LEIBNIZ E A EXISTÊNCIA DE DEUS.

 

PARTE 1* Se alguma coisa fosse necessária ao Universo ela estaria nele todo, pois o Universo não poderia existir sem ela, então nada de particular pode ser necessário ao Universo, logo o fundamento necessário do Universo tem que ser universal. Se existissem vários Mundos ou vários Universos de forma que nenhuma suposta substância estivesse na totalidade de tudo, então nenhuma dessas supostas substâncias seria necessária a totalidade das coisas, pois se uma dessas supostas substância fosse necessária a totalidade das coisas nenhuma parte da totalidade das coisas poderia existir sem ela, pois ela seria necessária a todas as partes da totalidade de tudo, mas como nenhuma dessas supostas substâncias estariam em toda a totalidade a totalidade das coisas pode existir sem qualquer uma dessas supostas substâncias, logo nenhuma dessas supostas substâncias existe por si mesma ou é imutável. Portanto para que algo fosse uma substância imutável ou existisse por si mesma ela teria que ser necessária a totalidade das coisas ou ser o mais abrangente possível. PARTE 2* O Universo tem um fundamento necessário, pois nem tudo pode mudar no Universo. Por exemplo nem mesmo Deus pode contradizer o incontradizivel ou mudar o imutavel, pois o incontradizivel não é contradizivel e o imutavel não é mutavel. Consequentemente existe algo absoluto no Universo ou algo que nõa pode mudar por nenhum meio. PARTE 3* A prova cosmológica de Leibniz diz que tudo que não é possível por si mesmo é possibilitado por outra coisa, logo existe algo que é possivel por si mesmo ou tudo seria impossível e se tudo fosse impossivel o impossivel poderia acontesser, logo o impossivel seria possivel, pois ele poderia acontecer, mas isso é uma contradição que não é verdadeira, pois como mostramos na parte 2* existe algo absoluto no Universo ou algo que nem Deus poderia mudar, logo tudo é possivel e por isso existe algo absoluto que possibilita tudo, pois como mostramos na parte 1* Se alguma coisa fosse necessária ao Universo ela estaria nele todo. Aquilo que possibilita tudo escolhe o que vai existir ou não no Universo, pois tudo que é particular é desnessessário ao Universo e por isso existe pela escolha daquilo que lhe possibilita. PARTE 4* Para que um movimento fosse constante no tempo seria preciso que infinitos intervalos de tempo chegassem ao fim, pois antes que um tempo finito chegasse ao fim ele teria que chegar a metade do intervalo, depois a um quarto do intervalo, depois a um oitavo do intervalo e assim infinitamente. Porém o infinito não tem fim e por isso nenhum movimento pode ser constante no tempo. (Observação: o movimento na sua forma mais simples é imediato no tempo ou sem duração). Como nenhum movimento pode ser constante no tempo há uma sucessão de repouso e movimento no universo de forma que o movimento não é necessário ao universo, pois se fosse o universo não poderia existir sem ele e, portanto, não haveria momentos de repouso no universo. Como o movimento não é necessário ao universo, ele não tem uma tendência há existir, mas poderia nunca ocorrer. Portanto não existe uma predestinação inevitável para os fatos, mas diversas possibilidades para o movimento. Diante de diversas possibilidades para o movimento e nenhuma tendência para sua existência é necessário que ele seja gerado voluntariamente ou ele jamais ocorreria. Por isso todo fato é voluntário. Eu também poderia deduzir a liberdade que causa todo movimento apartir da parte 1*, pois se nada de particular é necessário tudo que é formado por coisas particulares poderia ser diferente, logo toda mudança é alternativa. PARTE 5* No argumento a partir da realidade das verdades eternas Leibniz diz que todas as possibilidades existem pelomenos como pensamento de Deus e que por isso Deus é Oniciente. Se as possibilidades fossem materiais tudo que fosse possível já faria parte do Mundo e por isso nada mais poderia passar a existir no Mundo. A possibilidade da existência da matéria ainda não é a matéria, mas o Mundo material é um fato. Consequentemente as possibilidades ainda não são materiais. Se as possibilidades não são as próprias coisas elas são diferentes de todas as coisas do Mundo. Como elas não são as coisas elas são como o projeto das coisas ou como o pensamento de Deus. Se tudo fosse predeterminado todas as possibilidades seriam anteriores a todos os fatos e por isso todas as possibilidades sempre seriam possíveis, logo todo fato seria uma escolha entre várias alternativas ou possibilidades, logo nenhum fato seria de fato necessário. O que faz com que as coisas sejam fatos são as possibilidades, por isso o nexo causal entre as coisas não é necessário, pois como várias possibilidades são sempre possíveis, nenhuma coisa precisa ser antecedida nem sucedida por outra, mas várias coisas são sempre possível ao mesmo tempo, logo o nexo causal entre as coisas é sustentado pela escolha de algo. Consequentemente o que faz as coisas passarem a pertencer ou deixarem de pertencer ao Mundo é algo de constituição diferente de tudo aquilo que há no Mundo, logo Deus está em parte fora do Mundo, pois ele é a causa de tudas as coisas e também é Oniciente, pois a possibilidade de todas as coisas é como projetos de Deus. PAETE 6* No argumento teológico Leibniz diz que existe uma ordem no Mundo que não é necessária e que portanto é causada por Deus. Isso que Leibniz afirma é verdade, pois como vimos na parte 4* nenhuma ordem ou desordem são necessárias ao Universo, pois tudo ocorre pela escolha de algo e como vimos na parte 5* O que faz com que as coisas sejam fatos são as possibilidades, por isso o nexo causal entre as coisas não é necessário, pois como várias possibilidades são sempre possíveis, nenhuma coisa precisa ser antecedida nem sucedida por outra, mas várias coisas são sempre possível ao mesmo tempo, logo o nexo causal entre as coisas é sustentado pela escolha de algo. Como vimos na parte 1* aquilo que possibilita tudo escolhe o que vai existir ou não no Universo, pois tudo que é particular é desnessessário ao Universo e por isso existe pela escolha daquilo que lhe possibilita. PARTE 7* No argumento ontológico Leibniz diz que pela ideia que temos de Deus como ser perfeitíssimo nós só poderemos considerar Deus como existente, pois sem a existência não há perfeição. Como vimos na parte 1* todas as coisas particulares são feitas por Deus, logo Deus escolhe criar as coisas mais importantes para ele e como as coisas são importantes em relação aos valores de Deus, nada é superior à Deus em valor. Portanto Deus é perfeitíssimo, pois ele possui todos os atributos mais importantes já que tudo vem dele. PARTE 8* No argumento modal Leibniz usa o argumento cosmológico para fundamentar a existência de um ser necessário, pois ele afirma que se não existe o ser que torna os seres possibilitados possiveis ou um ser que é possivel por se mesmo, então não haveria nada, pois simplesmente nada seria possivel. Para terminar eu gostaria de dizer que para que a Lógica tenha coerência ela não pode ter contradição entre suas partes, logo a propria Lógica pressupôe a não contradição e por isso se a Lógica negar a não contradição ela estará negando a si mesma. Consequentemente existe um Deus onipotente, pois segundo este texto o absoluto tem poder sobre tudo no Universo, existe um Deus oniciente, pois como Deus poderia ter poder sobre tudo no Universo sem conhecer tudo sobre o Universo e todas as suas possibilidades? Também existe um Deus onipresente, pois o que é necessário ao Universo está em tudo. Por último eu gostaria de dizer que não é necessário que a Santíssima Trindade seja uma contradição, pois o Pai é um com o filho porque eles possuem o mesmo Espírito que Une os Três.