Irina, a Menina Implicante

 

 

Irina tinha apenas sete anos de idade e criava caso com tudo; em casa ou na escola, era sempre a do contra. Contra isso, contra aquilo, implicava com todo mundo.

 

Quando brincava de boneca com as amigas, a sua tinha que ser a mais bela; e se fosse pular corda a diversão, era ela sempre a mais ágil; e, na amarelinha, nunca errava os quadradinhos.

 

E ai de quem contrariava Irina, era berreiro na certa e logo acabava a brincadeira!

 

Na escola, quando terminava a tarefa, ria de quem ainda a fazia; e se a sua nota fosse boa, coitados dos amigos, tripudiava sem parar.

 

E assim ela vivia, no seu mundo da fantasia.

 

Nem em casa a implicância parava. Seus irmãos preferiam brincar sozinhos e a sua mãe, coitada, perdia a voz de tanto gritar: - “Para, Irina, deixa seus irmãos em paz!”

 

Certo dia, porém, Irina sentiu-se sozinha. Para as festas dos amigos, não era mais convidada. Nem para os passeios ao cinema, de que tanto gostava, ninguém mais a chamava.

 

Na rua, viu os amigos brincando de pique esconde, pediu para brincar, mas não lhe deram atenção.

 

E assim, Irina voltou para casa triste. De que adiantava ter a melhor boneca, as melhores notas e ser a “tal”, se não tinha mais amigos?

 

Com quem iria brincar ou conversar, ou mesmo discutir as matérias da escola?

 

Percebeu, então, que não era melhor do que ninguém, que seus amigos eram felizes porque tinham amigos, não porque tinham brinquedos melhores ou tiravam notas maiores.

 

Descobriu que a felicidade está em se fazer amigos e que o valor da amizade está em respeitar as diferenças e se divertir muito!

 

Daquele dia em diante, Irina deixou o seu mundo da fantasia, e, pela primeira vez na vida, descobriu que brincar é ser feliz!