Projeto Ambiental de Arurá

Em um passeio para Barra Mansa com minha mãe fomos conhecer um projeto ambiental chamado Arurá, esse projeto visa a proteção do jacaré do papo amarelo. Na verdade essa instituição abate e vende a carne de jacaré porém para ter a permissão para fazer isso a 'empresa' tem que soltar na natureza uma porcentagem de jacarés, então ela faz parte da preservação do animal. Quando tive essa explicação não entendi muito bem pois como um lugar que cria animais em cativeiros para o abate preserva a espécie? Isso foi muito bem explicado pelo guia local. Os animais que são abatidos no projeto Arurá são nascidos e criados no cativeiro, ou seja, não estão tirando nenhum jacaré da natureza. Esse é o primeiro ponto. Depois o segundo ponto se refere para essa quantidade X de jacarés que são soltos na natureza, ou seja, além de não retirar os animais eles colocam mais animais no planeta. E o terceiro ponto é que lá serve como recuperação de animais.

Jacarés que são encontrados em residências, vítimas de maus tratos, doentes em zoológicos e mais qualquer situação de abandono, são encaminhados para o projeto e eles vivem lá e não podem ser abatidos.

O espaço cuida de diversos jacarés doentinhos, ou vítimas de maus tratos até o dia da sua morte natural, pois o IBAMA fiscaliza rigorosamente o espaço através de relatórios anuais e de microchips instalados em todos os animais encaminhados para a instituição.

Existe uma piscina de vidro no projeto onde os animais deficientes ficam. São três: um com a cauda torta de nascença em formato de anzol, um com os dois olhos perfurados pelo bicho homem que mais parece irracional e um terceiro sem uma pata traseira. 

Já nos tanques de criadouros de jacarés para abate ele são divididos por faixa etária, os miudinhos ficam separados dos demais, e conforme o tamanho eles são separados. Ao todo são mais de 10 baias separadas com mais de 30 bichos dentro. Esse lugar é bem fedorento para entrar já que eles são alimentados de carne moída e muitos levam a carne para baixo da água e acaba que apodrece e fica um cheiro fétido quase insuportável. Os tanques são lavados de 3 em 3 dias e chegamos lá no segundo dia, então a situação estava difícil. Nesse espaço todos os animais estão esperando o abate que acontece com animais de cerca de 1,5 metro onde tudo é aproveitado, desde a carne ao couro e dentes.

E em outro espaço do projeto ficam os jacarés adultos com suas respectivas fêmeas. Os casais ficam juntos e são cerca de 10 casais que são reprodutores, então eles não serão abatidos. Nesses tanques eles são enormes, com 3 metros até 3,5 metros os machos. Mas quem canta de galo no espaço são as fêmeas. Muito ciumentas e verdadeiras "mães corujas" protegem com todo vigor e agressividade a areia onde depositaram os seus ovos. Não podemos nem nos aproximar muito do muro pois elas atacam e uma chegou a dar uma mordida no ar e ficar com o bocão aberto nos olhando, literalmente protegendo suas crias. Coitada delas, mal sabem que os ovos são retirados pelos cuidadores quando elas não estão vendo. Elas acham que os ovos estão naquele bolo de areia, um engano, mas é a natureza do homem que retira seus filhotinhos ainda em ovos e deixam suas mães a esperar o nascimento que nunca vai existir, pelo menos perto delas.

Eu não sou vegetariana, como carne e adoro por sinal. Mas depois de visitar esse espaço fiquei com um nó na garganta de ver que os animais são criados para morrerem, para nós comermos. Tudo bem que é jacaré e eu nunca comi carne de jacaré, mas saí reflexiva de la, pois o que eu vi foram os jacarés, mas quantos abatedouros de bois e granjas de frango criam os pintinhos em gaiolas imóveis e cheios de hormônios para nos alimentar? Espero que tenham uma boa reflexão... pois pelo menos eu tive.