Israel 

O nome: Israel é antropônimo hebraico e significa ‘venceu’ ou ‘lutou’ com (isra) Deus (El). É’ o segundo nome atribuído a Jacó na Bíblia. Os descendentes de Jacó são chamados, na tradição hebraica, bnei Israel, ‘filhos de Israel’, ou am Israel, ‘povo de Israel’. A conquista de Canaã pelos egressos do cativeiro no Egito, c. 1300 a.C., levou ao estabelecimento de um Estado hebraico, tendo Jerusalém como capital a partir de David (c. 1000 a.C.). Com a cisão, c. 930 a.C., o reino dividiu-se em dois, Judá e Israel, conquistados, respectivamente, por assírios (721 a.C.) e babilônicos (586 a.C.). O ‘povo de Israel’ viveu nos territórios de Judá e Israel períodos alternados de independência e jugo estrangeiro (persas, macedônios, sírios, helênicos, romanos), até a definitiva expulsão pelos romanos e a destruição do segundo Templo, em 70 d.C.

Antecedentes: Os ‘filhos de Israel’, na diáspora, continuam a se referir à Palestina, seguidamente conquistada por bizantinos, persas, árabes, cruzados, mamelucos, otomanos e sob mandato britânico, como Eretz Israel, ‘Terra de Israel’. Ao ser proclamada, em 1948, a independência do Estado judaico da Palestina, recebeu o nome de Medinat Israel,’Estado de Israel’.

O sionismo: O moderno Estado de Israel resultou de processos históricos que levaram a uma acelerada concentração demográfica de judeus na Palestina, desde fins do séc. XIX, e à sua estruturação econômica, social, cultural e política em função do objetivo definido de reconstruir sua pátria histórica. É a partir dessa época que tal objetivo deixou de ter um caráter apenas religioso, individual, de ‘volta a Sion (Sião)’ (Sion é o antigo nome de Jerusalém e do monte que lhe emprestou o nome), para se transformar em movimento nacional e político. Esse movimento baseia-se no pressuposto de que os judeus constituem uma nação, deformada em sua estrutura por séculos de diáspora e desterritorialização, mas mantida sua identidade nacional por fatores culturais e religiosos, e como defesa contra contínuas perseguições. O anseio pela ‘volta a Sion’ é tão antigo quanto a diáspora, mas só veio a ser definido em 1897, em Basiléia, quando foi fundado o movimento sionista mundial.

O fundador do sionismo político foi Theodor Herzl, jornalista austríaco judeu que, profundamente impressionado com as manifestações anti-semitas na Europa, sobretudo o processo Dreyfus, se dedicou ao estudo da problemática judaica e concluiu que a sua única solução era o restabelecimento da nação judaica em Estado próprio. Em 1897, mobilizando círculos de intelectuais, políticos e financistas judeus, Herzl organiza o Primeiro Congresso Sionista, em Basiléia, que definiu os objetivos do movimento: libertação nacional do povo judeu, através de sua instalação em Estado próprio na sua pátria histórica, Eretz Israel, como um refúgio às perseguições e como centro de renovação da cultura e civilização judaicas.

Uma facção do movimento chegou a admitir outros territórios, como a Uganda, que lhe foi oferecida, mas violenta reação da maioria, principalmente dos delegados da Europa oriental, levou o movimento a definir-se pela Palestina como única solução territorial para a pátria judaica e seu Estado. Tal Estado deveria ser reconhecido pela comunidade internacional. A primeira missão política da Organização Sionista Mundial, então fundada, foi a de obter o apoio internacional, e sua primeira missão prática, a de fomentar a colonização judaica na Palestina. “ Em Basiléia”, declara textualmente Herzl, “fundei o Estado judeu”. E, profeticamente, viu se advento para cinqüenta anos depois.

A colonização judaica na Palestina: Sempre houve, a partir da diáspora, imigração judaica para Eretz Israel, individual e esporádica, principalmente por motivos religiosos. Em fins do séc. XIX, paralelas ao surgimento do sionismo político e mais tarde por ele incrementadas, começam a chegar à Palestina levas de imigrantes judeus, egressos da Europa central e oriental. Eram em sua maioria jovens que visavam, ao mesmo tempo, à concretização do sionismo e á renovação social do povo judeu, pela volta às atividades produtivas, ao trabalho físico, principalmente a agricultura. É a época da ‘religião do trabalho’ de Aharon David Gordon, e do ideal do ‘trabalho hebreu’. Proclamavam a interação entre a redenção nacional e a redenção econômica e social. Começaram a criar uma infra-estrutura econômica judaica na Palestina, estabelecendo colônias coletivas, drenando pântanos e abrindo estradas.

O movimento sionista adquiria a árabes palestinos terras devolutas, que eram em seguida objeto de fomento e recuperação agrícolas. As três primeiras aliot (pl. do heb. aliah, ‘subida’, ‘leva imigratória para Israel’, ‘ o ato de imigrar para Israel’), de 1882 a 1927, tiveram essencialmente esse caráter e formaram base econômico-social de pioneirismo, cooperativismo e coletivismo, de inspiração socialista. Fundou-se a Histadrut em 1920, poderosa central sindical, que até hoje tem forte influência na vida econômica, social e política de Israel. Surgiram os kibutzim e moshavim. Constituíram-se as bases da comunidade judaica, com seus próprios organismos de direção. 

Colaboração: Germano Brandes