LEI PRA CACHORRO

Deus nos deu o livre arbítrio, as escolhas são nossas e as consequências também, assim, quem gosta das rosas deve estra preparado para suportar os espinhos das roseiras, ou então, como faz o Roberto Carlos, pagar mais caro e comprar as rosas já sem os espinhos para presentear a plateia sem machucá-la.

Amar é bom, mas ninguém que ama está livre das dores e também de alguns pequenos dissabores ou de algumas renúncias.

Conta-se uma história de um casal que festejava 50 anos de casamento, quando um repórter perguntou ao marido o segredo de tanto tempo de convivência e ele disse:

"Sempre gostei de comer a ponta da bisnaga do pão, mas desde que casei, deixei de comê-las para dá-las para minha esposa."

Mais a frente respondendo à mesma pergunta a esposa disse assim:

"Detesto comer a ponta da bisnaga do pão, mas desde que me casei com ele, as como todos os dias"

Em que pese puder ser este episódio visto como uma total falta de comunicação entre o casal, podemos, sem dúvida, concluir que para um bom relacionamento temos que renunciar a alguma coisa, ou assumir algum encargo, em função de algo que desejamos, é uma relação de custo benefício.

Isto se dá em todas as escolhas que fazemos em nossas vidas.

Quem tem um cão ou mais de um cão, tem que ter o trabalho de cuidar bem deles, carregar um saquinho para recolher as fezes deles nas ruas e nas calçadas dos vizinhos, evitar que eles, com seus latidos, tirem o sossego dos vizinhos e assim por diante.

Podia ficar sem estes encargos, se ficasse também sem um cão, mas já que quer ter um cão, então deve assumir também estes ônus de uma boa convivência com os seus vizinhos.

Nossos legisladores pensam que suas funções políticas sejam outras e se distanciam muito do sua principal obrigação, qual seja legislar, elaborar boas leis que regulem uma perfeita convivência entre as pessoas, leis exequíveis, de fácil entendimento, fácil cumprimento e um com um apenamento adequado, em caso de seu descumprimento.

Precisamos inclusive de uma legislação que torne o nosso judiciário mais preventivo que repressivo.

Assim, pendencias como dificuldades de convivência pacífica entre vizinhos, por conta de cachorros, poderiam ser resolvidas facilmente, sem a necessidade de mais um processo no oceano de processos judiciais em curso em nosso país.

Bom, enquanto nosso legislativo fica somente nos burburinhos políticos, o nosso judiciário, forçosamente, julgando casos do cotidiano, vai firmando jurisprudência, que se tornam normas comportamentais e sociais e nosso legislativo, capengando, vem legislando a reboque do nosso judiciário.

Como exemplo podemos observar que foi o judiciário que criou a jurisprudência da paternidade presumível, com a recusa do réu em fazer o teste de DNA em ações de investigação de paternidade, para, depois, o legislativo transformar estas decisões em leis.

Se perquirirmos, vamos ver inúmeros outros casos semelhantes.

A vida nos dias de hoje difere em muito da vida nos idos dos anos 60 e hoje precisamos urgentemente de uma legislação aplicável a guarda e criação de cães em residências e apartamentos que regule ainda, além do barulho provocado por cães aos vizinhos, como seus latidos, a questão higiênica destes animais, nas ruas, calçadas, parques e jardins.

São pequenos problemas que precisam de soluções simples, não é possível que as pessoas não possam viver em paz, tendo que suportar latidos de cães que deveriam aborrecer apenas aos seus donos e mais ninguém.

Também não é possível que pessoas que não tem cães sejam constrangidas a pisar em fezes de cães nas calçadas e nas ruas ou nas portas de suas casas, por absoluto desleixo dos proprietários dos cães.

Enquanto não se fizer uma legislação pra cachorro, teremos que levar casos simples como estes ao judiciário, é uma pena ocorram situações assim.