Linguagem e comunicação na sociedade contemporânea
Publicado em 27 de julho de 2015 por Dayse Suellen de Souza Pinto Rodrigues
“Se perdesse todas as minhas capacidades, todas elas menos uma, escolheria ficar com a capacidade de comunicar, porque com ela depressa recuperaria todo o resto...” Daniel Webster
Comunicar-se é uma reação natural e inata do ser humano. Na era das cavernas cada sujeito aflorava sua própria percepção de mundo e estabelecia então sua própria reação, em resposta ao meio que vivia. Essa reação que hoje chamamos de comunicação é um fator emocional de sobrevivência do ser humano, que, ao longo da existência, dá provas da necessidade que cada indivíduo possui de ser alimentado emocionalmente pelo seu semelhante. A comunicação atualmente tomou uma direção que nossos antepassados nunca poderiam imaginar pois é tratada hoje como um produto. O marketing desse produto importado e que gera bilhões de lucro possui como atrativos: autonomia, qualidade de vida, interação e tomada de decisão.
Ora, quantas desculpas esfarrapadas temos que digerir hoje. Desde o princípio o homem já dá conta de criar os seus próprios métodos de interação. A simbologia durante muitos anos foi suficiente para a tomada de decisões e vida em sociedade. Independente da existência de uma língua, a linguagem natural humana sempre se mostrou mais do que suficiente para supriu todas as necessidades psicológicas da espécie.
A sociedade atual, mais conhecida como sociedade do controle, perdeu a habilidade de decodificação que foi realizada com grande sabedoria pela sociedade primitiva. A existência de padrões de linguagem contribui sim com a diminuição do tempo de decodificação da mensagem, entretanto, injeça a expressão humana. Falar e escutar pode ser comparado como um reflexo de eco, gerado pelo “outro”. É o famoso "eu falo o que eu escuto" e o que se ouve não se escuta, não é passível de reflexão pois a informação é muito sucinta, repassada de forma rápida. O "falar e o escutar" não é mais valorizado como nas décadas passadas. Quem hoje dá cota de escutar Vinicius de Moraes? Vinicius em suas canções trabalha as informações de forma que o ouvinte dá conta gradualmente de absorvê-la. O ouvinte pode viver as cançoes durante a música! As frases longas e bem estruturadas de Vinicius se contrapõe às frases curtas e malformadas da "dança do créu" em que a informação é repassada de forma rápida mas não possui nenhum conteúdo que proporcione crescimento. A comunicação virou puro modismo. Estamos carentes de pessoas autênticas com ponto de vista próprios e não como mero repetidores.
Vamos permitir que a linguagem seja retrato de cada indivíduo, independente de suas limitações ou facilidades comunicacionais. Para isso será necessário um certo isolamento das idéias que circulam nos meios de comunicação em massa e na indústria cultural. É necessário uma retomada da nossa própria autonomia, ou seja identidade. Precisamos de um novo Oswald de Andrade, e Manuel Bandeira. Quem sabe a solução seria uma segunda Semana da Arte Moderna, assim como aconteceu em 1922? Ou seja, um segundo rompimento de idéias importadas! O ser humano "original" em sua essência já está em extinção.