Quando determinada classe assume o poder político, ideológico e econômico, a língua utilizada por essa passa a ser a língua padrão. Diante dessa constatação, entende-se que os estudos lingüísticos não devem isolar a língua do contexto histórico-político, visto que são indissociáveis. Portanto, a língua é utilizada como instrumento de domínio pela classe social que detém o poder.

É inevitável conceber a língua como instrumento de poder em todo o contexto social. Nesse sentido, insere-se um determinado grupo lingüístico que, por sua vez, elege uma variante lingüística como sendo padrão e ideal para a sociedade. Fala-se, portanto, de uma sociedade complexamente definida e dividida em classes, de modo que uma delas é quem define o padrão lingüístico-social para as pessoas. Em vista disso, caso as pessoas pertencentes a outros grupos lingüísticos não dominarem tal padrão, serão terminantemente excluídas e tidas como lingüisticamente equivocadas, apesar da riqueza cultural de variações dentro de uma língua.

Propomos que o objetivo do ensino da língua deveria ser sempre o de levar o aluno a falar e escrever seu idioma segundo as normas socialmente aceitas. Isso deve ser feito, considerando a realidade sócio-econômica, o meio cultural e o nível da escolarização dos alunos dentro de contextos identificáveis que determinarão os procedimentos a serem aplicados.

Podemos encerrar lembrando Foucault em, um de seus livros, A ordem do discurso, onde afirma que o discurso não é apenas o meio de manipulação e de luta, mas principalmente o objetivo por que se luta. E nós, como educadores, estamos incluídos nessa ordem e temos o dever de fazer o melhor que pudermos, com os recursos que tivermos; para possibilitar situações de aprendizagem que respeitem a cultura e linguagem dos alunos; mas que também estimulem a leitura e escrita da norma culta, para que eles sejam incluídos na ordem do discurso.

Bibliografia:

FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. São Paulo, SP: Edições Loyola, 12ª edição, 2005.

SGARBI, Nara Maria Fiel de Quevedo. Estudos Científicos da Linguagem. Dourados, MS: UNIGRAN, 2009.