1. INTRODUÇÃO

1.1 Título: Ler e escrever: formando cidadãos alfabéticos funcionais

1.2 Tema


Analfabetismo funcional é a incapacidade de alguns indivíduos de interpretação de textos, ou seja, compreensão do que lêem.
O analfabeto funcional consegue decodificar as letras e, algumas vezes, frases e pequenos textos, dependendo do grau de alfabetização em que se encontra. Inicialmente pensava-se que esse fato ocorria apenas com indivíduos maiores de quinze anos e com escolaridade inferior aos primeiros anos do Ciclo I do Ensino Fundamental, porém, hoje já sabemos existirem analfabetos funcionais até com graduação em nível superior.



1.3 Problemas


O analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países industrializados e em desenvolvimento. No Brasil, uma triste realidade: atinge índices alarmantes. Como a escola pode resolver, ou minimizar, a questão do analfabetismo funcional, a partir do trabalho com seus alunos, desde a infância, pensando na formação plena de cidadãos? As estatísticas a este respeito são produtoras de qualidade no sistema educacional?




1.4 Justificativa da Pesquisa


Mediante a constatação da dificuldade para cumprir tarefas que o analfabeto funcional possui em sua vida social, tanto no âmbito pessoal como no profissional, motivada por sua falta de entendimento ao ler, e das estatísticas que mostram o elevado índice de indivíduos portadores desse problema, faz-se necessária uma otimização na educação, no que tange a escrita e, principalmente, a leitura com compreensão, desde a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental.
O INAF- Indicador de Alfabetismo Funcional ? do Instituto Paulo Montenegro/Ação Educativa, oferece informações sobre as habilidades de escrita e leitura da população jovem brasileira de 15 a 24 anos, que vivem nas principais metrópoles, com a finalidade de estimular iniciativas na área da educação no país.
Existem atualmente, no Brasil, cerca de 22% de jovens nos primeiros níveis de alfabetização, ou seja, analfabetos absolutos, analfabetos em nível rudimentar e em nível básico no que se refere à escrita e à leitura com compreensão, constituindo o grupo de analfabetos funcionais.
O analfabeto funcional tem dificuldades de inserção no mercado de trabalho e na vida social como um todo, uma vez que se sente incapaz de realizar pequenas tarefas que envolvam a compreensão do que lê e também se sente inferiorizado quando introspecta, às vezes de maneira irreversível, que não tem possibilidade de aprender.
Isto precisa ser mudado e é responsabilidade do Estado, da família e da escola incentivar, estimular e promover, além das estatísticas, uma Educação de qualidade com profissionais conscientes, com formação contínua, reconhecidos e em ambientes alfabetizadores que facilitem a leitura e a aprendizagem de maneira natural e prazerosa desde a infância.


1.5 Metodologia

O presente trabalho de Conclusão de Curso apoiar-se-á, principalmente na coleta de informações e de dados fornecidos pelo INAF ? Índice Nacional de Analfabetismo Funcional do Instituto Paulo Montenegro e no embasamento teórico realizado através de pesquisas bibliográficas com a finalidade de proporcionar maior familiaridade com o problema e com vistas a torná-lo mais explícito. Para tal, serão utilizadas fontes de pesquisa como textos acadêmicos, entrevistas, reportagens, estatísticas e, principalmente livros que estejam de acordo com o tema escolhido para estudo.
A metodologia, propriamente dia, será qualitativa ao citar opiniões de pessoas a respeito do tema, descrição de alguns detalhes dos comportamentos dos indivíduos com o determinado problema.
Serão, também, apresentados e interpretados alguns índices estatísticos realizados por entidades de apoio e ações sociais no ano de 2009.
Após a constatação dos dados estatísticos será realizado um levantamento de atitudes a serem tomadas na tentativa de se minimizar o problema que é o grande número de analfabetos funcionais no Brasil.


1.6 Objetivos

1.6.1 Geral

Conhecer o problema e discutir as estatísticas e as ações que possibilitem a diminuição do enorme índice de analfabetismo funcional no Brasil a partir da Educação Infantil e dos anos iniciais das escolas de Ensino Fundamental, a médio e longo prazos.


1.6.2 Específicos

a) Definir e conhecer analfabetismo funcional: níveis e estatísticas no Brasil;
b) Demonstrar que dever-se-ia pensar em qualidade na alfabetização e não em quantidade de alfabetizados.
c) Estimular professores de Educação Infantil e de séries iniciais do Ensino Fundamental a tratarem a escrita e, principalmente a leitura como primordial em seu trabalho na Educação.
d) Demonstrar a importância de inserir a leitura na vida das crianças como uma brincadeira de palavras e sons que despertam a aprendizagem natural e prazerosamente.


2. REVISÃO DA LITERATURA - ESTRUTURA

Capítulo 1 ? Analfabetismo Funcional

Neste capítulo será definido o analfabetismo funcional, suas implicações na vida do cidadão, assim como seus níveis e as estatísticas existentes a respeito, elaboradas com muita seriedade pelo Instituto Paulo Montenegro, um órgão do IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião e Estatísticas, sem fins lucrativos, através do INAF - Índice de Alfabetismo Funcional.

Capítulo 2 ? Estatísticas e Qualidade

Nossa escola e nossos alunos tornaram-se meramente estatísticas? O mais importante na questão da alfabetização não são as estatísticas e sim a qualidade do ensino que nossos alunos recebem. Nossos governantes deveriam pensar na formação do indivíduo plenamente capaz de realizar suas atividades como cidadão participante efetivo da sociedade.


Capítulo 3 ? Construção da aprendizagem de Leitura e Escrita com prazer na Educação Infantil e no Ensino fundamental.

Além de ensinar a ler e escrever, a escola e professores devem despertar nos alunos o prazer em aprender, em construir e ampliar conhecimentos, em desenvolver a oralidade e aperfeiçoá-la, respeitado suas opiniões, dificuldades e conhecimentos prévios.

2.1. Capítulo 1 ? Analfabetismo funcional

De acordo com a UNESCO, analfabeto funcional é toda a pessoa que, apesar de reconhecer e escrever o código, o próprio nome e ler e grafar algumas frases é incapaz de interpretar o que lê, pois, não consegue extrair o sentido das palavras e nem escrevê-las. (PRIETO, 2008)

Há pessoas que, mesmo sendo alfabetizadas, não conseguem entender mensagens simples como uma carta, um anúncio de jornal ou um aviso, ou até universitários que sentem dificuldade ao interpretar textos ou enunciados de questões numa prova, em concursos, o que os leva a obterem resultados bem abaixo do desejado.

Compreensão envolve muito mais que decodificação... É preciso, primeiramente, compreender o que se pede, montar o problema, utilizando as devidas fórmulas, para finalmente se chegar a resposta. Do mesmo modo, não basta saber ler para entender o que está sendo lido. QUEILLA (2010).

Este é um sério problema que vai além dos bancos da escola. A incompetência para a leitura e escrita plenas acarretam numa dificuldade social pois os analfabetos funcionais são incapazes de realizar tarefas básicas de sua vida pessoal e principalmente profissional, e também o fator psicológico como auto-estima, segurança, gerando uma diminuta capacidade comunicativa.

Apesar da redução do nível de analfabetismo absoluto, a erradicação desse problema parece estar acontecendo a passos lentos, principalmente nas Regiões Nordeste e Norte. Portanto há que se trabalhar muito com as crianças, desde a Educação Infantil para, no decorrer da vida escolar elas construam a sua formação cidadã alfabetizada plenamente para sua efetiva participação na sociedade.

Há aproximadamente uma década as habilidades para ler, escrever são avaliadas no Brasil através do INAF ? Indicador de Alfabetismo Funcional, pelo Instituto Paulo Montenegro, (vinculado ao IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) e o analfabetismo funcional persiste entre os mais jovens. Ele já foi 22% (2001). Hoje, ainda soma 15% (2009) (um terço da população jovem brasileira) e a possibilidade de erradicá-la está ainda distante.

A pesquisa INAF é feita por amostragem nacional com duas mil pessoas residentes nas zonas urbanas e rurais de todas as regiões do Brasil com o objetivo de mensurar os níveis de alfabetização da população brasileira com a finalidade de estimular o debate público e apoiar políticas de Educação e Cultura. É aplicado um teste com atividades de leitura, escrita e cálculo (que não será questão de estudo neste trabalho), assim como questionários para levantamento de informações socioculturais dos respondentes. A partir de 2007 esta estatística passou a ser feita a cada dois anos.

O índice, divulgado a cada dois anos mostra um retrato do domínio da leitura e da escrita da população brasileira. Pessoas com até 64 anos são entrevistadas e respondem a testes. Os resultados obtidos por indivíduos entre 15 e 24 anos indicam diretamente o grau de alfabetismo dos alunos das escolas brasileiras e o problema atinge todos os níveis de escolaridade.

O INAF/Brasil (Indicador de Alfabetismo Funcional) de 2007 e posteriormente em 2009 trazem importante alerta sobre a necessidade de garantia de uma educação de qualidade, ao revelar, por exemplo, a redução da proporção daqueles plenamente alfabetizados no grupo com escolaridade de 5ª a 8ª série:

Ainda, segundo o INAF, existem quatro níveis de alfabetismo, a saber:
- analfabetismo: os indivíduos, neste nível, não conseguem realizar tarefas simples de leitura e escrita de palavras e frases simples (considerados analfabetos absolutos ? não funcionais);
- rudimentar: os indivíduos localizam apenas informações explicitas em textos curtos e familiares (considerados analfabetos funcionais);
- básico: os indivíduos conseguem ler e escrever textos de média extensão e localizam informações com pequena inferência (considerados alfabéticos funcionais, porém não plenamente);
- pleno: os indivíduos compreendem todos os termos de uma sociedade letrada: textos mais longos, relacionando, comparando, interpretando, inferindo, opinando e sintetizando.
Baseando-se na explicação dos níveis de alfabetização citados acima, seguem as últimas estatísticas realizadas pelo Instituto Paulo Montenegro, órgão vinculado ao IBOPE e intitulado INAF Jovens ? Indicador de Alfabetismo Funcional relacionando as porcentagens de jovens brasileiros em geral, por faixas etárias, por escolaridade e por gênero em 2009:



A partir desta estatística pode-se verificar que os números são altos, com apenas 40% dos jovens brasileiros plenamente alfabetizados e 60% englobando os três primeiros níveis de alfabetização funcional, sendo que, dentre eles encontram-se 38% no nível básico, ou seja, já considerados alfabéticos, porém não com a total funcionalidade.



Analisando-se o alfabetismo funcional por faixa etária verifica-se que os jovens entre 20 e 24 aos estão em pequena vantagem em relação aos de 15 a 19 anos e os mais velhos apresentam uma maior porcentagem de indivíduos nos níveis básico e pleno.



É importante verificar-se que, segundo esta estatística quando maior a escolaridade, melhor a porcentagem de alfabéticos funcionais. Sendo assim, 88% dos entrevistados sem escolarização são totalmente analfabetos e 13% encontram-se no nível rudimentar, portanto, considerados 100% analfabetos funcionais nesta faixa de escolarização. Os que estão nas séries iniciais do Ensino Fundamental, até o 4º ano são 64% analfabeto funcionais (considerando?se os dois primeiros níveis) e 36% de alfabetizados (considerando-se os dois últimos níveis). Já nos demais anos do Ensino Fundamental os números se invertem, sendo 36% de analfabetos funcionais e 64% de alfabéticos funcionais. No Ensino Médio e Superior as porcentagens melhoram consideravelmente, porém, encontra-se ainda no Ensino Superior, infelizmente, o preocupante número de 19% dos entrevistados no nível básico e alguns nos níveis menores apesar de que esperar-se-ia que fossem 100% de alfabéticos funcionais.



A pesquisa foi ainda tabulada por gênero sendo que pode-se observar que dentre os jovens 23% são analfabetos funcionais (considerando-se os dois primeiros níveis) e 77% são alfabéticos funcionais (considerando-se os dois níveis). Quanto às mulheres, estas porcentagens são pouco piores nos dois primeiros níveis de alfabetismo, e pouco maiores nos níveis de alfabetizados. Pode-se dizer, então que pouco muda comparando-se os gêneros.

Ainda segundo as pesquisas do INAF os resultados de 2009 revelam importantes avanços no alfabetismo funcional dos brasileiros entre 15 e 64 anos com uma redução na proporção dos totalmente analfabetos de 9% para 7% entre 2007 e 2009 e uma queda de seis pontos percentuais no nível rudimentar amplia consideravelmente a proporção de brasileiros adultos classificados como funcionalmente alfabetizados. O nível básico continua apresentando um contínuo crescimento, passando de 34% em 2001-2002 para 47%. Já o nível pleno de alfabetismo não mostra crescimento, oscilando dentro da margem de erro da pesquisa e mantendo-se em, aproximadamente, um quarto do total de brasileiros. Segue tabela:



Para os jovens de 15 a 24 a melhora foi de somente sete pontos percentuais entre 2001 e 2009 no nível de alfabéticos funcionais Isso está longe de ser satisfatório, pois esses índices são referentes a um terço da população jovem. Segue tabela:


Por ser esta uma questão tão importante para o país, vêm acontecendo vários debates e trabalhos com o tema da alfabetização com base nos dados obtidos pelo INAF ? 2009 como programas de televisão, debates, discussões políticas. Por isto é importante que se leve ao conhecimento de todos estas pesquisas que induzam ao assunto tão relevante com a finalidade de reduzir estes índices e melhorar a Educação Brasileira com real preocupação com a qualidade da mesma e não apenas para minimizar estatísticas frias e dissociadas dos problemas sociais.

2.2. Capítulo 2 ? Alfabetização e Qualidade

A universalização do acesso à escola levou à redução dos analfabetos absolutos e à permanência dos alunos na escola, aumentando a escolaridade. A escola pública não tem o objetivo de atender a escol, a minoria, e sim a massificação da educação (quantidade), mas não pode, com isso, abandonar, em momento algum, a qualidade de seus serviços.

Isso é o mais preocupante. Cai o número de analfabetos absolutos, mas o de leitores críticos, que seriam os alfabetizados plenamente, não aumenta. Infelizmente, não houve uma boa evolução em quase uma década. (COLELLO, 2009).


As justificativas para persistência do problema são muitas e a elas inclui-se, ainda, o fato de a maioria das escolas trabalharem como se todos os alunos tivessem o mesmo nível de aprendizado e a mesma bagagem de letramento.

Isso acaba empurrando para baixo aqueles que têm mais dificuldades e precisam de um acompanhamento especial para aprender. (MASAGÃO ? 2009)

Nossa escola e nossos alunos tornaram-se meramente estatísticas? O mais importante na questão da alfabetização não são as estatísticas que focam a educação quantitativamente e sim a qualidade do ensino-aprendizagem de nossos alunos. Nossos governantes deveriam pensar na formação do indivíduo plenamente capaz de realizar suas atividades como cidadão participante efetivo da sociedade em que vive para assim lançar políticas educacionais com ênfase também na qualidade.

As principais políticas educacionais mostram índices de diminuição nas taxas de evasão e repetência dos alunos das escolas brasileiras. Os governos federal, estaduais e municipais promovem estatísticas mostrando os resultados positivos nesse sentido. CARVALHO (2001).

Muito importantes essas conquistas com relação à evasão e à repetência e à possibilidade de termos uma escola aberta a todos, porém não se pode ignorar o fracasso do sistema de ensino no que se refere à aprendizagem efetiva pelos alunos, como descrito no capítulo anterior. A diminuição das taxas de evasão e repetência, infelizmente, não demonstra a melhoria da qualidade do nosso sistema de ensino.

Além das estatísticas que mostram o aumento de crianças freqüentando as escolas brasileiras desde a Educação Infantil e Ensino Fundamental, são promovidas, neste último, outras ainda que pretendem demonstrar os graus de proficiências e a aprendizagem de nossas crianças, como as avaliações externas que constam de testagens variadas de habilidades de escrita, leitura com compreensão, localização de informações e inferência envolvendo as disciplinas de Português e de Matemática.
Um exemplo de avaliação externa é a Prova Brasil, aplicada pelo MEC ? Ministério da Educação e Cultura, referente ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) para o cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) que é uma ferramenta para acompanhamento das metas de qualidade para a educação básica.
Objetivos da aplicação da Prova Brasil de acordo com MEC - PDE:
? Oferecer subsídios à formulação, reformulação e monitoramento de políticas públicas e programas de intervenção ajustados às necessidades diagnosticadas nas áreas e etapas de ensino avaliadas;
? Identificar os problemas e as diferenças regionais do ensino;
? Produzir informações sobre os fatores do contexto socioeconômico, cultural e escolar que influenciam o desempenho dos alunos;
? Proporcionar aos agentes educacionais e à sociedade uma visão clara dos resultados dos processos de ensino e aprendizagem e das condições em que são desenvolvidos;
? Desenvolver competência técnica e científica na área de avaliação educacional, ativando o intercâmbio entre instituições educacionais de ensino e pesquisa.
Com a aplicação dessa avaliação o MEC tem ainda intenção de acompanhar a evolução da qualidade da educação brasileira estimulando ações para a melhoria da mesma, redução das desigualdades existentes em nosso amplo território e soluções dos problemas e deficiências demonstradas pelas estatísticas, através das políticas públicas relacionadas a essa área e de um trabalho pedagógico condizente com o que se objetiva alcançar.
Ao que diz respeito à avaliação propriamente dita, de acordo MOÇO:

A Prova Brasil é baseada nos currículos propostos por redes estaduais e municipais, já que no país não há um currículo nacional. Uma comissão do MEC examinou o material, identificando pontos convergentes ? o que deu origem a uma matriz de referência (...) que não elenca conteúdos, mas sim competências e habilidades. MOÇO (2009)


As capacidades citadas pelo autor acima são chamadas de descritores e é o que os alunos devem saber, ou conhecer em suas práticas de estudos em sala de aula e em sua vida cotidiana para responder às questões propostas. Essas habilidades são denominadas de descritores.

Segundo PESTANA, essas habilidades são o mínimo que os alunos precisam saber. (2009)

Para que os alunos realizem as atividades propostas devem ter familiaridade com os gêneros (artigo de opinião, notícia, verbete, fábula, conto, quadrinhos) de diferentes esferas de circulação (cotidiana, publicitária, escolar, jornalística, artística, midiática e literária) e suas características, com a linguagem utilizada e com o assunto tratado, através de leitura atenta. A prova é objetiva e as questões são de livre escolha com apenas uma alternativa correta que posteriormente será transferida para um gabarito de respostas. TEDESCO (2009)
Os resultados estatísticos dessa avaliação anual são apresentados a cada escola participante, com suas médias na Prova Brasil e números de participação, assim como os indicadores de rendimento escolar, e percentual de alunos atrasados por sua idade. Os dados apresentados são contextualizados também no âmbito do município/estado onde fica a escola, por série e disciplina avaliada. Estão também disponíveis na mídia, em sites e os alunos estão classificados por níveis de acordo com a proficiência.
Existem ainda outras avaliações externas aplicadas nas escolas, com iguais finalidades e características, como a Prova São Paulo e a Prova da Cidade (esta por inscrição da Unidade Escolar) no município de São Paulo.
Muito importante mencionar, também, as avaliações internas nas escolas que acabam finalmente gerando. Em primeiro lugar, os critérios de avaliação da aprendizagem precisam ser clarificados (...). Em segundo lugar é preciso considerar o contexto de produção de estatísticas; enquanto os índices de retenção de alunos forem fontes de avaliação, implícita ou explícita, das escolas ou de suas profissionais, estas pressões se refletirão na produção dos índices (...). Garantir a todo custo, baixos índices de reprovação entre os alunos de suas escolas é apenas a resposta de diretoras e professoras à confusão estabelecida pela própria administração centralizada da educação entre os "sinais" e a "ação" entre a queda nas taxas de repetência e a melhoria na qualidade do ensino. (2001)
Outras estatísticas.
As avaliações na escola são realizadas pelos professores, continuamente e não apenas em um momento do processo de aprendizagem, valorizando cada avanço e cada progresso de cada aluno, ao menos ao que se refere principalmente ao Ensino Fundamental em suas séries iniciais, e na Educação Infantil. Elas são elaboradas de acordo com o planejamento das ações pedagógicas, os objetivos traçados e embasadas na legislação, tendo a finalidade primeira de verificação e não simplesmente medição quantitativa de quantos alunos estão alfabetizados. Têm a função de mostrar ao professor o que deve ser revisto, replanejado e retomado de maneiras diversas para a efetiva aprendizagem dos alunos, o grau de conhecimento dos alunos em determinado conteúdo, se é possível e através de qual estratégia, dar continuidade ao mesmo. Essas avaliações, portanto, acabam gerando estatísticas internas que são levadas a conhecimento público.
No ensino fundamental não há seriação e a progressão é continuada, porém, no 4º ano, ao final do primeiro ciclo os alunos que não conseguiram ser alfabéticos podem e devem ser retidos no ciclo I.
CARVALHO, baseada em pesquisa realizada em uma escola pública à qual denominou de L., verificou que a mesma foi relativamente bem classificada entre as demais escolas quanto aos índices de desempenho escolar. (2001)
Porém, durante suas observações no final do ano letivo, na mesma escola, Carvalho observou as reuniões em que a direção, coordenação pedagógica e as professoras de 4º ano deveriam decidir quais alunos deveriam ser retidos na série e quais seriam promovidos ao 5º ano. Os índices de retenção deveriam ser os mais baixo possíveis, e decidiu-se que seriam retidos apenas aqueles que fossem não alfabéticos, sendo que os que tivessem muita dificuldade passassem pelo Conselho de Classe. Todos estes últimos foram promovidos e apenas 1,4% dos alunos de 4º ano desta escola permaneceram na série em questão, mesmo encontrando-se em fase inicial de alfabetização.
A partir desse estudo CARVALHO expõe:
Apesar da autora ter escrito sobre este assunto há mais de uma década e de algo já estar sendo feito para minimizar essas medições sem sentido, ainda hoje pode-se verificar que em termos na Educação pouco mudou. Há mais empenho por parte de professores e funcionários das unidades escolares em ajudar o aluno "crescer", porém as estatísticas ainda não conseguem demonstrar a realidade que os professores sentem, vivenciam nas escolas e não são sinônimos de qualidade na educação e nem escolas melhores para todos.
Para reais avanços na qualidade da aprendizagem e da alfabetização deve-se trabalhar desde a Educação Infantil e as séries iniciais do Ensino fundamental pensando-se não somente na democratização do acesso à escola como também do saber, com menor número de alunos em sala de aula, professores em constante formação, avaliação com respeito às reais necessidades e dificuldades dos alunos, projetos de apoio pedagógico e à inclusão, melhores condições de trabalho e materiais e espaços físicos condizentes com a educação de acordo com idade dos alunos e séries a que se dispõe.
Também muito importante para a melhoria das condições de aprendizagem é que os alunos tenham satisfação em irem para a escola, em adquirir e ampliar seus conhecimentos, aprendendo e ensinando com sua vivência. O foco dos projetos pedagógicos na escola deve estar na escrita e leitura, em ambientes alfabetizadores onde os alunos aprendam a gostar de ler, com prazer, para sua informação e sua formação como cidadão, preparando-o para a participação na sociedade em que vive e, se possível melhorando-a.




2.3. Capítulo 3 ? Ler e Escrever na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.


As soluções para melhorar esses resultados dependem de muitas mudanças e é a atuação do professor que pode processá-las. A principal postura positiva está em fazer da leitura de gêneros variados uma tarefa diária, importante para o aprendizado em qualquer disciplina, estimulando situações, como a leitura em voz alta e em grupo e a leitura com o objetivo de localizar dados para compará-los e repertoriar os alunos com bons textos. Pode-se, ainda, chamar a atenção para a importância das reescritas ou recontos e resumos, ensinando as crianças e os jovens a sublinhar e listar as principais informações de cada texto.

Para isso, o educador tem de querer mais do que ensinar os alunos a ler e a escrever. Deve desejar formar o sujeito leitor e escritor. (COLELLO, 2009.)

Nos dias de hoje, em que as sociedades do mundo inteiro estão cada vez mais centradas na escrita, ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever, tem se revelado condição insuficiente para responder adequadamente às demandas contemporâneas. É preciso ir além da simples aquisição do código escrito, é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-se da função social dessas duas práticas; é preciso letrar-se". (SOARES, 2000)


A escola pública de São Paulo vem incentivando a formação de seus docentes e a elaboração de projetos pedagógicos envolvendo leitura e a escrita, com intensas oportunidades de aprendizagem que precisam ser contínuas, na tentativa de sanar ou dirimir esse problema tão grave que envolve e dificulta o desenvolvimento social do cidadão a fim de torná-lo apto e seguro para realizar suas atividades e consciente de seus deveres e direitos.



2.3.1. A Leitura
O hábito de ler deve começar nos primeiros anos de vida de uma criança, mesmo antes da entrada dela na escola. Porém, é na escola que a criança está mais aberta aos conteúdos positivos ou negativos dos livros que lê. (OLIVEIRA, 1995)
Para se fazer um trabalho sério e eficaz em sala de aula objetivando a aprendizagem e a escola de qualidade, pautada na importância da motivação para o desenvolvimento do hábito da leitura com prazer, precisa-se antes ter a real noção de criança e de infância brasileira nos dias atuais.
Segundo LAJOLO, a criança de hoje não é, a mesma para quem Olavo Bilac compôs "Poesias Infantis" ou para a qual Monteiro Lobato criou "O Sítio do Picapau Amarelo" e também não se confunde com aquela para quem Carlos Marino escreveu "O Gênio do Crime". (2001).
As crianças, hoje, o público Infantil, sente-se cada vez mais desestimulada à leitura, devido aos apelos da televisão ? entre outros veículos de massa... (OLIVEIRA, 2001)
Portanto, a dificuldade de se incutir na criança o hábito da leitura exige dos professores um árduo trabalho de incentivação e motivação para o desenvolvimento da leitura, voltada para esse público infantil que passa horas de seu dia em frente da televisão ou de um computador que é o que lhe chama muito mais atenção.
A leitura na escola é um objeto de conquista de acordo com as falas de SILVA (1988)
Faz-se necessário, então, conhecer os alunos e suas realidades, suas necessidades e suas bagagens culturais, seu tempo e suas vontades para aí sim, contextualizados, ampliar seus horizontes de conhecimento através daquilo que lhes é significativo.
Uma vez conhecida a clientela a que o professor se reportará, estará preparado para inserir a literatura em sala de aula. Esta será geradora de comportamentos, sentimentos e atitudes atuando no imaginário infantil e coletivo. Para aguçar o prazer uma leitura precisa ofertar à criança aquilo que ela foi buscar e ainda mais do que isto para que aconteça o encantamento. (LAJOLO, 2001)
Segundo Lerner os caminhos para a formação de alunos leitores e escritores desde a pré-escola incluem a construção de significado.
Agora sabemos que a leitura é sempre ? desde o começo ? um ato concentrado na construção do significado... Sabemos que as crianças reelaboram simultaneamente o sistema de escrita e a linguagem que se escreve. O objetivo deve ser desde o começo formar leitores, portanto, as propostas devem estar centradas na construção do significado também desde o começo. Para construir significado ao ler, é fundamental ter constantes oportunidades de se enfronhar na cultura do escrito, de ir construindo expectativas acerca do que pode "dizer" neste ou naquele texto, de ir aumentando a competência linguística específica em relação à língua escrita. (LERNER, 2001)
Ainda, segundo LERNER, é na escola que as crianças deverão participar de situações de leitura e escrita, entrando em contato com diversos materiais escritos de qualidade e também com diferentes gêneros literários.
Porém, para haver aquisição e ampliação de conhecimento através da leitura é fator determinante a necessidade de que haja também a compreensão do que é lido e não apenas a decifração do código lingüístico. Este não é uma prática a ser desenvolvida apenas nas aulas de Língua Portuguesa mas, em todas as demais disciplinas do currículo escolar deve estar contido o trabalho com a leitura e a escrita com as crianças. E, é através do exercício diário, na rotina do aluno em sala de aula, que a possibilidade de ampliação do entendimento da leitura se dá, assim como, uma vez cativado para a leitura, este hábito vai ser intensificado também fora da escola.
É necessário lhes propor também situações de produção que lhes apresentarão o desafio de compor oralmente textos com destino escrito... No curso dessa atividade, serão apresentados problemas que as levarão a descobrir novas características da língua escrita e a se familiarizar com o ato de escrita, antes de saberem escrever no sentido convencional do termo. Pôr em evidência que... pode contribuir para esclarecer quais são os princípios gerais que devem reger o trabalho didático em leitura e escrita desde o primeiro dia de aula do ensino fundamental ? ou da pré-escola ? e ao longo de toda a escolaridade. (LERNER, 2001).
O estímulo ao trabalho com leitura e escrita pode ser feito através de músicas, poesias, rodas de conversa, expressão corporal, histórias, filmes, dramatizações, relatos de acontecimentos atuais, e, de acordo com a criatividade do professor e a sabedoria de aproveitamento de oportunidades que aparecem na própria sala de aula.

2.3.2. A escrita
De acordo com JOLIBERT, é possível realizar ao mesmo tempo a leitura e a produção de textos que são atividades diferentes, porém, complementares. É através desse trabalho que a criança constrói o sentido da escrita. (1994)
Na vida diária da aula as crianças sentem que certas mensagens orais devem ser transformadas em escritos para não serem esquecidas, para servirem de ponto de referências, pontos de localização e até como contratos. (JOLIBERT, 1994)
Porém, é preciso ter cuidado para não se tornar um trabalho penoso, cansativo e é interessante que tenha uma conotação de necessidade social e que seja feito com prazer.
O conhecimento do sistema alfabético não é um pré-requisito para a elaboração de um texto. Definir o conteúdo que será escrito, adequá-lo a um propósito comunicativo e organizar as ideias são comportamentos escritores que não dependem da representação gráfica das palavras e que as crianças devem praticar desde a pré-escola. Uma das maneiras de trabalhar esses conteúdos é o ditado que os alunos fazem para o professor, o que torna possível às crianças se perceberem capazes de escrever antes de estarem alfabetizadas. (MOÇO ? 2009)

A escrita deve ser trabalhada na escola desde a Educação Infantil onde o professor fará o papel de escriba, registrando o que os alunos lhe ditam, na lousa ou em papel que estejam à vista deles, imediatamente à sua fala. Mesmo que ainda não tenham o domínio da escrita alfabética ao serem desafiados à produção de texto conseguem fazê-lo, pois, comunicam-se oralmente. Com este exercício a criança sentir-se-á capaz de produzir um texto e perceberá que o que está relatando pode ser escrito. Esse trabalho pode e deve ser realizado individual ou coletivamente em sala de aula e também é importante para o desenvolvimento da oralidade. Essa atividade pode ser realizada após a leitura de uma lenda ou de uma fábula e as crianças farão o reconto da mesma, sem se preocuparem, ainda com o código de escrita convencional.
Nos anos iniciais do Ensino fundamental, a partir do momento em que o aluno já está alfabético, ele próprio pode e deve produzir seus textos, como reescritas, de histórias lidas ou conhecidas ou finalizações de histórias iniciadas, poesias, baseadas enfim nos diversos gêneros de leitura e escrita.

A produção de textos deve ser privilegiada na escola. Ao produzir um texto, a criança escolhe palavras, organiza suas idéias, reflete sobre características internas da língua, define seus objetivos. Ao iniciar a produção de um texto, o aluno deve ter definidos com clareza, o interlocutor, o objetivo para a situação de produção e as características do texto a que se propõe: Para quem escrever? Para que escrever? O que escrever? Como escrever? Onde escrever? Que tipo de linguagem e de texto usar? (MATOS, 2009)

Ao escrever textos o aluno deve ter conhecimento de quem será o seu interlocutor. Seria interessante que ele tivesse um retorno pelo leitor de sua obra, comentando, seja ele o seu professor, a Diretora da escola, o prefeito da cidade onde mora, seus colegas, os pais ou até ele mesmo em uma necessidade posterior. Por isso, é muito importante que sua escrita esteja compreensível, com coerência, coeso, concordância e boa letra, também. Para tal, far-se-á a revisão dos textos produzidos e é neste momento que se tratará das questões gramaticais e de ortografia.

Rever o próprio texto individualmente, em dupla, em grupo, ou com o profes¬sor. Ao reler seu texto, o aluno-escritor analisa a qualidade de seu traba¬lho, confronta sua escrita com o dicionário, consulta os colegas, o profes¬sor e materiais escritos a fim de reorganizar seu trabalho. Esta revisão não deve ser feita de forma apressada, logo após a escrita do texto. É preciso criar um espaço para que a criança se transporte do seu papel de escritor leitor para o de leitor. Sendo assim, é interessante que o texto seja guar¬dado e relido pelo autor e pelos colegas em dias subseqüentes. (Matos, 2009).


A revisão da escrita do texto de um aluno pode também ser realizada pelo professor, com a autorização do aluno-autor, exposta na lousa ou em cartaz preparado anteriormente e solicitar a participação do grande grupo na sala de aula dando sugestões para a melhora da compreensão do texto em questão, respeitando as ideias do aluno. Normalmente os pontos a serem revisados são aqueles de maior ocorrência no grupo e servirá para tentar solucioná-los. É um trabalho que surte muitos bons efeitos, porém devem ser repetidos algumas vezes para retenção da aprendizagem.

À medida que a humanidade evolui, os desafios tornam-se cada vez mais difíceis, e como não poderia deixar de ser, essa evolução depende muito do desenvolvimento da educação, portanto devemos buscar cada vez mais ferramentas capazes de nos colocar na vanguarda das soluções, é por esse motivo que propomos as mais variadas formas de explorações textuais na relação ensino e aprendizagem como instrumento de apoio a tecnologia do futuro. (OLIVEIRA, sem data de publicação).

Segue uma sugestão de trabalho com leitura de acordo com LOPES, ROSOLEN e MORELLI:

O aluno terá possibilidade de adquirir conhecimentos, desenvolver raciocínios, alargar sua visão de mundo, estimular a leitura e a escrita, melhorar as estratégias de compreensão. Por fim, terá como expressar suas idéias, identificando e analisando os usos da língua como instrumento de valores. (2004)
Atividades:
Atividades para a "pré ? leitura"
- Fazer um levantamento do que os alunos já sabem e o que precisam saber sobre o tema, levantando hipóteses e previsões sobre o texto a ser lido, incentivando-os.
- Discutir o conhecimento prévio dos alunos sobre o texto a ser lido, sobre o autor, qual seu estilo, que tema costuma abordar, a que gênero e escola literária pertence.
- Examinar o material escrito: título, tipo de letra, ilustração.



Atividades "durante a leitura"
- Ajudar os alunos na compreensão global: a idéia principal. Estabelecer relações entre o texto e um problema comum na sociedade, fazendo com que troquem informações, relacionando o conteúdo lido ao seu conhecimento prévio.
- Chamar a atenção para os trechos que revelam a posição pessoal do autor.
- Sublinhar ou fazer anotações das idéias principais do texto.

Atividades "pós ? leitura"
- Ajudar os alunos a fazerem uma síntese do texto lido ? comentários, identificando o seu conteúdo, escola literária e autor.
- Avaliar com os alunos o que foi lido, procurando identificar valores e crenças que possam inspirar uma reflexão sobre o assunto.
- Fazer conexões com outros textos, instigando o aluno a identificar diferentes gêneros como uma crônica, ou um texto informativo. Depois, os alunos poderão elaborar um texto jornalístico de acordo com o tema abordado.
- Estimular os alunos a lerem mais sobre o assunto, buscando conhecimentos fora da sala de aula, pesquisando.

É possível desenvolver nos alunos a leitura e a escrita com significado e de maneira a estimular a participação, sem receios da exposição de suas idéias e proporcionando a eles uma formação crítica, pautada em idéias próprias e formadas através de conhecimentos variados do mundo em que vive como um cidadão pleno.


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve inicialmente a intenção de mostrar os resultados estatísticos formulados pelo INAF ? Índice Nacional de Alfabetismo Funcional do Instituto Paulo Montenegro, órgão vinculado ao IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, nas principais metrópoles brasileiras há uma década. O número de analfabetos funcionais em 2001 era de 22% da população jovem entre 15 a 24 anos de idade. Na última pesquisa realizada pelo INAF em 2009 e divulgada no final de 2010, este número continua alarmante, pois, cerca de 15% dos jovens brasileiros ainda é analfabeto funcional (1/3 da população na faixa etária estudada) e chega ao absurdo número da existência de pelo menos 1% dos indivíduos que chegam ao ensino superior encontrarem-se em nível de analfabetismo funcional.
O analfabetismo funcional é a incapacidade do indivíduo para ler, escrever e entender o que lê, o que o leva à dificuldade de inserção no mercado de trabalho e até em sua vida social, dificultando excessivamente seu desenvolvimento como um cidadão pleno, conhecedor dos seus direitos e deveres, motivado por sua ineficiência para realizar algumas tarefas que exigem leitura, escrita e entendimento.
Foi exposto neste trabalho que o alfabetismo funcional está dividido em 4 níveis: Analfabetismo absoluto os indivíduos que, não realizam leituras e escritas de forma nenhuma (não funcionais); Rudimentar: os indivíduos localizam apenas informações em textos curtos e familiares (não funcionais); Básico: os indivíduos conseguem ler e escrever textos de média extensão e localizam informações com pequena inferência (alfabéticos funcionais, porém não plenos); e Pleno: os indivíduos compreendem todos os termos de uma sociedade letrada como textos mais longos, relacionando, comparando, interpretando, inferindo, opinando e sintetizando (alfabéticos funcionais plenos).
É responsabilidade do Estado, da família e da escola oferecer uma educação de qualidade para nossas crianças desde a Educação Infantil. Um grande avanço nas políticas públicas educacionais foi conseguir uma maior quantidade de alunos freqüentando as escolas brasileiras e a diminuição da evasão escolar. Há que se pensar agora na melhoria da qualidade do ensino.
Estão sendo aplicadas ainda, nos alunos das escolas brasileiras algumas avaliações externas às mesmas como a citada neste trabalho que é a Prova Brasil. Estas avaliações medem o grau de aprendizagem das crianças do Ensino Fundamental baseada principalmente na leitura e compreensão de textos de gêneros variados, com o objetivo de acompanhar a evolução da qualidade da educação brasileira estimulando ações para a sua melhoria, redução das desigualdades existentes em nosso todo território e soluções dos problemas e deficiências demonstradas pelas estatísticas, através das políticas públicas e de um trabalho pedagógico condizente com o que se objetiva alcançar.
Houve grande diminuição nas estatísticas de reprovação dos alunos no ensino Fundamental, uma vez que, por exemplo, nas escolas da Prefeitura de São Paulo não há seriação anual e sim dois ciclos I (1º ao 4º anos) e II (5º ao 8º anos) na escolarização de oito anos. Porém, isto ainda não é a qualidade que se espera no ensino público.
As avaliações internas são realizadas no dia a dia da sala de aula (contínuas), valorizando os progressos do aluno e elaboradas de acordo com o planejamento das ações pedagógicas, os objetivos traçados e embasadas na legislação, tendo a finalidade primeira de verificação e não simplesmente medição quantitativa de quantos alunos estão alfabetizados. Têm a função de mostrar ao professor o que deve ser revisto, replanejado e retomado de maneiras diversas para a efetiva aprendizagem dos alunos, o grau de conhecimento dos alunos em determinado conteúdo, se é possível e através de qual estratégia, dar continuidade ao mesmo.
Para que a construção da aprendizagem realmente aconteça minimizando as estatísticas negativas da alfabetização funcional e melhorando a qualidade da educação é necessário que a escola seja mais significativa e se torne mais prazerosa para os alunos desde a infância e, muito importante é que os projetos de ação de professores seja pautado na leitura com compreensão e na escrita em todas as disciplinas do currículo escolar.
A leitura precisa ser um hábito prazeroso desenvolvido pelas crianças desde antes de saber ler alfabeticamente, na escola e que transcenda a ela. Nos primeiros anos de vida da criança ela deve ouvir, se não em casa, ao menos por seus professores a leitura diária de algo que seja significativo para ela e respeitando seus desejos e necessidades de saber e conhecer. É através do exercício diário, na rotina do aluno em sala de aula, que a possibilidade de ampliação do entendimento da leitura se dá.
Concomitante ao trabalho de leitura há de se trabalhar a expressão oral das crianças, respeitando suas opiniões e fazendo-as valer, em rodas de conversa contextualizadas. Também a escrita mesmo que as crianças ainda não reconheçam a simbologia, através de ditados feitos ao professor que passa a ser o escriba.
Enfim, professores e escola devem propiciar um ambiente alfabetizador e convidativos para as crianças com a finalidade de desenvolver nelas a leitura e a escrita com significado e de maneira a estimular a participação, sem receios da exposição de suas idéias e proporcionando a eles uma formação crítica, pautada em idéias próprias e formadas através de conhecimentos variados do mundo em que vive como um cidadão pleno.
As estatísticas, por si sós não oferecem uma educação de qualidade, portanto, a partir de seus resultados, devem ser pensadas novas e acertadas políticas públicas, com profissionais em contínua formação e reconhecidos, que planejem boas ações pedagógicas, que atinjam os interesses e necessidades de seus alunos e que realmente se preocupem com o desenvolvimento emocional, cognitivo e social deles, com pais participativos nas ações da escola e na vida de seus filhos. Assim, será possível ter uma educação de qualidade para nossas crianças crescerem felizes e se tornarem sujeitos de suas histórias e da história da comunidade em que está inserido.


Autoria: Rosilea Mendes da Silva
São Paulo - 2011
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BENCINI, Roberta e MINAMI, Thiago ? "O Desafio da Qualidade" ? publicado na Revista Nova Escola, XXI, nº 196 em outubro de 2006.
CARVALHO, Marília Pinto de ? "Estatísticas de Desempenho Escolar ? O Lado Avesso" ? publicado em Educação & Sociedade, ano XXII, nº 77 em Dezembro de 2001 - disponível em http://www.scielo.br/pdf/es/v22n77/7052.pdf (acesso 10/01/11)
COLELLO, Silvia Gasparian, - Revista Nova Escola - Edição 228, Título original: "Uma lenta caminhada para vencer o analfabetismo funcional" ? em Dezembro 2009
CORRÊA, Bianca Cristina ? "Considerações sobre a qualidade na Educação Infantil" ? publicado no site do Posead no Curso de Pos-graduação em Educação Infantil e as séries iniciais do Ensino Fundamental em julho de 2003 - disponível em http://lms.ead1.com.br/fra_def.php (acesso em 09/01/11)

CRUZ, Ana da, "O analfabetismo funcional", Código do texto: T1253623, Publicado no Recanto das Letras em 29/10/2008

INAF ? Indicador de Alfabetismo Funcional, "Analfabetismo Funcional" ? Instituto Paulo Montenegro ? Ação do IBOPE pela Educação ? data de acesso 05/05/2010 e 04/01/2011 - http://www.ipm.org.br

INEP ? Prova Brasil ? MEC ? "Objetivos das Avaliações" - disponível em http://provabrasil.inep.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=52&Itemid=63 (acesso 12/01/11)

INEP ? Prova Brasil ? MEC ? "Todos podem consultar os resultados da Prova Brasil e Saeb" disponível em http://provabrasil.inep.gov.br/index.php? option=com_ content&task=view&id=82&Itemid=99 (acesso 12/01/11)

JOLIBERT, JOSETTE e colaboradores ? "Formando crianças Leitoras" - Volume I ? Ed Artmed - 1994

LAJOLO, Marisa ? "Do Mundo da Leitura para a Leitura do Mundo" ? Ed. Ática ? 2001

LERNER, Délia ? "Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário" http://revistaescola.abril.com.br/producao-de-texto/construcao-significado.shtml (acesso 30/01/2011)

LOPES, Deonara Maria Piornedo, ROSOLEN, Kátia Francieli Raimundo e MORELLI, Sonia Maria Dornellas ? "O Hábito e o Prazer na Leitura: Uma Fonte de Conhecimentos" ? publicado em Akrópolis - Revista de Ciências Humanas da UNIPAR v.12, nº. 3, jul./set., 2004

MASAGÃO, Vera Ribeiro ? "3º Indicador Nacional de Alafabetismo Funcional" ? disponível em http://www.ipm.org.br/download/inaf03.pdf ,2003 (acesso em 12/01/2011)

MATOS, Magna Diniz ? "Estratégias para Produção e Revisão de Textos (nas séries iniciais)" ? no site: http://pt.shvoong.com/books/1876914-estrat%C3%A9gias-para-produ%C3%A7%C3%A3o-revis%C3%A3o-textos/ (publicado em março de 2009 - acesso em 30/01/2011)

MOÇO, Anderson ? "A Prova Brasil em detalhes" ? publicado na Revista Nova Escola ? ano XXIV, nº 222 em maio de 2009.

MOÇO, Anderson - Revista Nova Escola - "10 Capítulos Essenciais da Produção de Texto" ? http://revistaescola.abril.com.br/producao-de-texto/construcao-significado.shtml (publicação março de 2009 - acessos 30/01/2011)

MORAES, Queilla - "Analfabetismo Funcional" - publicado 3/01/2009 em http://www.webartigosos.com (acesso em 04/01/2011)

OLIVEIRA, Luciane da Silva de ? "A importância da leitura e da escrita na educação básica" - http://www.meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-importancia-leitura-escrita.htm - (acesso 30/01/2011)

OLIVEIRA, Maria Alexandre de ? "Dinâmicas em Literatura Infantil" ? Ed. Paulinas ? 1995
PESTANA, Maria Inês ? "A Prova Brasil em detalhes" ? publicado na Revista Nova Escola ? ano XXIV, nº 222 em maio de 2009.
PRIETO, Andréa Cristina Sória - "Analfabetismo Funcional - Uma triste realidade de nosso país" (2008)
Prospecto do Indicador de Alfabetismo Funcional ? ação do IBOPE pela Educação ? Instituto Paulo Montenegro ? 2007
SILVA, Ezequiel Theodora da ? "Elementos de Pedagogia da Leitura" ? Ed. Martins Fontes ? 1988

SILVA, Michele - Revista Nova Escola - Edição 228, Título original: "Uma lenta caminhada para vencer o analfabetismo funcional" ? em Dezembro 2009

"Relatório de Análises Técnico-Pedagógicas" Caderno Explicativo da Prova São Paulo ? Prefeitura de São Paulo ? Educação ? 2009
SOARES, Magda Becker, "Letrar é mais que alfabetizar", Jornal do Brasil - 26/11/2000
TEDESCO, Maria Teresa - "A Prova Brasil em detalhes" ? publicado na Revista Nova Escola ? ano XXIV, nº 222 em maio de 2009.

UBE ? União Brasileira de Escritores ? "Síntese de Estudos e Pesquisas ? Analfabetismo Funcional"
site: www.brasilleitor.org.br/www/analfabetismo_funcional (acesso em 04/01/2011)

WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre, "Analfabetismo Funcional" - http://pt.wikipedia.org/wiki/Analfabetismo_funcional (acesso em 05/05/2010 e -04/01/2011)