CRÔNICA
Liberdade ou promiscuidade?
Soraia Vieira Martini
"No meu tempo tudo era diferente". Quem nunca ouviu essa memorável frase pelo menos uma vez na vida? Eu mesma me pego divagando sobre como era boa a minha infância nos anos 80, sobre as brincadeiras simples e inocentes, sobre a alimentação bem mais saudável que nossos pais nos ofereciam, sobre a qualidade das músicas, o conteúdo dos programas de televisão, o respeito entre aluno e professor, pai e filho. Desculpem se pareço melancólica ou saudosista, mas você, que tem mais de trinta, não, mais de 25, sabe do que eu estou falando.
Um dia desses, conversando com uma adolescente, ela comentou que uma amiga, de 15 anos, era BV. Já sei. Não sabe o que é isso. Pois vou explicar: BV é uma nova sigla utilizada pelos adolescentes que significa "boca virgem", ou seja, que nunca beijou. O curioso não é o fato de a guria ser BV com 15 anos. Qual o problema? A opção é dela, afinal. O fato é que ela é BV de meninos, mas não de meninas. Até aí tudo bem. A cada dia estamos nos libertando dos preconceitos, e a sociedade está, mesmo que aos poucos, percebendo que opção sexual não influencia o caráter de ninguém. Estamos mais livres para agir, pensar e amar quem o nosso coração desejar, independente de raça, cor, credo ou sexo, e isso é uma grande vitória para a humanidade. No entanto, fiquei pasma quando a adolescente com quem eu conversava afirmou que agora é moda ser "bi" (bissexual), e que nas festinhas e boates é tri comum uma guria ficar com mais de um guri e mais de uma guria e vice-versa. Ela contou também que, na sua escola, têm muitas meninas que são "bi", e meninos também. Agora, a pergunta que não quer calar: isso é liberdade de expressão ou promiscuidade?
Concordo que a adolescência é a fase das descobertas. Cada vez mais nossos jovens estão se conscientizando sobre o uso da camisinha para a prevenção de doenças e de uma gravidez precoce, e isso é maravilhoso. Nas escolas, já estão dando aulas de educação sexual, e isso é fantástico. Os pais já não têm tanto medo de falar com seus filhos sobre sexo, e isso é estupendo. As pessoas já não têm mais tanto receio de assumir sua sexualidade, e as famílias também. Hoje você pode optar se quer namorar, ficar, casar, "juntar os trapinhos" ou, simplesmente, ficar só. No entanto, questiono se um adolescente tem maturidade suficiente para fazer certas escolhas, vivenciar certas experiências que possam deturpar seu corpo, sua mente, sua personalidade, sua imagem.
Sexualidade é coisa séria, não é brincadeira de criança. Por isso, cabe aos pais o papel de orientar seus filhos a pensar sobre o que realmente querem, evitando certos comportamentos que possam provocar arrependimentos futuros. É papel dos pais ensinar aos seus filhos a diferença entre ser moderno, livre e ser promíscuo ou inconsequente. Minha intenção não é ser moralista, mas um pouco de romantismo, fidelidade e amor sincero não fazem mal a ninguém.