Kunio Yanagita – contribuições de suas reflexões para a ecologia contemporânea O objetivo deste artigo é fazer uma menção à um folclorista japonês, Kunio Yanagita (1875-1962) que deu uma contribuição importante para a ecologia, mais precisamente para a preservação dos recursos naturais das florestas, através das suas obras escritas. Kunio Yanagita (1875-1962), foi poeta na juventude, mais consagrou sua carreira como folclorista. Ele esteve engajado nos distritos rurais e pobres do Japão e teve uma atuação muito relevante nas pesquisas sobre a origem do povo japonês. Ė considerado um brilhante folclorista, e um pensador sobre os temas relacionados as florestas. Suas obras consideram a floresta como um ser de diferentes facetas, formando um todo que reúne os costumes de uma população ou povo, e incluindo nesta complexidade legendas, modo de vida, cultura, etc. Seus trabalhos e escritos poéticos e folclóricos são importantes na atualidade para promover a reflexão de que as florestas, por exemplo, são efetivamente mais que simples elementos da natureza, porque elas constituem sistemas que englobam uma cultura, tradições, representações folclóricas, também elementos cognitivos que vão além das crenças humanas. Assim sendo, Kunio Yanagita inspira também estudos tanto na área social, como ecológica, e pode enriquecer as abordagens e estudos sobre a ecologia contemporânea, através de suas próprias pesquisas. As florestas não são exatamente lugares exóticos, como muitas vezes estão relacionadas no imaginário popular, pois apresentam com evidências, muitos aspectos sociais e antropológicos, além de todas riquezas naturais relacionadas à biodiversidade. Observando uma floresta de longe, é possível imaginar que ela está reduzida à um aglomerado de paisagens, mais na realidade ou numa observação mais profunda é possível compreender que ela constitua um lugar excepcional para aqueles que dependem dela para viver, pois é ela que acolhe a vida selvagem, assim como fornece os recursos naturais que servem também para o desenvolvimento económico e social local. A floresta é também uma fonte de inspiração filosófica : na visão de Kunio Yanagita, ela aparece como tal, e é igualmente objeto de um problema real da época da modernização do Japão. À partir da época da modernização do Japão, este folclorista observou as mudanças no espaço social da sociedade japonesa, e escreveu ensaios importantes, por exemplo, sobre a evolução brutal de uma sociedade e os efeitos sobre a floresta e a paisagem. Suas pesquisas sobre os problemas das florestas do norte e do sul do arquipélago japonês serviram para considerar a importância da preservação das espécies, mais principalmente criticar e se opor ao projeto imposto por Meiji (política e modernização do Japão, entre 1868 e 1912) que previam a fusão dos santuários xintoístas e a promoção do desenvolvimento de templos sagrados por meio da derrubada de árvores dentro e nas vizinhanças dos santuários. Sua principal obra nesse período foi ‘’Tsuka to mori no hanashi’’, ‘’Recito do túmulo da floresta’’, sobre a floresta como lugar de veneração dos espíritos, sem as florestas que envolvem e protegem os santuários, os japoneses não seriam incentivados à desenvolver o sentimento do sagrado. Assim senso, é natural que a floresta seja reverenciada, pois sua origem remonta à milhões de anos . Para ele a floresta possuía um significado místico, pois comparando a população do sul e do norte do Japão, ele remarcou duas visões diferentes na sociedade da época: • A população do sul glorificava a floresta como santuário e venerava a natureza, já a do norte considerava a floresta como o mundo dos espíritos e o lugar de habitação do homem das montanhas. Na verdade, esse folclorista japonês tentou compreender como a floresta estava ligada à vida e aos costumes de um povo ao redor dela. Suas experiências de campo nos ajuda também na formulação de reflexões sobre os problemas atuais que enfrenta o meio ambiente, por exemplo, a desflorestação, mais também a utilização descontrolada dos recursos naturais, no Brasil e no mundo. Enfim, a preservação ambiental, por exemplo, das florestas e da sua biodiversidade são necessárias, e para enfrentar tal desafio do século presente, a sociedade civil e as autoridades públicas devem se aliar nesse propósito.