Leitura do espetáculo teatral “Um Hamlet” com direção de Teresa Costalima do curso de interpretação teatral da escola técnica de formação de atores SITORNE, localizada no bairro do Rio Vermelho.

 

QUANTO AO TEXTO:

O espetáculo faz releitura de algumas obras clássicas do teatro mundial, como o próprio texto original “Hamlet” de William Shakespeare, um dos maiores escritores do teatro. E doHamlet Machine”, de Heiner Müller, além de outras referências como Artoud e Stanley Kubrick.

É um espetáculo de artistas/estudantes de arte para artistas e críticos, pois é de extrema complexidade pela variadas referências e personagens de diversos clássicos, textos fragmentados e vez ou outro em certa contemporaneidade; não que o público em geral não entenda a história de amor e loucura que cruza todos os personagens, mas não é só isso o espetáculo, ele vai muito além pela mistura de época e personagens de varias obras. Pela referência cinematográfica e do expressionismo.

 

QUANTO A MONTAGEM:

A encenação é dividida entre o palco e a plateia, com apenas trinta lugares para os espectadores, e pode ser assistida tanto do palco, que deixa lugares para a plateia como do próprio espaço em forma de semicírculo.

 

QUANTO AO FIGURINO:

Peças das quais nos remete ao teatro clássico e trágico, com cores pretas (representando os lutos, pelas mortes que ocorrem na história) e vermelho que representa o sangue ali derramado, o sexo, o pecado, além da cor dourada que remete a riqueza da Dinamarca, cocal de origem da história.

 

 

 

QUANTO AO CENÁRIO:

Trono do Rei, muitos quadros com fotografias mostrando as gerações passadas da família monarca da Dinamarca, mesas, tapetes, divã, além de outros elementos simbólicos como televisores espalhados por toda sala do teatro.

 

QUANTO A TRILA SONORA:

Músicas de fundo, e curtas, fragmentadas, recortes e na maioria apenas introduções, em grande parte composta pelos Beatles além de uma bateria que faz o som ao vivo no fundo da plateia central, da qual faz as principais batidas de transição das cenas e de acontecimentos, como a chegada do Rei, ou da Rainha, ou ainda da morte da personagem Ofélia vivida peça atriz Rebeca Duarte.

 

QUANTO A LUZ:

Seguindo a concepção textual e cênica. Cenas escuras, fúnebres, sombrias e alguns tons azulados e avermelhados.

 

OPINIÃO GERAL:

Um espetáculo lindo esteticamente, do qual a direção foi inteligente em explorar os atores da melhor forma possível e das próprias obras de referência. Bonito e emocionante, ora chocante, ora leve e pausado. Seria interessante que os visores das televisões que estão compondo o cenário dialogassem mais com a história, sendo ligadas, sem imagens, apenas chuviscando, ou ainda ligada passando acontecimentos relevantes para o entendimento do público na história e que não cabe uma cena mostrar e falar, enfim, várias formas de explorar o objeto cênico. Outra questão, é a participação do público, aonde as personagens das bruxas, chega a falar no ouvido, essa interação poderia ser mais, até mesmo por que o público  em sua grande parte é do teatro.

Uma história de amor e loucura, essas são palavras que definem esse espetáculo, que emociona e põe-nos em reflexão do nosso “eu” e do universo como todo.