LIDERANÇA: ENTRE O IDEAL E O REAL

Fabiane Camila Martim

Introdução

Uma liderança ideal é difícil de ser definida, visto que um estilo de liderança pode ser eficaz em uma determinada situação e, em outro momento o mesmo poderá a ela não se adequar. Como por exemplo, para uma equipe formada por pessoas mais dependentes que precisam cumprir uma tarefa em curto prazo, um líder de presença forte seria o tipo ideal para impulsionar a equipe. Porem, em uma equipe formada por pessoas mais independentes que preferem autonomia ao realizar suas atividades esse estilo de liderança pode causar a sua desmotivação.

No entanto, há controvérsias entre pessoas que defendem a idéia de que o líder nasce com determinados traços de liderança, e outras que defendem a idéia de que liderar é algo adquirido com as experiências de vida. Embora a teoria dos traços de personalidade não tenha muita sustentação ainda há pessoas que acreditam que o líder já nasce pronto; cientificamente, porem, não há nada comprovado.

Tipos de liderança

Nas empresas podemos observar tipos diferentes de liderança e que podem ser classificados em duas partes: o líder autocrático, ou seja, o real; e o líder democrático, o ideal.

Temos de um lado, líder autocrático "chefe" que define as metas e como cumpri-las. Geralmente acredita estar sempre certo e transmite pouca confiança a seus subordinados. Ele se baseia no poder do cargo que ocupa e sua atenção esta direcionada às tarefas e não às relações humanas de sua equipa.

Por outro lado, temos o líder autocrático que busca compartilhar as decisões e as atividades com a equipe. Podemos dizer que sua visão do ser humano e de si é outra. Ele acredita que a equipe toda deve participar do planejamento e execução da tarefa; portanto, não se julga o dono da verdade. Acredita na autonomia e responsabilidade de seu grupo. E vê que seu poder é atribuído pela credibilidade que a equipe lhe dá; está voltado para as relações interpessoais e não para si mesmo.

Porém, é observável em alguns casos que o líder nem sempre é só autocrático ou só democrático, pois um líder democrático também pode voltar sua atenção às tarefas.

Não é adequado dizer que apenas um estilo é correto, pois há inúmeras situações pelas quais a equipe passa e que exigem tipos diferentes de liderança. Fatores como o comportamento do grupo, relacionamentos, crenças, entre outros, devem influenciar no comportamento do líder.

Segundo Outhwaite e Bottomore (1996, p. 426) liderança é "a qualidade que permite a uma pessoa comandar outras", sendo traduzida como uma relação mútua entre líder e liderados, entre o indivíduo e o grupo, pautada na aquiescência e não em coerção. Do ato de emitir uma ordem e esperar que ela seja cumprida, há um tortuoso caminho para se entender como a liderança legitima-se e quanto exercício de poder ela exige.

Gibb (apud OUTHWAITE e BOTTOMORE, 1996), por sua vez, entende que a liderança é resultante de uma interação entre a personalidade e a situação social, uma vez que, são diversos os fatores que influenciam o processo de liderança, não somente líder e liderados, mas também as forças contidas no ambiente, na situação.

Segundo resenha de alguns autores, efetuada por Paul Hersey e Kenneth Blanchard, (1969) " liderança é o processo de exercer influência sobre um indivíduo ou um grupo, nos esforços para a realização de um objetivo, em determinada situação".

Teoria da liderança situacional

Segundo Blanchard e Paul Hersey (1969), o lider age de acordo com a situação, sendo assim basearam-se na relação de três conjuntos básicos:

(a)o conjunto de estruturações (tarefas);

(b)o conjunto de suportes socioemocionais ( comportamento voltado para o relacionamento humano);

(c)o nível de maturidade dos subordinados ou grupo.

Com base nessa teoria, a universidade de "Ohio State" observou que os estilos de liderar variam de acordo com os lideres. Enquanto uns procuravam estruturar a realização das tarefas de acordo com os termos de trabalho, outros procuravam conseguir um suporte socioemocional em termos de relações em equipe. Alguns mostravam um estilo misto: equilibrando a realização da tarefa com eficiência e o relacionamento entre a equipe. E outros mostravam um certo desequilíbrio em relação a estruturação e ao comportamento.

Não houve um estilo predominante e notou-se a combinação de estilos, concluindo-se que o cumprimento eficaz da tarefa e um bom relacionamento não são opostos.

A universidade sugeriu que os dois padrões de comportamento do líder podem ser apresentados em duas dimensões distintas, que mostram quatro combinações. Dado isso foi criada uma tabela que mostra essas dimensões e suas distintas combinações.

Quadrante 3

ALTO RELACIONAMENTO HUMANO

E

BAIXA TAREFA

Quadrante 2

ALTA TAREFA

E

ALTO RELACIONAMENTO HUMANO

Quadrante 4

BAIXA TAREFA

E

BAIXO RELACIONAMENTO HUMANO

Quadrante 1

ALTA TAREFA

E

BAIXO RELACIONAMENTO HUMANO

Reações dadas às situações organizacionais

Cito abaixo alguns exemplos de situações e reações de acordo com a liderança situacional:

  1. Baixa maturidade do subordinado

a)Não tem motivação – vontade de exercutar a tarefa.

b)Não possui competência - habilidade para realizar determinado trabalho.

O estilo de liderança adequado nessa situação seria

.ALTA TAREFA

.BAIXO RELACIONAMENTO HUMANO

  1. De baixa a moderada maturidade do subordinado

Aqui as pessoas tem motivação para realizar um trabalho especifico, mas geralmente falta-lhes habilidade.

O estilo de liderança mais adequado neste caso seria:

.ALTA TAREFA

.ALTO RELACIONAMENTO HUMANO

  1. De moderada a alta maturidade do subrodinado

Aqui os indivíduos costumam ter habilidade para realizar um determinado trabalho, mas parecem ter falta de vontade, de motivação.

O estilo de liderança mais adequado a esta situação seria:

.ALTO RELACIONAMENTO HUMANO

.BAIXA TAREFA

  1. Alta maturidade do subordinado

Aqui as pessoas costumam ter tanto motivação quanto habilidade para realizar um trabalho.

O estilo de liderança mais adequado seria:

.BAIXO RELACIONAMENTO HUMANO

.BAIXA TAREFA

Porém, ressalto que baixo relacionamento não significa falta de envolvimento, e sim um nível de confiança que o líder deposita em seu subordinado deixando-o caminhar livre.

Conclusão

Dadas as definições apresentadas concluo que não é certo dizer que existe um tipo de liderança especifico, uma vez que os lideres variam diante das diversas situações e que um líder pode mesclar os tipos de liderança. Entretanto, não discordo da teoria básica de que existe um tipo real e um tipo ideal de liderança, mas entendo como impossível descrevê-los da maneira correta já que situações diferente pedem atitudes diferentes.

Mas sei que um líder não pode se firmar apenas em suas crenças e sim abrir as fronteiras para obter melhores resultados. Liderar não é uma tarefa simples e requer sabedoria e habilidade. Portanto, o líder real seria o ideal à situação; o líder pode se adaptar às situações e trazer para a realidade o idealismo para o cumprimento da tarefa com êxito.

Bibliografia

Gibb, (apud), OUTHWAITE, Willian, BOTTOMORE, Tom (orgs.). Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

HERSEY, Paul e BLANCHARD, Keneth H. Psicologia para administradores. São Paulo: EPU, 1986.

MARTINELLI, J. As formas de liderança.

http://www.webartigosos.com/articles/267/1/o-ideal-e-o-real-na-formacao-do-administrador/pagina1.html. Acessado em 04/10/2007, 13h

OUTHWAITE, Willian, BOTTOMORE, Tom (orgs.). Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

http://www.duomodesenvolvimento.com.br/index.php?codwebsite=&codpagina=00006083. Acessado em 04/10/2007, 13h15min.