Jesus Cristo à Rocha principal

Em Mateus.7:24-27 Jesus nos traz um ensinamento concernente a dois tipos de construção, uma sob a rocha e outra sob a areia. É interessante o fato de pensarmos que quando ele se referiu a rocha, quis dizer realmente uma rocha com uma construção em seu interior (como no caso dos eremitas nas cavernas) ou acima dela. Se nos apoiarmos tão somente no corpo da letra obviamente a conclusão à qual iremos chegar será tão unicamente essa, porém, e isso falo com base puramente cientifica, se analisarmos o texto em sua construção analítica gramatical descobriremos verdades muito mais enriquecedoras que haverão de nos libertar das correntes de nossa ignorância.
Começaremos analisando dois tipos de solo existentes em nosso mundo, pois o terreno faz parte integrante de qualquer construção, afinal é ele que da sustentação ao peso e também determina as características fundamentais do projeto em função de seu perfil e de características físicas como elevação, drenagem e localização.
Portanto no que tange a mecânica dos solos iremos analisar dos três tipos de solos existentes argiloso, siltoso e arenoso apenas dois, o arenoso e o argiloso: os solos arenosos são aqueles em que a areia predomina. Estes compõe-se de grãos grossos, médios e finos mais todos visíveis a olho nu. Como característica principal a areia não tem coesão (força de atração entre átomos e moléculas que constituem um corpo evitando que este se quebre).
Por exemplo, pense na areia seca da praia, como é fácil separar os grãos, quando a areia está úmida ganha algo como uma coesão temporária, tanto que até permite construir os famosos "castelos" que, no entanto, desmoronam ao menor esforço quando secam. A areia úmida na praia serve até como pista de corrida graças a essa coesão temporária, contudo os solos arenosos possuem grande permeabilidade (passagem de líquidos através dos poros), ou seja, a água circula com grande facilidade no meio deles e secam rapidamente caso a água não seja reposta, como acontece nas praias.
Agora analisemos as propriedades características do terreno argiloso e com certeza chegaremos a uma conclusão bastante interessante respaldada em meio as palavras moralizantes do senhor Jesus; o terreno argiloso caracteriza-se pelos grãos microscópicos de cores vivas e de grande impermeabilidade, como conseqüência do tamanho dos grãos as argilas: a) são fáceis de serem moldadas com água; b) tem dificuldade de desagregação (separar-se em partes dividindo-se de maneira plenamente destacável). c) formam barro plástico (de fácil modelagem) e viscoso (pegajoso, grudento) quando úmido. D) permitem taludes (superfície inclinada de um terreno, muro ou qualquer obra) com ângulos praticamente na vertical. Memorizemos isso, pois servirá para compreendermos melhor o nosso estudo mais adiante.
Em termos de comportamento a argila é o oposto da areia, devido a sua plasticidade e capacidade de aglutinação (fazer aderir ou ligar-se fortemente em meio a união e integração dos elementos distintos formando um todo não se reconhecendo as partes originais) o solo argiloso é usado há milhares de anos como argamassa (mistura de areia, água e um aglutinante utilizado em construções) de assentamento (qualquer tipo de superfície plana), argamassa de revestimento e na preparação de tijolos. As respectivas edificações da Babilônia foram feitos de tijolos de barro cozidos ao sol.
Agora prestemos bem atenção no respectivo detalhe: já à milhares de anos esta argila era usada como argamassa de assentamento no oriente, portanto não poderia ser em um outro tipo de solo que não fosse o arenoso, pois no deserto não existe nenhum tipo de solo asfaltado, havendo claramente para isso a necessidade de um assentamento argiloso. Continuemos então a nossa analise apropriada deste respectivo solo: os grãos de argila são lamelas (lamina muito fina) microscópicas, ao contrario dos grãos de areia que são esferoidais (processo de alteração intempérica desenvolvendo formas arredondadas concêntricas). As características da argila estão mais ligadas à sua forma lamelar dos grãos do que ao tamanho diminuto.
Os solos argilosos distingue-se pela alta impermeabilidade, quando não há argila nas imediações vai-se buscar onde ela está disponível, em regiões que passam a ser denominadas "área de empréstimo." A divisão feita pela mecânica dos solos é tão somente cientifica, na natureza os solos são encontrados em diversas proporções encontrando seu apoio básico nas três divisões plenamente cientificas, vindo com isso a receberem nomes populares dependendo de seu tipo, finalidade e da região em que se encontram. Iremos comentar apenas sob dois tipos que estão envolvidos em meio ao nosso tema em questão, o Tabatinga ou Turfa e o chamado Saibro; O solo Tabatinga é um terreno argiloso com muita matéria orgânica, geralmente encontrada em pântanos ou locais com água permanente (rios, lagos) no presente ou no passado remoto. Já o Saibro é formado basicamente por argila misturada com areia.
Pode parecer que estamos protelando além da conta afim de chegarmos de uma vez por todas ao assunto em pauta, contudo é justamente neste ponto que enriquecemos nosso conhecimento, nos contornos e arredores do ponto central do conhecimento que está a nossa espera. Porque sem esse trajeto psicologicamente reflexivo analítico perdemos a fome e a sede pela busca do saber e quando nos defrontamos com a verdade do pleno conhecimento o deixamos passar despercebido, pois ele jamais se deixa ser identificado por aqueles que na preguiça do seu raciocínio o querem apenas como seu empregado, com ele, o conhecimento, os servindo gratuitamente com uma bandeja de prata na mão.
Mais continuando; já tomamos conhecimento portanto do que é um terreno arenoso e um argiloso, descobrimos que a argila além de ser impermeável, possui uma propriedade distinta de modelagem quando úmida endurecendo-se quando exposta ao calor.
Contudo nos vem à seguinte pergunta! Que é a chave para a porta do conhecimento o qual estamos buscando: de onde origina-se a argila? antes de respondermos a essa pergunta é bom que venhamos a nos dar conta que o solo argiloso tem em diâmetro de grãos até no Max. 0,005 mm não sendo visível a olho nu, se tornando assim difícil sua superficialidade sobre a correnteza das águas.
Uma vez dessa maneira, através de algumas pesquisas, podemos concluir que a argila origina-se da desagregação das rochas feldspaticas (grupo de minerais de sódio, potásio, cálcio e outros elementos que ocorrem em todos os tipos de rochas e constituem 60% da crosta terrestre) sendo comprovado pela geologia que a maior parte da camada rochosa de nosso planeta é composta deste tipo de rocha e que é daí que se origina a argila.
Agora é necessário que prestemos bastante atenção para não perdermos nossa linha de raciocínio; esse processo de desagregação rochosa ocorre de duas maneiras somente; por ataque químico (acido carbônico) ou físico (erosão) produzindo fragmentações ou pedaços em partículas muito pequenas sob a superfície rochosa. Com isso por ação da natureza, fortes chuvas, estas fragmentações são levadas pelas correntezas e depositadas nos lugares onde a força hidrodinâmica (movimento de fluidos que não se podem diminuir e de sua interação com a superfície dos corpos sólidos) já não é suficiente para mantê-los em suspensão (sistema constituído de líquidos e partículas que não se dissolvem) esses locais são os chamados depósitos argíliticos.
Resumindo as rochas feldspaticas quando pela ação do calor e do frio extremo em meio as fortes chuvas produz fragmentos microscópicos de 0,002 mm, numa proporção menor que a comum que como já vimos é de 0,005 mm, estes aderem à superficialidade que levados pela correnteza da água e depositados as margens dos rios e dos lagos formam os denominados depósitos argiliticos de Tabatinga como já vimos anteriormente. As argilas assim geradas são chamadas de secundárias, já que a argila primaria permanece no local onde se originou, as quais advém por intermédio das rochas feldspaticas.
Pois muito bem; já podemos ter com isso uma noção bastante significativa com relação a que tipo de rocha Cristo quis se referir em seu discurso no sermão do monte. Sendo assim, para que possamos finalizar este estudo concentre-se no que iremos concluir agora: num processo inverso de litificação (formação rochosa) a argila pode se transformar em rocha sedimentar. Eu sei, talvez você não saiba o que é uma rocha sedimentar, mais contudo você já sabe o que é uma litificação e que seu processo inverso deriva-se de sua fragmentação rochosa. Dessa maneira quando soubermos o que é sedimentação rochosa decifraremos com algumas palavras o enigma da rocha de Cristo.
O que é portanto uma rocha sedimentar? As rochas sedimentares são formadas a partir da pressão exercida sob partículas de sedimentos carregados e depositados pela a ação do vento gelo ou água. Conforme os sedimentos se acumulam, eles vão sofrendo cada vez mais pressão, se solidificando, num processo conhecido por litificação (formação rochosa) agora permita-me a seguinte pergunta: quais são os lugares em que se pode encontrar essa chamada rocha sedimentar?
Gostaria antes de prosseguirmos de lhe esclarecer que a palavra sedimento significa "material solido depositado pela a ação da gravidade na água e no ar". Nos damos conta então com isso que este sedimento não é nada mais, nada menos que os fragmentos provenientes das rochas feldspaticas, que pelo acontecimento das fortes chuvas e correnteza das águas acumulam-se a beira dos rios e lagos em que conforme um fragmento após o outro vai se aglomerando cria-se uma espécie de sedimentação que devido à pressão dos fortes ventos e da água se solidificam formando a chamada rocha sedimentar. Sendo este tipo de rocha, a rocha da qual Jesus Cristo estava falando.
Você pode então perguntar; ele falava de uma rocha sedimentar? mais como! é possível construir uma casa encima de uma rocha sedimentar? É o que eu e você iremos ver agora: no tempo em que os israelitas ficaram no Egito, qual foi o meio apropriado utilizado por eles para a fabricação de tijolos? e ao fabricarem os tijolos, que logicamente era para a construção das residências egipicias, de que maneira conseguiam firmá-los sob à areia do deserto?
Pois muito bem; os tijolos eram fabricados ou feitos a partir da argila ou argila xistosa (designação comum a certas rochas sedimentares que podiam dividir-se em finas laminas). Depois da argila ser extraída normalmente no fundo das margens do rio Nilo esta passava por uma fase de apodrecimento ou purificação; nesta fase, o objetivo era livrar a argila de impurezas e substâncias estranhas.
Logo após, a argila era preparada: amassada com água e aglutinada (fazer aderir fortemente em meio a união e integração de elementos distintos formando um todo não se reconhecendo as partes originais) por tração animal vindo logo após a ser transportada a fase de modelação, em que está argila era moldada em formas de paralelepípedos, através de cilindros de metal. Depois da argila ser moldada ela era posta para secar ao sol por um período de 1 a 2 dias, e para finalizar, os blocos de argila eram cozidos em fornos que usavam como respectivo meio para aquecê-los a lenha ou madeira seca.
Neste aspecto da trajetória de nosso estudo percebemos que os israelitas tiravam o material para a fabricação dos tijolos no Egito do fundo das margens do rio Nilo, é claro que temos a declaração na Bíblia de que os tijolos eram feitos de palhas mais eram as argilas que aglutinavam as palhas para a formação dos tijolos.
Agora não devemos nos esquecer que essas argilas eram as chamadas argilas xistosas tiradas na forma de rochas sedimentares, e adequadamente conduzidas para um deposito de sedimentação egipicio onde eram desidratadas (retirada de moléculas de água de uma substância) sendo expostas ao sol. Ficando uma parte para a fabricação de tijolos e a outra submetida, após a divisão em finas laminas, a um processo de compactação (redução do volume de um solo de terra granuloso, para dar-lhe maior rigidez e resistência aumentando o índice de impermeabilidade) através do peso de lápides de mármore dando origem as chamadas rochas clasticas de espessura um pouco mais finas denominadas por nome de folhelhos que eram fixados num processo de argamassa de assentamento sob uma parte da areia do deserto egipicio pavimentando-o, no qual determinado grupo de casas seriam construídas.
Ao saírem do Egito conduzidos por Moises uma vez tendo entrado na terra de Canaã liderados por Josué, após terem se estabelecido, os israelitas usaram a mesma técnica de construção que aprenderam no Egito, tirando tais argilas xistosas do rio Jordão, argilas estas que eram provenientes da desagregação nas rochas feldspaticas ao sul da palestina no monte Hermom, que pelo frio extremo, o ímpeto das chuvas e a força do vento, sendo conduzidas pela correnteza deste rio Jordão desde suas nascentes nas encostas do Hermom até o mar Morto, uns 300 km rio abaixo, passando pelo mar da Galileia, provenientes argilas alojavam-se as margens dessa correnteza pluvial, permitindo aos israelitas os meios necessários para tal empreendimento.
Fazendo-se valer então as famosas palavras do Mestre chamado Jesus em Mateus.7:24-27. Em que tais palavras possam ficar para nossa meditação.
"Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.
E desceu a chuva e correram rios, e sopraram os ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda."
Rocha Sedimentar é essa a rocha da qual Jesus Cristo falava.







Paulo Roberto Freitas dos santos
Licenciado em Teologia