LIDERANÇA EM ENFERMAGEM: UMA VISÃO EMOCIONAL DO LÍDER

 

                                                                                                                                                   BASTOS, Henriette Leal (1)

 

 

 

 

(1)     Autora, Enfermeira, Graduada pela Universidade Estácio de Sá e Pós Graduanda de Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Cândido Mendes

 

RESUMO: Artigo de Revisão Bibliográfica sobre Liderança em Enfermagem e seus aspectos emocionais, tão procurados pelas grandes Organizações Hospitalares. Relata a importância do líder em sua equipe, quais as atitudes a serem tomadas, características importantes para que possa exercer seu papel no contexto hospitalar e no gerenciamento de seus colaboradores. Tem como objetivo elucidar e até mesmo nortear aos “novos enfermeiros” qual o perfil adequado a seguir, quais atitudes são pertinentes, quais são aquelas que não devem ser adotadas e também proporcionar aos que já são Líderes de vivência profissional alguns momentos de reciclagem.

PALAVRAS-CHAVE: Liderança, Enfermagem, Emocional, Equipe

 

RESUMEN: Artículo de la revisión bibliográfica en la dirección en el oficio de enfermera emocional y sus aspectos, buscado tan para las grandes organizaciones del hospital. Dice a la importancia del líder en su equipo, que las actitudes que se tomarán, característica importante de modo que pueda ejercer a su papel en el contexto del hospital y a la gerencia de sus colaboradores. Tiene como objetivo a aclarar y aun cuando a dirigir a las “nuevas enfermeras” que el perfil adecuado a seguir, que las actitudes son pertinentes, que son los que no tengan que ser adoptadas y también proporcionar a eso ya algunos momentos del reciclaje es Líderes de la experiencia profesional.

PALAVRAS-CHAVE: Dirección, oficio de enfermera, emocional, equipo

INTRODUÇÃO


Cada organização de saúde tem visão, missão, cultura, metas, estratégias, instrumentos, problemática e desafios muito específicos. Em função disso cada vez mais as Organizações Hospitalares, procuram enfermeiros que tenham determinado perfil de Liderança. Portanto, os enfermeiros precisam estar em dia com suas atualizações sobre suas competências para exercê-las com excelência. O enfermeiro independente do cargo por ele assumido, sempre que estiver á frente de uma equipe desenvolverá a função supervisão e, se habilitado, poderá assumir a Liderança. Segundo Maxwell (2006), o verdadeiro Líder é seguido por prazer e confiança e pode aumentar sua influência pela compreensão dos níveis de Liderança. Hoje, podemos observar nas diversas funções que assumem os enfermeiros respondendo por equipes e também exercendo a Liderança, fato este que facilita aos mesmos a supervisão do processo de trabalho nas suas unidades. Então, porque não usar uma Liderança agregada a uma Inteligência Emocional? Sim é possível, pois a Inteligência Emocional tem como características a autoconsciência, autodisciplina, motivação, empatia e também pode ser usada pelo enfermeiro como habilidade social por meio das quais poderá dispor de diferentes abordagens com as equipes.

CONCEITO DE LIDERANÇA

“Os grandes líderes nos mobilizam. Inflamam nossa paixão e inspiram dentro de nós modelos e parâmetros a serem seguidos. Quando tentamos explicar a causa de tamanha eficácia, pensamos em estratégia, visão ou idéias poderosas. Na realidade, porém, eles atuam em um nível mais fundamental: os grandes líderes agem por meio das emoções”. (Daniel Goleman)

Durante muitos anos, a liderança foi estudada e entendida como um traço de personalidade, isto é, dependendo exclusivamente de características pessoais e inatas do sujeito. Liderança é o processo de conduzir um grupo de pessoas, transformando-o numa equipe que gera resultados. É a habilidade de motivar e influenciar os liderados, de forma ética e positiva, para que contribuam voluntariamente e com entusiasmo para alcançarem os objetivos da equipe e da organização. È, pois importante que o Líder se relacione com todos os elementos do grupo que lidera. O comportamento de Liderança engloba diversas funções relacionadas com o estruturar, distribuir funções, orientar, coordenar, controlar, motivar, elogiar, punir, reforçar, etc. Contudo, o fundamental da liderança baseia-se no direcionar o grupo para metas específicas. Apesar de a Liderança ser importante para a superfisão e estreitamente relacionada a ela, Liderança e superfisão  não são os mesmo conceitos. Para os gestores atuais, são necessárias não só as competências do chefe, mas principalmente as do Líder.

CONCEITO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

“Inteligência emocional refere-se à capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos

outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos.”(Goleman)

Inteligência Emocional, é um conjunto de habilidades e competências que para atingir a excelência no trabalho, faz-se necessário um grande conhecimento em saber administrar sentimentos e não somente possuir o conhecimento técnico, nem mesmo aqueles adquiridos em livros; é muito mais, é conseguir conhecer intimamente a nós mesmos, lidar com nossas emoções e nos colocarmos no lugar do outro para pensar e sentir o que ele sente. Inteligência Emocional é um processo de influência, poder e autoridade de um indivíduo que juntamente com outros quatro fatores, autoconsciência, autogestão, consciência social e gestão das relações, consegue competentemente potencializar os esforços de outro indivíduo ou grupo para a realização dos objetivos em determinada situação. Liderar emocionalmente não é de todo impossível, agora ser carismático, é um processo intrínseco, que junta fatores de personalidade do indivíduo com fatores situacionais e comportamentais.

PERFIL DA LIDERANÇA EMOCIONAL

O papel emocional do líder é primal, é o primeiro ato de Liderança e o mais importante. Nas organizações modernas, esta tarefa primal continua a ser uma das principais funções dos líderes, encaminhar as emoções coletivas para direções positivas e limpar a confusão criada por emoções negativas. A ressonância é um dom natural dos líderes emocionalmente inteligentes, fazendo com que a emoção e a energia entusiástica dos mesmos ecoe no grupo. Por outro lado se o líder não tem ressonância, as pessoas seguem as rotinas do trabalho, mas fazem apenas o essencial ou o habitual, em vês de darem o seu melhor. Hoje em dia, as empresas competem no mercado, em produtos agregados ao valor humano, sendo fundamental a forma que utilizam o seu pessoal, passando então a existir a necessidade de treinamento gerencial para atingir o sucesso tão esperado. É hora de sentir o desejo da maximização dos recursos humanos agregados à maximização do lucro. Este “sentir desejo”, é na verdade sentir paixão pelo que fazemos, de acreditarmos em nosso potencial, e com o “borbulhar” de emoções, equilibradas com treinamento e desenvolvimento, gerarmos a capacidade em lidar com situações na busca de solução de problemas, propiciando, pelo conjunto de harmonia no trabalho e um bom relacionamento interpessoal, a satisfação humana, ocasionando um aumento de produtividade com excelência no que se faz, levando o alavancar da organização e conseqüentemente o investimento, tão almejado por ela. É importante que entendamos que o autoconhecimento é grande indicador para uma boa Liderança e com isto o “aflorar” de princípios espirituais para a motivação da vida, tanto pessoal como profissional. Conforme já apontou Maslow no início do século XX, enquanto o homem buscar fama, dinheiro e for movido por valores externos de cobiça e de poder, terá o fracasso em sua vida e não conseguirá ser um líder para ser seguido.

ESTILOS DE LIDERANÇA

Líder autoritário: fixa diretrizes sem a participação do grupo, determina as técnicas para a execução das tarefas, é dominador, provocando tensão e frustração no grupo.

Líder liberal, também denominado de laissez faire: não há imposição de regras, não se impõe ao grupo e conseqüentemente não é respeitado, os liderados têm liberdade total para tomar decisões e quem decide sobre a divisão das tarefas e sobre quem trabalha com quem, é o próprio grupo.

Líder democrático: assiste e estimula o debate entre todos os elementos, todos participam nas decisões, e as diretrizes são decididas pelo grupo, havendo, contudo um predomínio (pouco demarcado) da voz do líder. 

Liderança Paternalista: O paternalismo é uma atrofia da Liderança, onde o líder e sua equipe tem relações interpessoais similares às de pai e filho. A Liderança paternalista pode ser confortável para os liderados e evitar conflitos, mas não é o modelo adequado num relacionamento profissional, pois numa relação paternal, o mais importante para o pai é o filho, incondicionalmente.O estilo de Liderança depende, similarmente, da equipe que temos em mão, da competência dessa equipe. Uma equipe de pessoas mais jovens, com pouca experiência precisará de mais alguma direção. Se avaliarmos o tamanho do grupo, e se o mesmo for grande terá uma Liderança mais autoritária e democrática, enquanto que um grupo médio deverá ter diretrizes mais democráticas e menos autoritárias, já um grupo pequeno poderá ser liderado com mais democracia. Segundo (Fachada, 1998);

“A diferença entre o estilo eficaz z e ineficaz não depende unicamente do comportamento do líder, mas da adequação desses comportamentos ao ambiente onde ele desempenha as suas funções”

A Liderança pode ter dois tipos de direção. Quando a essência do líder está direcionada para as pessoas, existe nele uma maior sensibilidade ás problemáticas dos outros. Atende às pessoas como seres humanos e não como máquinas de trabalho. Contudo, este estilo de Liderança não origina um aumento direto da produtividade, visto o objetivo estar mais orientado para os sujeitos. Quando a essência do líder está mais direcionada para a tarefa, ou para a produção, existe uma preocupação com a realização das atividades, valorizando-se os resultados e os lucros, sempre com o objetivo de desenvolver a organização. A Liderança Emocional é justamente a mistura das duas direções, sendo que a percepção principal é que os lucros da Organização só serão satisfatórios e até mesmo além das expectativas, se houver também uma preocupação com o ser humano que executa o trabalho, que da tudo de si para o bom desempenho da Organização.

ATUAÇÕES INTELIGÊNTES DO LÍDER FRENTE À EQUIPE

Aprendizagem cooperativa: mais motivante que a aprendizagem individualista;

Tarefas criativas: aumentam o nível de motivação;

O reconhecimento do sucesso por parte do líder: é bastante motivador;

Autonomia no trabalho: promove a motivação, o sucesso e a auto-estima;

Evitar à repreensão pública, o sarcasmo, as comparações para ridicularizar, as tarefas em demasia, já que são promotores de grande desmotivação;

Comunicar a equipe os resultados do trabalho: funcionam como um poderoso estimulo;

Interesse por cada elemento da equipe: de um modo individual e de um modo mais global, como elemento pertencente do grupo.

COMPETÊNCIAS PESSOAIS DO LÍDER

Uma Liderança Inteligente deve ter em mente a necessidade de dar feedback dos resultados obtidos a sua equipe, pois como disse Goethe, “Corrigir ajuda. Encorajar ajuda ainda mais”. Quando o elogio vem de um superior hierárquico, a satisfação do sujeito e a motivação aumentam e sem dúvida a predisposição para a tarefa também e, por conseqüência, o seu nível de eficácia. O elogio não é somente positivo para quem o recebe, também quem o dá experimenta satisfação. Como diz um provérbio chinês:

“fica sempre um pouco de perfume, nas mãos de quem oferece rosas”

Por outro lado a crítica pode ser desagradável, principalmente para quem se esforçou para obter um resultado, mas se a mesma não existir, corre-se o risco do erro acontecer novamente. Sendo assim deve-se tomar cuidado no tipo de crítica a ser realizada. A crítica destrutiva tem o objetivo de menosprezar o outro, utilizando frases do tipo: ”Vê-se mesmo que você não percebe nada do assunto, porque se percebesse nunca faria uma coisa destas. No entanto, a crítica é dotada de outra faceta: construtiva. Nesta o líder deve apenas manifestar a discordância em relação à forma como foi realizada a tarefa. O bom líder sabe que o “objetivo essencial da repreensão não é castigar, mas ajudar as pessoas a proceder melhor e a desenvolver a sua autonomia”. Para isto será necessário criticar moderada e delicadamente. Não se deve esquecer que mesmo que seja justa, a crítica deixa sempre um sabor amargo.

COMPETÊNCIAS DO LÍDER EMOCIONAL

Um líder emocional deve trazer como conduta profissional as seguintes competências: Autopercepção, Percepção Emocional, Auto- avaliação precisa, Autoconfiança, Auto Regulação, Autocontrole, Confiabilidade, Adaptabilidade, Inovação, Motivação, Vontade de Realização, Iniciativa, Engajamento, Empatia, Saber Compreender, Ter Liderança e Saber Gerenciar Conflitos. Um líder pode ser ativo ou passivo, ser assertivo ou agressivo, interessado, dominador ou negligente. Seja ele como for, sabe-se com toda a certeza, que as suas características afetam as relações com os liderados e, conseqüentemente, o desempenho destes nas tarefas. Porém, tão importante quanto às características de Liderança, são os modos comportamentais assumidos pelo líder, tais como; Ser Justo, que não significa ser igual para todos, mas sim tratamento igual, em situações semelhantes, Ser Honesto, outra característica muito importante, pois sempre que se criam expectativas no grupo, deve fazer-se tudo para que estas sejam cumpridas, Saber Lidar com Emoções, é fundamental saber entusiasmar e incentivar os subordinados, Ser Assertivo, consiste na verbalização honesta daquilo que se sente, sem ser agressivo, Saber Elogiar e Repreender há algo importante a (re) salientar, que é dito pela literatura:

“um Líder nunca repreende senão em privado e não perde uma oportunidade de elogiar merecidamente, em publico” (Almeida, 1996).

Ser Auto Reflexivo, saber analisar sucessos e fracassos, bem como as conseqüências, Ter Disponibilidade para Aprender, estar receptivo a novas aprendizagens reavaliando convicções sem perder de vista os próprios objetivos e prioridades, Saber Motivar, o líder deve saber motivar os seus colaboradores, Confiança, a confiança é à base da empatia, gerar empatia impõe um esforço para ouvir os outros, mostrando um interesse genuíno, Transformar os desejos em ações concretas e definidas, a ação é precedida de uma intenção. O líder deverá definir claramente aquilo que pretende fazer e analisar as capacidades para a concretização, Saber Partilhar Méritos, as pessoas precisam saber que são reconhecidas e isso levará ao aumento da coesão do grupo e da motivação para projetos futuros, Não Ter Medo de Competir, o mundo das organizações é competitivo e, por isso, há de entrar de modo correto nesta competição, sem táticas desleais, sem medo de lutar e levar avante os objetivos, Não Sofrer da Síndrome do “Eu”, por vezes o líder utiliza o “eu” para se referir aos sucessos e, o “nós” para os fracassos. O líder deve sempre atentar ao fato de estar trabalhando em equipe, onde ele será mais um a somar e Não Permitir Excesso de Confiança, o líder deve saber impor fronteiras. Não ser respeitado significa abdicar das fontes de poder e, conseqüentemente, deixar de ser líder.

 

 

CONCLUSÃO

Pretendeu-se neste trabalho proporcionar, de forma clara e objetiva, uma familiarização com os principais conceitos e características fundamentais tanto da Liderança, propriamente dita, como da Liderança Emocional. Para satisfazer este objetivo, descrevi de forma seqüencial todos os tópicos pertinentes a este estudo. Ele também contribuirá como auxílio útil para informações pertinentes a área e também como reciclagem para aqueles profissionais que já fazem parte desde “mundo” onde atualizar-se se tornou fundamental.

Atualmente as exigências são de que o líder em qualquer nível da organização seja um mentor, treinador, conselheiro, aliado, amigo e sempre com foco nos interesses da empresa e nos interesses das pessoas que o cercam. Para se ter sucesso, principalmente no ambiente de trabalho, é preciso escolher o estilo certo para o grupo certo. Hoje as empresas querem líderes estratégicos, assertivos e colaboradores. O líder inteligente emocionalmente tem consciência de seus hábitos e das pressões que sofre no cotidiano, pressões vividas que contarão sempre como aprendizado, por que em tudo devemos tirar grandes ensinamentos, pois não existe investimento mais gratificante do que em si mesmo.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

Gomes, A.D., Cardoso, L. & Carvalho, C. (2000). Discurso de Liderança: o que faz sentido faz-se. In Psychologica, 23, 7-36.

Goleman, Daniel et al, (2002) Os Novos Líderes – a inteligência emocional nas organizações, Lisboa, Gradiva

Deepak Chopra– A Alma da Liderança, HSM Management nº33 – Julho/Agosto 2002

 

Fachada, Odete (1998). Psicologia das relações interpessoais. Lisboa: Edições Rumo, ltda.

 

Hunter, J.C. O Monge e o Executivo: uma história sobre a essência da liderança. 9. Ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004

 

Almeida, F. N. (1995). Psicologia para gestores – Comportamentos de sucesso nas organizações. Lisboa. McGraw-Hill.

 

Dutra, J.S. (org.). Gestão por competências. 3. Ed. São Paulo: Gente, 2001

 

Kurcgant, P. Liderança em Enfermagem. In: Kurcgant, P. (coord.). Administração em Enfermagem. São Paulo: EPU, 1991, p.165-79.