TÂNIA MARA DE SOUZA SAMPAIO

 

 

 

 

 

 

 

LÍNGUA DE SINAIS E EDUCAÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

RESUMO

 

Nesta monografia serão discutidos alguns aspectos importantes sobre a Língua de Sinais e sua aquisição pela criança surda, no que se refere ao desenvolvimento da linguagem, interação da linguagem e cognição. A Língua de Sinais é usada como meio de comunicação entre pessoas surdas ou com deficiência auditiva. A Língua Brasileira de Sinais é a língua utilizada pelos surdos que vivem nas cidades do Brasil onde existem comunidades surdas. Tendo em vista a constante busca de qualidade na prática educativa por parte escola que recebe alunos e que se faz pertinente o estudo da língua de sinais e a formação integral do aluno surdo, colocaremos em pauta as discussões visando desafio que os professores têm encontrado em relação ao uso de LIBRAS em sala de aula. Considerando o educador como elemento fundamental de mediação entre o surdo e o seu aprendizado alguns conceitos são enfatizados e necessários sobre a inclusão dessas crianças. Levamos em consideração, fatores diversos como a preparação dos professores para lidar com os alunos surdos e o processo de ensino aprendizagem dos mesmos. A investigação foi pautada numa metodologia de abordagem qualitativa onde foram entrevistados cinco professores de Escolas Estaduais de São Paulo e cinco alunos surdos. Na análise dos dados coletados e observação permitiu concluir que os professores diante a realidade da inclusão de surdos em sala de aula não possuem segurança suficiente estandoem despreparado. Com base nos resultados obtidos verifica-se que existe uma necessidade de melhoria nas práticas de ensino e qualificação dos mediadores ao processo ensino aprendizagem das crianças surdas.

Palavras chaves: Surdez. Língua de sinais. Educação. Inclusão

 

 

 

 

 

ABSTRACT

 

This paper will discuss some important aspects about Sign Languages and its acquirement for deaf children regarding to language development, interaction and cognition. Sign Language is used on communication for deaf people and hearing deficient ones.  Brazilian Sign Language is the language used by deaf communities living inBrazil’s cities.  Regarding to the constant search for quality on teaching practice for schools that take deaf students in which Sign Language is needed in order to form citizens we will take a discussion in order to talk about the challenge those teachers face regarding on using LIBRAS inside a classroom. Taking the teacher as the main element by acting like a mediator between the deaf pupil and his teaching learning process, some concepts will be emphasized as necessary about deaf children inclusion. We will consider some factors as teachers’ preparation to deal with deaf children and their learning process. The investigation is based in a quality methodology where five teachers and five deaf students from public schools ofSão Paulowere interviewed.  By analyzing the collected data and the observation we concluded that teachers facing inclusion are not secure enough and feel unprepared. Based on the data we verify that there’s a need for improvement on  teaching practice and qualification of the mediators from the teaching learning process of deaf children.

Key words: Deafness. Sign Language. Education. Inclusion.

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

A educação especial a cada ano assume importância maior, dentro da perspectiva de atender às exigências crescentes de uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia, que só será alcançada quando as pessoas indiscriminadamente tiverem acesso à informação e meios necessários para a formação de sua plena cidadania e ao conhecimento.

O Decreto Federal 5626, de 22 de dezembro de 2005, estabelece que os alunos surdos devam ter uma educação bilíngue, na qual a Língua Brasileira de Sinais é a primeira e a Língua Portuguesa na modalidade escrita sendo a segunda.

A educação do individuo com surdez é um desafio que deve ser abraçado de maneira inclusiva pela sociedade. Incluir o aluno surdo não deve ser norteado pela igualdade em relação ao ouvinte, mas em suas diferenças sócio-histórico-culturais, às quais o ensino se ancore em fundamentos linguísticos, políticos, históricos, pedagógicos, implícito nas novas definições e representações sobre a surdez.

A inclusão do deficiente auditivo deve ser integral, formando cidadãos conscientes e participativos. A família e a comunidade devem ter participação no processo de desenvolvimento da personalidade do educando.

Esse tema tem como fundamento a necessidade de entender o processo de inclusão dos surdos na rede regular de ensino, levando-se em conta o principio de “Educação para todos”, que tem como meta a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais.

Buscamos com este trabalho compreender a escolarização do individuo surdo, a fim de encontrarmos respostas para as dificuldades mais comumente apresentadas.

O primeiro capítulo traz uma abordagem teórica e dialética da educação dos surdos em diferentes épocas, bem como os primeiros educadores a trabalhar o assunto.

 

 

 

 

 

No segundo capítulo tratamos da língua de sinais, sua aquisição e o papel do professor e da família na formação do indivíduo.

Por fim, o terceiro capítulo apresenta uma pesquisa de campo com cinco professores e cinco alunos pertencentes à comunidade de surdos, analisando suas colocações, dificuldades e sugestões para melhorar a comunicação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPITULO I

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS

Nos primeiros relatos sobre civilização, sabemos que as pessoas diferentes eram entendidas como não humanas: seres inferiores e desqualificados. As pessoas diferentes eram vistas como aquelas que possuíam defeito de nascença e que, portanto, como animais que precisam competir pela sobrevivência, eram inferiores aos outros homens e deveriam ser eliminados

Junto com esse pensamento prático de como poderia sobreviver, as pessoas diferentes enfrentaram outro problema pelo qual passam e passaram todas as minorias humanas: a busca do homem pela existência e a imposição de padrões. A padronização e normatização sempre levam a práticas discriminatórias e inferiorizantes contra os que não se adequam ao padrão proposto e imposto. Isso é notório mesmo na recente história da humanidade, podendo remontar aos nazistas da II Grande Guerra ou a todo tipo de guerras étnicas que marcaram o final do século XX.

Esse tipo de prática discriminatória, no caso de pessoas diferentes, muitas vezes traduziu-se em políticas de assassinatos de bebês e crianças portadoras de alguma característica que não as enquadrava no padrão proposto. Como parte da cultura do povo, não era algo que causasse escândalo em sua época ou em sua sociedade. Para entender isso não é preciso muito longe ir, basta lembrar que, nos Estados Unidos da América, somente em 1964 os negros tiveram acesso à universidade. Essa proibição era encarada com grande naturalidade poucas vezes contestada.

É fato que o homem sente-se desconfortável e incomodado frente ao diferente, frente àquilo que ele não consegue entender, gerando duas reações: tentar entender verdadeiramente o porquê da diferença ou eliminá-la simplesmente. Sério não seria de nossa parte dizer que o homem nunca tenha tentado entender e aceitar a diferença física, cultural ou linguística. Mas os preconceitos muitas vezes geraram regras de tratamento extraoficiais até mesmo em nível religioso.

São diversas as referências existentes nas bíblias cristãs e nas escrituras sagradas dos judeus relacionando o tratamento aos doentes e às pessoas diferentes no povo judeu. Esse tipo de pessoa era para eles condenadas e impuras diante de Deus. Segundo essa teologia, Deus castigava um indivíduo enviando-lhe doenças ou permitia que os descendentes nascessem com diferenças físicas.

Segundo o Talmud judeu as pessoas consideradas incapazes seriam filhas de Deus e sob sua proteção estariam. As leis judaicas serviram como base para algumas leis romanas, que consideravam e conferiam direitos específicos no caso dos deficientes, no entanto, isso não impediu ocorrências discriminatórias.

Com o nascimento do Filho de Deus, Jesus, a teologia ocidental muda bruscamente no tratamento com o diferente. As minorias linguísticas e culturais não mais são consideradas impuras nem carregam o castigo de pecados alheios e seus.  Para Jesus, todos somos amados pelo Pai e seríamos filhos de Deus.

As palavras desse homem têm influência até hoje e são a base de escolas filosóficas e de comportamentos aos quais hoje julgamos verdadeiros e bons. Esses ensinamentos no ocidente foram a base para o resgate da dignidade humana e do valor.

Porém, para que haja a inclusão do surdo é preciso existir uma transformação mais profunda no pensar, ver e agir de cada um. A discriminação encara o outro como alguém inferior e menos capaz do que o eu e é algo cultural, que nenhuma lei no mundo pode mudar.

Aristóteles também emitiu opiniões com relação aos surdos e sua educação. Para ele, a educação poderia ser obtida somente através da audição. Ou seja, quem não conseguia ouvir não seria capaz de aprender. Talvez de fato ninguém consiga entender o que quis ele dizer. Baseado nessa interpretação, com equivoco ou não, deixou-se de fazer muito com relação à educação do surdo durante longo tempo.

Só começamos na verdade a ter mais informações sobre a surdez por volta do século XVI, embora não se possa dizer que compartilhavam todos das mesmas opiniões, nem que tivesse sido superado instantaneamente o preconceito. Ainda hoje, muita coisa precisa de mudança com relação ao diferente.

Santo Agostinho, filósofo e teólogo cristão de profunda influência na filosofia ocidental e no cristianismo, emitiu opiniões com relação aos surdos que ainda hoje não estão muito claras. Segundo Agostinho, a fé seria somente obtida pela "captação" do Sermão. Para ele, "O surdo e o deficiente mental não podem crer, porque a fé vem através do Sermão, à palavra falada." Os que defendem Agostinho dizem que, para ele, a Língua de Sinais com que se comunicavam os surdos fazia às vezes da língua falada. Dessa maneira, através da língua gestual, o surdo poderia aprender os ensinamentos de Jesus tal e qual um ouvinte. Mas o que Agostinho pensava de fato, talvez nós nunca venhamos a saber.                                                             Não havia nenhum interesse na educação dos surdos até o século XV: eram consideradas pessoas primitivas, relegadas na vida social à marginalidade. Não havia uma cultura desenvolvida suficientemente que os aceitasse em sua diferença e nem direitos assegurados.

No ocidente começam a surgir, a partir do século XVI, os primeiros educadores de surdos de que se tem notícia, sobretudo na Espanha, na França, na Inglaterra e na Alemanha. Podemos citar os nomes de Rudolphus Agricola (1443-1485), Girolamo Cardano (1501-1576), Pedro Ponce de Leon (1520-1584), Juan Pablo Bonet e Adde Charles de l'Epee (1712-1789).

O século XVIII é considerado o período mais próspero da educação dos surdos. Nesse século aconteceu a fundação de várias escolas para surdos e qualitativamente também evolui sua educação, já que, através da língua de sinais, os surdos podiam aprender e dominar assuntos diversos e exercer profissões diversas.     

 Sacks relata que:

Esse período, que agora parece uma espécie de época áurea na história dos surdos, testemunhou a rápida criação de escolas para surdos em todo o mundo civilizado; a saída dos surdos da negligência e da obscuridade; sua emancipação e cidadania; a rápida conquista de posições de eminência e responsabilidade - escritores, engenheiros, filósofos e intelectuais surdos, antes inconciliáveis, tornaram-se subitamente possíveis. (1989, p. 37)

                                            

Já no século XX, em todo o mundo, a maior parte das escolas de surdos abandona o uso da língua de sinais, consequência do famoso Congresso de Milão de 1880 quando, a despeito do que pensavam os surdos (maiores interessados e que sequer foram consultados), considerou-se que a forma melhor de educação do surdo seria aquela que unicamente utilizasse o oralismo.       

O oralismo, ou filosofia oralista, usa a integração da criança surda à comunidade de ouvintes dando-lhe condições de desenvolver a língua oral (no caso do Brasil, o Português). O oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada através da estimulação auditiva. (Goldfeld, 1997, pp. 30 e 31).

Mais uma vez percebe-se a tendência do homem à padronização: considerava-se que o surdo, para viver em sociedade, deveria conseguir "ouvir" com o uso de aparelho e apoiando-se em técnicas de leitura labial e "falar" através de exaustivos exercícios e, em último caso, da comunicação escrita, devendo a pessoa superar o defeito de nascença para poder ter o direito de viver e ser aceito pelo seu grupo social.                                          

Mas para que os surdos pudessem dominar a língua oral, o ensino de disciplinas como Geografia, História e Matemática foi deixado a segundo plano e isso tornou inevitável a queda do nível de escolarização. Até a década de60, afilosofia oralista dominou em todo mundo. Nessa época, Willian Stokoe publicou o artigo "Sign Language Structure: An Outline of the Usual Communication System of the American Deaf", demonstrando que a American Sign Language (ASL), a língua de sinais usada pelos americanos surdos, é uma língua com todas as características das línguas orais. A partir desta publicação, várias pesquisas surgiram sobre as línguas de sinais. Isto, aliado à insatisfação de vários educadores com relação ao oralismo, começou a trazer os sinais e os códigos manuais de volta para dentro das salas de aula dos surdos.                

Roy Holcon, em 1968, dá origem ao método de Comunicação Total.

A filosofia da Comunicação Total tem como principal preocupação os processos comunicativos entre surdos e surdos e entre surdos e ouvintes. Essa filosofia também se preocupa com a aprendizagem da língua oral pela criança surda, mas acredita que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais, não devem ser deixados de lado em prol do aprendizado exclusivo da língua oral. Por esse motivo, esta filosofia defende a utilização de recursos espaço-visuais como facilitadores da comunicação. (Goldfeld, 1997, p. 35).

A partir da década de 80 começa a ganhar força a filosofia do Bilinguismo. Segundo essa filosofia, o surdo deve primeiramente adquirir, como língua materna, a língua de sinais, considerada a sua língua natural. Somente como segunda língua deveria ser ensinada a língua oficial do país, mas preponderantemente na sua forma escrita. O Bilinguismo percebe a surdez como diferença linguística e não como deficiência a ser normatizada através da reabilitação (oralismo).                                                                                                                              A despeito de qual a melhor filosofia educacional a ser aplicada na educação do surdo, percebe-se que ainda hoje existe uma crescente diminuição da importância dada à normatização do surdo. Progressivamente, o surdo vem sendo encarado como alguém com identidade e características próprias.                                                      Pela mudança de postura progressiva pode-se ver um futuro onde a diferença linguística não seja mais vista como deficiência, mas como particularidade e em nada diminuindo a pessoa que a apresenta.  Para que isso aconteça de fato, é preciso que se faça uma profunda reflexão sobre o modo de agir e ver da sociedade superficial e produtivista dos tempos de hoje.

          

1.1        O Surdo no Brasil

A educação de surdos no Brasil teve inicio durante o Segundo Império, com a chegada do educador francês Hernest Huet, ex-aluno surdo do Instituto de Paris, que trouxe a língua francesa de sinais e o alfabeto manual francês. A Língua Brasileira de Sinais teve origem com grande influência da Língua Francesa.

Huet apresentou documentos importantes para educar os surdos, mas não havia ainda escolas especiais. Huet, então, solicitou ao Imperador Dom Pedro II um prédio para fundar, em 26 de setembro de 1857, o INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). Inicialmente o instituto utilizava a Língua de Sinais, mas seguindo a determinação do Congresso Internacional de Surdos-Mudos de Milão, no ano de 1911 passou a adotar o oralismo.  Doutor Menezes Vieira, que trabalhou no Instituto, defendia esse método e tinha como convicção ser um desperdício num país de analfabetos alfabetizarem surdos.

O Instituto, entre os anos de1930 a1947, esteve sob a gestão do Doutor Armando Paiva Lacerda, período que ele desenvolveu a Pedagogia Emendativa do Surdo-Mudo, destacando que o método oral seria a única maneira de incluir o surdo na sociedade. Foi instituído que os alunos do Instituto passassem por aplicações de testes para verificar a inteligência e aptidão para a oralização. Após a realização desses testes os alunos eram, de acordo com suas capacidades, separados e classificados em salas de aula homogêneas.

A Professora Ana Rímoli de Faria Dória, em 1951, assume a direção do Instituto, primeira vez após quase cem anos que um profissional de educação estava na direção do mesmo. A implementação do Curso Normal de Professores para surdos foi a grande inovação do período de sua gestão. O Instituto recebia professores de todo o país, sendo uma referencia para todo o Brasil, o curso tinha a metodologia voltada para o oralismo e duração de três anos.

Com a visita, na década de 1970, da educadora de surdos da Universidade Gallaudet, Ivete Vasconcelos, chegou ao Brasil a filosofia da Comunicação Total e, na década seguinte, o Bilinguismo passou a ser difundido a partir das pesquisas da Professora Lingüista Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua de Sinais e da Professora Eulália Fernandes, sobre a educação de surdos.

Fizeram parte da história da educação dos surdos no Brasil outros institutos como o Instituto Santa Teresinha, fundado em abril de 1929, na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, pelas Irmãs da Congregação de Nossa Senhora do Calvário. Pioneiras, duas francesas religiosas: Madre Luiza dos Anjos e Irmã Maria São João e duas brasileiras: Irmã Madalena da Cruz e Irmã Suzana Maria.

Em 18 de Março1933, o Instituto transferiu-se para São Paulo, inicialmente funcionando em prédios alugados. Instalou-se, a partir de 1939, em prédio próprio num terreno doado por um médico otorrinolaringologista, Doutor Otoni Rezende Barbosa. Até então não existia nenhuma escola particular para surdos. Até o ano de 1970, funcionou como internato para meninas surdas: as alunas vinham de diferentes regiões do país. Depois dessa data passa a aceitar meninos também.

O prédio foi construído graças à ajuda dos poderes públicos, donativos de benfeitores, promoções e eventos diversos. A audácia das fundadoras permitiu que o estabelecimento rapidamente se desenvolvesse, tornando-se respeitado e conhecido pelas pessoas.

O Instituto Santa Teresinha, até a década de 1990, adotou o método oral na educação dos surdos. Foram instalados nas salas de aula equipamentos para a reeducação auditiva. A escola, a partir dessa época, passou a desenvolver o bilinguismo, utilizado hoje na proposta pedagógica.

Outra instituição é a Escola Municipal de Educação Helen Keller, fundada em 1952 por iniciativa do pai de três crianças portadoras de deficiência auditiva, o capitão de Exército Francisco Vieira Fonseca, que propôs, em 1951, à Secretaria de Educação, a criação de um Núcleo de Recuperação voltado para o atendimento especializado de crianças surdas.

O núcleo foi oficialmente fundado no bairro de Santana em 13 de outubro de 1952 e transferido, em 1956, para o bairro da Aclimação com o nome de Instituto Municipal de Surdos-Mudos. Em março de 1969, passa a ter o nome de Helen Keller.

Em1976, aescola passou a chamar-se Escola Municipal de Ensino de Deficientes Auditivos Helen Keller, após a criação da Lei nº 84389, que organiza a Educação de Deficientes Auditivos no Ensino Municipal e, em 1998, recebeu o nome de Escola Municipal de Educação Especial Helen Keller. Utiliza a LIBRAS e a leitura labial para comunicar, possui um especializado atendimento em reabilitação, estímulo da fala, linguagem e audição.

Outra instituição de suma importância é o Instituto Educacional São Paulo (IESP), fundado em 1954 e que em 1962 torna-se a primeira escola de surdos brasileira a oferecer o curso ginasial. Até 1969, mantém-se como uma organização independente, quando é doado à Fundação São Paulo e incorporado à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Por meio de seus profissionais e de seus centros de formação e pesquisa, a PUC-SP, para oferecer tratamento clínico a pessoas com alterações de audição, voz e linguagem promove a ampliação do atendimento, utilizando parte das dependências do IESP. A organização passa a se chamar Centro de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (CERDIC).

O professor e diretor geral da instituição Doutor Mauro Spinelli, no começo do CERDIC, convida profissionais renomados nas áreas de medicina, psicologia, fonoaudiologia, linguística e pedagogia para compor sua equipe em um trabalho inovador para época e caracterizado pelo atendimento multidisciplinar.

Já em 1972, com o nome de Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (DERDIC), a instituição inicia o desenvolvimento de atividade práticas supervisionadas voltadas ao curso de fonoaudiologia da PUC-SP, realizadas antes por meio de parcerias com a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, assumindo compromisso com a formação de profissionais.

A DERDIC consolida seus esforços em três eixos de ação, permeando seu trabalho na área da audição, voz e linguagem. Há alguns anos a instituição também passou a promover cursos de formação teórico-práticos para médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e educadores que possuam interesse em ampliar conhecimentos no atendimento a pessoas com alterações nessas áreas. Oferecem formação educacional e atendimento clínico de excelência a uma clientela de baixa renda e em seus campos de atuação é um centro de referência.

Muitas outras escolas especiais foram importantes para a educação dos surdos no Brasil, buscando conscientizar para estreitar as barreiras comunicativas das pessoas ouvintes com os surdos para que possam conviver tendo as mesmas oportunidades, independente das características individuais.

Breve histórico dos últimos anos no Brasil:                                                                1977- no Rio de Janeiro foi criado a Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos, FENEIDA, com diretoria de ouvintes.

Final da década de 70 - Introduzida a Comunicação Total no Brasil sob a influência do Congresso Internacional de Gallaudet.                                                            1981 - Início das pesquisas sistematizadas sobre a Língua de Sinais no Brasil.

1982- Elaboração de projeto subsidiado pela ANPOCS e pelo CNPQ intitulado “Levantamento linguístico da Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros (LSCB) e sua aplicação na educação. Diversos estudos linguísticos sobre LIBRAS são feitos sob a orientação da linguista L. Brito, principalmente na UFRJ. A problemática da surdez passa a ser alvo de estudos para diversas dissertações de mestrado.

1983- Criação da Comissão de Luta pelos Direitos dos Surdos.

1986 - O Centro SUVAG (PE) faz sua opção metodológica pelo Bilinguismo, tornando-se o primeiro lugar no Brasil em que efetivamente esta orientação passou a ser praticada.

1987 - Criação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS), EM 16/05/87, sob a direção de surdos.

1991 - A LIBRAS é reconhecida oficialmente pelo Governo do Estado de Minas Gerais (lei nº 10.397 de 10/1/91).

1994 - Começa a ser exibido na TV Educativa o programa VEJO VOZES (out/94 a fev/95), usando a Língua Brasileira de Sinais.

1995 – Criado, por surdos, no Rio de Janeiro, o Comitê Pró-Oficialização da Língua de Sinais.

1996- São iniciadas, no INES, em convênio com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pesquisas que envolvem a implantação da abordagem educacional com Bilinguismo em turmas da pré-escola, sob a coordenação da linguista E. Fernandes.

1998 - TELERJ - do Rio de janeiro, em parceria com a FENEIS, inaugura a Central de atendimento ao surdo - através do número 1402, o surdoem seu TSpode se comunicar com o ouvinte em telefone convencional.

1999 - Em março começam a ser instaladas em todo o Brasil telessalas com o telecurso 2000 legendado.

2000 – Surge o Closed Caption, ou legenda oculta, transcreve o que é dito. Após três anos de funcionamento no Jornal Nacional ela é disponibilizada aos surdos também nos programas Fantástico, Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal da Globo e programa do Jô. É o fim da TV "muda". Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

2002 - LEI Nº 10.436, de 24 de Abril de 2002 , regulamenta a Língua Brasileira de Sinais.

2005 -  DECRETO Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.  Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

2011 - Surdos realizam protesto contra política do MEC em 19/05/2011.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPITULO II

 A LINGUA DE SINAIS

As línguas de sinais não são universais e como todas as outras, são vivas, pois estão em constante transformação, com sinais novos introduzidos pela comunidade surda de acordo com a sua necessidade.

Segundo Honora e Frizanco (2009), as línguas de sinais são naturais, pois surgiram do convívio entre as pessoas e distinguem-se das línguas orais porque se utilizam de um meio visual-espacial e oral-auditivo, ou seja, na elaboração das línguas de sinais é preciso olhar os movimentos que o emissor realiza para entender sua mensagem. Já na língua oral precisamos apenas ouvi-lo, não tendo necessidade de estar olhando para ele. Um exemplo é um casal de ouvintes que conversa mesmo quando um deles está na cozinha e o outro na sala. Essa situação nas línguas de sinais é impossível, pois precisamos estar ao alcance da visão para que o sinal seja notado e percebido pelo receptor.

Cada língua de sinais possui sua própria estrutura gramatical, assim como não temos uma língua oral única, também não temos apenas uma língua de sinais. Tomemos como exemplo Brasil e Portugal: por mais que esses países possuam a mesma língua oral, possuem diferentes línguas de sinais, com características próprias. O contrário acontece com Canadá e os Estados Unidos, que possuem a mesma língua de sinais e mesma língua oral.

Diferente de qualquer outra língua oral, a língua de sinais pode ser representada figurativamente ou desenhada. Transformar a escrita em representação da linguagem é uma evolução e um avanço direcionado à compreensão formal alfabética da escrita.

Quanto mais efetivo é o acesso da criança surda à língua de sinais, mais chances ela tem de fazer uma apropriação consistente da escrita.

A língua de sinais LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) é utilizada pelas pessoas surdas que vivem no Brasil. É uma língua de modalidade gestual-visual.

A LIBRAS propicia e facilita o desenvolvimento linguístico e cognitivo da criança surda, auxilia no processo de aprendizagem de línguas orais, favorecendo a produção escrita e serve de apoio na leitura e compreensão dos textos escritos.

A Língua Brasileira de Sinais é regulamenta pela LEI Nº 10.436, de 24 de Abril de 2002. Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e outros recursos de expressão a ela associados.                  Da mesma maneira que temos, nas línguas orais, pontos de articulações dos fonemas, na língua de sinais temos pontos de articulações expressos por toques no corpo do usuário da língua ou no espaço neutro. Falar com as mãos é combinar esses sinais que formam as palavras e as frases num determinado contexto.

O que chamamos de palavras na língua oral chamamos de sinal nas línguas de sinais, mas não podemos chamar de gestos ou mímica por não possuir as características dos mesmos.

 

2.1 Aquisição da Língua de Sinais

 

Santana (2007): o processo da Língua de Sinais é semelhante ao da linguagem oral para a criança ouvinte. A criança surda também passa pelas mesmas etapas: estágio do balbucio silábico (7-11 meses), balbucio variado (10-12 meses), jargão (aproximadamente aos 12 meses), primeiras palavras (11-14 meses), estágio de duas palavras (16-22 meses). Nos bebês surdos foram detectadas duas formas de balbucio manual: o silábico - combinações que integram o sistema fonético da língua de sinais e o gestual, que não apresenta organização interna. Tanto nos bebês surdos quanto nos ouvintes ocorrem os dois tipos de balbucio até certa idade, quando desenvolverão o balbucio da própria modalidade.

O uso da concordância verbal já é presente aos três anos e meio de idade, mas de modo inconsistente, pois o estabelecimento e a identidade dos pontos no espaço não foram substancialmente organizados. Somente por volta dos cinco anos e meio a concordância verbal passa a ser usada conscientemente.

As crianças, dos três anos em diante, utilizam o sistema pronominal, mas apresentam ainda erros. Dos três anos aos três anos e meio, as crianças ouvinte usam concordância verbal com referências presentes e fazem algumas concordâncias não aceitas em línguas de sinais.

A criança, a partir da aquisição de uma língua, passa a construir sua subjetividade, podendo assim entrar no processo dialógico de sua comunidade, expressando sentimentos, compreendendo o que se passa em seu meio, trocando ideias e adquirindo novas concepções de mundo. Esse processo, no caso de crianças surdas filhas de pais ouvintes não irá ocorrer naturalmente, pois as modalidades linguísticas usadas nas interações mãe e criança não são adquiridas facilmente pelo filho, não sendo natural o processo de aquisição da língua como acontece com as crianças ouvintes.

Uma grande dificuldade entre os pais ouvintes que têm filho surdo é não considerar que não falar e não saber sinal significa também não compreender, não participar efetivamente das intenções. Esse conhecimento, afinal, não é comum aos leigos, apenas aos profissionais da área.

Há pais que querem apenas que o filho fale, desconsiderando a língua de sinais como língua, outros pais já veem tal língua apenas com finalidade imediata de comunicação.

A criança, quando não recebe o suporte familiar, muitas vezes irá apresentar resultados insatisfatórios, afetando, com isso, seu emocional. A família é o alicerce que auxilia a criança e quando essa base não está firme, o desenvolvimento terá conseqüências, gerando comportamentos de frustrações e agressividades.

Os pesquisadores procuram legitimar a língua de sinais e enfatizar suas vantagens em termos cognitivos e linguísticos, mas raramente esses aspectos são considerados pela família.

Quando a língua de sinais é adquirida pelas crianças surdas nos primeiros anos de vida, ela consegue ter um pleno desenvolvimento, porém quando a aquisição é tardia, o surdo encontra dificuldades na compreensão de certos contextos.

Souza (1998), a partir do momento em que os surdos passaram a se reunir em escolas e associações e se constituíram em grupo por meio de uma língua, passaram a ter a possibilidade de refletir sobre um universo de discursos sobre eles próprios, e com isso conquistaram um espaço favorável para o desenvolvimento ideológico da própria identidade.

2.2 Educação e desenvolvimento das crianças surdas

Para Marchesi (2004) as pessoas com perda auditiva constituem um grupo bastante heterogêneo e, por isso, não é correto fazer afirmações que possam generalizar toda a população que apresenta tal deficiência. O desenvolvimento comunicativo linguístico de crianças surdas com uma perda auditiva profunda, por exemplo, apresenta aspectos muito distintos daquelas com perdas leves ou hipoacústicas. O fato de os pais também serem surdos ou ouvintes tem repercussões igualmente importantes na educação das crianças.

A etiologia, a perda auditiva, a idade de inicio da surdez e o ambiente educativo da criança podem organizar os principais fatores diferenciadores da lesão.

Tem uma grande repercussão em seu posterior desenvolvimento a idade da criança quando se produz a perda auditiva.

São diferenciados dois tempos: antes dos três anos e depois dessa idade. Denomina-se surdez pré-locutiva no primeiro caso, ou seja, antes que a criança tenha consolidado a fala. No segundo caso, existe uma surdez pós-locutiva, posterior à aquisição da fala.

As crianças com surdez pré-locutivas têm de aprender uma nova linguagem sem nenhuma experiência com o som.  O objetivo principal é sempre a aquisição de um organizado sistema linguístico quando a criança perde a audição. Após os três anos, o objetivo é manter a linguagem adquirida, complementá-la e enriquecê-la.

A atitude dos pais diante da surdez de seu filho influenciará grandemente em seu desenvolvimento, sendo que podem ser muito diversas as reações. Há pais que tentam negar sua existência e consequentemente tratam o filho como se ouvinte fosse.  Outros desenvolvem atitudes de superproteção. Há ainda os pais que aceitam as consequências da surdez, criando um descontraído ambiente de comunicação e se dispõem a aprender e com seu filho utiliza o tipo de comunicação mais enriquecedor.

É necessário destacar a importância da educação que a criança recebe. Ela precisa ser adaptada, ou seja, utilizar os meios comunicativos de que a criança necessita, facilitando o conjunto de suas aprendizagens. Esse é um objetivo difícil de alcançar quando a criança surda tem de ser acomodada a modelos educativos que foram estabelecidos pensando-se nas crianças exclusivamente ouvintes.

É preciso avaliar o ritmo de aprendizagem da criança surda e verificar as mudanças que devem ser feitas para adaptar suas possibilidades e observar a influência de outros fatores, como a luminosidade, a acústica da sala de aula ou a posição do aluno em relação ao professor, a lousa ou qualquer outra fonte de informação.

A utilização da Língua de Sinais e sua valorização levaram a reforçar uma opção comunicativa com as crianças surdas: o bilinguismo. Duas principais razões são apontadas em defesa do enfoque bilíngue na comunicação com as crianças surdas profundas: o fato de a Língua de Sinais ser um sistema linguístico estruturado com uma coerência interna e com um sistema de regras capaz de produzir todo tipo de expressões e significados e também a presença de uma comunidade de pessoas com surdez que utilizam a Língua de Sinais como uma linguagem própria.

A integração das crianças hipoacústicas não deve oferecer grandes dificuldades. Há necessidade de os professores terem consciência das dificuldades, facilitando-lhes a comunicação, o acesso a informação e necessários apoios.

O problema mais sério refere-se à educação das crianças surdas profundas, sendo preciso ter um objetivo básico: o favorecimento a comunicação e o educar para a integração, tanto no mundo dos ouvintes como no mundo dos surdos, devendo incorporar um sistema duplo de comunicação, oral e visual, facilitando a interação social e aprendizagem das crianças com seus colegas surdos e ouvintes.

É preciso respeitar e reconhecer a cultura das pessoas surdas que se baseia na Língua de Sinais e que se mantém graças às associações das pessoas com surdez, uma cultura que deve ajudar na construção da identidade das crianças surdas, devendo ser valorizada e conhecida também pelos colegas ouvintes. Assim, é mais simples conseguir o objetivo de educar a criança surda para viver em uma comunidade de pessoas surdas e em uma comunidade de pessoas ouvintes.

2.3 Escolas inclusivas e a prática

Tem-se falado muito em mudanças educacionais dos surdos. Repensar essa proposta é, na verdade uma tarefa, desafiadora. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB- Lei nº 9394/1996), em seu artigo 58, capítulo V, define a Educação Especial:

Como modalidade escolar para educandos portadores de necessidades especiais preferencialmente, na rede regular de ensino deverão assegurar, entre outras coisas, professores especializados ou devidamente capacitados para atuar com qualquer pessoa especial em sala de aula. Admite também que, nos casos em que necessidades especiais do aluno impeçam que se desenvolva satisfatoriamente nas classes existentes, este teria o direito de ser educado em classe ou serviço especializado.

 O decreto presidencial 5.626/05 da Lei 10.436/2002 estabelece que os alunos com deficiência auditiva possuam direito à educação bilíngue nas classes regulares e devem aprender a Língua Brasileira de Sinais como primeiro idioma e Português como segundo e obrigatório. A lei, além de instituir a LIBRAS como disciplina curricular, regulamenta a formação e a certificação de professor, instrutor e tradutor de LIBRAS para todas as esferas da educação.

Marchesi (2004) grande parte dos estudos realizados sobre experiências de integração analisa a evolução de um grupo de alunos com algum tipo de deficiência em uma escola regular, busca algum ponto de referência para a comparação desses resultados (outros grupos de alunos com a mesma deficiência, os colegas de classe, eles próprios ao longo do tempo) e chega a alguma conclusão. Em muitos casos, porém, não se sabe com clareza o suficiente o que se pretendia com a integração desses alunos, que compromisso tinha assumido a escola e o professor, ou que práticas educacionais estavam sendo realizadas para favorecer a integração. Por isso, nesses casos, não é simples tirar conclusões confiáveis dos dados fornecidos.

É na escola que a maior parte dos alunos surdos adquirirá a Língua Brasileira de Sinais, cabendo aos professores propiciarem tal aquisição, o que vai se dar em discursivas atividades e não por meio da memorização e repetição de sinais isolados, que serão posteriormente combinados em frases.

O professor é considerado o recurso principal para a instrução dos alunos, supondo um permanente esforço para melhorar sua competência profissional e para desenvolver habilidades didáticas. O reconhecimento da importância da formação do professor completa-se com uma mais profunda reflexão sobre como enriquecer o currículo e como adaptar o ensino a diversidade dos alunos favorecendo a aprendizagem cooperativa.

As atitudes e os valores dos cidadãos diante das inclusivas estratégias são também importantes fatores no processo de transformação da educação. A prioridade da concorrência em relação à solidariedade, a importância maior atribuída ao êxito acadêmicos em relação ao social desenvolvimento e da personalidade e a concepção de que a presença de alunos com maiores dificuldades impede o progresso dos mais capazes são muitas vezes crenças implícitas que freiam a profundidade e extensão das reformas educativas.

Podem ser mais ou menos amplas as estratégias de intervenção para facilitar a integração educativa social dos alunos com necessidade educativa especial e consequentemente ter menor ou maior incidência. As iniciativas que propugnam reformas globais a fim de conseguir escolas inclusivas abrem mais possibilidades que aquelas principalmente centradas na resposta individual.

 Essas propostas quando se estendem também a coordenação de programas sociais, econômicos e trabalhistas que procuram reduzir barreiras que dificultam a integração social dessas pessoas, sua integração social amplia-se e atribui-se reconhecimento maior ao esforço educativo.

Cada país possui uma história, uma cultura e uma tradição próprias educacionais que condicionam a incidência das mudanças e a respostas no sistema educacional. Porém, ao mesmo tempo há diferentes modos de compreender o significado da educação e das alternativas soluções diante dos problemas.

A cultura da escola constitui o suporte principal sobre o qual se apoiará o desenvolvimento do currículo. Os valores, os modelos de aprendizagem, as atitudes dos professores, as normas, as mutuas expectativas, as existentes relações interpessoais, a participação de pais e alunos e a comunicação que existe na escola entre todos os membros da comunidade educacional são os elementos que determinam o tipo de projeto que a escola vai elaborar e a orientação a ser seguida em relação ao currículo.

O avanço de sentido de escola mais inclusiva supõe uma transformação da cultura das escolas em que se valorize a igualdade entre todos os alunos, o respeito às diferenças, a participação dos pais e a ativa incorporação dos alunos no processo de aprendizagem. Potencializando a colaboração entre os professores e defenda a flexibilidade e a conjunta busca de soluções diante dos problemas apresentados pelos alunos.

As escolas inclusivas vão se configurando mediante um processo longo e não aparece da noite para o dia, é preciso tomar consciência dos objetivos que se tenta alcançar e o tipo de estratégias que se deve impulsionar. Dessa forma, o trabalho do professor na sala de aula converte-se em um fator fundamental, não apenas porque pode desenvolver um currículo acessível a todos os alunos, mas também porque sua experiência influenciará posteriormente as atitudes de outros professores, na elaboração dos projetos da escola e na avaliação dos pais sobre a experiência concreta de uma classe integradora.

A avaliação do processo escolar deve analisar todos os aspectos que incidem no processo de aprendizagem dos alunos surdos. Em primeiro lugar, deve-se verificar o tipo de comunicação que se estabelece com o professor e com os colegas.

É preciso saber se o modo de comunicação utilizado favorece os intercâmbios comunicativos e se permite que a criança surda tenha fácil acesso as aprendizagens escolares. Também é importante levar em conta a necessidade de interação da criança surda com outros colegas ou com outras pessoas surdas.

Devemos contribuir para melhorar a realidade da educação inclusiva no Brasil e garantir que as leis definidas no papel, sejam postas em prática.

CAPITULO III

            A REALIDADE VIVENCIADA PELOS SURDOS

Esse capítulo possui investigação em uma metodologia caracterizada como bibliográfica e exploratória; documental e de campo com aplicação de uma entrevista como instrumento de coletas de dados. Foram entrevistados cinco professores de São Paulo e cinco alunos surdos.

Analisando as questões, percebe-se que os professores buscam se justificar quanto à falta de seu preparo através da infra-estrutura escolar precária para a inclusão de surdos, subentendendo que não basta apenas inserir os alunos com necessidades especiais no ensino regular, é necessário ter um serviço de qualidade e estruturas, os recursos escolares precisam ser reavaliados para que ocorra processo de aprendizagem significativa dos alunos surdos.

Os professores que foram entrevistados mostraram-se preocupados em relação à aprendizagem de seus alunos e principalmente em relação aos alunos com surdez, os docentes na sua prática diária possuem dificuldades para transmitir a mensagem adequadamente. Foi evidenciado pelas respostas da maioria dos docentes entrevistados que a educação inclusiva encontra-se em construção no projeto político pedagógico.

Ao olharmos para a realidade em relação à educação de surdos percebemos a falta de organização do projeto político pedagógico e caminho sem planejamento.

Para proporcionar uma escola de qualidade é necessário a implementação e implantação de políticas públicas que incentive a educação na formação dos cidadãos.

Na entrevista feita com os cinco alunos surdos, segundo eles, a escola em que estudam não possui uma adequada infra-estrutura, sendo que a mesma deveria possibilitar aos alunos desenvolvimento e formação.

 Eles mencionaram que em alguns casos da parceria de alunos ouvintes com alunos surdos existem alunos ouvintes que não conseguem se relacionar com o surdo e também tem alunos ouvintes que tem interesse em ajudar contribuindo para a aprendizagem.

O questionamento que se surge é como atuar com a inclusão dos educandos com surdez se não é oferecido pela escola ao qual eles fazem parte uma qualidade de ensino adequada com um currículo flexível, práticas criativas adotadas em sala de aula, garantia de oportunidades de lazer, esporte e recreação. Ficando difícil de entender o processo de inclusão

Foi utilizado na coleta de dados questionário padrão para os docentes e os alunos com surdez. Como técnica foram utilizados questionamentos e indagações na busca de entender as dificuldades dos alunos com surdez e dos professores.

Analisando os dados coletados e observações, conclui-se que, diante da realidade da inclusão dos alunos com surdez em sala de aula, os professores estão despreparados e inseguros. Com base nos resultados obtidos ocorre uma necessidade de qualificar os professores e uma melhoria nas práticas de ensino para que aconteça o ensino aprendizagem das crianças surdas com qualidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Conclui-se que as pessoas com surdez enfrentam inúmeros entraves para participar da educação escolar, decorrentes da perda da audição e de como se estruturam as propostas educacionais das escolas. Muitos são os alunos com surdez que podem ser prejudicados pela falta de estímulos adequados ao seu potencial cognitivo, sócio-afetivo, linguístico e político-cultural e ter consideráveis perdas no desenvolvimento da aprendizagem.

A proposta de educação escolar inclusiva é um desafio e para ser efetivada faz-se necessário considerar que alunos com surdez têm direito de acesso ao conhecimento, à acessibilidade, bem como ao Atendimento Educacional Especializado.

A escola inclusiva é aquela que abre espaços para todos, adequando-se às necessidades de cada um. O caminho para a inclusão tem sido demorado e nem sempre conseguido.

Supõe-se que muitos professores ainda não saibam lidar com a inclusão de alunos surdos, tendo em vista que a surdez afeta o desenvolvimento educacional do mesmo.

Somente atingiremos nossos objetivos se tivermos bem clara a importância da inclusão, da formação dos docentes e principalmente se passarmos para os alunos a segurança que eles necessitam, pois assim poderemos ajudar a solucionar qualquer empecilho.

Sabemos que a inclusão não está pronta, é uma construção coletiva, não deve ter fim em si mesma, deve estar relacionada aos objetivos maiores da escola, que deve formar o aluno surdo como pessoa capaz de pensar, estudar, gerir, ajudando a construir uma nova realidade.

 

 

          

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Livros:

COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALÁCIOS, Jesus. Desenvolvimento psicológico da educação. Porto Alegre: Artmed, 2001

GOLDFELD, M. A Criança Surda - Linguagem e Cognição numa perspectiva sócio-interacionista. Plexus, 1997.

HONORA, Márcia; Frizanco, Mary Lopes Esteves. Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.

KOJIMA, Catarina Kiguti; SEGALA, Sueli Ramalho. LIBRAS: A imagem do pensamento. Volume 01. Livros Escala.

LANE, H. A Máscara da Benevolência: A comunidade surda amordaçada. Instituto Piaget, 1992.

MAZZOTTA, Marcos José Silveira. Fundamentos de educação especial. São Paulo:

Pioneira, 1982.

QUADROS, Ronice Muller; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua Brasileira de Sinais: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed. 2004.

ROSA, Andréia da Silva. Entre a visibilidade da tradução da língua de sinais e a (in)visibilidade da tarefa do intérprete. Rio de Janeiro: Editora Arara-Azul, 2008.

SÁ, Nídia Regina Limeira de. Educação de Surdos: A caminho do Bilinguismo.- Niterói: EdUFF, 1999.

SACKS, O. Vendo Vozes: Uma jornada pelo mundo dos surdos. Imogo, 1989.

SACKS, Oliver. Vendo Vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Campanha das Letras, 1998

SANTANA, Ana Paula. Surdez e linguagem: Aspectos e implicações neurolinguísticas. São Paulo, 2007

SOUZA, R.G. Que palavra que te falta? Linguística e educação: considerações epistemológicas a partir da surdez. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Periódicos

"Com todos os sentidos." - Revista do Ensino Superior - ano 2, no. 19, março de 2000.

 “Ciranda da Inclusão: Deficiência Auditiva”. - Revista do educador- ano 1 nº 1 novembro de 2009

REVISTA DA FENEIS . Ano I, número 1, janeiro/ março 1999. Ano I, número 2, abril/junho 1999.Ano II, número 6, abril/junho 2000.Ano II, número 8, outubro/dezembro 2000. Rio de Janeiro.

 

Internet

http://arqs.portaleducacao.prefeitura.sp.gov.br/exp/libras.pdf

http://www.educared.org/educa/revista_educarede/especiais.cfm?id_especial=96 São Paulo 11/01/2012 as 14:42

http://www.feneissp.org.br/index.php?ps=noticias&ano=2011&rqv=1905 Sâo Paulo 11/01/2012 as 22:30

http://www.institutosantateresinha.org.br/quem%20somos/historico.h;tml São paulo 11/01/2012 as 14:23

http://www.libras.org.br/leilibras.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm São paulo 11/01/2012 as 22:17

www.portaladventista.org/missaoglobal/downloads/ministerio_surdos/historia_ surdo.pdf

http://www.pucsp.br/derdic/historico.html São Paulo 11/01/2012 as 15:06

http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2011/07/educacao-em-libras-e-um-direito-de-todos-garantido-pela-ldb-de-1996.html São Paulo 14/01/2012 13:30