Juazeiro: mais cem anos de mesmice política e corrupção?

"O que há de podre no reino da Dinamarca?" Certa feita, tal indagação foi levantada e faz-se presente numa das mais importantes obras do genial dramaturgo inglês
William Shakespeare, em Hamlet. A ilação desferida pelo personagem central da peça teatral versava notadamente sobre a profundidade e complexidade da traição, e neste breve ensaio, voltaremos a reflexão da temática: "Juazeiro envolta num mar de lama, traição e corrupção".

Os fatos que atraíram nossa atenção para comunicar e alertar os cidadãos de Juazeiro numa "cruzada de moralidade", por meio deste grito de alerta, foi sem dúvida, o continuum processo de deterioração política envolvendo membros do executivo e legislativo local, traduzido no binômio: "agaste x desgaste", e tendo por protagonistas a principiante e dantesca "novel elite política" de nossa cidade. Tudo isso, caro leitor às vésperas do centenário.

Já preceituava Machado de Assis, que, "a vaidade é o princípio da corrupção". Analisando melhor a assertiva do literato, e admitindo que tal fenômeno permeia a sociedade civil, nas mais complexas relações humanas, perceberemos a real necessidade de nos melhorarmos enquanto seres humanos, primordialmente por termos delegado enormes poderes e responsabilidades àqueles que nos representam na confusa configuração do Estado Democrático de Direito.

Mas, afinal, qual é o significado da palavra corrupção?
CORRUPÇÃO deriva do latim corruptus, que significa "quebrado em pedaços", "apodrecido", "pútrido".

CORRUPÇÃO, caro amigo e leitor juazeirense, provém também do latim corruptione, a denotar, depravação, perversão e desmoralização. Envolve uma série de atos e comportamentos tais como: extorsão, peculato, prevaricação, nepotismo, patrimonialismo, entre outros.

Portanto, CORROMPER significa "tornar-se pútrido". Nos dicionários atuais, encontramos o seguinte significado para corrupção: "ação de seduzir por dinheiro, presentes, etc., levando alguém a afastar-se da retidão; suborno". O verbo corromper, por sua vez, significa "alterar; adulterar; subornar; deteriorar-se; perverter-se; depravar-se". A corrupção é um fenômeno social complexo e multifacetado, podendo ocorrer tanto na esfera privada quanto na pública.

É desnecessário persistir no afã de elaborar tratado filosófico-político a cerca da essência da corrupção, coisa que, aliás, todos estamos cansados de ver e ouvir na mídia,nas praças, ruas, escolas, tribunais, enfim, temos visto e ouvido falar de suas causas e conseqüências, muito embora, por raras vezes tenhamos assistido sua extirpação e real punição dos por ela envolvidos, razão pela qual, a impunidade e a insegurança jurídica estão em alta.

Que não se diga alhures, caro leitor, que Juazeiro, "terra santa e abençoada" está ilesa, vacinada e protegida desta chaga social! Curiosa e lamentavelmente, estimado concidadão, é da terra do saudoso patriarca, na chegada do centenário, que irrompem quase diuturnamente, caudalosos, temerários, abjetos e funestos atos ilícitos supostamente praticados por agentes que deveriam velar pelo bem da coisa pública e dos destinos político-administrativos de nossa urbe, quando ao revés, promovem verdadeira traição aos seus legítimos depositários,ou seja, o eleitorado de Juazeiro.

Ao longo de décadas, a população juazeirense; sim, eu, você caro leitor e tantos outros, assistimos como que, "anestesiados, entorpecidos e bestializados a perpetuação da mesmice conjuntural política de Juazeiro", quase sempre de maneira passiva e ordeira às dezenas de suspeitas, indícios e denuncias de corrupção ao erário público desta cidade. Destarte, ao nosso povo sofrido de Juazeiro, relembro as palavras de um personagem, ativista político e pensador do século XX, Lênin, o qual, com simplicidade, mas com muita proficiência asseverou: "O QUE FAZER?

Esta indagação revolucionária, obviamente adequada a outro contexto, é tomada agora por este humilde observador que vos fala, e que cansado, e indignado como muitos nesta cidade, de assistir passivamente às denúncias proferidas na mídia local resolveu neste artigo entabular uma breve reflexão sobre a gravidade da situação político-institucional de Juazeiro do Norte, repito: às vésperas de seu centenário político. Ao mesmo tempo, conclamo você leitor(a), cidadão(ã) e eleitor(a) juazeirense, a refletir seriamente dando "UM BASTA" à esta "PÚTRIDA ELITE POLÍTICA" e seus mórbidos representantes, que estão "sugando" e deteriorando nossas vidas e futuro de Juazeiro do Norte.

Gostaria de saber, como outros membros desta comuna, o que tem sido feito efetivamente para conter a avassaladora onda de denúncias de corrupção, tão propalada nos últimos anos pelo poder legislativo de Juazeiro, e não se sabe por que "cargas d'água", minguaram nos últimos dias? Terá sido obra da "providência divino-política"? Há lembrei, provavelmente o "acaso" protagonizou o "grandioso censo de dever cívico-administrativo" numa fantástica cruzada pela governabilidade de Juazeiro! Outrora inimigos, agora juntos, legislativo e executivo, "tudo pelo bem da terra do Padre Cícero"! Só esqueceram de uma coisa: não acreditamos em "contos da carochinha", muito menos em história "pra boi dormir"! A omissão, tanto quanto a prática de atos ilícitos, revelam a cruel e danosa realidade política na qual estamos assemelhados e reféns.

Gostaria de saber ainda na condição de cidadão desta comuna, que atitudes o Ministério Público local e o Poder Judiciário, têm realizado ou farão, se assim desejarem, diante das referidas e noticiadas denuncias? Cobremos e exijamos mais respeito e dignidade no exercício das funções públicas daqueles que nos representam, notadamente toda a transparência no exercício da atividade político-pública, quer seja no Poder Executivo ou no Legislativo, inclusive com a apuração in totum do que foi referenciado na mídia, e que sob suspeição encontra-se.

É dever nosso como cidadãos juazeirenses ficar atentos aos acontecimentos, e cobrar efetivamente a apuração e punição dos supostos atos ilícitos cometidos, "DOA A QUEM DOER", vez que, enquanto os corruptos agem na surdina dos gabinetes em nossa cidade, a surrupiar o erário público, mais crianças deixam de receber merenda escolar digna, mais pessoas morrerão nas filas dos hospitais públicos, não serão atendidas nos postos de saúde, bem como, as crianças e alunos de Juazeiro, continuaram a receber ensino público de péssima qualidade, a perpetuar o chamado "PACTO DA MEDIOCRIDADE EM EDUCAÇÃO"!

Decorridos cem anos de emancipação política, da qual, continuamos reféns de grupos político-oligárquicos totalmente descompromissados com as verdadeiras causas do povo de Juazeiro, indago-vos queridos e sofridos cidadãos: "ATÉ QUANDO CONTINUAREMOS PASSIVA E ORDEIRAMENTE A ASSISTIR E PERMITIR A PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DE MAIS TRAIÇÃO, DESMANDOS E CORRUPÇÃO EM JUAZEIRO? È SOB O MANTO DESTE TRAJICÔMICO 'status quo' E SEUS NEFASTOS EFEITOS QUE SERÁ LEGADO ÀS FUTURAS GERAÇÕES DE JUAZEIRO MAIS CEM ANOS DE 'PÃO E CIRCO', MISÉRIA, INCERTEZAS E FRUSTRAÇÕES? ACORDA JUAZEIRO!