INTRODUÇÃO

 

 

Esta pesquisa sobre “A Importância do incentivo da leitura e da literatura na Educação Infantil” foi escolhido porque pretende mostrar a compreensão que o trabalho com a leitura deve dar condições aos alunos de adquirir conhecimentos que os tornem capazes de progredir e que tal progresso lhes dê garantia de uma releitura mais crítica da realidade.

            O aluno, através da leitura, se apropria de informações que irão contribuir para a construção do seu conhecimento. No entanto, detecta-se que a grande maioria dos alunos da Educação Infantil apresenta interesse pela leitura e pela compreensão de textos narrativos porque faz parte da curiosidade do aluno. Mas esse interesse pela leitura é normal, principalmente em crianças que estão iniciando. O hábito da leitura é um processo contínuo que deve ser iniciado antes de a criança frequentar a escola, pois só assim, ela poderá ser um meio de aquisição de cultura e não algo obrigatório.

    A Literatura Infantil enriquece a imaginação da criança e sua visão da realidade de um modo específico. A literatura, principalmente a infantil, tem uma tarefa fundamental a ser cumprida na sociedade em transformação, seja de servir como agente de formação seja no espontâneo convívio com o leitor/livro, no diálogo leitor/ texto estimulado pela escola. A formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens, atribuídos a maior responsabilidade aos livros e a palavra escrita.

    A criança e a literatura infantil com­partilham da mesma natureza, ambas são lúdicas, mágicas e questionadoras, e essas afinidades fazem com que seja a literatura infantil o mais poderoso aliado do professor e da criança na busca da compreensão do mundo e do ser humano.

    A literatura infantil prepara a criança a ser um futuro apreciador das letras, sua linguagem é mais cuidada, vai lendo sempre com mais facilidade, se tornando um futuro homem culto. Neste sentido, é importante o papel atribuído à fantasia no processo de imaginação e da atividade criadora.

    O trabalho com a literatura implica antes de tudo o envolvimento daquele que vai desenvolvê-la em sala de aula. Analisando o material de leitura a ser oferecido ao leitor.

É fundamental que seja desenvolvida uma prática de leitura desde as séries iniciais, possibilitando ao aluno a formação do hábito de ler e do gosto pela leitura.

             O livro didático é o material de leitura quase exclusivo, embora, na maioria das vezes, as aulas de leitura através dos textos contidos no livro didático não ajudem a despertar o interesse dos alunos da Educação Infantil.

            Este trabalho monográfico foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica tendo como base os teóricos: Abramovich (1997), Cademartori (2010), Coelho (1991), Freire (1998), Geraldi (1997), Kleiman (2001), Luckesi (1994), Marangon (2010), Marcuschi (2000), Orlandi (1983), PCN (2001), Pinheiro (2009), Sandroni; Machado (1998), Sordi (1991) e Zilberman (1988; 2005) para aprofundamento dos estudos realizados acerca do tema abordado.

            O presente trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro trata das concepções de leitura, no qual se reflete sobre o que é a leitura, as modalidades de leitura, o que é leitor e a alfabetização e leitura; o segundo capítulo trata da prática de leitura na Educação Infantil, onde se enfatiza a prática de leitura pelos alunos de EI, bem como da leitura e o terceiro trata da literatura na sala de aula.

            Este trabalho tem como objetivos rever as práticas de leitura na EI na sala de aula, bem como verificar se a leitura é um meio de comunicação entre os pequenos, valorizar a leitura na EI e utilizar recursos que possam melhorar a prática de leitura na Educação Infantil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1 CONCEPÇÕES DE LEITURA

 

 

O ato de ler assume diversos objetivos, devido aos vários contextos em que é realizado. Pois, a leitura da palavra impera nas situações mais objetivas do dia-a-dia, através da leitura com decodificação que envolve os fatos da vida.

Nesse contexto, verifica-se a leitura como um dos canais para a realização da comunicação e a busca de interação entre os indivíduos e com essa funcionalidade, espera-se que a leitura efetive-se como intermediária entre o indivíduo e as mensagens enviadas, envolvendo aspectos sobressalentes ao processo inicial: a decodificação de sinais gráficos.

O texto atribui significado, relacionando-o a todos os outros textos que têm significação para cada um, identificando nele o tipo de leitura, que o autor tencionava, e entregar-se à leitura, ou manifestar-se contra ela.

Entende-se, no entanto, que ler é uma demanda que envolve aspectos biopsicológicos, em que a maturação física, associada à psicológica, permite não somente a decodificação de sinais gráficos, mas, sobretudo a compreensão da mensagem escrita.

Nota-se nos mais variados livros didáticos, mesmo naqueles enganosos quanto às suas teorias, nitidez acerca do papel central da escola: ensinar a escrita. É tanto que, facilmente e com desinibição, obtém seleções de textos escritos e gera exemplos para estudar as mais variadas e intrincadas regras de gramática. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001, p. 53):

Antes de apresentar os conteúdos a serem desenvolvidos nas Práticas de escuta de textos orais e de leitura de textos escritos e produções de textos orais e escritos, são sugeridos alguns gêneros como referência básica a partir da qual o trabalho com os textos – unidade básica de ensino precisará se organizar projetando a seleção de conteúdos para a prática de análise linguística.

A enorme variedade de gêneros, praticamente infinito, não permite que a escola manifeste todos eles como objeto de ensino e, neste caso, é necessário que se faça uma seleção. É necessário dar prioridade aos gêneros merecedores de abordagem mais profunda. Pois, segundo os PCN (2001, p.24):

Os textos a serem selecionados são aqueles que, por suas características e usos, podem favorecer à reflexão crítica, o exercício de formas de pensamento mais elaboradas e abstratas, bem como a fruição estética dos usos artísticos da linguagem, ou seja, os mais vitais  para a plena participação numa sociedade letrada.

Não se deve negar o prestígio que os textos possuem quando respondem a exigências das situações privadas de interlocução, porque asseguram ao aluno a atividade plena da cidadania, é necessário que as escolas de Educação Infantil dêem prioridade aos textos que particularizem as utilizações públicas da linguagem.

Quando os alunos entram na escola, já possuem competência discursiva e linguística para comunicar-se interagindo e envolvendo-se nas relações sociais do cotidiano, inclusive as que determinam sua vida na escola. Para os PCNs (2001, p.24):

Uma rica interação dialogal na sala de aula, dos alunos entre si e entre o professor e os alunos, é uma excelente estratégia de construção do conhecimento, pois permite a troca de informações, o confronto de opiniões, a negociação dos sentidos, a avaliação dos processos pedagógicos em que estão envolvidos.

Mesmo que a sala de aula seja um lugar privado, é um ambiente público diferente: não quer dizer propriamente, a ação mútua com interlocutores que podem, ou não, participar das mesmas referências – valores, conhecimento de mundo.

Compreende-se a leitura, também, como um instrumento de conscientização e politização. À medida que se realiza, verificando-se as ideologias expressas em suas entrelinhas, buscando analisar seu direcionamento, a leitura passa a ser um instrumento de libertação ou alienação.

A relação dinâmica e intrínseca entre linguagem e realidade destaca-se na leitura do mundo feita pelo individuo e leva-o à percepção e compreensão das relações entre o texto e o contexto. A partir daí, adquire-se a base através da qual se pode participar ativamente das contradições existentes em seu meio social.

Ler, consequentemente, atinge dimensões que vão mais além da decodificação de sinais. Constitui-se numa prática social que vinculada a outras práticas (a escrita, por exemplo) pode despertar e ampliar no leitor suas concepções e valores inerentes ao seu crescimento como cidadão atingindo-se a maturidade de leitor.

             Lajolo (1982, p. 29), afirma que leitor maduro é aquele para quem cada nova leitura desloca e altera o significado de tudo o que já leu, tornando mais profunda sua compreensão dos livros, das gentes e da vida.

A leitura nem sempre teve este tratamento, isto é, de valorizar aspectos comunicativos e construtivos da interação social da democratização e também no que diz respeito aos aspectos intra-escolares.

No Brasil, ler, para muitos professores, assume ainda a forma didática de um conjunto de atividades sequenciadas, um processo baseado em receber, memorizar e reproduzir. Esse conceito de prática de leitura apresenta os exercícios de prontidão: atividades mimeografadas antes da alfabetização e o silabário da cartilha como pontos principais do processo. Apresenta-se também como característica da prática de leitura mecânica, a leitura de textos, priorizando a leitura sequenciada e valorizando a oralidade e a vivência de perguntas sem questionamentos.

A esse respeito, Zilberman (1998, p. 48) afirma que do ponto de vista mecânico, a leitura salienta os aspectos de influência, ritmo, velocidade, entonação, timbre de voz e pronúncia como relevantes para a consecução da leitura.

Sendo assim, a proposta de leitura por esta linha metodológica é decodificação e o silêncio e não, a compreensão ativa em situação didática que não tem como objetivo levar os alunos a pensarem sobre a linguagem para poderem compreendê-la e utilizá-la a adequadamente.

 

 

 

 

1.1 O que é Leitura

 

            Sabe-se que o ato de ler se dá linearmente, como um processo e contínuo, tranquilo e sem interrupções. É uma operação mental complexa e assinalada por tensões, pois envolve ativamente a pessoa. De acordo com Bencini (2003, p. 49):

Ler não é fácil, exige esforço mental e físico. E, como tudo que dá trabalho, muitas vezes tendemos a abandonar. Por isso, o esforço dos professores deve ser incansável.

 

             Isso significa dizer que quem lê está em contato com quem escreveu o texto, com as ideias de uma ou de várias pessoas. E, então, recorre às próprias ideias para conferir o que sabe acerca do assunto para que critique ou concorde com o autor.

            A leitura somente desperta interesse quando há interação com o leitor, quando faz sentido e traz definições que se articulam com as informações que já se tem. Na opinião de Bencini (2003, p. 50):

Ao dominar a leitura abrimos a possibilidade de adquirir conhecimentos, desenvolver raciocínios, participar ativamente da vida social, alargar a visão de mundo do outro e de si mesmo.

             Neste sentido, é importante afirmar que ler em si não é viver. Ler é combustível de ideias para viver em sociedade. O domínio das estratégias de leitura decorre de uma prática viva do ato de ler, de um lado vivenciando os diferentes modos de ler existentes nas práticas sociais e, de outro, respondendo aos diversos propósitos de quem lê.

             O ato da leitura além de ser envolvente, expande referências e capacidade de comunicação com o mundo. Aumenta o vocabulário e prepara para a vida escolar e cotidiana. Quem lê fica mais inteirado do que ocorre a sua volta. Para Kleiman (1989, p. 12):

O mero passar os olhos pela linha não é leitura, pois a leitura implica uma atividade de procura por parte do leitor, no seu passado de lembranças e conhecimento, daqueles que são relevantes para a compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos, mas que certamente não explica tudo o que seria possível explicar.

             Sendo assim, ler não é somente a decodificação de palavras, porém um processo de envolvimento e interpretação, que requer total inteiração entre o leitor e o que está sendo lido.

            Por isso, pode-e dizer que a leitura é muito importante em todas as fases da vida, ela proporciona uma formação mais completa, estimulando o senso crítico e descobrindo várias habilidades que são desenvolvidas com a prática, a qual deve ser incentivada desde cedo. Em fim, a leitura é um dos recursos mais eficazes para o desenvolvimento da linguagem.

             Vale ressaltar, ainda, que a leitura é uma ferramenta de extrema importância para o desenvolvimento cognitivo, a inclusão e a formação de cidadãos críticos e atuantes, pois por meio dela o homem obtém conhecimento e competência para atuar na sociedade. De acordo com Freire (1983, p. 2):

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

              Estando a prática de leitura presente na vida do ser humano, ele passa a compreender e questionar o que ocorre a sua volta e cada indivíduo lê e interpreta o que leu a partir do seu conhecimento de mundo.

              A leitura é um processo em que o leitor atravessa para realizar um trabalho ativo e a compreender e interpretar texto, seguindo suas metas, seu conhecimento acerca do assunto, acerca do autor, ou seja, de tudo aquilo que ele sabe sobre, a linguagem, etc. não é apenas extrair informações, decodificar letra por letra, vocábulo por vocábulo. É uma atividade que implica em estratégias de seleção, antecedência, inferência, dedução e investigação, e sem elas não há possibilidade de competência. Usando estes procedimentos haverá possibilidade de controlar o que vai sendo lido, dando permissão para decidir mediante as dificuldades de compreensão, adiantar-se na busca de justificativas e dar validade às suposições feitas no texto.

                 O professor de educação infantil deve estar preparado para uma prática diária sobre a leitura, oferecendo condições de desenvolvimento do letramento das crianças, tornando sua prática educativa, mais que uma arte de contar história somente. É necessário considerar a leitura como um todo, atribuindo uma prática de aprendizagem que considere também todo o contexto em que este aluno está inserido.

1.2 Modalidades de Leitura

A leitura exerce a função de prática social quando remete o leitor a outras leituras, possibilitando-se novas dimensões de conhecimento ao aplicá-lo à sua vida social. O leitor identifica-se como sujeito integrante da sociedade a qual está inserido.

Variar os textos é a melhor receita para formar leitores. Deve-se aplicar atividades já nas primeiras séries para ajudar os alunos a interpretar sozinhos textos de todas as disciplinas. Pois, formar leitores é uma tarefa que começa cedo e deve continuar sempre.

Aprender a ler não é uma das maiores experiências da vida escolar, pois é uma vivência única para todo ser humano. Ao dominar a leitura abrimos a possibilidade de adquirir conhecimentos, desenvolver raciocínios, participar ativamente da vida social, alargar a visão de mundo, do outro e de si mesmo.

Sabe-se que a leitura facilita o desempenho escolar e a vida dos estudantes. Assim, leitores desfrutam do imenso poder, ainda que sejam extremamente voláteis, mas, o autor precisa crer na existência de seres de diferentes tipos e preferir aqueles mais visíveis, ou seja, os que efetivamente lêem o que ele escreve.

               O jovem, leitor virtual da literatura juvenil, bem como a criança, leitora virtual da literatura infantil, são construções da história – diz LAJOLO (1982, p.25).

Considerando esta afirmativa pode-se confirmar dizendo que essas modalidades nem sempre existiram, ainda que as pessoas tenham sido crianças e jovens. Identificar as fases divergentes ao longo de suas vidas e distribuir as populações por tais orlas é o resultado de um progressivo estudo do comportamento, e que atende a um grupo de pessoas em volta de peculiaridades comuns, as quais são postas num lugar social mais seguro.

As obras bem escritas vão à posteridade, transforma-se em fontes de saberes e não apenas em entretenimento, e podem ser nomeadas de clássicos. Os autores de tais obras são legítimos artistas que conseguem arrumar bem seus pensamentos, reproduzir a língua cuidadosamente e com estilo e colocam em foco os principais conflitos da existência humana.

Desse modo, ao provar das emoções de vários personagens famosos, o leitor vai à busca de respostas para a própria vida, entende melhor o mundo em que vive e torna-se um escritor criativo.

A compreensão deve ser o principal foco do professor. Se o texto for de informações, o aluno será induzido a fazer relações do novo assunto com seus conhecimentos prévios ou indagar sobre como a nova informação pode ser feita em outros contextos. A construção de esquemas e o fichamento auxiliam na visualização das relações entre as informações. Sendo um texto literário, é necessário que se mostre aos alunos os meios expressivos utilizados pelo autor.

O leitor crítico tem a necessidade, também, de ler aquilo que está por trás das linhas, isto é, verificar o que leu por meio de comentários orais escritos. O professor deve dar incentivo ao grupo na hora de verificar se as informações são de credibilidade, pesquisar outras fontes, reconhecer o ponto de vista do autor e opinar a respeito das idéias transmitidas por ele.

Um projeto de leitura envolvido com o caráter dos leitores apresenta uma cuidadosa seleção, além dos títulos fluentes na leitura, rompendo com o universo de expectativas. Um clássico pode ser retomado em diferentes fases da demanda de aprendizagem. Quanto mais idade tiverem os alunos, maiores são as chances de aprofundar a análise da obra.

Uma forma de se trabalhar a leitura e a compreensão textual é a leitura de imagens. Nela há muita informação. Os alunos aprendem que as imagens trazem muita informação. É importante que eles saibam ler o mundo, que está cada vez mais visual. Pois ler uma imagem implica descrevê-la levando em conta a relação entre seus elementos e o modo como ela toca nossa sensibilidade. É necessário ainda considerar os vínculos estabelecidos entre a foto e o contexto social, histórico e cultural em que foi produzida.

A respeito dessa afirmação, LAJOLO (1982, p.37) enfatiza o seguinte: “É, pois fundamental que compreendamos o papel do leitor”.

Para que haja compreensão é preciso que se contemple, à luz clara do meio-dia, o retrato de nós mesmos que esses textos apresentam. Ou seja, imagem com que tais textos nos representam corre o risco de afivelar-se ao nosso rosto como máscara, deixando nossa face na sombra. Na opinião de Lajolo (1982, p. 38):

É difícil nos reconhecermos como vítimas, porque desconfiaríamos de uma fotografia que nos representa como professores modernos, sinceramente empenhados em motivar a leitura dos jovens, levemente desconfiados no papel dos clássicos em tal empresa, com profunda insatisfação em relação ao autoritarismo de avaliações sistemáticas e rigorosas de atividades de leitura, comprometidos com o prazer, e não com o dever, da leitura, informados e convencidos da importância da imaginação e da fantasia na formação do jovem, acima de tudo, honestamente comprometidos com um projeto de educação que conduza à leitura crítica do mundo?

Bons leitores são bons alunos em qualquer disciplina. Quando os alunos lêem e compreendem o que lêem, têm mais chances de sucesso.

O estudo de texto nas aulas de Língua Portuguesa costuma ser restringida a narrativas de ficção, relatos pessoais, como cartas, ou no máximo, notícias tiradas da imprensa. E, para o estudante, isso não é suficiente, pois há muitos outros tipos de textos que ele precisa compreender.

Cada área deve investir nos gêneros que fazem parte do seu dia-a-dia. Trabalhar redação e leitura é tarefa de todos os professores, não só dos que lecionam Língua Portuguesa. A capacidade de entender e produzir textos é fundamental em qualquer disciplina, de História até Matemática. Cada área tem textos como características específicas e não dá para deixar tudo por conta do professor de Língua Portuguesa.

Certamente, a escola ensina muito do que imagina, o que é um bom motivo para refletir com bastante cuidado sobre o que vale a pena insistir em aula. De acordo com os PCN (op. cit.p.69),

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação de texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe a linguagem, etc.

Na sociedade contemporânea, tornou-se particularmente importante saber como procurar e identificar coisas, valores, fatos, informações, de modo que o domínio de certos princípios gerais de classificação, os critérios de busca, análise e interpretação de dados a capacidade de seleção entre alternativas são cada vez mais importantes.

Sendo assim, podemos concordar com MACUSCHI, (2002, p. 18) quando ele diz que: “Até há pouco, pensava-se que as habilidades básicas no uso da língua limitavam-se a falar-ouvir, ler-escrever, mas hoje  sabe-se que isso não é suficiente”.

Isso implica dizer que se trata de uma atividade a qual requer estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, e sem as quais não é possível proficiência. Usando esses procedimentos, teremos a possibilidade de controlar o que vai sendo lido, e permite-nos tomar decisões mediante dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.

 É fundamental que exercícios e atividades trabalhem elementos do texto que contribuam para um relacionamento mais intenso dos alunos com aquele texto particular e que, como resultado da atividade ou do exercício, fiquem a inspiração e o caminho para o inter-relacionamento daquele texto com todos os outros conhecimentos daquele autor e a intuição da quase interpretabilidade da linguagem de que os textos são formados.

       A leitura ao longo de seu processo histórico na escola tem um caráter alfabetizador, muitas vezes, torna-se um ato de aprender a ler decifrando o código da escrita. Portanto é necessário um estímulo em torno da leitura, ou seja, mudar essa visão de leitura para conhecer a escrita, desenvolvendo metodologias que despertam o gosto por esta.

      O estímulo à leitura deve ser iniciado com o hábito de ler em família, fazendo da leitura algo cotidiano, pois esse é um processo que a torna algo simples e natural. Mas a realidade é outra, muitas vezes, a família não participa da educação para a leitura. Entende-se que o ato de ler deveria ser praticado de forma a se tornar um prazer, em busca do conhecimento intelectual, moral e social.

1.3  O que é Leitor

 

                  Sabe-se que a escola e a família devem criar condições para a prática de leitura e de escrita e para o desenvolvimento da criatividade na expressão verbal. O acesso ao aprendizado da leitura apresenta-se como um dos múltiplos desafios da escola e como o mais valorizado e exigido pela sociedade. Como destaca Solé (1998, p. 13), é importante que o aluno aprenda a utilizar as estratégias usadas pelo leitor maduro, a fim de que se torne também um leitor eficiente e autônomo.

                 A criança percorre por vários caminhos para decifrar, ler e, finalmente escrever e é na alfabetização que ela começa o processo de leitura através das especulações sobre a utilidade da escrita e suas organizações interna e externa. É aí que também começa a desenvolver a sua leitura de mundo.

               Dessa forma, a aprendizagem deve estar acima do processo de ensino, por se tratar de um ato, de certa forma, individual, sendo assim, a criança deve estar motivada a entender como funciona o sistema de escrita. É aí onde entra o papel do professor que, por sua vez, será o mediador entre o aluno e o conhecimento que deve adquirir, valorizando também o conhecimento que esta criança traz de seu contexto para o espaço escolar, para, assim, propiciar uma situação na qual esta deverá aprender o que precisar, uma vez que o processo de alfabetização realizado por meio da cartilha não conduz a criança ao letramento por não considerar o que se passa em sua mente. Conforme Zilberman (2005, p. 17):

A formação de um leitor crítico, capaz de desconstruir o sentido de um texto baseado na visão do autor e reconstruí-lo a partir de sua realidade e de seus conhecimentos de mundo, deveria ser o objetivo norteador do ensino de Língua Materna, fazendo do aluno um co-autor, um sujeito apto para reconstruir o conhecimento. A formação de usuários competentes da língua e não de meros receptores passivos de informações é conseqüência da qualidade do ensino de leitura.

              O processo de ler é complexo. Como em outras tarefas cognitivas, como resolver problemas, trazer à mente uma informação necessária, aplicar algum conhecimento a uma situação nova, o engajamento de muitos fatores é essencial quando se quer fazer sentido ao texto.

  A leitura só se torna livre quando se respeita, ao menos em momentos iniciais do aprendizado, o prazer ou a aversão de cada leitor em relação a cada livro. Ou seja, quando não se obriga toda uma classe à leitura de um mesmo livro, com a justificativa de que tal livro é apropriado para a faixa etária daqueles alunos, ou que se trata de um tema que interessa àquele tipo de criança: a relação entre livros e faixas etárias, entre faixas etárias, interesses e habilidades de leitura é bem mais relativa do que fazem crer pedagogias e marketing (LAJOLO, 1997, p.108)

Assim, entende-se que a leitura deve acontecer por prazer, e não para ensinar algum conteúdo e, segundo Marangon (2010), as primeiras representações de leitura significam referências de afeto, momentos de prazer e de ludismo por meios de narrativas realizadas por pessoas próximas.  E explica que,pais, professores e bibliotecários devem ser mediadores constantes e presentes em todos os momentos de leitura. Além de contar histórias, estimular o acesso aos livros e o empréstimo domiciliar, o mediador incentiva a família a contar histórias aos pequenos. Dessa maneira, a leitura estará presente na vida familiar e escolar (MARANGON, 2010, p.45).

Assim sendo, o adulto tem papel fundamental na aproximação da criança à leitura, entendendo-se que ler junto é também dar afeto, e compartilhar a leitura é uma experiência fundamental para ambas as partes. É importante  que se leve para dentro de casa livros de literatura como parte complementar da educação. É importante que se invista para que leiam juntos pais, filhos e netos e defender sempre a importância de que todos tenham bons livros em casa.

1.4  Alfabetização e Leitura

        É necessário retomar a importância da alfabetização, considerando-se que esse conceito tem sido pontuado por diferentes apreciações e facetas, dando privilégio, em alguns casos, a abordagem automática do processo de aquisição da língua escrita, baseada na racionalidade técnica, cuja inquietação central é o como fazer ao invés de direcionar-se para o jeito de como o aluno aprende. E, em outros casos, dando destaque ao caráter processual, e à necessidade de articulação entre os diferentes pontos de vista sobre o tema.

       A leitura é a base do processo de alfabetização e também da formação da cidadania. Ao ler uma história a criança desenvolve todo um potencial crítico: pensar, duvidar, questionar. Ler é estimulante. Sem a escrita e a leitura o homem deixa de se comunicar adequadamente com seus semelhantes e se torna um ser insensato em relação ao mundo.

        Na análise de Soares (2003, p. 58), observam-se referências às significativas mudanças em relação à concepção do que é a alfabetização a partir da década de 80, motivadas nas contribuições das Ciências Linguísticas e na influência da teoria psicogenética da escrita.

       Os processos que abrangem a aprendizagem da leitura e da escrita é o tema debatido por Ferreiro & Teberosky (1986) em “Psicogênese da Língua Escrita”. Esta obra traz uma apreciação dos artifícios de aquisição da leitura e escrita das crianças em prejuízo do já conhecido pelas mesmas, considerando-se o contato anterior com a sua língua materna.

       Questiona-se em um dado momento, métodos empregados pelos alfabetizadores que trabalham de forma variada. É oferecido o método abreviado, processo que sai das partes para o todo das palavras e no qual as mesmas são inicialmente tratadas de modo mecânico; e também o método indutivo, que contrariamente recomenda uma primeira visão global das palavras e em seguida um detalhamento.

      É importante desenvolvermos a consciência de como a linguagem se pronuncia em ação sobre o mundo, organizando-se em gênero textual. A formação de um leitor crítico abrange o conhecimento das relações de sociedade, modos de conhecimentos veiculados através de textos em situações diferentes de interação, a interação escritor-texto-leitor, a pluralidade de discursos e as possibilidades de organização do universo.

     Ferreiro & Teberosky (1986) partiram de um suposto diferente: pareceu-lhes difícil admitir que a criança - que aprende a falar sem ir à escola - não aprendesse nada sobre a língua escrita.

    A criança, como sujeito cognoscente, não poderia ser impermeável ao se relacionar com a língua escrita e de algum modo ela haveria de tentar apreender esta, arrolando-a com a língua falada. Este entendimento é admissível quando as crianças vivem em contato com textos escritos, nas roupas, em cartazes, na televisão, em montras, livros, revistas, etc.

   Segundo uma perspectiva pedagógica, o problema da aprendizagem da leitura e da escrita tem sido exposto como uma questão de métodos, o que levou a uma polêmica em torno de dois tipos fundamentais; métodos sintéticos, que partem de elementos menores que a palavra - insistindo na correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a grafia, estabelecendo correspondência a partir dos elementos mínimos, que na escrita são as letras -, e métodos analíticos, que partem da palavra ou de unidades maiores.

  Quaisquer que sejam os desacordos entre os defensores do método sintético, o acordo sobre esse ponto de vista é total: inicialmente, a aprendizagem da leitura e da escrita é uma questão mecânica; trata-se de apanhar a técnica para o decifrado do texto. Concebe-se a escrita como a transcrição gráfica da linguagem oral; ler equivale a decodificar o escrito em som. As cartilhas nada mais são do que a tentativa de conjugar todos esses princípios: evitar confusões auditivas e/ou visuais; apresentar um fonema por vez e finalmente trabalhar com os casos de ortografia regular.

  As sílabas sem sentido são utilizadas regularmente, o que acarreta a conseqüência inevitável de dissociar o som da significação e, portanto, a leitura da fala. Tais princípios correspondem a concepções psicológicas precisas. Ao enfatizar as discriminações auditivas e visuais e a correspondência fonema-grafema, o processo de aprendizagem da leitura é visto, simplesmente, como uma associação entre respostas sonoras e estímulos gráficos. A psicologia, a linguística e a pedagogia pareciam então coincidir em considerar a leitura inicial como puro mecanismo que dicotomiza a aprendizagem em dois momentos descontínuos: quando não se sabe, inicialmente, é necessário passar por uma etapa mecânica; quando já se sabe, se chega à compreensão. O sintético é um dos métodos que encontra mais adesão hoje em dia.

Para os defensores do método analítico a leitura é um método global e ideovisual. O prévio é o reconhecimento global das palavras ou orações; a análise dos componentes é uma tarefa posterior. Não importa qual seja a dificuldade auditiva daquilo que se aprende, posto que a leitura seja uma tarefa fundamentalmente visual. Também, demanda que é necessário começar com unidades significativas para a criança.

 Os dois métodos se apoiam em concepções diferentes do funcionamento psicológico do sujeito e em diferentes teorias de aprendizagem, razões pelas quais o problema se resolve com a proposta de métodos mistos, pois a evidência dada às habilidades perceptivas descuida de jeitos como a competência lingüística da criança e suas habilidades cognoscitivas.

  Ferreiro & Teberosky (1986, p. 19), em sua pesquisa, dizem ser de fundamental importância que o professor, especialmente o das séries iniciais, tenha maior noção da psicogênese da língua escrita para compreender a forma e o processo pelos quais a criança aprende a ler e a escrever, para detectar e entender os erros construtivos peculiares dos estágios em que se depara a criança e para saber desafiar seus alunos, levando-os ao conflito cognitivo, isto é, obrigando a criança a mudar seus esquemas de assimilação frente a um objeto de conhecimento não-assimilável. Como exemplo, citamos que a criança ainda não sabe usar os verbos irregulares: Eu fazi. (Pois diz eu comi, eu bebi).

   Na teoria de Piaget (1976, p. 23), o conhecimento objetivo aparece como uma aquisição, e não como um dado inicial. O caminho em direção a este conhecimento objetivo não é linear: não nos aproximamos dele passo a passo, juntando peças de conhecimento umas sobre as outras, mas sim através de grandes reestruturações globais, algumas das quais são errôneas no que se refere ao ponto final, porém são construtivas, na medida em que permitem aceder a ele.

   Conhecer a criança e o que ela pensa sobre o objeto a ser aprendido, no caso a escrita, potencializa a práxis do educador e ao contrário do que ocorria quando se pensava que a criança não tinha conhecimento algum sobre o objeto escrita (período de difusão dos métodos chamados tradicionais de alfabetização e das listas de habilidades para a alfabetização – prontidão), agora com o conhecimento de um sujeito piagetiano, que interage com a língua escrita e tenta desvendá-la é possível aproximar-se de uma alfabetização mais justa, que valorize a criança.

  A ênfase inicial da psicolinguística contemporânea nos aspectos sintáticos deve-se fundamentalmente ao impacto da teoria lingüística de Noam Chomsky. As influências de Piaget e de Chomsky se fazem sentir na experiência sobre a psicogênese da língua escrita, orientando a perspectiva das autoras diante do desenvolvimento humano e seus processos de aprendizagem e desenvolvimento, notadamente com o conhecimento do sujeito piagetiano, na medida em que a criança é considerada um ser cognoscente, que está em constante processo de construção de conhecimentos, permitindo também uma nova visão sobre a pesquisa. O sujeito piagetiano não espera que alguém que possua um conhecimento o transmita a ele, por benevolência; ao contrário, é um sujeito que aprende basicamente através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo em que organiza seu mundo.

    Os estudos de Piaget (1976) são de grande relevância nas áreas biológicas, físicas, matemáticas e fisiológicas, mas sua contribuição para a psicologia do desenvolvimento é considerada como uma revolução nesta área. O desenvolvimento cognitivo ganha uma ênfase maior na Teoria Piagetiana do que a dos desenvolvimentos do afetivo, da moral, de valores, apresentando maior preocupação com os processos pelos quais o indivíduo desenvolve a inteligência e adquire conhecimentos.

    Segundo Piaget (1976), o conhecimento não pode ser concebido como algo pré-determinado pelas estruturas internas do sujeito, nem pelas características do objeto. Todo conhecimento é uma interação entre ambos. As estruturas formam-se mediante uma organização de ações sucessivamente exercidas sobre os objetos. Graças ao trabalho de Piaget e sua equipe, hoje sabemos que os processos que conduzem às noções matemáticas elementares não passam pela memorização nem por atividades mecânicas de reprodução, pois felizmente nenhuma criança espera receber as instruções de um adulto para começar a classificar, para ordenar os objetos de seu mundo cotidiano.

    Tanto a teoria psicogenética Piagetiana quanto a teoria contemporânea de Chomsky levaram a uma profunda reflexão em relação à aquisição da língua escrita, considerando que a criança formula hipóteses acerca da linguagem oral e possui um grande conhecimento sobre sua língua, bem como em relação à linguagem escrita.

               Tradicionalmente a discussão sobre as práticas pedagógicas tem se centrado nos métodos utilizados pelos professores e em quais concepções e teorias que orientam suas ações em sala de aula. Segundo Weisz (2000, p.55):

A teoria empirista que historicamente é a que mais vem impregnando as representações sobre o que é ensinar, quem é o aluno, como ele aprende e o que e como se deve ensinar- se expressa em um modelo de aprendizagem conhecido como o de “estímulo- resposta”. Esse modelo define a aprendizagem como a substituição de respostas erradas por respostas certas.

                Baseado nessa concepção o ensino se caracteriza como transmissão de conhecimento que vem de fora para dentro, no qual o aluno recebe as informações que são depositadas pelo professor, e este como único detentor do saber dirige e controla a aprendizagem dos alunos.

                Dessa forma a aprendizagem consiste na reprodução da informação recebida através da memorização, o aluno precisa memorizar e fixar informações, as mais simples e parciais possíveis e que devem ir se acumulando com o tempo, devem aprender a ler e escrever dentro do sistema alfabético, fazendo uma leitura mecânica, para depois adquirir uma leitura compreensiva, trabalhando a língua escrita como um código de transmissão da fala.

                Surgiram então as tradicionais cartilhas que com base nessa concepção trata a escrita como o espelho da língua que se fala, apresentam palavras-chaves e famílias silábicas com a única função de produzir fonemas, identificar letras e sílabas, geralmente são compostas de frases e textos sem sentido. “Centrada nessa abordagem que vê a língua como pura fonologia, a cartilha introduz o aluno no mundo da escrita apresentando-lhe um texto que, na verdade, é apenas um agregado de frases desconectadas” (WEISZ 2000, p.56). 

                Nesse modelo de ensino acredita-se que o aprendiz seja capaz de aprender ao passo que vai acumulando as informações, através de exaustivos exercícios de repetição e memorização, que realizam sem compreender o sentido do que fazem. O que se coloca como desafio aos alunos, em geral, tem a ver exclusivamente com a capacidade de reter informações na memória, utilizando textos artificiais para ensinar a ler e escrever, uma vez que o aluno não tem contacto com textos reais e com a linguagem que se usa, de fato para ler e escrever.

                Quando se fala em alfabetização, pensa-se logo em um processo através do qual as pessoas aprendem a ler e escrever. Alfabetização é a ação de ensinar/ aprender a ler e escrever. Porém esse processo vai muito além de técnicas de transposição da linguagem oral para a linguagem escrita, pois para aprender a ler e escrever o leitor precisa ter acesso ao texto completo não apenas adquirir habilidades de decodificação de fonemas e sílabas.

                Dentro dessa concepção tradicional de ensino da língua, a tradição pedagógica reduziu a alfabetização ao mero aprendizado do sistema alfabético.

                Se o objetivo é que o aluno aprenda a base alfabética e algumas convenções ortográficas, então as palavras soltas e as frases sem nexo podem continuar sendo usadas. Mas se o que se quer é que ele chegue a redigir textos, interpretar textos e até se divertir com eles então é preciso redefinir o conteúdo da alfabetização. (WEISZ, 2000)

                Embora seja difícil estabelecer uma definição única de alfabetização, não é possível invalidar a concepção atual, segundo a qual não basta ser alfabetizado ( ter adquirido o código escrito e as habilidades de leitura). É preciso estar alfabetizado, isto é, saber fazer usos sociais dos diferentes tipos de material escrito, compreendê-los, interpretá-los e extrair deles informações. É preciso ser e estar alfabetizado para que se possa ler.

2 A PRÁTICA DE LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

2.1 Prática de Leitura

 

            É sabido que a leitura faz parte da vida do indivíduo. Além disso, é um recurso de comunicação, pois por meio dela busca-se autonomia, criticidade e acesso ao conhecimento. Quando se lê, reflete-se, pensa-se, fica-se contra ou a favor de algo, realizando comentários, expondo e trocando opiniões, se posicionando e exercendo a cidadania. Na opinião de Tfouni (1995, p. 97):

O sujeito que não tem oportunidade de aprender a ler, certamente será excluído da sociedade, ou melhor, não terá a mesma participação que aqueles que têm essa oportunidade. A inserção em uma sociedade letrada não garante formas iguais de participação. O acesso ao conhecimento também não está livremente à disposição de todos.

            Levando em conta a afirmação do autor, pode-se dizer que sem o domínio da leitura fica mais difícil o indivíduo ser um cidadão ativo e autônomo dentro da sociedade em que vive. Sendo assim, a escrita tornou-se um empecilho para o indivíduo obter efetiva participação no meio social, pois saber ler é uma utilidade cotidiana.

            Deve-se observar, então, que não basta a inserção de indivíduos na sociedade letrada para que se obtenha uma efetiva participação sobre ela e para que tenha acesso ao conhecimento, pois se torna mais fácil para aqueles que têm oportunidade de ler e fazer uso da leitura.

            Neste sentido, a leitura é uma condição básica para que o indivíduo compreenda o mundo em que vive, as pessoas e as coisas que o rodeiam (COELHO, 1991, p. 103). De acordo com Barbosa (1994, p. 88):

Antigamente a leitura era vista apenas como um ato de decodificar os sinais, portanto, leitor era somente o alfabetizado. Nos dias atuais em que vivemos, essa concepção segue por uma outra vertente, isto é, o leitor não é mais somente aquele indivíduo alfabetizado. Mas o mundo mudou, desfazendo aquelas identificações: ler não é mais decodificar e o leitor não é mais o alfabetizado.

            Entretanto, a leitura está envolvida em coisas que vão além da letra decifrada, está ligada ao sentido dado ao objeto lido, ao leitor que passa da sua leitura para a realidade, para o imaginário, para a fantasia.

            A leitura tem sentido real quando se lê a realidade, a partir dos interesses e necessidades, para se transformar e transformar o mundo. E, neste caso, os escritos reais podem ser o nome de uma rua, de um livro, de um cartaz, de uma embalagem, de um jornal, de um panfleto, dentre outros objetos de leitura.

            Pode-se observar que o ato de ler não faz alusão somente a textos escritos, mas também a outras formas de leitura, como uma música, uma peça de teatro, uma obra artística, entre outras. E mesmo havendo a decodificação das palavras, isso não é sinônimo de ocorrer leitura efetiva, pois ler consiste em atribuir sentido ao texto, fazer relações contextuais, compreender o mundo nos rodeia.

2.2 Leitura na Educação Infantil

            Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. E a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista (GERALDI. Apud LAJOLO, 1982, p. 50).

            É importante ressaltar, então, que quando se lê um texto o leitor deve compreender e fazer a relação com o seu contexto. Só assim o ato de ler torna-se um processo de interlocução entre leitor e autor com intermédio do texto.

Neste sentido, Freire (1982, p. 12) diz que a compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998) mostra que a leitura não é a pura decifração das palavras, mas um processo no qual o leitor constrói significado do que está lendo.

Considerando que ler é dar sentido ao texto e determinar relações contextuais, é necessário que se atente para um fator relevante: o conhecimento prévio do leitor.

É preciso, também, que se enfatize o fato de que quando um leitor entra em contato com o texto, ele constrói uma hipótese acerca do que encontrará na leitura deste. Pois um leitor não é totalmente ignorante do que vai ler. A leitura faz uma pressuposição da leitura da elaboração de um conhecimento prévio, fornecendo elementos para que o leitor levante hipóteses daquilo que vai ler.

Como se vê, para que se atribua sentido ao texto o leitor deve fazer uso do que já conhece. E, considerando isto, pode-se dizer que ler não pode ser um ato mecanicista que não consinta ao sujeito o estabelecimento de relações e atribuir a sua própria interpretação, construir o seu próprio sentido. Portanto, é muito importante que se considere sempre o que o aluno já conhece. De acordo com Orlandi (1998, p. 33):

Assim, os teste e provas servem também a mostrar que não existe o leitor que se visa, que este será moldado pela instituição em que se inserir. É o que acontece na escola quando se ignora que o leitor real tem uma história e um posicionamento frente a outras leituras.

            Todavia, é importante dizer que um leitor pode ser condicionado ou interativo, isto é, o primeiro lê de modo mecânico estabelecendo comunicação entre escrita e som da mesma. Porém o segundo intera-se com o texto, fazendo relações com o contexto e dando-lhe significados.

E, neste sentido, Barbosa (1994, p. 71), diz que “diante de um novo objeto, a criança se mobiliza, estabelecendo uma relação entre o seu acervo de conhecimento e estrutura cognitiva – e o novo estímulo a ser aprendido”.

Vale ressaltar, ainda, que com esses princípios de leitura, pode-se compreender o texto não obtendo apenas um sentido para todos os que leem, ou seja, ele produzirá diversos significados a partir do contexto e a ligação com o seu leitor.

Isto quer dizer que certo texto pode ter sentido divergente de um leitor para outro porque cada pessoa tem experiências, histórias de vida e saberes prévios divergentes. Então, deve-se levar em conta que não se analisa o sentido do texto, porém como o leitor produz sentidos.

            A leitura na educação infantil é muito ampla e importante, estimula a criança em seu desenvolvimento emocional, social e cognitivo. Segundo Abramovich (1997, p. 15) quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinarem infinitos assuntos.

É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica. É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p.17).

A relação da criança com o livro ocorre muito antes do que os adultos imaginam. Muitos pais creem que a criança que não sabe ler não tem interesse por livros, portanto não precisa ter contato com eles. Porém, o que se percebe é bem ao contrário.

Segundo Sandroni & Machado (2000, p.12) “a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer”. As crianças menores valorizam o livro pelas cores, formas e figuras que eles possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3 LITERATURA INFANTIL NA SALA DE AULA

 

 

Nos dias atuais, a prática da leitura literária está esquecida nas escolas. Isto acontece porque há pouco contato dos educadores da língua materna, desde os primórdios de sua formação. De acordo com Cademartori (2010, p. 10):

Está claro que a personalidade do professor e particularmente, seus hábitos de leitura são importantíssimos para desenvolver os interesses e hábitos de leitura nas crianças, sua própria educação também contribui de forma essencial para a influência que ele exerce.

            Considerando esse ponto de vista do autor, é importante ressaltar que se o professor não tiver um hábito de ler textos literários e não se sensibilizar ao lê-los, dificilmente ele vai conseguir despertar o interesse em seus alunos.

            Sabendo-se que a literatura é um gênero distante da sala de aula, pode-se dizer que é necessário que se descubra formas de familiarizar e de trazer as crianças e os jovens para ela. E isso deve ser feito por meio de um planejamento para evitar que se diga que a literatura é difícil de interpretar e de compreender.

            Portanto, a literatura não é difícil de interpretar. Ela só precisa de certos cuidados e atenção para que haja compreensão da mesma. Aprender a interpretá-la envolve desenvolvimento de aquisição de conhecimentos dos diversos sentidos que um texto literário proporciona.  Segundo Cademartori (2010, p. 11):

Uma forma para melhorar a aprendizagem é a aproximação constante da literatura, como também a utilização do conhecimento prévio. O conhecimento prévio engloba o conhecimento linguístico que abrange desde o conhecimento sobre pronunciar o português passando pelo conhecimento do vocabulário e regras de língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da língua.

            É necessário ressaltar, aqui, que se tais conhecimentos não forem respeitados, o entendimento e a compreensão da literatura podem ficar no prejuízo e será difícil compreendê-la e a compreensão de um texto literário pode ficar comprometida se o leitor não tiver algum dos conhecimentos citados por Cademartori (2010).

            Sendo assim, para que os problemas do distanciamento de interpretação e de compreensão literárias sejam amenizados é fundamental que o professor compreenda que interpretar literatura não significa ficar restrito à forma de apresentação sobre uma página.

            É importante dizer que o professor deve ter como ponto de partida uma leitura do mundo, fazendo da literatura razão de apreciação lúdica e de motivação para produzir a intertextualidade e diversas outras formas de criar com seriedade, porém brincando com as palavras. Para Cademartori (2010, p. 12):

A literatura ainda é desvalorizada na escola. Os alunos não gostam de ler e o professor, sozinho, não consegue motivá-los à leitura dos textos literários. Muitos são os fatores que impedem o florescimento dessa prática em sala de aula, desde as lacunas na formação do (a) professor (a) até a presença tímida da literatura nos livros didáticos de Língua Portuguesa.

            É necessário que se observe que, quando isso acontece, a literatura apenas serve como desculpa para que se faça análise gramatical ou questionamentos acerca do aspecto formal do texto literário. Na verdade, não há apenas um culpado, porém um conjunto falho que se adiciona ao longo da história da educação brasileira.

            É sabido que a leitura é importante para a formação escolar e do homem, porém, infelizmente, ao invés de a escola incentivar, ela piora a situação, logo continua tratando a literatura de forma errada e superficial.

                  A prática da leitura é muito pouco cultivada na sociedade atual e, isso é consequência de questões socioculturais e políticas. O conceito de leitura nos dias atuais se limita apenas à decodificação das palavras, não permitindo ao leitor a percepção dos múltiplos significados presentes no texto nem desperta nele a fascinação e a magia que está por trás do ato da leitura.

            Porém, ao se falar em leitura literária, a coisa piora. A sociedade atual não cultiva a prática de leitura de textos literários. Na escola, no entanto, essa prática fica limitada a momentos, como datas comemorativas ou quando serve de desculpa para análises gramaticais. Então, os alunos não conseguem notar o encanto do texto literário. E, em consequência disso, os alunos não gostam de ler, pois consideram de difícil compreensão e sem sentido. De acordo com Cademartori (2010, p. 18):

Infelizmente, ao longo da história da educação o cultivo da literatura ficou esquecido, pois os professores davam preferência ao tratamento, em sala de aula, de assuntos considerados “mais sérios”. Mas todos os educadores de fato sabem da importância e do poder transformador que a poesia tem em nossas vidas e na formação de leitores mais proficientes e de cidadãos mais críticos.

            Considerando essa afirmação, deve-se dizer ainda, que a literatura está relacionada ao fato de que o homem necessita compreender o sentido da vida. No entanto, a falta de leitura literária na escola ocorre especialmente porque ela não é vista com o seu valor real. Ela só é vista como desculpa para se ensinar boas condutas, valores patrióticos ou fazer homenagens a datas comemorativas.

            A literatura só será um dos gêneros mais apreciados no ambiente escolar quando se compreender seu valor inerente.

            Isso implica dizer que fica implícita a proposição de uma experiência de leitura significativa para o aluno e despertar no olhar do leitor o valor real da literatura. Para Cademartori (2010, p. 20):

É necessário ser cuidadoso na seleção e no modo de abordagem. Há muitas disparidades quanto ao uso da literatura na Educação Infantil, pois apesar da presença constante da leitura literária no currículo do Ensino Fundamental, há ainda nos textos selecionados, problemas relativos à adequação ao leitor, à qualidade estética e ao modo de abordagem.

             Levando em consideração o que diz o autor, é necessário observar que as seleções de textos literários teriam que obedecer a critérios estéticos, como o ludismo sonoro, as imagens exploradas no poema e a riqueza da linguagem conotativa.

             A literatura, então, deve ser vista pelo valor real que ela tem em transformar e formar as pessoas, tornando-as mais sensíveis diante do mundo.

            Hoje, é fácil se deparar com diversos educadores que dão ênfase à importância da literatura a ser inserida em sala de aula. No entanto, não é suficiente proporcionar obras aos alunos para transformá-los em leitores. É necessário motivá-los, com textos que tenham expressividade para sua realidade. Assim, pode-se observar a afirmação de Lajolo (1994, p. 15): Ou o texto dá um sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum. E o mesmo se pode dizer de nossas aulas”.

  A escola tem papel fundamental no processo de formação do leitor, onde o aluno adquire a habilitação inicial na prática da leitura. Nesse sentido, possui o compromisso de despertar o gosto de ler e o hábito da leitura.

             O ensino da leitura exige bastante cuidado e, quanto mais desenvolvida a criança estiver em leitura, mais fácil será para ela adquirir outros conhecimentos. Para motivar uma criança a ler é preciso dar-lhe uma série de motivos que a estimule e que a faça sentir uma necessidade crescente de ler. Sabe-se que esse é um objetivo difícil de atingir, mas, por outro lado, sabe-se também como é importante caminhar nessa direção.

             A criança procura o livro como uma forma de recreação, para se sentir e adquirir novas realidades que venham enriquecer seu mundo interior. Para despertar a atenção da criança e ser por ela assimilado, o livro deve estar ligado aos seus interesses e estar relacionado com o seu cotidiano, com sua experiência de mundo, pois só assim ele será atrativo e prazeroso para a criança.

             Assim, compreendemos que o primeiro passo é motivarmos nossos alunos para despertar o prazer pela leitura.  Lajolo (1994, p. 105) afirma que:A literatura constitui modalidade privilegiada de leitura, em que a liberdade e o prazer são virtualmente ilimitados”.

             Desta forma, compreendemos que o aluno deve ter sua criatividade aguçada, para que passe a gostar e ter o hábito de leitura. Sabemos das infinitas possibilidades de trabalho com a literatura infantil em sala de aula.

             Sabe-se que são diversos os objetivos da leitura e que esses podem variar bastante, servindo para resolver um problema prático, para comunicar, estudar, escrever ou revisar o próprio texto. Mas, qualquer que seja a sua finalidade, a leitura nos leva sempre a  compreender, interpretar e a transformar  informações em conhecimentos.

             Neste contexto, o objetivo da escola é formar leitores autônomos, que vejam no ato da leitura um modo útil para aprender significativamente, mesmo fora do cotidiano escolar, conhecimentos para a vida, como forma de mudança de realidade, de horizontes, saindo do conhecimento empírico para o conhecimento sistemático.

             É importante lembrarmos que a leitura deve ser uma atividade de interação“No processo [de leitura] são cruciais a relação do locutor com o interlocutor através do texto e da determinação de ambos pelo contexto num processo que se institui na leitura”. (KLEIMAN, 2001, p.39)

            Assim, é preciso que o aluno veja no texto lido, aspectos interessantes, que consiga aproximar o que lê de seu cotidiano, conseguindo interagir com a leitura realizada. Ele deve encontrar sentido no que lê e, para isso, deve ter uma idéia do texto que lhe é apresentado, para que possa fazer inferências necessárias, visando relacionar o que lê com seu dia-a-dia.

            Além de motivar, a leitura tem a função de auxiliar o crescimento intelectual e psicológico da criança. Para isso, ela não pode ser encarada como obrigação, mas como algo agradável, conforme enfatiza Sordi (1991, p. 189): “(...) a literatura não pode ser imposta como uma tarefa, uma obrigação. Ela deve ser uma atividade prazerosa, que tem na escola um terreno fértil para se desenvolver”.

            A leitura constitui-se na melhor maneira para aprimorar vários aspectos na aprendizagem, como o sensorial (pelo manuseio do livro), o emocional (ao provocar sentimentos diversos no leitor) e o racional (ao produzir reflexão, que constrói o conhecimento e reordena a visão de mundo). Podemos, então, concluir que há um consenso sobre a importância da leitura. Tanto que Cademartori (2010, p. 80) coloca que: “O papel da literatura nos primeiros anos é fundamental para que se processe uma relação ativa entre falante e língua”.

                Através do texto pode-se construir uma ligação com certos aspectos da realidade. A leitura proporciona o conhecimento das forças e relações que regem o mundo, possibilitando o exercício da crítica. A leitura proporciona também o prazer da liberdade, possibilita a mudança, o sonho, a fantasia. Tudo isto somente é possível se houver prazer na leitura e não uma obrigação chata e sem sentido.

                A importância e necessidade do livro literário em sala de aula é algo incontestável. Fonte inesgotável do saber, a literatura, sendo uma atividade cognitiva amplia o processo perceptivo do leitor. O profissional da educação nunca deve perder de vista o princípio artístico, pois a literatura é, antes de mais  nada arte, uma criatividade que representa o ser humano, o universo, a vida por meio da palavra, numa relação entre o sonhar e viver, prática, entre a utopia e a realidade. De acordo com Coelho (1991, p. 25):

              De fato, desde as origens, a Literatura aparece ligada a essa função essencial de atuar sobre as mentes, onde se decidem as vontades ou as ações; e sobre os espíritos, onde se expandem as emoções, paixões, desejos, sentimentos de toda ordem. No encontro com a Literatura os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida, em um grau de intensidade não igualada por nenhuma outra atividade.

               Justamente por ser a representação artística é tão vasta e multifacetada como a natureza humana, refletindo toda essa complexidade do ser humano, ao seu mundo e as suas relações existenciais,  a literatura apresenta-se assim como algo misterioso, enigmático, fascinante e essencial. Diante disso, a arte literária torna-se uma necessidade vital para o homem, pois, através do trabalho com a linguagem, do prazer estético que o livro aborda, aguça a criatividade do ser humano, abrindo sua mente para a formação de uma nova mentalidade, com novos pensamentos, novas ideias, ensinando-o a lidar com seus medos, seus desejos, seus sonhos e frustrações dando riqueza a sua própria experiência de vida.

               Para que isso aconteça de maneira correta e vantajosa para o aluno recorre-se a Pinheiro (2008): Para o êxito do trabalho com a literatura em sala de aula, é necessário que o professor tome consciência do seu papel, enquanto mediador entre a obra de arte e o aluno; para que este reorganize seu conhecimento e sua consciência-de-mundo, é imprescindível que, antes, o professor reorganize, também seus conhecimento e consciência-de-mundo.

3.1 A Importância da Literatura na Educação

Desde o século passado percebe-se a importância que a Literatura Infantil ocupa na vida de muitas pessoas, principalmente na vida das crianças, as quais são as que ficam mais encantadas com esse mundo deslumbrado do faz-de-conta. E não precisa ser crianças já alfabetizadas. Pelo contrário, as menores, que ainda não conhecem o universo da língua escrita e nem da leitura por palavras são as que mais sabem aproveitar as fantasias e as que mais viajam pelo mundo da imaginação. Como bem lembra Abramovich (1993), é de suma importância para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias. “Escutá-las é o início da aprendizagem para um ser leitor” (ABRAMOVICH, 1993, p. 16).

Por isso, a criança começa a sua trajetória como um ser leitor ainda nos braços dos pais, ouvindo o que eles contam. O primeiro contato da criança com um texto é feito oralmente, através da voz da mãe, do pai ou dos avós, contando contos de fadas, trechos da Bíblia, histórias inventadas (tendo a criança ou os pais como personagens) (ABRAMOVICH, 1993, p. 16).

Como se sabe, a Literatura Infantil tem a sua importância nessa faixa etária, pois é através dela que a imaginação fantástica da criança é despertada. As professoras consideram a Literatura Infantil importante, pois esta faz as crianças conhecerem novos cenários, despertarem nelas o gosto pela leitura, explorar sua oralidade, além de enriquecer o seu vocabulário, estimular o imaginário, a criatividade, o lúdico e a fantasia, fazendo com que as crianças viagem pelo mundo que elas mesmas criarem.

De acordo com Simões, (2000): nos momentos de leitura, o educador deve sempre procurar ser literal e dar certo caráter interpretativo a sua leitura usando variações de entonação de forma clara e agradável. O educador deve procurar agir como elemento incentivador do interesse das crianças pelo enredo, comportando-se não somente como leitor das histórias, mas também, demonstrando entusiasmo e curiosidade, como mais um ouvinte. (2000, p. 26).

Abramovich (1993) ainda fala da literatura fora da escola, ou seja, dos passeios das crianças a bibliotecas, como se fossem a um zoológico ou a um parque, e até mesmo da criação de suas próprias bibliotecas. Para ela, levar as crianças a livrarias ou bibliotecas é possibilitar a descobertas de maravilhas insuspeitas. É necessário este trabalho de passear por esses ambientes, mesmo que seja uma papelaria ou um bazar de interior onde também se vendam livros.

O importante é as crianças irem até lá, vasculhar, procurar, mexer, conhecer o que existe, ter sua curiosidade satisfeita, a vontade de ler aquele livro, de ficar mais tempo relendo aquele poema, de olhar bem olhado uma ou outra ilustração, ou de fechar rapidamente a capa dum que pareceu desagradável ou boboca, ou dar uma olhada em alguns parágrafos e verificar que não despertam mesmo nenhuma vontade de conhecer o livro por inteiro (Abramovich, 1993, p. 150).

Sabe-se que contar histórias a uma criança é uma atividade bastante corriqueira. Contudo, nem todos sabem o quanto esta atividade é importante nos processos de aquisição e desenvolvimento da linguagem humana. As histórias infantis não servem apenas para distrair ou fazer uma criança dormir; elas carregam muito mais conhecimentos do que se imagina, estando aí presentes o conhecimento da leitura e da escrita. Quando a criança ouve uma história, ela já começa a construir seu conhecimento sobre a linguagem escrita, “já que a linguagem se reveste de qualidade estética (...) e envolve gênero, estrutura textual, funções, formas e recursos linguísticos” (SIMÕES, 2000, p. 23).

Assim, surge a importância de se criar uma literatura específica para este público. Com o passar dos séculos, as histórias infantis vão surgindo, primeiras vindas do exterior, depois aparecem no Brasil com Monteiro Lobato, que é quem dá o pontapé inicial para o surgimento de uma verdadeira literatura infantil brasileira. Com Lobato, as crianças brasileiras conhecem de fato uma literatura própria para elas e desde então as produções só aumentaram nesta área.

Portanto, nitidamente se percebe a importância da Literatura Infantil em vários sentidos, pois é uma literatura enriquecedora, criativa, fantástica, estimuladora e de grande prazer, não apenas para os pequenos, mas também para os adultos que ainda têm alma de criança.

4 METODOLOGIA

 

 

  Esta pesquisa tem caráter quantitativo e qualitativo. A metodologia utilizada para construção teve por base a pesquisa bibliográfica acerca da Importância da Leitura na Educação Infantil.

 

5.1 Pesquisa Bibliográfica

 

 

           Este trabalho monográfico foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica tendo como base os teóricos: Abramovich (1997), Cademartori (2010), Coelho (1991), Freire (1998), Geraldi (1997), Kleiman (2001), Luckesi (1994), Marangon (2010), Marcuschi (2000), Orlandi (1983), PCN (2001), Pinheiro (2009), Sandroni; Machado (1998), Sordi (1991) e Zilberman (1988; 2005) para aprofundamento dos estudos realizados acerca do tema abordado.

 

 

5.2 Tipo de Pesquisa

           Foi escolhido este tipo de pesquisa para execução do trabalho por ser considerado o que poderia fornecer os dados necessários para se obter os resultados de acordo com os objetivos propostos: rever as práticas de leitura na EI na sala de aula, bem como verificar se a leitura é um meio de comunicação entre os pequenos, valorizar a leitura na EI e utilizar recursos que possam melhorar a prática de leitura na Educação Infantil.

 

 

 

 

 

 

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante, que começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa-se na escola e continua pela vida inteira. A escola tem o papel primordial de oportunizar o contato do aluno com a leitura, com finalidade de ampliar o domínio dos níveis de leitura e escrita e orientar a escolha de materiais de leitura, principalmente quando os educandos não possuírem o gosto pela mesma, valorizando a leitura como uma prática constante. Para se desenvolver precocemente o gosto pela leitura é indispensável à participação e a presença constante do professor, que deverá atuar como mediador e ser antes de tudo, um leitor, a fim de que o aluno o imite nesse aspecto. Um professor que não lê dificilmente fará um trabalho com a leitura. Ele necessita fazer com que os alunos também se interessem por essa atividade, tão imprescindível para o desenvolvimento do indivíduo.

Atualmente o hábito da leitura não é muito difundido entre as crianças e jovens, apesar de que, o ato de ler é de total importância para a formação integral do indivíduo. A escola não tem despertado no aluno, diante da atual realidade, o prazer da leitura, fazendo com seu papel de educadora e incentivadora não seja feito da melhor maneira. Além da escola, a família é a instituição que também influência o hábito da leitura.

A leitura não é um ato isolado. Durante a leitura o leitor não interage apenas com o texto, mas com personagens criados pelo autor.  Desse modo, o trabalho de leitura na escola, tem por objetivo levar o aluno a buscar a análise e a compreensão das idéias dos autores e a absorver do texto os elementos básicos e os efeitos de sentidos. Um trabalho de leitura e formação de leitores precisa abordar tipos diversificados de textos, pois o mundo está em mudanças constantes é preciso avançar e realizar, principalmente a leitura de mundo. É certo que ninguém nasce sabendo ler, ou seja, aprende a ler à medida que se vive.

No campo escolar percebe-se que os alunos a cada dia se interessam menos pela leitura, sendo necessário desenvolver questionamentos à prática pedagógica docente, no ensino e ao incentivo da leitura em sala, sugerindo ações que levem as crianças a se tornarem “leitores assíduos”. É preciso acreditar que é possível ultrapassar a alfabetização e que sujeitos leitores são capazes de olhar reflexivamente a realidade à sua volta, e fazer a escolha de mudá-la de alguma forma. O avanço da leitura proporciona crescimento de caminhos trilhado pela comunidade escolar para que possa provocar no sujeito reflexões, transformações, interpretações, fazendo da leitura um ato de construção de conhecimento, um processo de descobrimento, formação e informação, oportunizando assim, melhor interação com o meio.

Portanto este trabalho teve por objetivo esclarecer, que ler não é apenas passar os olhos por algo escrito, mas, principalmente garantir ao individuo um espaço na sociedade para interação sistemática com a informação veiculada diariamente contribuindo assim, para a formação de cidadãos críticos na edificação de novos conhecimentos fazendo com que o individuo perceba-se como ser histórico social. Partindo deste principio, concluí-se que a leitura é importante em todos os níveis educacionais e deve ser iniciada no período de alfabetização e persistir-nos diversos níveis de ensino. Ela constitui-se numa forma de interação das pessoas de qualquer área de conhecimento.

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