Introdução

Entre 1989 e 1990, obedecendo à metodologia proposta pela Organização dos Estados Americanos – OEA, o Governo do Estado de Pernambuco, através da Empresa de Turismo de Pernambuco S/A – EMPETUR, em parceria com a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, realizou a pesquisa do Inventário da Oferta Turística de Pernambuco. Esse trabalho identificava, pela primeira vez, de modo sistêmico, o conjunto de atrativos, equipamentos e serviços e infra-estrutura de apoio turístico de 26 municípios do Estado. Foi um trabalho pioneiro na região com significativa repercussão sobre o desenvolvimento e implementação das políticas estaduais voltadas para o turismo.

Nos anos de 1997 e 1998, a EMPETUR, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, e o apoio da SUDENE e Prefeituras, realizou a pesquisa do Inventário do Potencial Turístico de Pernambuco, dessa vez abrangendo um total de 82 municípios em todas as regiões do Estado.

Em 2000, a EMPETUR, contando com recursos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata Pernambucana – PROMATA, implementado pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Social – SEPLANDES, pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Esportes – SDETE e a Agência de Desenvolvimento de Pernambuco – AD/DIPER, fez a pesquisa em mais dois novos municípios, Buenos Aires e Nazaré da Mata, e atualizou os inventários de Aliança, Vicência e Tracunhaém, uma vez que esses formavam a área piloto do PROMATA.

Em 2002, a EMPETUR pesquisou os municípios de Catende e Água Preta em conjunto com o Projeto Renascer da SEPLANDES, utilizando recursos da Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ) e Prorenda Microempresa – PE e apoio logístico das prefeituras. Contando com a articulação da Comissão do Turismo da Zona da Mata Sul e a participação das prefeituras, atualizou os inventários de São Benedito do Sul, São José da Coroa da Coroa Grande, Tamandaré, Sirinhaém, Palmares, Rio Formoso e Barreiros.

Em 2003, com o apoio do escritório regional do SEBRAE em Petrolina, das Prefeituras de Petrolina, Lagoa Grande e de Santa Maria da Boa Vista, da Associação Integrada do Turismo na RIDE – ASSITUR e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Petrolina, a EMPETUR capacitou equipes locais para a atualização do inventário desses três municípios do Vale do São Francisco.

Ao longo desses anos, como pôde ser observado, a atualização do inventário foi efetuada em poucos municípios, tornando a sua base de dados, apesar de valiosa, desatualizada e fora dos novos padrões exigidos pela nova dinâmica e crescimento do turismo no Estado. É necessário também ampliar a pesquisa para outros municípios, prioritariamente, aqueles que estão dentro do Programa Rotas Turísticas de Pernambuco, concebido recentemente pela Secretaria de Turismo de Pernambuco - SETUR, EMPETUR, Comissão de Turismo Integrada do Nordeste - CTI-NE e Ministério do Turismo.

Assim, verificou-se a necessidade da atualização do presente inventário da oferta turística e inventariação de outros 10 municípios, devido à dinâmica e ao crescimento do setor turístico do Estado.

Para tal intento, torna-se imprescindível a busca por parcerias junto ao Poder Público, associações, empresas privadas e IES, de modo a contribuir para a atualização do inventário, tendo em vista que as informações contidas neste servirão como ferramenta de planejamento e conseqüente desenvolvimento do turismo no Estado, além da criação de uma base de dados para profissionais, pesquisadores e estudantes da área.

1. O que é o Inventário da Oferta Turística de Pernambuco?

O inventário do Potencial Turístico é um levantamento completo dos elementos que compõem ou poderão vir a compor a oferta turística de um município, estado ou país. Nele são inventariados os atrativos turísticos (naturais e culturais), equipamentos e serviços turísticos

e a infra-estrutura de apoio turístico.

O inventário apresenta uma gama de informações primordiais para se conhecer o potencial turístico que o local dispõe, elaborar o diagnóstico e o planejamento turístico municipal, estadual, regional, nacional e até mundial. Além de servir para orientar os possíveis investidores que desejam investir no local. A partir da análise dos dados levantados, pode-se avaliar a real possibilidade de crescimento do destino.

A partir do inventário se pode obter diversos produtos como roteiro de atrativos, guia de gastronomia, calendário de eventos turísticos, roteiro de engenhos e usinas, mapas ilustrativos do município/estado , roteiros de restaurantes por especialidade

, catálogo de meios de hospedagem

, roteiro de manifestações folclóricas,

roteiro do artesanato (pontos de venda/produção/artesãos). Através de pesquisas de gabinete e de campo, faz-se o levantamento visando manter atualizados dados sobre os equipamentos, serviços e atrativos turísticos, efetivos e potenciais, de municípios pernambucanos com vocação para o turismo.

O atual Inventário da Oferta Turística de Pernambuco identifica, de modo sistêmico, o conjunto de atrativos, equipamentos, serviços e infra-estrutura de apoio turístico de 86 municípios do estado. Consiste em uma ferramenta de planejamento, a qual engloba o conjunto de atrativos, equipamentos, serviços e infra-estrutura de apoio turístico. O inventário pode ser considerado também, um instrumento-base eficaz que fornecerá informações que auxiliará poder público, iniciativa privada, sociedade civil organizada, comunidade dos núcleos receptores e estudantes.

2. Qual sua importância e porque atualizá-lo?

Atualmente, a informação passou a ter importância enquanto instrumento indispensável para o planejamento e gestão do turismo. Afinal, para que ações eficazes sejam desenvolvidas, gerando benefícios para todos os atores envolvidos, é preciso, indispensavelmente, que haja o planejamento.

"Planejar exige informações confiáveis e de qualidade, informações-base para análises e decisões acertadas. (...) Assim, o levantamento de informações turísticas e não-turísticas dentro dos processos de planejamento e gestão é fundamental para elaboração de um pensamento estratégico sobre aquilo que se pretende em relação ao destino trabalhado".[1]

Empresas e Poder Público, hoje almejam, em função das exigências de mercado, desenvolver um modelo de gestão que tenha como princípio a questão da sustentabilidade. Busca-se a excelência na elaboração de planejamentos, produtos e prestação de serviços, não deixando de ter em vista a maximização dos benefícios econômicos. Baseado nisso, e mais ainda, no crescimento e relevância do setor turístico para a economia e sociedade, passou-se a tentar otimizar ao máximo as atividades relacionadas ao turismo.

É no bojo dessas questões que se torna bastante oportuna a atualização e inventariação da oferta turística de Pernambuco por constituir-se em uma ferramenta base de fácil manuseio e de grande importância para se planejar e desenvolver ações consistentes e eficazes. Isso porque as informações que serão geradas irão auxiliar Poder Público, Empresários, Turistas, Comunidade local e Estudantes, criando um banco de informações capaz de subsidiar planos, programas e projetos específicos para o desenvolvimento sócio-econômico das regiões envolvidas, bem como a produção acadêmica nas diversas áreas de estudo. Além de contribuir para a concretização do Módulo 6, Sistema de Informações Turísticas, do Programa de Regionalização do Turismo alcançando, assim, as metas definidas pelo Plano Nacional do Turismo.

Deve-se ainda inventariar a oferta turística de Pernambuco pelo fato do inventário dar condições de se desenvolver novos roteiros turísticos e fomentar modalidades já consolidadas, além de dar suporte a segmentos de mercado emergentes. Atualmente tem-se municípios que fazem parte de Rotas que já são comercializadas e, no entanto, não são inventariadas. A citar, a Rota da Moda e Confecção (município de Toritama) e Rota Cangaço e Lampião (municípios de São José do Belmonte e São José do Egito).

Ademais, o Estado é multicultural, possui história e gastronomia ricas, praias, ecoturismo e aventura, funciona como portão de entrada de boa parte dos vôos nacionais e internacionais, e tem uma grande expressividade no Nordeste, justificando mais uma vez a atualização e catalogação do potencial de 96 municípios pernambucanos para uma conseqüente utilização. Afinal, para se promover uma rota ou um destino é preciso conhecê-lo.

Considerações Finais

A atividade turística, bastante complexa por envolver vários ambientes (social, cultural, natural e econômico), é considerada atualmente umas das atividades que mais contribuem para o desenvolvimento econômico e social de uma localidade. No turismo têm-se vários ramos de atuação: hotelaria, agências e operadoras de viagem, cias aéreas, recreação, eventos, gastronomia, elaboração de projetos etc.

O setor público, mais especificamente a área de elaboração de projetos turísticos, é de suma importância para o desenvolvimento do turismo de qualquer região. Isso porque, é na estância pública que irão ser definidas as áreas que serão consideradas, os atores que serão atingidos assim como as prioridades.Enfim, o que, onde, como e quando serão executadas as ações ligadas ao setor de turismo.

Dessa forma, essa área de atuação do turismólogo é, talvez, a mais importante pelo fato da complexidade do espaço turístico ser muito grande por envolver vários ambientes como o social, cultural, natural, político-econômico. Mais ainda, pelo fato de interesses distintos terem que ser supridos a partir da idéia de equidade, quando está se trabalhando com planejando. E é no bojo dessas questões que o cientista crítico de turismo torna-se o profissional mais indicado para se trabalhar nessa área.

Vale salientar, ainda, que o inventário turístico é um instrumento-base imprescindível para se desenvolver projetos. Por dar condições de se desenvolver o diagnóstico da realidade dos locais a sofrerem algum tipo de intervenção, assim como nortear as ações da população, das políticas e projetos públicos e privados desenvolvidos para área.



[1]BRASIL. Ministério do Turismo. Projeto de Inventário da Oferta Turística, 2006, p. 12, apud http://www.mtur.gov.br/regionalizacao/.

 

Referências

BRASIL. Ministério do Turismo. Projeto de Inventário da Oferta Turística, 2006, p. 12. Disponível em: <http://www.mtur.gov.br/regionalizacao/>. Acesso em 04 de abril de 2007.

BENI, Mário Carlos. Política e planejamento de turismo no Brasil. São Paulo: Aleph, 2006.

BRASIL. Ministério do Turismo; EMPETUR; SETUR; Fundação CTI-NE; Rotas de Pernambuco, 2006.

RIO DE JANEIRO. Secretaria de Turismo Esporte e Lazer. Programa de Regionalização do Turismo, 2007.

CONVENTION VISITORS BUREAU. Pernambuco viva a cultura da gente: Destinos Turísticos.Recife, 2006.

CONVENTION VISITORS BUREAU. Pernambuco viva a cultura da gente: Atrações e Lazer.Recife, 2006.