Autor: Helton Miyoshi Moribe

C.Dentista/ especialista em estomatologia/ PÓS-GRADUAÇÃO & residência em odontologia hospitalar (cirurgia buco maxilo facial)

Leucoplasias bucais

A leucoplasia é uma das lesões cancerizáveis mais freqüentes da cavidade bucal, desenvolvendo-se em qualquer região sendo, a mucosa jugal, o lábio inferior e rebordo lateral de língua as áreas mais afetadas.

"A definição de "leucoplasia" foi realizada pela primeira vez, conforme GRINSPAN(1973)4, apud SCHWIMMER, em 1877, para caracterizar lesões branca idiopática da mucosa bucal".

A etiologia de uma lesão leucoplásica normalmente está relacionada, em muitos casos, a hábitos como tabagismo, quando associada à etilismo, aumenta a probabilidade de tornar-se cancerizável, existindo casos de lesões leucoplásicas que são consideradas idiopáticas * sem origem aparente*. Sua ocorrência se dá principalmente em pacientes de meia idade, do sexo masculino.

O diagnóstico da leucoplasia é complexo sendo que seu aspecto clínico é semelhante a outras lesões com aspecto de placas brancas que acometem o complexo estomatognático onde a ausência de sintomatologia clínica é rotineira, sendo geralmente descoberta em exames de rotina. Ao exame histológico existem vários padrões de diferenciação, entretanto, hiperceratose e displasia epitelial com vários graus de variação são as mais comumente observadas.

Em lesões de pequena proporção em tamanho indica-se à biópsia excisional. A utilização de marcador com azul de toluidina é indicada quando lesões maiores são observadas, normalmente realiza-se a marcação e biópsia incisional para análise, antes de determinar tratamento definitivo.

Podem ser divididas clinicamente conforme Classificação de AXÉLL et al. (1996):

  • Leucoplasia homogênea: lesão predominantemente branca, de superfície plana, fina, que pode exibir fendas superficiais com aspecto liso, enrugado, ou corrugado, e textura consistente;
  • Leucoplasia não-homogênea: lesão predominantemente branca ou branco-avermelhada, que pode ter superfície irregular, nodular, ou exofítica.

Histologicamente:

  • Histologicamente, as lesões podem ser subdivididas em seis grupos:
  • Hiperceratose com ausência de displasia epitelial;
  • Displasia epitelial leve;
  • Displasia epitelial moderada; displasia epitelial severa, carcinoma in situ.
  • Carcinoma invasivo.

A malignização fica reservada em casos de leucoplasias com displasia epitelial, ao contrário das lesões que evidenciam apenas hiperceratose, onde se observa um caráter exclusivamente benigno. Leucoplasias homogêneas apresentaram alterações celulares discretas, entretanto as não-homogêneas apresentam potencial histopatológico de displasia epitelial severa ou mesmo de carcinoma invasivo, sendo que maiores cuidados no diagnóstico clínico devem ser observadas para melhor controle das leucoplasias dada à possibilidade de transformação maligna.

Frente à diversidade de aspectos clínicos e histopatológico apresentados pelas leucoplasias bucais, torna-se obrigatório biopsiá-las, pois apenas por meio do exame histopatológico obtém-se seu diagnóstico definitivo2, 3 .

Referencias bibliográfica

AXÉLL, T.; PINDBORG, J. J.; SMITH, C. J.; van der WALL, I. Oral white lesions with special reference to precancerous and tobacco-related lesions: conclusions of an international symposium held in Uppsala, Sweden, May 18-21, 1994. J Oral Pathol Med, v. 25, n. 2, p. 49-54, Feb. 1996.   

BÁNÓCZY, J. Follow-up studies in oral leukoplakia. J Maxillofac Surg, v. 5, n. 1, p. 69-75, Feb. 1977.

BOUQUOT, J. E.; GORLIN, R. J. Leukoplakia, lichen planus and other oral keratoses in 23,616 white Americans over the age of 35 years. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, v. 61, n. 4, p. 373-381, Apr. 1986.

GRINSPAN, D. Enfermedades de la boca, Tomo II, Patología. Clínica y terapéutica de la mucosa bucal, Mundi, Buenos Aires, 1973.