ALERTA

Apesar do clichê, me pergunto: Que país é este?

A cada dia venho constatando que estamos ‘involuindo’, encontrei este neologismo (por assim dizer) em uma crônica e o achei desagradável, dissonante, sei lá, impliquei com ele de cara, mas agora me pareceu bem apropriado.

Após tantas idas e vindas aos hospitais e clinicas da capital do Amazonas, Estado com o 14º PIB do país (http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo_Discuss%C3%A3o:Lista_de_estados_do_Brasil_por_PIB), portanto a estatista dispensa construções prolixas para falar da sua riqueza; terra abençoada pela majestosa Amazônia e por um Povo Batalhador; Por outra via, o inverso se adequa a realidade dos serviços públicos desta enorme capital, sobretudo quanto se fala em saúde.

Apesar do amor que esta terra me provoca, desde a minha primeira visita, sentia entre um passeio e outro uma inquietude latente frente a tantas discrepâncias e contrastes sociais; Manaus há tantos condomínios suntuosos em meio a casebres mal acabados; No trânsito, carros caros e luxuosos - BMW, Porsche, Picapes importadas (a exemplo as Dodge Ram 2500... enormes...bem verdade lindas aos meus olhos) em oposição ao trânsito Caótico com frotas de  Ônibus  em estado lastimáveis, abarrotadas de trabalhadores expostos ao calor e ao completo Descaso. Na síntese dos passeios: Ponta Negra o LUXO e o LIXO nas Ruelas das zonas periféricas.

 Infelizmente o pior constatei nestas férias, repito apesar do amor que tenho por esta terra acolhedora, não posso sair daqui com este nó na garganta. Acredito que o que tenho a falar é de utilidade pública.

Tudo corria muito bem, pensei em passar uns dias em Manaus com a minha família e amigos e segui viagem para Venezuela, mas algumas situações mudaram minhas férias, tive um mal estar e procurei uma clinica do meu convenio, fatídico dia. De lá fui mal encaminhada para outras clinicas, ditas especializadas, dentre estas uma renomada clinica oftálmica na Vieira Alves, após os primeiros exames: SUSTO... Diagnóstico: Glaucoma, com alteração de grau no meu já famigerado 0,5 para 2,0 graus. Tudo bem... melhor tratar agora que descobri tardiamente, pensei.

Seguindo o cronograma do check up, visitei outros especialistas, sentia uma indiferença gritante, seria melhor dizer, inabilidade, incapacidade ou inaptidão? (na dúvida, todos estes prefixo de negação estariam bem colocados) por parte de atendentes e médicos por muitos dos lugares por onde passei, com pouquíssimas exceções, desde uma clinico-geral incapaz de realizar a leitura de exames hormonais até um ‘oftalma’, com jaleco encardido, num consultório sujo, com equipamentos enferrujados, disposto a realizar a força um diagnóstico de glaucoma, creio eu com método ultrapassado, após colocar os colírios anestésicos, quase sai correndo daquele lugar... indignada com  tanta desinformação, despreparo e, detalhe, também credenciado pelo meu “plano de saúde”. Enfim... começava a fazer sentido o tal neologismo.

Neste forçado tour, encontrei de tudo um tanto mais, discutir com alguns deles, falei em denúncia em laboratórios , ameacei ir a mídia jornalística.

Resultado... acabei parando, depois de seguir uma orientação médica, no pronto socorro, achei que ia morrer, literalmente falando, de tanta dor, até minhas pernas travaram, tomei tanta medicação e agora sim, estou me sentindo de fato doente. Foram tantos desencontros e diagnósticos equivocados que acabei perdendo a minha já escassa fé na saúde dita privada, pois a pública todos sabemos bem o caos em que está instalada;

Algumas pessoas podem se perguntar por que ceder a um diagnostico e eu respondo é incrível como desejamos uma resposta quando estamos envolto há tantas possibilidades, principalmente se é a nossa saúde que está em jogo. Desejei e esperava minha melhora, acreditei no discurso, na aparência de alguém que tinha tantos certificados de qualidade e êxito exposto na sua parede, acrescente-se a isto a fragilidade que me fora incutida com toda esta situação.

Mas o pior é saber que existe ainda o PIOR... Quantos erros destes acontecem? Quantas pessoas perdem suas vidas por situações assim?... E a saúde pública como anda em Manaus? Em tese são os mesmos médicos que atuam nas duas esferas para acrescer seus rendimentos, se a saúde privada está assim e a pública, notoriamente, o purgatório... Só muita oração.

Perdi minhas férias, recebi vários diagnósticos distintos, gastei o que não estava planejado e agora só espero ficar melhor o mais breve para que o meu tempo aqui  permita  testar o Ministério Público .

Acrescentado mais alguns elementos narrativos nesta história, daria uma novela, o título bem poderia ser: Isto é Brasil.

É... estamos mesmo “involuindo”.