JOGOS COOPERATIVOS:

MAIS COOPERAÇÃO MENOS INDIVIDUALISMO

 

Francisco Hildegard Sales Canuto*

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Gerciqueli Bezerra moura*

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Raimunda Marta Rodrigues de Oliveira*

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RESUMO

 

Trabalhar com casos de indisciplina dentro das escolas é um dos grandes desafios dos professores atualmente, é de fundamental importância identificar qual o papel do professor nessas situações de conflito. O objetivo desse trabalho é demonstrar a importância dos jogos cooperativos para a formação do aluno que terá de experimentar e vivenciar novas maneiras de jogar, sem a preocupação de competir. A educação física pode resgatar valores com os jogos cooperativos, onde o mesmo proporciona o desenvolvimento humano, cognitivo e social, por tanto o tema jogos cooperativos: mais cooperação menos individualismo, demonstra a importância do mesmo para professores, crianças e adolescentes. Através deste trabalho é possível entender que as abordagens da temática cooperatividade no ambiente escolar acabam levando de maneira a outra a trabalhar em grupo e promover a importância de todos transferindo assim, esses aspectos para o convívio social. A de se destacar que os profissionais da educação precisam ter a compreensão de que o jogo cooperativo é fundamental à medida que possibilite alegria e divertimento, possibilitando uma experiência rica em conhecimento, lidando com a vitória e derrota como ocasião do jogo não distinguindo o melhor e o pior. Após essa pesquisa bibliográfica conclui-se a importância e eficácia dos jogos cooperativos nas aulas de educação física, como forma de permitir que todos participem das aulas de maneira igualitária, longe de procurar aqueles que têm melhores habilidades e técnicas, demonstrando a importância de cada um individuo, formando cidadãos cooperadores é menos individuais.

 

Palavras-chave: Jogos Cooperativos. Educação Física. Alunos. Adolescentes.

 

1 INTRODUÇÃO

A procura da humanidade pela prosperidade e harmonia foi atropela pelo modelo competitivo que persuadiu as pessoas de que a própria felicidade impede a felicidade do próximo e vice versa, por tanto, nos tornamos mais sozinhos, individualistas e tristes. Há muito tempo descobrimos que podemos ser felizes juntos, e quando temos ajuda alcançamos nossos objetivos mais rapidamente. Partindo desse ponto de vista, veem a necessidade de fortalecer a cooperatividade nas escolas. Os jogos cooperativos instituem uma temática muito importante na área da Educação física que incide em um desafio significativo para todos os profissionais atuantes na área, para que essa cooperação realmente aconteça, é preciso proporcionar condições ao aluno de participar das atividades oferecidas pelas escolas de modo geral.

As escolas dão uma ênfase muito grande à transmissão de conhecimentos e ao desenvolvimento de habilidades que por vezes, estimula a insegurança, o temor ao erro e a desmotivação do aluno que não dispõem de certas habilidades como (agilidade, impulsão, velocidade, resistência entre outras), um bom ambiente nas aulas contribui para que os alunos enfrentem melhor essas situações de dificuldades, sejam de ordem afetivo-social, psicomotora, cognitiva ou emocional, passando a encará-las como desafios a serem superados, ao invés de barreiras intransponíveis. Assim, a formação de uma atmosfera de aceitação das diferenças entre os integrantes do grupo propicia aqueles que possuem maiores dificuldades de exposição junto aos colegas à possibilidade de aumentar a sua autoconfiança no sentido de superar os seus limites.

"facilitar a conscientização dos elementos sócio-afetivos que possam frear tensões, conflitos, competições, agressividade, permitindo uma melhor auto-regulação individual e do grupo em relação às dificuldades e aos problemas de inter-relação". (FERREIRA, 2006, p. 69)

A cooperação se torna uma ferramenta bastante eficaz para o trabalho do educador, principalmente no contexto de inclusão escolar e na exclusão do sentimento individualista, pois este profissional irá trabalhar como um agente de mudanças, voltado para a construção de grupos reflexivos, de forma que os alunos percebam a importância do outro em suas relações cotidianas. Uma das melhores maneiras de despertar o interesse de um aluno é a partir de jogos e brincadeiras, a criança com toda a sua imaginação e criatividade, é capaz de se deslumbrar no momento das atividades criando e recriando o conhecimento. Entretanto, até neste momento pode haver exclusão, dor e sofrimento, pois as habilidades das crianças são diversificadas e cada uma tem sua individualidade biológica própria que deve ser respeitada, sendo preciso um olhar cuidadoso dos profissionais da educação, para que possamos englobar todos sem haver distinção entre fraco e forte, melhor e pior, mas sim a integração conjunta de todos os membros do grupo.

 

2 OBJETIVOS

 

O nosso grande desafio é levar a cooperação além do prazer do jogo e da aula de Educação Física, temos que transferir esses aspectos para o convívio social da criança. As nossas experiências com jogos cooperativos têm demonstrado que modificar atitudes, crenças e valores geram muitos conflitos e apresenta se de forma complexa. Mostram também que há muito a aprender e a refletir sobre como desmistificar a competição e levar a cooperação além do espaço e do momento do jogo cooperativo, pois sabemos que nosso dever nas escolas é desenvolver habilidades, não procurar os melhores e excluir os piores.

A competição quando não é trabalhada de maneira apropriada se torna um fator que atrapalha o relacionamento entre os alunos, causando um clima de rivalidade e estresse. Nos jogos cooperativos, a participação é geral e as trocas de informações imutáveis, com a atmosfera de aceitação constante contribuem para que os alunos diferenciem o jogo cooperativo da competição.

 

3 REFERENCIAL TEÓRICO

 

Os jogos cooperativos passarão a existir da reflexão do quanto à cultura ocidental, valoriza excessivamente a competição e o individualismo. Um dos precursores dos Jogos Cooperativos é Terry Orlick, da Universidade de Ottawa no Canadá, que em Junho de 1978 publicou o livro "Winning Throught Cooperation" Editado em português pela escritora Círculo do Livro em 1989 como “Vencendo a Competição” obra reconhecida mundialmente, como uma das principais fontes de inspiração e compreensão dos Jogos Cooperativos nos dias atuais. 

Terry orlick (1989) organizou os jogos cooperativos da seguinte forma:

-Jogo cooperativo sem perdedores: São os jogos plenamente cooperativos, pois todos jogam juntos para superar um desafio comum e não há perdedores.

-Jogos cooperativos de resultado coletivo: São formadas duas ou mais equipes, mas o objetivo do jogo só é alcançado com todos jogando juntos, por um objetivo ou resultado comum a todos.

-Jogo de inversão: Esses quebram o padrão de times fixos, em que dependendo do jogo, os jogadores trocam de times a todo instante, dificultando reconhecer vencedores e perdedores.

-Jogos semicooperativos: Esses jogos favorecem o aumento da cooperação do grupo, e oferece as mesmas oportunidades de jogar para todas as pessoas do time, mesmo um com menor habilidade, pois existem regras para facilitar a participação desses. Os times continuam jogando um contra o outro, mas a importância do resultado é diminuída, pois a ênfase passa ser o envolvimento ativo no jogo e a diversão. 

Podemos dizer que jogos cooperativos são dinâmicos de grupo que têm por objetivo despertar a consciência e promover efetivamente a cooperação entre as pessoas, no jogo cooperativo, aprende-se a considerar o outro que joga como um parceiro, e não como adversário a ser superado, fazendo com que a pessoa aprenda a se colocar no lugar do outro, e não priorizar seu lado mais sim o de todo grupo, ainda sobre isso Brown relata que quando a criança não tem acesso à aceitação e valores humanos pode se torna uma pessoa egoísta, mais se a criança for estimulada nossa sociedade tende a ser melhor com pessoas cooperadoras.

“Devemos trabalhar para mudar o sistema de valores, de modo que as pessoas controlem seus próprios comportamentos e comecem a se considerar membros cooperativos da família humana [...] Talvez, se alguns dos adultos mais destruidores de hoje, tivessem sido, quando crianças, expostos ao afeto, à aceitação e valores humanos, o que tento promover através dos jogos e esportes cooperativos, teriam crescido em uma outra direção”. (BROWN, 1994, p. 14).

A Educação Física escolar, influenciada pelo esporte de rendimento, incorpora facilmente a ideia da competição, Orlick (1989) e outros autores apresentam estratégias para iniciar um processo de reestruturação a partir dos esportes e jogos tradicionais, introduzindo os valores e princípios dos jogos cooperativos nas escolas como ferramenta de ensino para despertar a cooperação dos alunos. Os jogos cooperativos não são uma manifestação cultural recente, nem tampouco uma invenção moderna mais que deve ser trabalhada nos dias atuais de forma ampla e incondicional para o desenvolvimento e bem estar do aluno.

A competitividade está presente nos convívios familiares nos jogos e brincadeiras, é possível alcançar muitos ganhos ao transformar os jogos competitivos em jogos cooperativos deixando a competitividade apenas para incentivo do jogo, mais que o objetivo esteja voltado para a inclusão social em cooperação do grupo envolvido.

De acordo com SOLER (2008 apud PEDROSO; SILVA; MILLEN NETO, 2008, p. 10):

Os Jogos Cooperativos sempre existiram, consciente ou inconscientemente. A competição ganhou ênfase na sociedade moderna quando a riqueza passou a ser controlada apenas por alguns e estes tinham poder sobre os outros. Ainda segundo este autor, na organização social anterior ao surgimento da distribuição do poder, os homens eram eminentemente cooperativos, dividiam mais e não existia quem fosse mais ou menos importante. Talvez os argumentos de Soler sejam por demais romantizados, mas o fato é que há culturas que lidam com a questão da competição e da cooperação de modo diferente ao da sociedade capitalista.

Sabemos que competição consistir em comportamento humano. O que falta é uma nova postura do educador ou das pessoas significativas na vida dos alunos, pois sabemos que só haverá uma mudança se as pessoas que são significativas na vida das crianças e adolescentes mudarem a forma de como oferecem os jogos. Pois parece que quando se fala em jogo, esta falando de competição, criando erradamente uma relação de sinônimo entre as palavras.

 

4 METODOLOGIA

 

Foi realizado um estudo por meio de uma pesquisa bibliográfica, caracterizando o trabalho como de natureza exploratória. Foram estudados artigos e trabalhos disponíveis para reflexão com bases em revistas eletrônicas, Google acadêmico e livros. As palavras jogos cooperativos, educação física, cooperação e individualismo foram utilizados como chave de pesquisa desse trabalho. Foram estudados dados em artigos, revistas e livros publicados no período de 1978 a 2015. Foi feito uma leitura exploratória realizando um fichamento nas partes mais importantes para compreensão e realização deste artigo.  

Os jogos cooperativos têm constituído uma importante proposta pedagógica para a educação física, em que valores de solidariedade, cooperação e união, precisam ser cada vez mais transmitidos e compartilhados entre os educando. Temos nos jogos cooperativos à possibilidade de levar para escola atividades que proporcionam aos alunos o prazer de jogar juntos, de cooperar uns com os outros, sem a pressão da competição, para que possa vencer sempre. O jogo cooperativo nas aulas de Educação Física tende à busca a participação de todos sem exceção, onde a meta do professor e dos alunos está centrada na união das somas de criar o conhecimento e suas competências individuais na busca de resultados que tragam benefícios para todos, por tanto a cooperatividade visa à participação de todos para alcançar um objetivo comum que é a integração conjunta do grupo envolvido, onde a motivação está centrada na participação e cooperação excluindo o sentimento individualista.

 

5 RESULTADOS E DISCURSSÕES

 

Ser professor é enfrentar desafios a cada dia, o mais importante é estar preparado para agir como mediador dos conflitos entre grupos de aluno adversos. Construir um ambiente cooperativo entre a classe, debater o assunto com todo o grupo, criar algumas alternativas de se sobressair, fortalecer o envolvimento e o comprometimento do aluno, são desafios do professor, mas acima de tudo devemos manter o foco no educando e procurar saber quais os motivos que levaram a ele a praticar o ato da indisciplina, que pode ser ocasionado por maus tratos ou ate mesmo por conta da pouca estrutura familiar, o que não devemos é desistir de lutar pelo bem comum de nossos alunos.

Estamos vivendo um momento desafiador em nossas escolas, observamos um aumento considerável da indisciplina e de atos violentos muitas vezes causados por alunos individualistas que querem ser o centro das atenções, a maioria das vezes essas ações ocorrem como um pedido de socorro das crianças e adolescentes para ser ouvida, talvez valorizada, ou poder expressar sua opinião, participando junto com o professor na distribuição do conhecimento, esses comportamentos causa preocupações de professores e pais, precisando ser mais bem debatido e enfrentado. O problema é complexo e muitas vezes os professores buscam "receitas prontas" que se tornam ineficazes quando aplicadas à situação de conflito.

Há muito tempo que os jogos estão presentes nas atividades educacionais, mas a maioria dos jogos tradicionais são jogos competitivos. O conceito de jogos cooperativos tem como elementos primordiais a cooperação, a aceitação, o envolvimento e a diversão. Nos jogos cooperativos não tem confronto de disputa e jogam-se uns com os outros, ao invés de uns contra outros. A comunicação e a criatividade são estimuladas, nos jogos cooperativos existe cooperação, que significa agir em conjunto para superar um desafio ou alcançar uma meta, enquanto que nos jogos competitivos é totalmente inverso. O jogo cooperativo ajuda as pessoas a se libertarem da competição e o individualismo, seu objetivo maior é a participação de todos por uma meta em comum, e cada um no seu próprio ritmo.

 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Orlick (1989) afirma que tanto cooperar como compartir surge naturalmente em crianças pequenas e a única razão para que essas qualidades desapareçam é que não são estimuladas. Orlick comenta que se essas habilidades não forem trabalhadas pelas classes regulares, a criança tende a perde essas qualidades.

Constatamos que o fato de ter alunos de inclusão dentro de uma sala de aula não significa que estes estão incluídos, pois podem estar dentro de uma sala de ensino regular, mas serem excluídos perante as atitudes de seus próprios colegas. O presente estudo não visa descartar a competição como uma estratégia de ação para o profissional da educação física escolar. Ela deve ser tratada como um instrumento de orientação pedagógica, centrada numa relação social saudável, educativa, formativa e informativa, que valorize a vitória e a derrota como constituintes naturais do processo, numa perspectiva moral e ética e para isso os jogos cooperativos podem exercitar todos esses itens citados acima.

É importante desenvolver uma pedagogia da cooperação. Aprendendo a jogar cooperativamente podemos descobrir inúmeras possibilidades. A partir do momento em que os jogos cooperativos estiverem presentes na vida das crianças, não haverá crianças feridas na sua autoimagem. As crianças são as que mais se favorecerão com essa experiência, que lhes ajudará a compartilhar, a ter um bom relacionamento com os outros. Os jogos cooperativos são divertidos para todos; Todos os jogadores têm um sentimento de vitória; Todos se envolvem independente das suas habilidades; Aprende-se a compartilhar e partilhar com os jogadores aprendem a ter um senso de unidade; A habilidade de perseverança é fortalecida; É agradável a todos os participantes, sem exclusão.

Temos convicção de que a inclusão do conteúdo jogos cooperativo nas aulas de Educação Física dará um grande diferencial na disciplina para professores, contribuindo para a formação de alunos mais conscientes de seu papel na busca de uma sociedade melhor.

Ressalto também que não é possível afirmar que os jogos cooperativos podem mudar sozinha a realidade competitiva de uma escola, mas ajudar a desenvolver habilidades nas crianças.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BROTTO, Fábio O. Os Jogos cooperativos se o importante é competir, o fundamental é cooperar. Santos, SP: Ed. Renovada, 1997.

BROTTO, Fábio O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2001.

BROWN, GUILHRMO. Jogos Cooperativos: Teoria e Prática. São Leopoldo: Sinodal, 1994.

FERREIRA, VANJA. Educação Física, interdisciplinaridade, aprendizagem e inclusão. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.

ORLICK, T. Vencendo a Competição. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.

PEDROSO, A. R.; SILVA, J. F.; MILLEN NETO, A. R. Jogos cooperativos na escola: possibilidades de inclusão nos currículos da Educação Física. Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd127/jogos-cooperativos-na-escola-inclusao-nos-curriculos-da-educacao-fisica.htm >. Acesso em: 21 maio. 2015.

SOLER, R. Jogos cooperativos. Disponível em: <http://api.ning.com/files/B6rZm9oOrGtF*srCHFlSGIy5hwSwSlbBjJIXlCqTukfw8ukEMmFmOJZUgUO 89xgcjkG8n5Dul28JDGgkiUuqgvSMUGRIWh3/APOSTILAJOGOSCOOPERATIVOSUberlndia2007.pdf >. Acesso em: 07 maio. 2015.