IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) defende aborto utilizando falaciosamente a autoridade e testemunhos de artistas da mídia.


Na madrugada do dia 02 de setembro de 2011, no programa televisivo denominado fala que eu te escuto da rede Record de televisão, foi abordado o tema do aborto para que as pessoas pudessem dar suas opiniões. Como é comum neste programa, antes das ligações serem atendidas, é feito um panorama do tema a ser debatido. A vinheta, então, trouxe uma série de testemunhos de artistas famosas que praticaram o aborto sem sentirem-se culpadas por isto. Pode-se perguntar: qual o intuito desta apresentação? E por que mostrar mulheres famosas testemunhando seus crimes contra a vida? Certamente não foi para censurar suas práticas e criticar a imoralidade que caracteriza muitas vezes a classe em consideração, pois o teor da vinheta sobre o tema do aborto foi apologético, isto é, em defesa da prática do aborto. Não é novidade que o papa da igreja IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), seu Edir Macedo, é o grande defensor do aborto neste país em casos como estupro e estrema pobreza da progenitora. Todavia, o que mais me marcou no programa não foi a imoralidade de defender o aborto, pois não se pode esperar coisas boas de uma fonte como o Edir Macedo, mas o uso de artistas como fontes de autoridade para defender implicitamente o aborto foi assustador.
Sabe-se que o aborto é tema complexo entre os eticistas, e tema que demanda como pressuposto para ser debatido com propriedade um cabedal muito extenso de conhecimentos de biologia, genética, política, história, ética e até teologia. Por que motivo então tais autoridades no assunto não foram postas em destaque? A resposta é simples: em primeiro lugar, o programa desde sempre não se preocupa em debater seriamente um tema, para chegar mais perto da verdade, pois, de antemão já existe uma posição definida diante do tema. E o pior de tudo é que o posicionamento não é fruto de debates, nem de pesquisas de um conselho sério dentro da organização, mas é fruto dos caprichos do Edir Macedo. O que ele falar está falado, ou como se diz "ou dá ou desce!". Portanto, não há razão alguma para trazer filósofos nem teólogos para esclarecer o tema. Em segundo lugar, o uso dos artistas é eminentemente falacioso. A publicidade emprega muito tem este engodo, por exemplo, ao procurar vender um produto, a propaganda se utiliza da autoridade de um artista para super valorizar o produto que por sim mesmo vale pouco ou nada. Pensa a dona de casa na sua ignorância consciente ou inconscientemente: "se a Xuxa usa determinado cosmético então deve ser muito bom, pois a Xuxa é pessoa eminente e rica, e se eu usar estarei parecida com ela". Todavia, o produto e objeto de apologia ou defesa, no contexto do programa foi o aborto, e tal produto precisava ser vendido ou inculcado em pessoas incautas que não sabem o que quer dizer a falácia ad verecundiam, ou apelo à autoridade.
A posição da IURD em relação ao aborto é notoriamente perversa e contraditória. A IURD defende o aborto não somente quando há risco de vida para a mãe ou quando o bebê nasce sem cérebro, por exemplo, mas também em casos de estupro ou extrema pobreza da mãe. É perversa por que a igreja de Cristo tem de ser defensora da vida e ser como Cristo anunciou mais justa que "os escribas e fariseus"; a igreja tem de ser modelo moral para o mundo, e não estar a baixo dele. Pois há pessoas não cristãs e até ateus que abominam veementemente como prática imoral o aborto defendido nos moldes da IURD, o que é um absurdo diante do mandamento de sermos "sal da terra e luz do mundo". Finalmente é contraditória porque é papel da igreja acolher os necessitados, os órfãos e a viúvas. Escreve Tiago (1:17): "A religião pura e imaculada para com o nosso Deus e Pai é esta: ajudar os órfãos e as viúvas em suas tribulações e guardar-se da contaminação do mundo". Em caso de gravidez por estupro, ou extrema pobreza da mãe, cabe virtualmente à igreja adotar o bebê e fornecer todo o amor e cuidado material. Portanto, a alternativa do aborto em caso de estupro e extrema pobreza não deve sequer ser cogitada.
Depois de ver este programa por 2 minutos mais ou menos, e depois de quase ter uma indigestão, mudei de canal e passei a assistir uma homilia católica do canal Canção Nova, a qual me pareceu mais espiritualmente saudável do que o programa da IURD. O que é irônico, pois sou de confissão protestante.