Lei Seca, Impostos e, falta de Educação como Política de Estado.

Arnaldo Chuster[1]

Quando um país não valoriza a Educação esclarecida como sua essência cultural e a substitui por medidas repressivas o resultado é apenas um: o fascismo.

Vejam como exemplo o trânsito urbano. Nítido representante do “espaço social” ele apresenta diversas evidências da famigerada ideologia.

Políticos, categoria que fizeram de tudo para ser de reputação duvidosa, decidem por uma “Lei Seca”, absolutamente sem imaginação, a começar do nome (obviamente copiado da puritana e fascista lei americana dos anos 20). Não satisfeitos a tornam num segundo momento ainda mais fascista.

Qual era o objetivo final do fascismo senão a soberania do Estado sobre todos os assuntos e sem discussão?

O fascismo acreditando no tradicionalismo, ou seja, num projeto de manutenção ilimitada sem alternância partidária no poder (como é o PT) não prega o pensamento e nem o valor do diálogo social.

Podem até valorizar o diálogo, mas desde que se façam reuniões para decidir o que já está decidido.

Os dirigentes (Duce, Führer, Chávez, etc.) representam uma espécie de decisão “divina” que cabe ao povo acatar, sem discutir. Assim, não há porque investir em Educação uma vez que esta conduz ao pensar e este naturalmente à resistência aos regimes autoritários e/ ou falsamente democráticos. Daí vem a pobreza de espírito que mantém os pobres na pobreza, produz os ricos miseráveis e uma classe média cada vez mais medíocre e consumista.

Note-se que uma escalada desta “Lei Seca” não está longe de ocorrer. Basta ver que ela veio para violar a intimidade do cidadão sob o pretexto de salvar vidas. Este é o discurso convincente de toda tirania.

Recentemente já se cogitou criar um sistema móvel de caça aos inadimplentes do trânsito. Ninguém questiona as razões da existência de tantos inadimplentes, embora a resposta seja óbvia: o IPVA é um imposto abusivamente caro e ilegal, que não reverte em nada para a melhoria das condições do trânsito e do estado das ruas e estradas. Todo o imposto que um cidadão deveria pagar para esta área de sua vida civil já foi pago quando comprou o carro por um valor 50 a 60% mais caro do que em qualquer outro país.

Por que não se cobra o IPVA na bomba de gasolina? Quem rodar mais democraticamente pagará mais. E assim não precisaríamos mais dos bancos recolhendo taxas e mais taxas, enriquecendo-se de modo absurdo e repassando para um Estado inepto para aplicar tais recursos.

O que virá depois desses monstrengos?

Se nada fizermos em breve haverá blitzes na rua para verificar quanto dinheiro você carrega no bolso e, logo vão entrar nas casas sem permissão para verificar qualquer coisa que desejarem extorquir ou eliminar.

Em um país que tem uma 13ª edição de um programa como Big Brother fazendo sucesso, conduzido por um “jornalista” supostamente da “elite intelectual”, não duvidem do que a tirania pode fazer.


[1]- Psiquiatra e Psicanalista no Rio de Janeiro. Professor do Instituto W. Bion em Porto Alegre.