Jamais verás nenhum país como este...






Maria Auxiliadora Lustosa Coelho


A imagem, por si só, já diz tudo. Já nos sensibiliza. Emociona. Revela mensagens que gostaríamos de não entender.
Mas, é o velho hábito do professor de Letras... Não se conforma só com as imagens. Quer palavras, palavras, palavras... a terrível mania, porém mágica e inebriante, de buscar as palavras que falem, que traduzam os mais recônditos sentimentos. E que sentimentos podem despertar esta imagem? Como podemos entender a figura de uma bandeira do Brasil tão vibrante e colorida, no topo de um casebre tão sem cores?
E várias perguntas nos vêm à mente: por que, mesmo na mais indigna condição de vida, ainda sentimos o orgulho de estampar a nossa bandeira e deixá-la tremular no alto de uma casinha de taipa de apenas 4 metros quadrados? Por que será que ainda temos um sorriso no rosto, mesmo sem um emprego, mesmo sem condições mínimas de vida, mesmo sem poder arcar com as despesas mais básicas de um ser humano? Será porque ainda temos esperança de que tudo vai melhorar e cantamos o hino nacional com orgulho e nos emocionamos com os nossos ídolos, com os nossos craques e até choramos quando vemos o nosso Brasil subir ao pódio e ganhar medalhas?
É, já ouvimos a frase de que "o melhor do Brasil é o brasileiro". De fato, somos um povo capaz de viver nas mais diversas conjunturas e, mesmo diante do maior sofrimento, encontramos um espaço para deixar entrar a esperança; mesmo diante de tanta injustiça, ainda mantemos acesa a chama da dignidade, da fé e da alegria; mesmo vivendo numa Pátria que nos ignora, que nos nega o colo, que não nos dá a segurança e a tranquilidade que todo filho anseia, mesmo assim, ainda a respeitamos e a amamos. Será por isso que somos tão singulares? Acho que quem estava certo era o nosso poeta Olavo Bilac quando disse: "Criança! não verás nenhum país como este"!...