Inventadeira-VIII

Eu tenho uma surpresa para vocês, disse dona Geni toda feliz!

Surpresa? Conte logo, dissemos a uma só voz, como já era de praxe.

O prefeito, meu filho, ofereceu uma sala bem grande para nossas reuniões, num prédio recém construído. Ar condicionado, mesa com café, chá, refrigerantes, bolos, bolachinhas, etc. e tal, enquanto nosso grupo existir! E sem custo algum! Nada mais justo, não é?

Seria, se nossa amiga não tivesse recusado a oferta e nos explicado suas razões.

Mulher ética que era, pediu que dona Geni agradecesse ao prefeito pela oferta, mas nossas reuniões continuariam ser na praça principal.

Tudo explicado, compreendido e aceito, ela deu início às histórias de sua avó!

Uma prima de minha avó era professora e das bravas. Ameaçava sempre as crianças com um cinto preto. Durante sua aula ouvia-se a respiração de todos. Mas acontece que chegou um aluno novo, que ao ouvir as ameaças dela, pôs-se a rir sem parar. E não é que ela pegou o cinto e deu uma cintada que por pouco não acertou o menino, que muito esperto e ligeiro, pegou uma ponta do cinto e segurou tão forte, que os dois rodopiaram entre as carteiras sem que nenhum o soltasse. Aos gritos, ela pediu que alguém chamasse a diretora, que ao ver a cena pôs-se a gargalhar. Pois bem, foi a última vez que viram a professora ameaçar alguém. Também...

A irmã mais velha de minha avó, tia Rê, foi com o marido fazer uma visita a seus cunhados na distante Curitiba. De repente, lá pelas tantas, apareceram uns homens vestidos de preto dos pés à cabeça, armados de fuzis, metralhadoras e anunciaram o assalto. Mas o que eles não sabiam é que tia Rê falava muito!!!!!!! E a danada começou a falar, a perguntar o porquê daquelas roupas pretas, se não sufocava, se as armas eram verdadeiras, e de nada adiantavam as ameaças por parte deles. Ela continuava falando, falando,perguntando tantas coisas, que eles "deram no pé", "escafederam". Depois de algum tempo, comentava-se na cidade que eles se regeneraram e resolveram entrar para a política.

Minha avó tinha uma tia, que depois de ter levado corrida de uma galinha choca, morria de medo de tudo que tivesse pena.Mas os primos não estavam nem ai. Quando queriam rir da priminha, era só jogar uma galinha nela. Tadinha né?

Malu, a concunhada mais velha de minha avó, foi ao pomar da casa de uma vizinha, e queria porque queria duas mangas que estavam bem no alto, mas estava muito difícil subir na mangueira. Depois de muito pensar, subiu na árvore ao lado e pulou, agarrando as duas mangas de uma só vez. Já era noite quando a encontraram ainda pendurada segurando as mangas. Essa é brava!!!!!!

Eu já contei para vocês do primo distante de minha avó metido a escritor? Não? Depois de muito tempo distante da família, ele apareceu no dia de nossa reunião anual, com  um livro grosso,uma capa muito bonita, dizendo que ali estava a história da família, mas só as coisas bonitas. Não era caro não e o pagamento só a dinheiro O nome do livro era "Amores", o que despertou curiosidade de todos que queriam ler suas 1200 páginas. E daí se eram muitas, diziam. É sobre nossa família, não  é? Então, de repente um dos parentes pegou o livro, abriu-o e viu que as páginas estavam em branco. Por enquanto é só o que tenho, disse o "escritor". Quando terminar eu volto... E pernas prá que te quero. Sumiu no mundo...  Tonto!

Eu penso que o Zeca, vizinho de minha avó, era muito mentiroso. Contou para ela que em sua fazenda tinha um riacho com tantos peixes, mas tantos peixes, que quando ele ia pescar, era só parar a caminhonete ao lado, que os peixes pulavam para a caçamba, lotando-a em poucos segundos. Vichi!

E meu avô então! Ele contava para quem quisesse ouvir, que uma vez foi pescar no Mato Grosso, e sua caminhonete quebrou. Para não perder o peixe de 82 quilos que pescou, trouxe-o nas costas até Restinga onde morava. Será?

Minha avó durante algum tempo dizia-se vegana. Fazia a comida para a família separada da sua. Mas um determinado dia, eu e meus primos, passeando pela cidade, vimos vovó comendo um suculento bife, arroz e fritas, acompanhado de um copo de iogurte. Foi o último dia que ela comeu "quase nada". Espertinha, né?