A escola possui um grande desafio que é integrar a escrita no cotidiano dos alunos, fazer com que eles criem o hábito pela leitura e conseguir que se tornem escritores. Os problemas que percebemos é que ao instaurarmos às praticas de leitura na escola, apresentam-se para nós vários questionamentos cujas respostas estabelecidas: o que se aprende quando se ouve o professor lendo? Em que momentos as crianças se apropriam da “linguagem dos contos”? Como ter acesso às antecipações e inferências que as crianças presumivelmente fazem ao tentar ler um texto por si mesmas? Quando se pode dizer que o aluno aprendeu a recomendar livros ou a confrontar diversas interpretações?... Portanto não é simples determinar com exatidão o que, como e quando os sujeitos aprendem essas praticas. As diferenças que existem no propósito de leitura e da escrita dentro e fora da escola, são: na escola o ato de ler e escrever esta vinculada ao ato de gerar conhecimentos, que todos precisamos aprender para a vida. Já o ato de escrever para manter contato. Ler para conhecer outro mundo possível, costumam ser relegados ou até mesmo excluído de seu âmbito, apresentando um paradoxo, se a escola ensinar ler e escrever com o único proposito de que os alunos aprendam a fazê-lo, eles não aprenderão a função social da leitura e da escrita, se a escola abandona os propósitos didáticos e assume os da pratica social, estará abandonando ao mesmo tempo a sua função de ensinante. O ensino possui uma estrutura, conforme o tempo, seguindo uma progressão linear, cumulativa e irreversível, distribuindo os conteúdos em parcelas de saber e de tempo graduando as dificuldades. Tal organização entra em contradição não apenas com o tempo da aprendizagem como também com a natureza das praticas de leitura e escrita. Os limites impostos pela educação apresentam-se um conflito de interesses entre o ensino e o controle da aprendizagem: se põe o ensino em primeiro plano, é preciso renunciar a controlar tudo; se põe o controle da aprendizagem em primeiro plano, é preciso renunciar a ensinar aspectos essenciais das praticas de leitura e escrita. É imprescindível, compartilhar a função avaliadora. É preciso delegar ás crianças a responsabilidade de revisar seus escritos, permitindo que se defrontem com problemas de escrita que não poderiam descobrir, se o papel de corretor fosse assumido sempre pelo professor. Ao diminuir a pressão do controle, torna-se possível avaliar aprendizagens que antes não ocorriam: como o professor não comunica de imediato sua opinião, os alunos expressam suas interpretações, confrontam-nas, detectam erros, buscam informações para corrigi-los... E todas essas ações proporcionam novos indicadores dos progressos que as crianças realizam com leitores e escritores. É assim que as dificuldades vão sendo resolvidas. Analisar o real é muito duro, mas é imprescindível quando se assumiu a decisão de fazer tudo que é possível para alcançar o necessário: formar todos os alunos como praticantes da cultura escrita.