Joãozinho, o Menino que Não Comia
Publicado em 05 de abril de 2014 por Luiz Corrêa
Joãozinho, o Menino que Não Comia
Joãozinho era uma criança como todas as outras de sua idade, gostava de brincar com os amigos, jogar futebol e de ir para a escola. Só havia uma coisa que Joãozinho realmente não gostava de fazer: comer.
Na hora do café, do almoço ou do jantar era sempre a mesma ladainha para fazer Joãozinho se alimentar.
Mamãe dizia: - “Vamos, meu filho, vamos comer, porque se quiser ficar forte e bonito quando crescer, precisa se alimentar bem”, ou “saco vazio não para em pé” e ainda “Qualquer dia vai parar no Hospital, Joãozinho!”.
De nada adiantavam os apelos da mamãe; Joãozinho comia quase nada, nada ou nadinha...todos os dias.
E sempre havia uma desculpa: - “Mamãe, a comida está fria”, “o café com leite só tem leite”, “Estou com dor de barriga...ai, ai, ai!”. Quando não tinha mais desculpas para dar, dizia simplesmente: - “Não estou com fome”.
No seu prato nunca se via uma verdurinha; e na hora do lanche nunca houve uma frutinha. Era o prato mais vazio e descolorido da face da Terra: um punhadinho de arroz e nada de feijão, um bocadinho de batata e nem pensar em macarrão; nem alface, nem tomate, e tampouco agrião...
E, a cada dia, Joãozinho ficava mais e mais fraquinho.
Certo dia, Zezinho, seu vizinho e melhor amigo quis brincar com Joãozinho.
- Joãozinho! Chamou Zezinho, - Vamos brincar de subir em árvore?
- Vamos, respondeu Joãozinho; e lá foram eles escalar a goiabeira, aquela mesma que Joãozinho já havia escalado diversas vezes.
Lá de cima Zezinho gritou: - Vem, João! – Não consigo não, lá de baixo, respondeu seu amigo - estou fraquinho, fraquinho...
Se subir na árvore não dava, então convidou Pedro para uma pelada. No campinho do bairro, Joãozinho era o artilheiro, e Pedro sempre foi o goleiro.
- Chuta! gritou Pedro.
- Lá vai, respondeu Joãozinho. E correu para a bola com as pernas bambeando, quase cambaleando, para dar um chute que mais pareceu um peteleco. A bola foi devagarinho e nem mesmo chegou às mãos do goleiro.
- Bota força nisso! disse o amigo; mas força era algo que Joãozinho não tinha mais. Nunca havia dado um chute tão fraquinho, logo ele, que era o principal jogador do time do bairro.
Na escola não foi diferente: a taboada, que estava na ponta da língua, tinha sido esquecida e, na hora de estudar, a dificuldade foi ainda maior, pois de nada conseguia se lembrar.
Joãozinho, contudo, era um menino inteligente; logo descobriu qual era o remédio que curaria a sua fraqueza e esquecimento.
Foi logo para casa e pediu comida saudável. Mamãe ficou muito feliz com surpresa tão agradável e veio logo com um prato bem farto e colorido: havia carne, arroz e feijão; e ainda tomate, alface, brócolis e agrião.
Desse dia em diante, Joãozinho foi de novo o artilheiro, escalou a goiabeira e nunca mais esqueceu a lição, principalmente aquela que lhe ensinou sua mãe.
Fim