Judas Thadeu Teixeira vinha de Campinas diariamente para lecionar na FEI SBC. Era uma longa viagem que fazia sempre com prazer, pois gostava sinceramente de ensinar. Apreciava o contato com os alunos, de ouvi-los e transmitir seus conhecimentos, sempre com muita humildade e paciência.

         Estava sempre presente nos almoços e jantares de confraternização dos professores do departamento de Administração.  Era uma figura generosa e tolerante. Lembro-me de uma noite quando fomos comemorar o seu aniversário em uma pizzaria. O professor Paulon, que também foi seu aluno, providenciou um bolo de aniversário para homenageá-lo. Um jovem colega professor no alto do entusiasmo, passou o dedo na cobertura do bolo e lambuzou o nariz do Thadeu. Todos pararam diante do inusitado. “Ele vai levantar e sair”, disse alguém depois do tamanho acinte a uma figura séria e circunspecta como o Thadeu. Mas para a surpresa de todos, ele retirou o lenço do bolso e limpou o nariz e sorriu demostrando compreensão com a brincadeira.

        Mas era um homem corajoso e determinado. Uma noite quando pegava a estrada de volta, foi vítima de um assalto. Ele reagiu e foi esfaqueado dentro do carro, exemplo que ninguém deve seguir.  Mesmo ferido, foi dirigindo até um hospital onde foi socorrido. Mas não desanimou e continuou sua trajetória de vida até onde foi possível.

     Há alguns anos começaram seus problemas de saúde. Um pequeno ferimento com um carrinho de supermercado que não cicatrizava. Depois de alguns meses sem resultado procurou outro médico que sugeriu uma cirurgia vascular para restabelecer a circulação na perna. A cirurgia ao invés de resolver o problema, acabou complicando seu estado de saúde. Seus dedos começaram a necrosar e foi sugerida a amputação para evitar que o problema se ampliasse. Mas Thadeu não se convenceu de que teria de perder parte do seu corpo, afetando sua mobilidade. Era um homem de muita fé e foi a luta acreditando que poderia ter uma solução menos drástica através de um tratamento alternativo. Infelizmente foi tudoem vão. Adoença se alastrou e ele acabou perdendo a perna esquerda. Resignado, mas não derrotado, continuou na sua luta pela sobrevivência. Com uma prótese continuou suas atividades docentes viajando de Campinas para São Bernardo do Campo. Sua esposa Helena, revezando com sua filha, o acompanhavam em sua missão.

Thadeu, além de professor, foi um bem sucedido consultor na área da teoria da decisão, desenvolvendo uma metodologia inovadora que o tornou um profissional bastante requisitado no mercado. Com a doença, precisou abandonar o negócio e manteve apenas as atividades docentes.

Logo após a sua primeira cirurgia, por iniciativa do professor Sérgio Diório, fomos visitá-lo em Campinas, juntamente com o professor Theodoro Peters Filho. Lá passamos uma tarde falando de amenidades, buscando animá-lo para que se restabelecesse o mais rápido possível.

Mais recentemente afastou-se para mais uma cirurgia, desta vez para amputar a outra perna. Mas, infelizmente, não conseguiu se recuperar para a tristeza dos familiares e amigos.

Judas Thadeu Teixeira deixou-nos a lembrança de sua humildade, competência profissional e amor à arte de ensinar.  Que descanse em paz.