A língua portuguesa falada no Brasil difere da língua portuguesa falada em An-gola, Portugal, São Tomé e Príncipe, Mo-çambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e Gui-né Equatorial, isto ocorre pelas diferenças socioculturais, políticas e econômicas que existem em cada país, historicamente a lín-gua portuguesa originou-se do galego portu-guês que por sua vez originou-se do latim vulgar, dando assim origem ao português falado no Brasil que recebeu influencia das línguas indígenas e africanas.
Neste artigo vamos explicar o motivo e a importância da valorização da língua
materna no Brasil, visando a norma culta e suas variedades, tendo a leitura e a escrita como principal meio de expressão cultural das varias regiões que formam o estado bra-sileiro, através da fala e da escrita em seus mais variados contextos situacionais, norma culta versus variantes regionais.
Abordaremos o papel da escola na for-mação de indivíduos capazes de adequar seu discurso e sua escrita de forma adequada as
varias situações do uso da língua, que sejam críticos e tenham iniciativa para resolver questões à que se propuserem, para isto se faz necessário que todo professor de qual-quer disciplina ensine língua portuguesa à seus alunos, no Brasil existe ainda uma gran-de carência de profissionais graduados, e até mesmo entre os que já estão graduados exis-te um baixo nível de conhecimento adequado ao grau de estudo em que este indivíduo en-contra-se, por isso queremos mostrar que não basta políticas educacionais ou econômicas se, a língua materna em nosso país é despres-tigiada e desvalorizada por aqueles que deve-riam amar e proteger seu próprio idioma, ou seja, todos nós brasileiros.
A valorização da língua.
As principais diferenças entre a língua portuguesa falada no Brasil e aquela falada em outros países onde fala-se o mesmo idio-ma estão na oralidade, podemos encontrá-las no vocabulário, nas construções sintáticas, em certas expressões e na pronuncia, e isto reflete-se na escrita não padrão, pelo fato de ela utilizar o modelo oral em suas constru-ções, que no caso do Brasil, difere de outros países economicamente, socialmente, cultu-ralmente é muito natural que estas diferenças ocorram, pois todas elas se manifestam atra-vés da língua, afinal em sua totalidade ela representa as culturas do povo a qual perten-
ce, por isto faz- se necessário sua valoriza-ção. Quantas vezes em nosso cotidiano ouvi-mos alguém dizer que a língua de outro país é mais fácil ou mais bonita que a nossa, isto ocorre porque nossa língua e nossa cultura tem sido desprestigiada, na maioria das ve-zes por aqueles que deveriam exaltá-la, ou seja, todos nós brasileiros, principalmente os docentes de todas as disciplinas.
¨ A língua portuguesa, nesses noventa e cinco anos, se manteve muito bem, obrigada, falada e escri-ta por cada vez mais gente, produziu uma literatura reconhecida mundialmente, e propagada também em nível internacional pelo grande prestigio de que goza a musica popular brasileira entre tantas outras pro-vas de sua vitalidade ¨. ( Bagno, Marcos. 2007, p 22).
A importância da fala e da escrita.
Embora os indivíduos aprendem a lín-gua materna no seio familiar por meio da oralidade, só em seu futuro já na escola irão aprender a colocar na forma escrita tudo a-quilo que já está internalizado, faz parte de um processo cognitivo onde o indivíduo terá que associar o significado ao significante, ou seja o som e a imagem da palavra falada a grafia da palavra escrita. Por isso é correto afirmar, que tanto a fala, como a escrita são contextualizadas, planejadas, concretas, pre-cisas e integradas, como educadores deve-mos deixar claro a nossos alunos, como e quando realizar sua oralidade e escrita dentro das varias situacionalidades da língua, pois as duas são modalidades que representam de forma distintas nosso idioma.
“Não resta dúvida de que a escola deve ocu-par-se particularmente com o ensino da escrita, não havendo nada de errado nisso, mas é bom frisar que o domínio da língua e seu conhecimento primeiro é de natureza oral.” Marcuschi, (fala e escrita, p 16).
A expressão cultural na linguagem.
De fato no Brasil, por sua extensão ter-ritorial faz-se importante observar as varian-tes diatópicas que, são as variações geográfi-cas que ocorrem na língua e, que por este motivo representam a cultura regional do povo, afinal através da leitura e da escrita a cultura tem sido manifestava, nos mais varia-dos tipos de textos poéticos, jornalísticos, didáticos, contos, prosas, fabulas. Como no poema da musica Lourinha Bombril, dos Pa-ralamas do Sucesso, que em seus versos, re-presenta claramente a diversidade cultural brasileira e portanto a linguística:
“Essa crioula tem o olho azul Essa lourinha tem cabelo Bombril Aquela índia tem sotaque do Sul Essa mulata é da cor do Brasil
A cozinheira tá falando alemão A princesinha tá falando no pé A italiana cozinhando o feijão A americana se encantou com Pelé”
Por esta razão, dar a regionalidade seu real valor, não significa desvalorizar o norma padrão da língua, é claro que o brasileiro fala bem o português, mas nem sempre se expres-sa ou escreve de forma adequada as situacio-nalidades que lhes são apresentadas, dito isto
fica evidente que a desvalorização das cultu-ras existentes em nosso país, não favorecerão a necessidade do amadurecimento enciclopé-dico acadêmico de que tanto precisamos. Certamente a norma culta ensinada nas escolas de todo o Brasil, faz-se necessária tanto internacionalmente, para que haja no idioma da língua portuguesa uma padroniza-ção, como nacionalmente, para que toda a criança que esteja na escola, aprenda a língua da mesma maneira, mesmo estando em luga-res como no interior do Amazonas ou na re-gião central de São Paulo, ou seja, para man-ter os direitos dos cidadãos brasileiros , e a unidade na educação.
¨ passar a respeitar igualmente todas as varie-dades da língua, que constituem um tesouro precioso de nossa cultura... ¨ Temos de levar em consideração a presença de regras variáveis em todas as varieda-des, a culta inclusive¨ . ( Bagno, Marcos. 2007, p52).
A educação e a valorização da língua.
Porquanto todos os professores são lei-tores da língua portuguesa e, praticantes dela e, sendo eles educadores comprometidos com a sociedade em que vivem, podem e devem fazer intervenções através de suas práticas, nas leituras e nas escritas de seus alunos, tomemos como exemplo o professor de matemática, que precisa que seu aluno interprete os problemas para que este possa resolve-los, bem é através do domínio da lei-tura e da escrita que esta interpretação terá o
sucesso desejado, portanto é justificado que este educador não abstenha-se na hora de corrigir erros de gramática, ou de significa-ção, ou de expressão que estejam relaciona-dos com a língua materna do estudante, no nível de linguagem adequado à prática que esta em atividade, o mesmo ocorrerá em to-dos as disciplinas, pois todas fazem uso da língua para interpretar suas práticas.
“Procurando desenvolver no aluno a capaci-dade de compreender textos orais e escritos e de as-sumir a palavra, produzindo textos em situações de participação social, o que se propõe ao ensinar os diferentes usos da linguagem é o desenvolvimento da capacidade construtiva e transformadora”. (PCNs, 1998: 41).
Todavia se o professor, de matemática ou geografia, ou de qualquer outra matéria desqualifica nossa língua, criando preconcei-tos, a criança que esta em sala de aula, além de perder o interesse, achará que a língua Portuguesa do Brasil não merece o mesmo respeito e admiração que outras línguas fala-das pelo mundo. Pois só através da educação o Brasil avançará, mas esta deverá levar em conta o multiculturalismo brasileiro, que faz do nosso país, um universo cultural rico, do qual todo brasileiro deve orgulha-se, mas pa-ra que isto ocorra, é necessário que a valori-zação da língua do “Brasil” comece pelos educadores neste país, que são os indivíduos, detentores do conhecimento e com a incum-bência de ensinar ao aluno a apoderar-se des-
te.
“ falar da língua é falar de política, e em ne-nhum momento esta reflexão política pode estar au-sente de nossas posturas teóricas e de nossas atitudes praticas de cidadão, de professor e de cientista. Do contrario, estaremos apenas contribuindo para a ma-nutenção do circulo vicioso do preconceito linguístico e do irmão gêmeo dele, o circulo vicioso da injustiça social ” . ( Bagno, Marcos. 2007, p 72).
Considerações finais.
Parafraseando nosso querido poeta Mario Quintana: “ Se as coisas são inatingí-veis, não é motivo para não querê-las”, o que seria da educação, se não fora o caráter e a firmeza dos educadores… Este artigo buscou esclarecer, que não basta políticas sociais, e educacionais, sem a valorização da nossa cultura e consequentemente da nossa língua e, que isto só pode ocorrer de dentro da esco-la, talvez não seja justo que o professor tenha em seus ombros este jugo, mas felizmente ele detêm o conhecimento para fazê-lo, o que começou com Paulo Freire, através do “Conhecimento de mundo”, deve continuar e, esta nas mãos dos futuros professores, pes-quisadores, produtores de conhecimentos científicos de nosso país, não é nem um pou-co difícil, a nenhum de nós brasileiros, lem-brar-nos de como a língua é importante em nossas vidas, é só pensar que do momento em que acordamos já conheçamos a fazer uso dela, e que as vezes até quando dormi-mos, em nossos sonhos ainda utilizamos- lá .
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Bagno, Marcos. A língua de Eulália : novela sociolinguística, 15. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
Bagno, Marcos. Preconceito Linguístico, 1999 Ed. São Paulo Edição LOYOLA.
Candau, Vera Maria (org.), (2003). Somos tod@s iguais? Escola, discriminação e educação em direitos humanos. Rio de Janeiro.
Koch, Indegore Villaça. Ler e compreender: os sentidos do texto, 2.ed/São Paulo, 2008.
Marcuschi, Luiz Antônio e Dionisio, Angela Paiva. Fala e escrita. ed., reimp. Belo Horizon-te: Autêntica, 2007.
http://www.mensagenscomamor.com/poemas_e_poesias_de_mario_quintana.htm
http://www.vagalume.com.br/paralamas-do-sucesso/