguagem. Porém, [problemas podem estar ocorrendo com esse desenvolvimento inicia] e que irão manifestar-se ao nível da linguagem. Dissemos que a linguagem, além de ser um meio pelo qual se obtém conhecimentos, é ela, em si, um objeto a ser conhecido e compreendido. Conhecimento este não simplesmente no sentido de um domínio prático ou funcional, mas conhecimento em termos de se ter consciência, de conceituar a própria linguagem.
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Para Mendonça (1989, p. 103), porém, esse conhecimento é intuitivo, prático, e só progressivamente será conceituado transformando-se, assim em conhecimento metalingüístico. Apontamos, igualmente, que restrições também existem quanto às noções que as palavras representam, isto é, que as noções expressas pela linguagem não são acessíveis de imediato pelo indivíduo. Desde crianças constrói a linguagem a partir de modelos lingüísticos fornecidos pelas pessoas com quem convive. Isso não quer dizer que a linguagem seja um mero processo de imitação, mas sim que a criança precisa interagir com a linguagem do outro que vai fornecer-lhe diretrizes para que construa a própria.
2.1.1 O Conhecimento e a Linguagem
Segundo Levy (1994, p. 106), a sociedade do conhecimento requer uma nova leitura de mundo em que vivemos. Entretanto, difícil são nos despirmos de velhos conceitos, velhas linguagens, dos velhos paradigmas passados quando eles ainda são naturalmente uma parte de nós mesmos. Para nos tornarmos aprendizes, precisamos desaprender, recuperando a capacidade que o homem naturalmente possui a de comunicar-se.
Se concebermos a linguagem como produção de conhecimento, não é possível pensá-la apenas como veiculo de informação ou de conteúdo, ela é a própria materialização da consciência, daquilo que permite a formação do sujeito e que, ao mesmo tempo, não prescinde da interação social. A linguagem só assume sua essência na coletividade, em situações em que sejam possíveis experiências intersubjetivas como condição para a formação da intra-subjetividade. Mas, mesmo neste contexto, onde a interação social não é o foco da produção da linguagem, não quer dizer que não se espera que o conhecimento seja posteriormente definido (Kramer, 2003, p. 73).
Para Zorzi (1994, p. 71), a possibilidade de ação que torna as coisas significativas, incluindo a linguagem. A criança não vive no mundo do teórico e do abstrato. A linguagem, desvinculada da ação e daquilo que a criança pode compreender perde sua significação tornando se um conjunto de palavras vazias de conteúdo, como se ouvíssemos uma língua estrangeira que não compreendemos.
Segundo Vygotsky (1988, p. 94), a linguagem do adulto pode tornar-se significativa para a criança na medida em que lhe seja acessível, assimilável, que se refira a coisas que ela possa relacionar ou compreender. É como se o adulto precisasse
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desenvolver uma capacidade de entrar em sintonia com, de conseguir atingir os receptores da criança. É o desenvolvimento da sensibilidade de inferir capacidades e necessidades da criança no sentido de procurar garantir que esta atue sobre a linguagem do adulto, interaja com ela e, dessa forma, atribua-lhe significações.
2.1.2 O Acervo Lexical
O estudo da história da língua portuguesa nos revela que o léxico português, basicamente de origem latina tem ampliado seu acervo por meios de mecanismos oriundos do latim, a derivação e a composição. Além desses recursos que utilizam elementos da própria língua, o idioma português tem herdado unidades lexicais de outros sistemas lingüísticos desde o inicio de sua formação, empréstimos provenientes de contatos íntimos entre a comunidade de fala portuguesa e outros povos (SILVA, 2002, p. 36).
Diferentemente de outros aspectos lingüísticos, como; fonologia, fonética, morfologia e a sintaxe. O léxico, por não ser um sistema fechado, apresenta certas dificuldades para aqueles que se propõe a estudá-lo, assim de acordo com Bakhtin (1981, p. 97).
As obras lexicográficas nada mais são do que vastos repertórios vocabulares de uma determinada linguagem, pois no sistema aberto não pode ser aprendido nem descrito em sua totalidade.
Assim sendo, as palavras de uma determinada língua possibilitam ao homem interagir com o meio em que vive, ou seja, são instrumentos que possibilitam aos seres humanos ter um conhecimento do universo e conseqüentemente nele viver e sobre ele agir.
A influência sobre o léxico português manifesta-se desde o século XVIII com os franceses e foi muito marcante na primeira metade do século XX, tendo desencadeado como conseqüência, uma atitude reacionária por parte de jornalistas, escritores e gramáticos, conhecidos como "Puristas", que se insurgiu contra o emprego de tantos francesismos em nosso idioma (ALVES, 2004 p. 6).
Por ser a língua um veículo de comunicação, torna-se também uma ferramenta entre as relações sociais. A língua é importante tanto para estreitar laços
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afetivos (pessoas próximas) como para pessoas estranhas (de outros países). A língua tem o poder de deter ou expandir as relações sociais do mundo exterior, e isto faz com que o ser humano tenha uma visão de mundo diferente do seu. Para Froehlich (1980, p.74/75).
Toda comunidade Lingüística aprende de seus vizinhos, objetos tanto naturais como manufaturados, passam de uma comunidade para outra, como também padrões de comportamento, tais como procedimentos técnicos, práticas guerreiras, ritos religiosos ou modas de conduta individual... junto com objetos e práticas, as formas faladas através das quais são chamadas geralmente passam de pessoa a pessoa.
A sociedade de um modo geral é formada por normas, padrões e comportamentos que estão interligados, incluindo os padrões lingüísticos que ocorrem em um contexto social.
2.1.3 A Escrita
Segundo Sausurre (1969, p. 84), a escrita fixa os signos da língua, é a forma sensível das imagens acústicas da linguagem articulada além disso, manifesta um estado avançado da língua e só é encontrada nas civilizações evoluídas. Sua origem situa-se nas necessidades que os homens encontravam de conservar as mensagens articuladas, para veiculá-las ou transmiti-las.
Sabe-se que a escrita é uma forma simbólica de representação da fala, e basicamente se distingue por três etapas, conforme Vygotsky (1988, p.102), descreve:
- Escrita Sintética: nesta etapa a escrita é representada por signos ou por imagens semelhantes ao rébus (rebus - seqüência de desenhos, palavras, números e letras, que evoca por homofonia a palavra ou a frase que se quer exprimir). Neste caso, os signos não remetem sons.
- A escrita sintética marcou a passagem do concreto para o abstrato.
Escrita Analítica: esta fase é marcada pela transferência da frase mais abrangente "global" pelas mais simples: as palavras, ou seja, nesta fase cada signo representava uma única palavra.
- Escrita Fonética: esta é a fase em que os sons são mais importantes que as palavras.
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Para Vanoye 1998, não existe nenhum "sistema puro", ou seja, uma escrita totalmente sintética, analítica ou fonética, nosso alfabeto, por exemplo, consiste num sistema de signos gráficos, não apenas fonéticos.
A escrita fixa a linguagem articulada, mas ao fazê-lo ela transforma essa linguagem (passagem da fonia à grafia) numa nova linguagem, que possui uma existência independente da primeira, conforme diz Vanoye (1998, p. 93).
A escrita é muito menos móvel do que a linguagem falada, suas transformações são muito lentas e muito pouco numerosas. Por isso mesmo permite fixar o pensamento e ao fazê-lo atravessar o espaço e o tempo.
Segundo esse o mesmo autor, diz que, a escrita se dá por meios mecânicos, com o desenvolvimento da imprensa a transmissão da linguagem escrita tornou-se mais difusa. Com o progresso da sociedade tecnotrônica a escrita passa a ter uma maior rapidez, empobrecendo a escrita manuscrita impedindo até mesmo o indivíduo a afirmar sua personalidade através da escrita.
É importante ressaltar que a construção e o reconhecimento da mensagem escrita supõem da parte do emissor e receptor a um conhecimento do código utilizado, isto quer dizer que para que um texto seja "legível", certo numero de condições devem ser satisfeitos e que nele deve constar a formação nítida e precisa dos caracteres e a separação clara entre palavras, linhas e parágrafos. De acordo com Vanoye (1998, p.73).
Distorções que ultrapassam um certo limiar podem conduzir a erros de leitura ou, até mesmo à impossibilidade da leitura; o leitor encontra-se assim na situação do individuo que não sabe ler ? ler é perceber diretamente a forma das palavras, até mesmo das frases e seus sentidos.
Para Zorzi (1994, p. 83), é através da linguagem escrita que o mundo circundante vai fazer sentido, ganhando uma dinâmica própria. A linguagem permite ao homem possuir uma cultura, uma técnica, uma educação, dando-lhe, em termos de identidade, uma coerência interna, i.e., coerência lógica. No fundo, uma única palavra serve para agregar todas estas concepções.
A linguagem pode ser considerada como um elemento de adaptação da criança ao meio, até mesmo em seus aspectos mais "simples", como é o caso da articulação dos sons da fala. Daí a importância de se cuidar adequadamente de todos os tipos de alterações uma vez que os mesmos geram desadaptações. É na atividade dialógica estabelecida entre a mãe e a criança que o conhecimento de
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linguagem 'ou do mundo é construído" (MENDONÇA, 1989, p. 12).
2.1.4 Neologismo
Segundo Zorzi (1994, p. 71) são definidas como neologismo as palavras ou expressões de criação recente, que estão em constantes mudanças, ou aquelas atribuídas a uma palavra já existente no léxico. Percebe-se o neologismo claramente nos meios de comunicação, e em virtude dessa abrangência, nota-se uma ênfase intencional aos mecanismos neológicos que evidenciam mudanças de caráter morfológico ainda não reconhecido.
Para Alves (1994, p.45), o neologismo é um segmento de criação lexical, este processo se dá em todas as línguas vivas que pode ocorrer tanto em meios internos (da própria língua) ou externos (de outra língua). Na língua portuguesa as duas formas têm sido utilizadas.
Segundo Carvalho (1984, p.11), neste universo da escrita quando uma nova palavra surge imputa automaticamente nela um conceito tornando-se um ato lingüístico, logo a criação torna-se um ato social, ou seja, uma forma de impor uma visão de mundo a sociedade.
Para Mendonça (1989, p. 58), os neologismos se constroem com ajuda dos meios usuais de produção lexical como (justaposição, aglutinação e prefixação), é importante ressaltar a noologia como um fator totalmente dinâmico.
Segundo Alves (2004, p.14), Neologismo sintáticos e a combinação de seus membros constituintes não está circunscrita exclusivamente ao âmbito lexical. As classes de palavras podem também ser definidas por critérios sintáticos, nesse caso, atribuímos palavras a classes a partir de propriedades distributivas ou em funcionais.
Para Mendonça (1989, p.62), Neologismos Semânticos é toda mudança semântica que ocorre em um item lexical proporciona um novo elemento. Ex.: baixinho (que antes só significava "pessoa de baixa estatura", passou a ter outro significado como "criança".
Segundo Ferreira (2009), é diferente dos outros neologismos que são criados na língua portuguesa esta se revela de diferentes maneiras; o mais usual ocorre
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quando se verifica uma mudança ou reorganização semântica em uma unidade lexical, isso acontece através dos processos e estilísticos da metáfora, da metomínia, da sinédoque, entre outros atribuindo vários significados ao uma base formal, transformando-o em itens lexicais.
O Sentimento de Neologia é uma criação vocabular nova, incorporado a língua portuguesa e podem ser dos tipos, conforme Alves (2004, p. 83).
- Conceptual: quando uma acepção nova se incorpora ao campo semasiológico de um significante qualquer.
- Formal: que constitui uma palavra nova introduzida no idioma podendo ser de termo vernáculo ou termo estrangeiro. Ao criar um neologismo, o emissor tem muitas vezes plena consciência de que está inovando, gerando novas unidades lexicais, quer pelos processos de formação vernaculares, quer pelo emprego de estrangeirismos.
2.1.5 Estrangeirismo
Para Alves (2004, p. 33), estrangeirismo é toda palavra emprestada de outro idioma, de outro sistema lingüístico que não faz parte do acervo lexical do idioma. Geralmente essas palavras têm influência forte principalmente na imprensa, é facilmente encontrado em vocabulários técnicos como esporte, economia, informática, publicidade e colunismo social.
Algumas palavras como: Know how, joint-ventures, leasing, merchandising, over e overnight, essas já fazem parte do novo dicionário AURÉLIO.
Hoje, devido a união entre os povos, a articulação dos grandes veículos de comunicação e as grandes multinacionais expandidas por todo o mundo, torna-se de fácil acesso dos termos lingüísticos e principalmente a sua adoção pelos usuários.
Como cita Alves, as duas línguas que mais influenciam a língua portuguesa com seus elementos léxicos são: o Inglês e o Francês, o estrangeirismo é explorado de forma a levar o leitor a ser cada vez mais consumista do léxico importado, conforme descreve Alves (2004, p.79).
O emprego freqüente de um estrangeirismo constitui também um critério para que essa forma estrangeira seja considerada parte componente do acervo lexical português, Jeans, unidade lexical tão usada contemporaneamente, parece-nos já adaptada à língua portuguesa.
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Para Patrícia (2009, p. 31) toda palavra oriunda de outra língua são chamadas de empréstimos que são variadas de algumas procedências lingüísticas como: anglicismo, Italianismo, Arabismo, Latinismo, Niponismos, etc., estas palavras passam a ser incluídas no nosso dia-a-dia, interferindo no universo cultural de uma nação.
Segundo Bakhtin (1981, p. 25), empréstimo pode chegar à língua receptora a ser usado como novo significado, as palavras de uma língua podem ser usadas no vocabulário de outra língua por várias razões: desenvolvimento e progresso do país, avanços tecnológicos, modernismo, economia, etc.
Os empréstimos da língua Inglesa, hoje são os mais procurados e aceitos na sociedade principalmente por ser uma língua mundialmente utilizada no meio cientifico, por ser uma língua comercial importante e moderna. O estrangeirismo destaca-se de três formas, conforme destaca Bakhtin (1981, p.102).
a) através da adaptação à fonética e ortografia brasileira. Ex: sanduíche (sandwich).
b) través de o decalque: quando ocorre uma versão literal da língua originária. Ex: supermercado (supermarket).
c) através da incorporação do vocábulo com a sua grafia e fonética origina
Ex: Close-up, Smoking.
Todos esses empréstimos lingüísticos têm sua importância, pois servem e devem ser utilizados para o uso e o bem da sociedade, como discorre Mendonça (1989, p. 41).
O fato é que não existe nenhuma língua onomatopaica primitiva, comum a todos os povos e como veremos tal língua, jamais existiu nem poderia ter existido. A língua é uma criação da sociedade oriunda da inter-comunicação entre os povos provocada por imperativos econômicos; constitui um subproduto da comunicação social, que implica sempre populações numerosas.
2.2 LINGUAGEM VIRTUAL E O CHAMADO "INTERNETÊS"
O internetês é um neologismo (de: internet + sufixo ês) que designa a linguagem utilizada no meio virtual, em que as palavras foram abreviadas até o ponto de se transformarem em uma única expressão, duas ou no máximo três letras,
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onde há um desmoronamento da pontuação e da acentuação pelo uso da fonética em detrimento da etimologia, com uso restrito de caracteres e desrespeito as normas gramaticais (PATRÍCIA, 2009, p. 20).
Zorzi (1994, p. 91), para alcançar a velocidade da máquina, foi preciso criar uma linguagem e uma escrita que fosse rápida e de fácil acesso aos usuários da internet, logo essa linguagem tomou uma proporção avassaladora que começou a preocupar pais, professores e a sociedade, pois essa comunicação virtual passou a atingir o universo da escrita padrão.
Para Santos Gustack (2005, p. 76 e 77), essa linguagem influencia o desenvolvimento pedagógico, principalmente a escrita, torna-se um desrespeito a linguagem formal e padrão. Sabemos que a sociedade só existe porque existe a linguagem. O mundo se transforma porque as experiências vivenciadas e as descobertas feitas pelo homem são transmitidas, os saberes compartilhados e toda interação humana seja, de aproximação harmônica ou de afastamento conflituoso está em relação direta com o mundo através da comunicação, de acordo com Bakhtin (1981, p.123).
A verdadeira substancia da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas lingüísticas, nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua.
As opiniões se dividem para alguns estudiosos no assunto. Para Bagno, (2003, p.43), Não existe uma única maneira certa de se comunicar e usar a língua, caberá ao leitor interpretar e adequar a linguagem no momento e na hora certa.
Já, para Mukhi (2004, p.02) "A tendência desta linguagem é tornar um novo dialeto".
Para Patrícia (2009, p. 71), a linguagem virtual se torna nociva quando o aluno não sabe mais identificar a linguagem culta da linguagem virtual, ou quando começa a prejudicar seu desenvolvimento escolar, independente se a matéria for gramática ou não, muitos professores não estão atentos a esse "vício" e não consideram como errados, mas na verdade o uso incorreto da escrita prejudicará o indivíduo em qualquer circunstância.
A Linguagem virtual pode ser construtiva quando usada no seu ambiente, proporciona ao usuário a oportunidade de criar e estimular a criatividade, no mundo virtual tudo é considerado correto até mesmo o idioma internetês, o importante é que
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essa linguagem não ultrapasse para o mundo real, é necessário que os internautas saibam diferenciar bem as duas formas de linguagem e usá-las, cada uma no seu ambiente. Para Ferreira, (2008, p.1) "Revista Profissão Mestre".
O internetês é a linguagem utilizada no ambiente virtual e que veio para ficar. Ela surgiu devido à necessidade de agilizar a digitação, é uma forma de escrita informal e mais estão surgindo ramificações dessa linguagem a cada dia, em todo o Brasil.
Como afirma Ferreira (2008, p. 53), é importante que todos estejam conscientes da importância de acompanhar de perto essa "tendência" gramatical, é necessário que todos os educadores não fiquem alheios a situação, mas que procurem caminhos e formas para resolver este problema.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Na seqüência, serão analisados e interpretados os resultados da pesquisa aplicada com os usuários de internet, alunos e professores, ressaltando que foram direcionadas 5 questões em suma igualdade a todos.
1) Qual o motivo que leva uma pessoa a usar a Escrita virtual?
Gráfico 1: Motivos que levam a usar escrita virtual.
FONTE: Acadêmico - 2011.
Quanto ao motivo que levam as pessoas usarem a escrita virtual, 6% disseram que por preguiça, e 16% disseram que não escreve corretamente, mas quando teclam com alguém procuram escrever corretamente, mas 78%, tanto para os usuários estudantes e professores e internautas, optaram pela "agilidade", pois atualmente no mundo moderno precisamos de rapidez.
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2) Normalmente você entende o que os outros escrevem pela internet?
Gráfico 2: O entendimento da escrita on-line.
FONTE: Acadêmico - 2011.
Quanto ao entendimento da escrita virtual os usuários alunos e professores na sua maioria afirmam que entende o que é escrito, sendo 90% para os internautas, alunos e professores e 10% para pessoas que começaram agora a atividade de teclar.
3) A linguagem virtual influência negativamente no desenvolvimento escolar?
Gráfico 3: A Influência da linguagem virtual no desenvolvimento escolar.
FONTE: Acadêmico - 2011.
Quanto se a linguagem virtual atrapalha ou não no desenvolvimento escolar, para os alunos na sua maioria com 23% disseram que "às vezes" atrapalha no desenvolvimento escolar, já para os professores com 67% a maioria disseram que sim, a linguagem virtual atrapalha no desenvolvimento escolar. Sendo 23% para os alunos que optaram por "às vezes".
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4) Na sua opinião as escolas deveriam considerar a linguagem virtual?
Gráfico 4: Consideração da linguagem virtual nas escolas.
FONTE: Acadêmico - 2011.
Quanto as escolas devem ou não considerar a linguagem virtual, para os alunos na sua maioria, totalizando 53% discordam plenamente desta idéia, já os professores com 30% concordam parcialmente e 7% discordam parcialmente e 10% ficaram outros que não opinaram sobre a questão.
5) Em que momento a Escrita Virtual influencia negativamente na escrita manual?
Gráfico 5: A influência da escrita virtual.
FONTE: Acadêmico - 2011.
Quanto ao momento que a escrita virtual passa a atrapalhar na escrita manuscrita, tanto para os alunos e professores e internautas de Lan-house, afirmam que a influência na escrita em modo geral, sendo 57% para os alunos e para os
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professores. E 13% afirmam que nas redações é prejudicial, 15% disseram nas diversas atividades escolares, 6% disseram que no momento do vestibular são prejudicados e 9% disseram que nos cursos de qualquer qualidade, o costume virtual atrapalha neste momento.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De uma maneira geral, pode-se considerar que as atividades desenvolvidas durante o curso de pós graduação em Psicopedagogia influenciaram na escolha do tema, uma vez que o curso leva a refletir sobre estratégias para lidar com conflitos, nesse caso, a linguagem virtual em sala de aula, assim os objetivos que o trabalho propunha-se realizar foram cumpridos, uma vez que a pesquisa teve uma amostra significativa e identificou o perfil e a motivação dos internautas ao usarem a linguagem virtual.
O objeto de análises gráficos centrou-se no vocabulário inserido no contexto da comunicação virtual e globalizada. É importante ressaltar que esta escrita permeia o mundo virtual de forma profunda, persuasiva e avassaladora, refletindo-se nos mais variados setores, destacando a educação, alguns autores defendem a idéia de que essa linguagem não interfere na língua formal, desde que não ultrapasse o universo virtual, já outros afirmam que essa linguagem influência sim e de forma negativa a escrita dos usuários.
Através das pesquisas, que serviram de corpus do trabalho, destacou-se a idéia de que muitos usuários utilizam e entendem o internetês, um dos motivos apresentados nos gráficos tanto para os professores quanto para os alunos foi a "agilidade", e também que esta linguagem influência na linguagem padrão, onde ambos concordam que as escolas não devem considerar a linguagem virtual no universo educacional.
Considerando todos os aspectos previamente abordados nesse trabalho, espera-se que essa pesquisa tenha servido de alguma forma para problematizar e levantar possíveis soluções a cerca dos estudos referentes às ciências do léxico (lexicografia e lexicologia) e as relações sociais que regem o uso e a evolução da língua portuguesa.
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9 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
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ZORZI, I.L. - Linguagem de Desenvolvimento Cognitivo: a evolução do simbolismo na criança. São Paulo: Pancast, 1994.
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APÊNDICE
QUESTIONÁRIO DE PESQUISAS PARA OS USUÁRIOS DA INTERNET EM RELAÇÃO À LINGUAGEM VIRTUAL
1) Qual o motivo que leva uma pessoa a usar a Escrita virtual?
( ) Agilidade ( ) Preguiça
( ) Porque todos escrevem assim ( ) Acho legal
( ) Escrevo corretamente
( ) Outro
2) Normalmente você entende o que os outros escrevem pela internet?
( ) Sim ( ) Não
( ) Não, mas respondo que entendi ( ) Sim, com dificuldade
3) A linguagem virtual influencia negativamente no desenvolvimento escolar?
( ) Sim ( ) Não
( ) As vezes
4) Na sua opinião as escolas deveriam considerar a linguagem virtual?
( ) Concordo Plenamente ( ) Discordo Plenamente
( ) Concordo Parcialmente ( ) Discordo Parcialmente
( ) Outro
5) Em que momento a Escrita Virtual influencia negativamente na escrita manual?
( ) Redações ( ) Atividades Escolares
( ) Vestibular ( ) Concursos
( ) Escrita de modo geral
( ) Outro