Introdução à Mordomia Cristã:

Uma Perspectiva Bíblica-Teologica

Pastor George Emanuel

1.      Artigo 21- Declaramos crer na Mordomia Cristã dos Membros da Igreja. A mordomia cristã é a crença de que Deus é Senhor e Criador, sendo Ele mesmo o Dono de todas as coisas. O mundo foi criado por Ele, sendo Ele mesmo o Sustentador de todas as coisas, tanto as visíveis quanto as invisíveis. A Palavra do seu poder mantém tudo em perfeita estabilidade e harmonia, estando tudo a serviço da Sua glória. Todas as coisas pertencem a Deus: o mundo, a vida, os animais, os bens; enfim, como diz a Bíblia: do Senhor é a terra a sua plenitude, o mundo, e todos o que nele habita (Sl 24:1). Todo o sumo bem procede do Altíssimo e por isso deve os homens, principalmente, os seus escolhidos, lhe servirem e administrar da forma como o Senhor deseja, todos os bens que Ele nos tem dado. Nós somos administradores do Reino de Deus, nossas aptidões, tempo, bens, influência, oportunidades, recursos naturais e espirituais, e tudo o mais que Deus nos entregou em seu infinito amor e bondade, devem ser fielmente canalizados para o desempenho da obra de Deus. Cabe a cada um de nós vivermos e comunicarmos essa mordomia através do Evangelho e de uma vida de testemunho pessoal. [Credo Emanuel]

 

2.      Tudo que temos constitui-se em um depósito do que um dia teremos de dar conta. “Temos, pois, de administrá-las como se de contínuo, ressoasse em nossos ouvidos aquela sentença. ‘Dá conta de tua mordomia’ (Lc. 16.2).” [J. Calvino, Institutas, III.10.5]. Deus concede-nos bens para que o gerenciemos; Ele continua sendo o Senhor de tudo: “Quando Deus nos envia riquezas não renuncia a sua titularidade, nem deixa de ter senhorio sobre elas (como o deve ter) por ser o Criador do mundo. (...) E ainda que os homens possuem cada um sua porção segundo Deus os há engrandecido mediante os bens deste mundo, não obstante, Ele sempre continuará sendo Senhor e Dono de tudo”. [Juan Calvino, El Señor dio y El Señor quito: In: Sermones Sobre Job, Jenison, Michigan, T.E.L.L., 1988, (Sermon nº 2), p. 42]. Para Calvino a riqueza residia em não desejar mais do que se tem e a pobreza, o oposto: “Confesso, deveras, que não sou pobre; pois não desejo mais além daquilo que possuo.” (João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, p. 46). “Nossa cobiça é um abismo insaciável, a menos que seja ela restringida; e a melhor forma de mantê-la sob controle é não desejarmos nada além do necessário imposto pela presente vida; pois a razão pela qual não aceitamos esse limite está no fato de nossa ansiedade abarcar mil e uma existências, as quais debalde sonhamos só para nós.” [João Calvino, As Pastorais, (1Tm 6.7), p. 168]. Por sua vez, também entendia que a prosperidade poderia ser uma armadilha para a nossa vida espiritual: “Nossa prosperidade é semelhante à embriaguez que adormece as almas.” [Juan Calvino, El Uso Adecuado de la Afliccion: In: Sermones Sobre Job, Jenison, Michigan, T.E.L.L., 1988, (Sermon nº 19), p. 227. Ver também: João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, (Sl 30.6), p. 631; As Pastorais, (1Tm 6.17), p. 181]. “Aqueles que se aferram à aquisição de dinheiro e que usam a piedade para granjearem lucros, tornam-se culpados de sacrilégio.” [João Calvino, As Pastorais, (1Tm 6.6), p. 168]. “Todos quantos têm como seu ambicioso alvo a aquisição de riquezas se entregam ao cativeiro do diabo” [João Calvino, As Pastorais, (1Tm 6.8), p. 169]. Daí que, para o nosso bem, o Senhor nos ensina através de várias lições a vaidade dessa existência. [Vd. João Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, p. 60].

 

I.                 CONSIDERAÇÕES GERAIS:

1. O que é Mordomia Cristã:

Na teologia sistemática, a doutrina da mordomia cristã é o reconhecimento da soberania de Deus sobre todas as coisas criadas (Sl 24:1), bem como nossa servitude e fidelidade no cargo de depositários das riquezas espirituais de Cristo (I Co 4:2); compreendendo e exercendo uma excelente administração das mesmas de acordo com a santa vontade de Deus. A doutrina da mordomia cristã devidamente compreendida e praticada livra-nos da artificialidade, do egoísmo e da falsa espiritualidade que faz dicotomia entre o sagrado e o secular.

Na verdadeira mordomia cristã, o Evangelho (Rm 1:16) é o nosso principal e maior tesouro (Mateus 13:44). E os cristãos são chamados à vida de serviço ao Rei e ao Reino de Deus. Sendo assim, cada minuto de nossa vida é sagrado, porque pertence a Deus. Nosso trabalho não será mecânico, dispendioso, ou enfadonho porque estará envolvido pela graça de Deus. Estamos cooperando com Deus no desenvolvimento e progresso de um mundo criado e mantido por Ele mesmo. O mordomo fiel, despertado por uma visão nova e mais ampla, verá Deus e Sua mão em lugares e coisas que lhe pareciam despidas de caráter espiritual. Não só a Igreja, mas o lar e o seu trabalho participam dessa esfera sagrada, porque Deus é Criador e Preservador de todas as cousas visíveis e invisíveis. O conceito cristão de mordomia faz crescer o senso latente na alma de nossa responsabilidade, tendo de prestar contas de toda a nossa vida em todas as suas manifestações. Tremendas são as nossas responsabilidades como mordomos de Deus e ciente da nossa fragilidade e incapacidade para bem desempenhar nossa mordomia, o Espírito Santo veio habitar em nós para conduzir-nos à vida abundante de despenseiros da sua multiforme graça (1ª Pe 4:10). Ele nos esclarece quanto aos nossos deveres cristãos, fortalece-nos para o desempenho da tarefa, purifica-nos para que sejamos vasos de honra, úteis ao nosso Possuidor, e preparados para toda boa obra (2ª Tm 2:21).  

A mordomia cristã reconhece e reverencia ao Senhor Deus com Criador (Gn 1) e Sustentador de todas as coisas (Cl 1:17). Sendo Ele mesmo Deus de infinita abundância (Sl 50:10-11) e graça (2 Co 9:8), possuindo sempre a primazia por meio do poder de sua Palavra e do seu Espírito. Lembremo-nos que Deus criou homem e mulher à sua própria imagem e os fez mordomos responsáveis por cuidar da terra e de suas criaturas. Ele os dotou de faculdades racionais, morais, sociais, criativas e espirituais, que fazem de nós seres iguais a Ele (Imago Dei)1. Um cristão de personalidade pneumática é um administrador do céu sobre a terra (Mt 6:24), e existe uma ligação vital entre o modo como utilizamos as posses quer nos foram confiadas (como investimentos do e no reino de Deus) para que os fiéis despenseiros  recebam as recompensas eterna (Fp 4:17) . A teologia da mordomia torna-nos conscientes dos cuidados não só para os seres humanos, mas de cuidados para o resto da criação. Nós estamos comprometidos à razão da utilização de recursos da terra como um modo de vida agora, de acordo com o modelo do novo céu e a nova terra.

O trabalho de mordomia cristã é muito mais do que confessionalidade, mordomia é envolver toda a Igreja e o mundo em um trabalho planejado, motivado e supervisionado por Deus e sua Palavra. Assim, responderemos à demanda das comunidades, trazendo muito mais do que resultados financeiros, mas um envolvimento dos integrantes da comunidade em um serviço cristã de qualidade. A mordomia também se mostra importante na área da evangelização, não falando apenas de contribuição financeira, mas levando ao reconhecimento das dádivas e das riquezas insondáveis de Cristo. Para Lutero, por exemplo, o convite para a mordomia do tempo, bens e dons foi entendido como resposta de fé à graça justificante de Deus. Recuperando, assim, a importância das obras e da obediência da fé (Confissão de Ausburgo VI e XX) para a teologia e práxis da Igreja. A mordomia também deu um grande impulso para o reconhecimento da importância de um planejamento comunitário e paroquial com objetivos e metas. Devemos lembrar também da reorganização dos fichários de membros até ao exercício de um planejamento estratégico bem alicerçado baseado numa análise da situação da comunidade local e etc.

A Confissão de Fé Batista de Londres de 1689, diz: Deus tem em si mesmo e de si mesmo toda a vida, glória, bondade e bem-aventurança. Somente ele é auto-suficiente, em si e para si mesmo; e não precisa de nenhuma das criaturas que fez, nem delas deriva glória alguma; mas somente manifesta, nelas, por elas, para elas e sobre elas a sua própria glória. Ele, somente, é a fonte de toda existência: de quem, através de quem e para quem são todas as coisas, tendo o mais soberano domínio sobre todas as criaturas, para fazer por meio delas, para elas e sobre elas tudo quanto lhe agrade. Todas as coisas estão abertas e manifestas perante Ele; o seu conhecimento é infinito, infalível e independe da criatura, de maneira que para Ele nada é contingente ou incerto.  Ele é santíssimo em todos os seus pensamentos, em todas as suas obras, e em todos os seus mandamentos. A Ele é devida da parte de anjos e de homens, toda adoração, todo serviço, e toda obediência que, como criaturas, eles devem a criador; e tudo mais que Ele se agrade em requerer de suas criaturas. ( Jo.5.26: Sl.148.13. Sl.119.68; Jó 22.2,3;Rm.11.34-36:Dn.4.25,34,35;Hb.4.13; Ez.11.5: At.15.18: 25 Sl.145.17; Ap.5.12-14)

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[1] Deus existe e o homem foi criado à sua imagem e semelhança. No relato histórico da criação do homem, encontramos o registro inspirado: "Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.... (Gn 1.26). Deus Se aconselha consigo mesmo e delibera. Aqui podemos ver a singularidade da criação do homem; em nenhum outro relato encontramos esta forma relacional. Conforme acentua Bavinck (1854-1921), Ao chamar à existência as outras criaturas, nós lemos simplesmente que Deus falou e essa fala de Deus trouxe-as à existência. Mas quando Deus está prestes a criar o homem Ele primeiro conferencia consigo mesmo e decide fazer o homem à Sua imagem e semelhança. Isso indica que especialmente a criação do homem repousa sobre a deliberação, sobre a sabedoria, bondade e onipotência de Deus. (...) O conselho e a decisão de Deus são mais claramente manifestos na criação do homem do que na criação de todas as outras criaturas. Aqui temos o decreto Trinitário que antecede o tempo e, que agora, se executa historicamente conforme o eternamente planejado. V. Anthony A. Hoekema, Criados à Imagem de Deus, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, e Herman Bavinck, Our Reasonable Faith, 4ª ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1984.

 

 

2. Definição do Termo “Mordomo” no Hebraico, Grego e Latim.

Na Bíblia Hebraica o termo Sar- rf; , «oficial; líder; funcionário; comandante; capitão; chefe; príncipe; governante». Este vocábulo, que tem um cognado em acadiano, se encontra 420 vezes no hebraico bíblico. O termo se aplica a certos indivíduos que são “oficiais do rei” ou “representantes reais”. Por exemplo, em Gênesis 12:15 que diz: E viram-na os príncipes de Faraó, e gabaram-na diante de Faraó; e foi a mulher tomada para a casa de Faraó. Em outros contextos, Sar se refere a «homens que tem responsabilidades sobre outros»; são «governantes e chefes». Sar pode significar um «líder» de uma profissão, um grupo, um distrito, como Ficol, que era «chefe» do exercito de Abimelec (Gn 21.22). Ou Potifar que foi «funcionário de faraó, capitão da guarda ou dos guarda-costas» (Gn 37.36). Sar é um chefe, um funcionário, um oficial, um mordomo (cf. Gn 40.2). Os sarim (plural) pertenciam a «nobreza» (Is 23.8).Sar é usado para certos homens hábeis e notáveis de Israel. Quando Joabe assassinou a Abner, o rei Davi exclamou aos seus servos, oficiais do palácio: Então, disse o rei aos seus homens: Não sabeis que, hoje, caiu em Israel um príncipe e um grande homem? (2 Samuel 3:38. v.t Nm 21:18). Em  2 Samuel 23:18, diz: Também Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, era cabeça (chefe) de trinta; e alçou a sua lança contra trezentos e os feriu. E tinha nome entre os primeiros três. Estes homens eram comandantes do exercito de Davi (cf. 2 Sl 23.19).

 

Em Josué 9.30, Sar significa «governante» de uma cidade. Qualquer funcionário do governo podia ser chamado Sar (Nee 3.14). Até os «oficiais» do culto que serviam dentro do templo de Deus eram denominados sarim (Jr 35.4). Os príncipes, os levitas, e os sacerdotes eram sarim. (1 Cr 15.16; Ed 8.24). E os repartiram por sortes, uns com os outros; porque houve governadores do santuário e governadores da casa de Deus, assim dentre os filhos de Eleazar, como dentre os filhos de Itamar. 1 Cro 24:5. o livro de Daniel usa a palavra Sar para referir-se aos seres espirituais sobre-humanos e angelicais. Miguel, por exemplo, é «príncipe» de Judá (Dn 10.21; cf. Js 5.14). Daniel 8.25 a alusão é que se levantará um Sar que será o Messias de Israel. O profeta Isaias o chamou de Príncipe da Paz (Sar-?hälôm- Is 9.6)

Na LXX, (Septuaginta) versão da Bíblia hebraica para o grego koiné, que foi traduzida entre o terceiro e o primeiro século a.C.  em Alexandria. Dentre outras tantas, é a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego, língua franca do Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande. A tradução ficou conhecida como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta), pois setenta e dois rabinos, segundo a tradição, trabalharam nela e, segundo os relatos, teriam completado a tradução em setenta e dois dias. A Septuaginta foi usada como base para diversas traduções da Bíblia, e era a Bíblia utilizada por Jesus, seu Apóstolos e discípulos. Na rubrica grega a palavra para “Mordomo” é oivkono,moj.

Ø oivkono,moj (oikonomos) denota primariamente a  pessoa  que governa e administra uma  casa. Três verbos gregos são utilizados para formar tal substantivo (oikía ou oikos, significa literalmente habitação ou casa; o outro é nemo, que quer dizer disponibilizar, arranjar, organizar; e por ultimo nomos que significa lei, estatuto ou prescrição). Sendo assim, o mordomo é um administrador estabelecido legalmente pelo seu senhor e dono. Geralmente os escravos ou libertos eram os responsáveis por serem os curadores ou procuradores (Lc 12.42; 16.1,3 8); observando o contexto vivencial podemos considerar as seguintes funções do Oikonomos. Em primeiro lugar ele é um «mordomo» porque os gastos e receitas do seu senhor estão sob sua responsabilidade, bem como dirigi todos os negócios do proprietário da casa. Em segundo lugar, ele é um «tesoureiro», havia em Corinto um homem chamado Erasto, discípulo de Paulo (Rm 16.23); Erasto é chamado de tesoureiro ( Gr. oikonomos, ou  Lt. arcarius , o nome que davam os romanos ao magistrado encarregado dos assuntos financeiros). Em terceiro lugar, o oikonomos é um administrador que cuidava dos filhos e dos demais servos da casa. Sua função maior era supervisionar e alimentar aos domésticos, servindo de guardião das crianças e de mentor para os que atingiam a maturidade. Superintendente de modo que todos os problemas da casa e dos bens estivessem dirigidos a uma economia tanto de mercado como de supervisão de comidas e criados, esperava-se dos administradores um bom rendimento dos bens a eles confiados. O pago dado ao administrador era uma prebenda calculada sobre tantos por cento dos bens envolvidos nos negócios.

 

Se usarmos metaforicamente em um sentido mais amplo, as figuras do administrador, então podem considerar os seguintes pontos.

 

1.      Os pregadores do Evangelho e os mestres da palavra de Deus são despenseiros (oikonomos) dos mistérios de Deus (I Co 4.2). Paulo aconselha aos corintios que o considerem a ele e a seus colaboradores como servidores e administradores, não dos homens, mas de Deus. Como eram chamados por Deus para sua obra no ministério do Evangelho, não deviam ser considerados dirigentes de diversas facções dentro da igreja nem caudilhos (chefes militares) de bandos em disputa. Pois, Cristo deu a seus obreiros a responsabilidade de pregar sua palavra ao mundo (Mt. 28: 19-20). Não lhes é permitido ensinarem as opiniões ou suas crenças particulares, senão que se lhes encarrega que dêem aos homens a mensagem pura de salvação, incontaminado pela filosofia do mundo e dos circunlóquios teológicos (1 Tim. 6: 20-21; 2 Tim. 4: 13). 

 

2.      Em segundo lugar, somos Servidores e não senhores. Paulo usa a expressão grega u`phre,thj servidor, assistente, ministro. Esta palavra originalmente se usava para os remadores das galeras de guerra, e distinguia a esses remadores dos soldados que combatiam na coberta. Essa palavra também era usada para  qualquer subordinado que se ocupava de não trabalho pesado, e na terminologia militar para as ordens que serviam ao comandante em chefe. . . Este uso de u`phre,thj como os ordens militares cujo dever era servir aos oficiais a mais alta graduação no exército, pode refletir-se no uso que lhe dá Pablo neste versículo. Aqueles a quem se lhes confiou à obra do ministério evangélico, são num sentido especial, as ordens do grande Comandante e Chefe, Jesus; somos os responsáveis e os representantes oficiais de Cristo, os servidores públicos e régios de seu Reino e Glória.

 

3.      Em terceiro lugar, os anciões (presbíteros) e bispos (pastores) da Igreja foram vocacionados para serem oikonomos do patrimônio celestial. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus...Tt 1:7. Possuir autodisciplina e  fidelidade é de uma importância suprema na mordomia. O homem não tem a propriedade absoluta de nada neste mundo, nem ainda de sua força física e mental, pois todas as faculdades que possuem os homens pertencem a Deus. É um ser criado, e como tal pertence a seu Criador. Também é um ser isentado e comprado pelo sangue de Cristo; portanto, num duplo sentido, o homem não possui nada nem pertence a si mesmo. A terra e tudo o que há nela pertencem a Deus (Sl 24.1); ele é o Dono Supremo. O confiou ao homem o cuidado de sua propriedade. Desse modo o homem chegou a ser o mordomo do Senhor, o encarregado da responsabilidade de usar os bens de seu Amo, de tal maneira que o benefício se aumente para Deus. O reconhecimento desta relação entre o homem e seu Criador deve produzir em nós uma determinação para se exercer grande cuidado no uso de tudo o que nos foi confiado durante o período de nossa peregrinação nesta terra. O verdadeiro crente em Cristo constantemente tenta glorificar a Deus no manejo das coisas colocadas sob seu cuidado, sejam elas coisas físicas, mentais ou espirituais. Reconhecer que não estamos em liberdade de usar seus bens ou seus talentos para a satisfação dos desejos e as ambições naturais do nosso próprio coração. Devemos sempre está sob a obrigação de colocar em primeiro lugar os interesses de Deus em todas as atividades da vida. A parábola dos talentos ilustra muito bem esta verdade (Mt. 25: 14-30).

 

4.      Em quarto lugar, todos os crentes, individualmente, são chamados a administrarem aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. ( I Pe 4:10). O apostolo Pedro diz “cada um”, ou seja, nenhum cristão é tão pobre que não possa estender a mão de ajuda a outros.  A hospitalidade faz que as comodidades mais humildes adquiram um valor inapreciável. Cada um pode servir de alguma maneira a seu próximo. Compartilhar são o privilégio e a responsabilidade dos cristãos. O Senhor, nosso Deus nos deu ca,risma (dádiva entregada com generosidade, um "favor" concedido. Pedro não se refere aos dons milagrosos que dispensa o Espírito Santo, mas às capacidades naturais e às bênçãos materiais que continuamente recebe cada filho de Deus. "De graça recebestes, dai de graça" ( Mt. 10: 8).  O que Deus tão bondosamente nos tem nos ofertado devemos compartilhá-lo com outros "principalmente” com "os da família da fé" ( Gl. 6: 10), também devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. e com aqueles que se afadigam na ministração da Palavra. 1 Tm 5:17. Se Deus concede suas dádivas com graça e abundantemente. Seus administradores devem distribuir essas bênçãos com o mesmo espírito  kalós, "excelente", "eficiente" com o que o Senhor se as deu. 

 

 

Ø  Analisaremos agora alguns termos do latim da Vulgata de Jerônimo2.

 

1.      Procuratoris (Gn 15:2). Procurador: dirigente, funcionário judicial, agente. Do grego hegemon ou epitropos literalmente um guia ou tutor financeiro. O procurador era um magistrado imperial para a província, nomeado pelo imperador e imediatamente responsável perante o reino. Originalmente, o procurador encarregava-se do tesouro. Ocasionalmente, governava a província com poderes de governador.

 

O texto diz: Então disse Abrão: Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo (procuratoris) da minha casa é o damasceno Eliezer? Este pensamento se expressa primeiro na frase hebréia que a ACF, traduz como "mordomo de minha casa". Literalmente: "o filho da posse de minha casa", o que significava "aquele que será o herdeiro de minha casa". O mesmo pensamento claramente se repete com as palavras: "Tenho aqui que será meu herdeiro um escravo nascido em minha casa" (vers. 3). Todos os anseios, sofrimentos e desenganos dos anos da vida matrimonial de Abrão se expressam neste lamento, que ninguém nascido dele senão só um nascido em sua casa seria seu herdeiro. Eliezer, nascido na casa de Abrão e criado como todos os outros servos, no temor do Senhor, não só era um escravo digno de confiança senão um fiel seguidor do patriarca. Era homem piedoso e experimentado, de são juízo. Todavia, não seria ele o herdeiro, Deus presentearia Abrão com Isaac. Os registros da mesopotâmia, particularmente dos tempos patriarcais da cidade de Nuzi, ajudaram a entender esta passagem que até então era escuro. Esses registros mostram que um casal rico que não tivesse filhos podia adotar a um de seus escravos, que chegava a ser o herdeiro de toda sua propriedade, e que também os cuidava em sua velhice. Os direitos e deveres relacionados com a adoção eram escritos selados e logo assinados por várias testemunhas bem como pelas duas partes do convênio. Abrão temia que não lhe restasse outro caminho senão seguir a prática comum de seu tempo e adotar como seu filho legal e herdeiro a seu servo mais digno de confiança, Eliezer de Damasco.

 

Reconhecendo que mordomia cristã é obediência aos princípios bíblicos e resulta da revelação de Deus e da ação permanente na história e na vida particular de cada um. O mordomo fiel é o que se submete à vontade do seu Senhor. Eliezer é um exemplo a ser seguido sua vida, as ações e as atitudes; a personalidade, a influência, a profissão e o trabalho; a educação e o emprego do seu produto, bem como os assuntos relativos à economia e à administração e utilização dos bens. A adoração, testemunho de vida e os propósitos pessoais; a utilização da vida e dons no serviço do Senhor, para beneficio da família, da sociedade, da igreja, do Reino de Deus e das realizações pessoais dos descendentes de Abrão.

 

 

 

 

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[2] A Vulgata constitui o marco fundante da Igreja de língua latina. Até então circulavam diversos textos e extratos latinos, todos eles baseados sobre a tradução grega e em estado precário. Quando Dâmaso encarregou Jerônimo de estabelecer um texto digno de confiança para a Igreja, em 384, não o encarregou de preparar uma nova tradução, mas apenas de rever e corrigir esses textos que circulavam em Roma, com a ajuda da tradução grega Jerônimo começou a fazer essa revisão, mas a partir de 391, já estabelecido na Palestina, resolveu retraduzir todo o AT com base nos textos em hebraico e aramaico, inclusive Tobias e Judite, que encontrou em aramaico (os demais deuterocanônicos baseou-se no texto grego), concluindo tudo por volta do ano 406. De início, sua tradução sofreu grande oposição, devido principalmente o emprego de termos não-tradicionais ou certos afastamentos da tradução grega; no tempo de Gregório Magno, porém, passou a desfrutar de iguais direitos que as demais traduções, fixando-se como texto principal para a Igreja latina entre os séculos VIII e IX (a denominação "Vulgata", contudo, só começou a ser usada a partir do séc. XIII). Atualmente a Igreja de Roma utiliza a "Nova Vulgata", recentemente traduzida conforme os métodos científicos mais modernos. No Brasil, para o uso litúrgico, é empregada a "Bíblia Sagrada Tradução da CNBB" [BSC], que em sua apresentação informa: "Foi levada em consideração, sistematicamente, a nova tradução oficial [a Nova] 'Vulgata', conforme o desejo expresso pelo Concílio Vaticano II e pelos últimos Papas. Como recomenda o Concílio Vaticano II (Dei Verbum, n. 22), a tradução se baseia, pois, nos textos originais hebraicos, aramaicos e gregos, cotejados criteriosamente com a Nova Vulgata, ela mesma baseada nos documentos originais”. Segundo a ampla maioria dos estudiosos (p.ex.: Altaner e Stuiber), "as traduções [da Vulgata] são fiéis e apuradas, porém, não servilmente literais, sendo o critério de Jerônimo a inteligibilidade do texto e o respeito à sensibilidade estilística do leitor. Por consideração ao texto tradicional, seguiu amiúde a LXX (...) Não raras vezes aflora em suas traduções o influxo de tradições rabínicas, bem como seus conhecimentos da história clássica da literatura e da civilização. Suas traduções mais tardias apresentam estilística melhor. Em vista dos pouquíssimos recursos à sua disposição, a obra de Jerônimo é digna de admiração e da mais alta estima" ("Patrologia", ed. Paulinas, 2ª ed., 1988, pp. 397-398).

 

·        Abraão da comissão para seu servo Eliezer.  Os acontecimentos narrados neste capítulo ocorreram três anos após a morte de Sara (23: 1 2). Já que Sara tinha 90 anos quando nasceu. Isaac, e este 40 quando se casou com Rebeca (25: 20), Abrão tinha uns 140 anos neste tempo (17: 17).

·        Abraão envia o servo mais fiel para buscar a noiva para Isaac.

·        Este é Eliezer (Gênesis 15:2), ou, pelo menos, ele era cerca de 60 anos antes desta. Se for outra pessoa, o Espírito Santo não queria que soubéssemos.

·        Eliezer faz um juramento com sua mão na coxa do seu senhor: De acordo com o antigo costume, este descreve um juramento muito grave. Abraão é extremamente preocupado com que Isaac não se case com uma pagã Canaanita.

·        Abrão define claramente a comissão. Ainda que Abrão morra Eliezer cumpriria sua missão. Em ambos os casos as circunstâncias sugerem uma promessa que tinha que cumprir fielmente após a morte daquele a quem se fazia a promessa, é dizer que se cumpria com sua posteridade. A morte de uma das partes, não desobrigaria a outra de seu juramento.

·        Eliezer é incumbido de ser tutor de Isaac após a morte de Abrão e solenemente Abrão encarregou a Eliezer que não lhe permitisse que Isaac fosse a Mesopotâmia. Sentia que nem ele nem seu filho deviam regressar ali nem sequer para uma visita. Isto, junto com sua idade avançada, provavelmente influenciou nele para que não voltasse em pessoa a conseguir uma esposa para seu filho.

·        O Anjo do Senhor acompanhará Eliezer e sua oração será ouvida por Deus.    Tendo sido criado na religião de seu amo e sendo ele mesmo um firme crente no Deus verdadeiro, Eliezer orou silenciosamente pedindo sabedoria, direção e sucesso. Este servo que ora é um exemplo animador dos frutos do zeloso cuidado de Abrão pelas almas de sua casa (18:19). Esta, a primeira oração registrada na Bíblia, expressa uma fé singela e infantil. Bem conhecia Eliezer que era grande sua responsabilidade de voltar com uma mulher que fosse uma bênção e não uma maldição para a casa de Abrão, uma que fosse idônea para seu esposo e que não contribuísse para sua queda, apostasia ou negligencia. Portanto, pediu um sinal que o guiasse em sua eleição. Já que não era fácil sacar água suficiente para dez camelos sedentos, o que propôs significava uma verdadeira prova de caráter e mordomia cristã. Eliezer queria estar seguro de que a mulher que levasse ao lar de Abrão fosse naturalmente amigável, disposta para ajudar e capaz de trabalhar.

 

 

 

Ø Eliezer ficou maravilhado. Rebeca, a quem um cansado viajante só lhe tinha pedido um pouco de água para beber, imediatamente manifestou sua bondosa disposição. Seu oferecimento de sacar água para os camelos foi voluntário e não obedecia a um costume. Demonstrava um genuíno desejo de ajudar aos que estavam em necessidade e, sobretudo, não deve esquecer-se que sua bondade foi utilizada pela providência de Deus como uma evidência de que ele a tinha escolhido para ser a esposa de Isaac. Seu oferecimento podia ser a plena resposta à oração de Eliezer unicamente se provia como uma manifestação natural do caráter. Eliezer estava tão fascinado pela boa vontade natural de Rebeca de ajudar-lhe, que permitiu que sacasse água para seus dez camelos sem oferecer-lhe sua ajuda (Gn. 29: 10; Ex. 2: 17). Ficou surpreendido pela precisão e prontidão com que a Providência tinha respondido a sua oração em procura de direção. Momentaneamente vacilou: poderia ser verdade? De igual modo os discípulos ficaram assombrados quando Pedro, após ter sido libertado da prisão por um anjo, subitamente esteve ante eles. Ainda que orassem para que fosse liberto, resultou-lhes em difícil aceitação da resposta de Deus quando chegou (At.12: 12-17).

 

Ø Eliezer dá um presente a Rebeca. Deve notar-se que este presente não foi o dote dela senão uma expressão da gratidão de Eliezer. Ainda que suspeitasse que chegasse a ser a esposa de Isaac, Eliezer, todavia nem sabia seu nome, muito menos sua relação familiar com Abrão. A palavra traduzida "pendente", "jóia para frente", prove do hebreu nézem, um anel para o nariz. Desde os tempos antigos, as mulheres beduínos levaram anéis no nariz (Is 3: 21; Ez. 16: 11 12). Entre os beduínos, o anel no nariz é, todavia o presente que se acostuma dar quando se compromete um casal. O anel de ouro pesava provavelmente uns 6 g, e os dois braceletes de ouro entre 120 e 150 g. Ao preço atual do ouro, seu valor combinado seria de uns 700 dólares. Não é de admirar que Labão ficasse surpreendido (vers. 30).

 

Ø Eliezer, servo de Abrão era um desses indivíduos felizes que não somente oram pedindo ajuda senão que também expressam sua gratidão ao recebê-la. Deu a glória a Deus pelo bom sucesso que tinha acompanhado a sua missão. Eliezer é um digno exemplo do valor do culto familiar. Abrão nunca tinha considerado sua religião como uma mera posse pessoal, mas sim a tinha vivido e ensinado (cap. 18: 19), e tinha feito que sua grande família participasse dos requisitos e privilégios do pacto divino (cap. 17: 23). Tinham chegado a crer no Deus verdadeiro e a imitar o exemplo de fiel consagração a Deus de parte de Abrão. As duas orações de Eliezer no poço da cidade de Nacor fazem ressaltar o valor da obra missionária no lar.

 

Ø Eliezer estava convencido de que a jovem que tinha conhecido em forma tão notável era a elegida por Deus para acompanhá-lo de volta a Canaã. A hospitalidade parece ter sido uma prática comum no lar de Rebeca. De outro modo, não se tivesse sentido livre para convidar a um estranho a posar com eles.

 

Ø Eliezer se inclina em adoração a Deus (v.26). O fiel servo de Abrão era um desses indivíduos felizes que não somente oram pedindo ajuda senão que também expressam sua gratidão ao recebê-la. Deu a glória a Deus pelo bom sucesso que tinha acompanhado a sua missão. Eliezer é um digno exemplo do valor do culto familiar. Abrão nunca tinha considerado sua religião como uma mera posse pessoal, mas sim a tinha vivido e ensinado (cap. 18: 19), e tinha feito que sua grande família participasse dos requisitos e privilégios do pacto divino (cap. 17: 23). Tinham chegado a crer no Deus verdadeiro e a imitar o exemplo de fiel consagração a Deus de parte de Abrão. As duas orações de Eliezer no poço da cidade de Nacor fazem ressaltar o valor da obra missionária no lar.

·        No v. 28, diz que Rebeca foi à casa de sua mãe. Os eruditos bíblicos do A.T. deram várias explicações para responder por que Rebeca foi à "casa de sua mãe" e não à casa de seu pai: (1) Sua mãe era cabeça da família. Isso não pode ser correto porque os homens da família decidiram à questão (v. 31, 50-59). (2) Seu pai, Betuel, tinha morrido e a pessoa desse nome do v. 50 era um irmão menor. (3) Em muitos países orientais as mulheres têm residências separadas, e naturalmente Rebeca foi ali primeiro para contar o que lhe tinha sucedido. (4) A expressão "casa de sua mãe" significa em realidade "casa de sua avó", de acordo com um costume comum semítica pela qual uma avó pode ser chamada mãe. Já que a avó de Rebeca, Milca, é mencionada repetida vezes (v. 15, 24, 47), ao passo que sua mãe não é mencionada; é possível que a última tenha morrido. De modo que Rebeca residia com sua avó Milca, quem sendo viúva teria uma casa separada. O terceiro ponto de vista parece oferecer a melhor explicação.

 

Ø Eliezer tinha uma missão a cumprir e nada poderia impedi-lo (v. 30-33) Labão era o filho de Betuel, que era filho de Naor, o irmão de Abraão. Vivia em Harã, na Mesopotâmia. A sua irmã Rebeca foi mulher de Isaac (Gn 24). Jacó, um dos filhos deste casamento, fugiu para casa de Labão, com cujas filhas - Raquel e Leia - ele acabou por casar. Labão possuía um caráter defeituoso, posto em evidência nos seus tratos mais tarde com o patriarca Jacó, refletiu-se também no fato de que, ao ver os ricos presentes que tinha recebido sua irmã (Rebeca), Labão saiu correndo imediatamente para encontrar a Eliezer. Mesmo sendo idólatra (31: 30), Labão também conhecia e apreciava o culto de Yahweh. A cortesia de Labão era um costume oriental onde normalmente também havia a transação de negócios após a refeição (veja. Homero, A Odisea, III. 69). No entanto, Eliezer sentiu que sua missão era tão solene  que não podia deter-se mesmo para comer enquanto o assunto seguisse pesando sobre seu coração e seu resultado permanecesse incerto. Sua diligência aqui manifestada explica a confiança que Abraão lhe tinha e a justifica plenamente.

 

Ø Eliezer testemunha da providencia de Deus e da prosperidade de Abraão.    Após repetir o relato da prosperidade de seu amo, do nascimento de Isaac, de seu próprio juramento de conseguir uma esposa para Isaac entre os parentes de seu amo, e da forma providencial em que tinha sido levado ao lar de Rebeca, Eliezer com solene fervor insistiu numa decisão imediata. Em harmonia com o costume normal do Oriente, Labão e Betuel deviam aprovar o proposto casamento de Rebeca com Isaac. No entanto, já que Deus já tinha decidido o assunto, não lhes ficava alternativa senão ceder. No que a eles se referia a decisão de Deus não podia ser questionada por eles, e assim Eliezer ficou em liberdade para levar a Rebeca a Canaã.

 

Ø Dos versículos 40-49, temos um sentimento de extrema urgência. Esta é a terceira oração de Eliezer durante sua curta estada na cidade de Nacor (vs. 12, 26). Parece que cada incidente da vida era para ele um motivo de oração, já fora em procura de direção ou para agradecer. Outros bem podem confiar num homem que a sua fé está alicerçada no Deus Vivo. Quanto maior seria nosso sucesso em todos os assuntos temporais se, como Eliezer, reconhecermos ao Senhor Deus em todo o que fazemos! Eliezer estava impaciente por completar sua missão informando seu sucesso a Abraão, não fosse que a demora se convertesse numa causa de preocupação para ele. Como Abraão não poderia esperar, os parentes de Rebeca ficaram turbados ante o pensamento de uma separação tão súbita dela. Criam que ela devia dispor de suficiente tempo a fim de preparar-se para sua partida e também para que se lhe pudesse dar uma despedida adequada. De acordo com o costume oriental, isto sem dúvida incluiria vários dias de festejos e demonstração de alegria.

 

Ø A insistência de Eliezer e sua consideração por Rebeca induziram a Labão a deixar a decisão com ela. Estaria disposta a privar-se do prazer de uns poucos dias mais no lar de sua meninice a fim de receber o seu futuro esposo. A pronta e voluntária resposta dela reflete maturidade de juízo, um espírito desinteressado e o reconhecimento de que, de ali em adiante, seu primeiro dever devia ser para com seu esposo. A família de Rebeca invocou sobre ela as bênçãos prometidas por Deus a Abraão. Todavia os orientais consideram que uma descendência numerosa é a maior das bênçãos e esse foi o principal objeto de seu desejo para ela.

 

·        Tinha saído Isaac a meditar no campo (v.63). (a palavra no hb. x;Wf – ou no gr. avdolesch/sai- provavelmente corresponde a contemplação dos fieis nas promessas de Deus. Não é seguro o significado exato da palavra hebréia traduzido por  "meditar" na B.H. A idéia de meditar se encontra nas versões mais antigas não semíticas deste texto, a  LXX e a Vulgata. Nas versões semíticas mais antigas, o Pentateuco Samaritano e o Targum de Onkelos, a tradução é "orar". Isso foi aceite pelo grande gramático hebreu Kimchi da Idade Média, o reformador Lutero e outros expositores. O fato de que Rebeca chegasse a ser um consolo para Isaac enquanto, todavia ele lamentava a morte de sua mãe (vs. 67), induziu a alguns comentadores a explicar a palavra como que significa "lamentar". Sendo todavia incerto o significado preciso desta palavra, seria o melhor aceitar por agora as traduções mais antigas. Isaac pode ter estado meditando no feliz retorno de Eliezer com sua namorada ou orando por isso. Com segurança estava antecipando seu iminente regresso da Mesopotamia.  Sua felicidade futura dependeria em grande medida da classe de esposa que Eliezer trouxesse consigo. Certamente teria sido próprio que Isaac se ajoelhasse e orasse pedindo a bênção de Deus sobre seu novo lar. Aqueles esposos e esposas cuja união se produz como resposta à oração chegarão sempre a ser a maior bênção de um para com o  outro.

·        Eliezer cumpriu maravilhosamente sua missão. Isaac tinha toda razão para amar a Rebeca. Não só era belíssima (vs. 16) senão de um caráter tremendamente bondoso, alegre e singelo. Falando em termos gerais, Rebeca é um modelo de virtude feminina (Pv. 31: 10-31; 1 Pe. 3: 1-6; Tt 2: 3-5). A educação cuidadosa de Isaac e seu espírito submisso já se fizeram ressaltar (ver com. de cap. 22: 9). O lar de ambos os tem que ter sido um lar muito feliz. Eliezer levou Rebeca através do deserto, chegou na terá de Canaã, apresentou Rebeca a Isaac que a recebeu com amor.  Que tipologia maravilhosa!  Abraão tipifica Deus o Pai, Eliezer Deus Espírito Santo, Isaque Deus o Filho Jesus Cristo, Rebeca a Igreja, a noiva de Jesus (Gn 24). O Espírito Santo é nosso Eliezer, em sua mordomia está nos conduzindo através do deserto desta vida para os braços de Jesus. 

·        Resumindo o relato de Eliezer (o mordomo), Abraão (Seu Senhor) Isaac (o Filho) e Rebeca (a Noiva), podemos fazer uma comparação tipológica  de Isaac (Jesus) e Rebeca (Igreja).

 

·   Tanto a Igreja como Rebeca:

1.      Escolhida antecipadamente para o casamento (Efésios 1:3-4).

2.      Esse casamento é necessário para a realização dos fins dos propósitos eternos de Deus (Efésios 3:10-11).

3.      Destinada a partilhar na glória do Filho (João 17:22-23).

4.      Rebeca conhece o Noivo através de seu representante, Eliezer (Espírito Santo).

5.      Deve deixar todos com alegria para estar com o Noivo.

6.      Será Amada e preservada pelo Filho

 

·   Tanto Isaac como Cristo:

1.      Foi prometido antes da sua vinda e apareceu no determinado tempo (Gl 4.28). Isaac nasceu sobrenaturalmente e milagrosamente.  Em Hebreus 11:17-19, está escrito: Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaac será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar; E daí também em figura ele o recobrou. Isaac havia recebido seu nome antes do nascimento, foi oferecido em sacrifício por Abraão, seu pai; e pela fé, foi trazido de volta dos mortos. Isaac tornou-se líder do seu povo para abençoar todas as nações. Preparou um local para receber sua Noiva. E orava fervorosamente esperando e velando pelo encontro com a Noiva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.      Dispensator; é outra expressão do latim, significa administrador. Examinaremos os pensamentos de Paulo e Lucas a respeito da mordomia cristã (I Co 4:2); (Lc 12:42). Veja as versões abaixo:

 

1.     BGT 1 Co 4:1 ou[twj h`ma/j logize,sqw a;nqrwpoj w`j u`phre,taj Cristou/ kai. oivkono,mouj musthri,wn qeou/Å

 

2.     VUL 1 Co 4:1 sic nos existimet homo ut ministros Christi et dispensatores mysteriorum Dei

 

 

3.     ACF 1 Co 4:1 QUE os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.

 

 

A.     O Despenseiro Cristão no Pensamento Paulino.

 

Ø A palavra empregada por Paulo, (dispensatores ou oivkono,moj) fora empregada por Cristo para se referir ao «mordomo fiel» (pisto.j oivkono,moj) (Lc 12.42). Em outra parábola, o contraste é estabelecido através da referência que Cristo fez ao «administrador infiel» (oivkono,mon th/j avdiki,aj) (Lc 16.8), que tem o sentido de «injusto», «iníquo», «perverso».

 

Ø A palavra traduzida por «despenseiro», tinha o sentido de «mordomo» (Lc 12.42); «administrador» (Lc 16.1); «tesoureiro» (Rm 16.23) e «curador» (Gl 4.2). o mordomo usufruía de considerável autoridade no gerenciamento do que lhe fora confiado. No entanto, apesar de toda a sua relevância para o dia a dia do seu senhor, a verdade é que o despenseiro não passava de um escravo. «Em relação ao seu senhor, ele era um escravo; em relação aos escravos, era um superintendente. » Para este ofício, além da competência, um ingrediente fundamental era a honestidade; daí Paulo falar que «o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel (pisto.j (1Co 4.2). Em linguagem bíblica, isto quer dizer que não só terras, dinheiro, jóias e os bens materiais em geral, mas também o cuidado da esposa e dos filhos, enfim a reputação do senhor e até sua própria vida. Daí se depreende o que o Senhor exige de nós quando nos constituíram mordomos. É, portanto, com temor e tremor que devemos assumir nossa responsabilidade, mas, de outro lado, com regozijo em nossos corações por ele nos ter dado um lugar de tantas oportunidades para glorificar seu santo nome.

 

Ø Como podemos constatar a doutrina da mordomia cristã é mais abrangente que a doutrina dos dízimos e ofertas, mesmo porque estes dois pontos fazem parte desta doutrina maior. A palavra mordomia não é de uso corrente em nosso vocabulário, razão porque ela é estranha para muito leigos na Igreja. Por mordomia, os leigos entendem como um homem cheio de privilégios, recebendo o significado de bem-estar, conforto e regalia no uso popular. Este uso é na verdade uma grande irônica do termo, somente um fanfarrão entende a figura do mordomo como aquele dos filmes de Hollywood, presente nas grandes mansões, cheios de empáfia, cheios de privilégios.

 

Ø A ironia está porque se mordomia diz respeito ao cargo de mordomo, este, por sua vez é o nome que se dá ao administrador dos bens de uma casa, de uma irmandade, de uma confraria, etc., ou então ao serviçal encarregado da administração duma casa, realmente é digno de ironia transformar a palavra mordomia, variando seu significado de prestação de serviço para usufruto de conforto. O bem-estar é usufruído por quem se beneficia pelo trabalho do mordomo, enquanto que este carrega o fardo pesado de colocar tudo em ordem para que os seus benfeitores possam receber os benefícios de seu serviço. Exemplos bíblicos de homens que padeceram necessidades extremas, mas permaneceram fieis à mordomia cristã é José (Gn 39:4, 6): “logrou José mercê perante ele, a quem servia; e ele o pôs por mordomo de sua casa e lhe passou às mãos tudo o que tinha... Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de José, de maneira que, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava”.  O Apostolo e mestre da Palavra de Deus, Paulo, também compreendeu que sua vida tinha um propósito definido (At 20:24). Alertou para o fato de que devemos manter sempre viva a verdade de que somos mordomos dos mistérios de Deus (1 Co 4:1-2). E o Senhor Jesus, nosso Grã-Mestre, veio ao mundo cumprir o propósito do Pai. Tudo o que o Pai lhe confiou ele executou fielmente. A agenda do Pai era a sua agenda. A vontade do Pai era a sua vontade. Mesmo sofrendo por sua fidelidade ao propósito do Pai, permaneceu firme, deixando-nos o exemplo. “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (1 Pe 2:21).

 

Ø O exercício da mordomia é um ato de responsabilidade como exemplificado pelo Senhor Jesus quando contou a parábola dos talentos. É dito que um homem ausentou-se do país, deixando aos seus servos o encargo de administrar seus bens (Mt 25:14,15), de certo modo foi o que o Senhor Deus fez conosco, colocou-nos neste planeta para que fossemos mordomos de Deus (Gn 1:26). Numa perspectiva não cristã Deus realmente se retirou da terra, contudo o Senhor Deus se fez morada em nós para que por nosso intermédio manifestasse a vida do Senhor Jesus, razão de Paulo ter dito que o Senhor realiza em nós o querer quanto o realizar segundo Sua boa vontade (Fl 2:13). É baseado neste princípio que Paulo exorta aos filipenses que deveriam portar-se dum modo digno do evangelho de Cristo (Fl 1:27) e aos colossenses declarou que sua incessante oração era para que eles fossem cheios do pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual para que pudessem andar de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus (Cl 1:9,10).

 

Ø A doutrina da mordomia cristã, portanto, coloca a totalidade de nossa vida sob a autoridade da palavra de Deus. Um exemplo claro desta dimensão está na carta de Paulo aos Efésios, quando no capítulo 5 e 6 dá orientações específicas para os pais, os filhos, os empregados e os empregadores. Também temos o Comentário Bíblico de Matthew Henry, na sua exposição de 2 Reis 4:1-7, que verte grande luz sobre este tópico.mais a frente  analisaremos a vida de Eliseu como um maravilhoso balanço entre sensibilidade para as necessidades de uma viúva, enquanto ele mesmo, permanece um bom administrador de tudo aquilo que Deus confiou a ele.

 

 

 

 

 

 

 

 

B.     O Despenseiro Cristão no Evangelho de Lucas.

 

1.      BGT Lc 12:42 kai. ei=pen o` ku,rioj\ ti,j a;ra evsti.n o` pisto.j oivkono,moj o` fro,nimoj( o]n katasth,sei o` ku,rioj evpi. th/j qerapei,aj auvtou/ tou/ dido,nai evn kairw/| Îto.Ð sitome,trion

 

2.      VUL Lc 12:42 dixit autem Dominus quis putas est fidelis dispensator et prudens quem constituet dominus super familiam suam ut det illis in tempore tritici mensuram

 

3.      ACF Lc 12:42 E disse o SENHOR: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?

 

Ø O Dr. Herbert Lockyer, diz: Ao mesmo tempo em que a Parábola do Administrador Infiel em sua totalidade é encontrada somente em Lucas, outras estão inseridas na mesma esfera de ação (Mt 24 e 25). Jamieson diz que esse trecho apresenta "a semente do pen¬samento que foi mais tarde desen¬volvido para vir a ser a Parábola das dez virgens". A expressão "o pai de família" é idêntica à que é encontra¬da em Mateus 24:43,44. Campbell diz que "Mateus registrou de forma breve essa parábola, à medida que nosso Senhor a transmitiu, na pro¬fecia do monte das Oliveiras". "Lucas a relata como o nosso Senhor a pro¬ferira num período anterior de seu ministério". A idéia que se destaca nessa parábola, como em outras, é a de estar preparado para a vinda de Cristo. Todos os que são membros da casa da fé, servos uns com os outros do Mestre, despenseiros dos mistérios da graça, deverão empenhar-se uns aos outros nas coisas do reino divino, e viver e trabalhar em con¬junto para o Rei. (grifo meu).

 

Ø John Wesley, disse: Irmãos, nós podemos ser mordomos sábios, e fiéis, sem que assim manejemos os bens do Senhor? Nós não podemos? Como testificam os oráculos de Deus e nossa própria consciência? Então, por que devemos demorar? Por que nós conferenciamos com a carne e sangue, ou homens do mundo? Nosso reino, nossa sabedoria não é deste mundo: costumes pagãos não têm nada a ver conosco. Nós não seguimos homens, mais do que eles são seguidores de Cristo. Ouça a Ele. Sim! Hoje, enquanto é chamado hoje, ouça e obedeça a Sua voz! Nesta hora, e a partir deste momento, faça a vontade Dele: Cumpra Sua Palavra, nisto, e em todas as coisas! Eu imploro a vocês, em nome do Senhor Jesus, ajam de acordo com a dignidade do vosso chamado! Não mais vivendo na indolência! O que quer que sua mão encontre o que fazer, faça-o com toda sua força! Não perca mais tempo! Elimine todos os gastos com a exigência da moda, capricho, ou carne e sangue! Não cobice mais! Mas empregue tudo que Deus confiou a você, para fazer o bem, todo bem possível, de toda maneira e grau possíveis, aos seus familiares da fé, e a todos os homens! Esta não é uma parte pequena “da sabedoria do justo”. Dê tudo que você tem, assim como, tudo que você é, como um sacrifício espiritual a Ele, que não reteve Seu Filho de você; seu único Filho: Assim sendo, “armazenai, para si mesmos, um bom alicerce contra o tempo que está por vir, para que você possa alcançar a vida eterna!”. (grifo meu)

 

Ø Matthew Henry, analisando o texto da Parábola do Administrador Infiel, diz: Qualquer coisa que tenhamos, sua propriedade é de Deus; nós somente temos seu uso conforme o que manda nosso grande Senhor, e para sua honra. Este mordomo esbanjou os bens de seu senhor. Todos somos responsáveis da mesma acusação; não obtemos o proveito devido do que Deus nos tem encomendado. O mordomo não pode negá-lo; deve render contas e ir embora. Isto pode ensinar-nos que a morte virá e nos provará das oportunidades que temos agora. O mordomo ganhará amigos dos devedores e inquilinos de seu senhor, eliminando uma parte considerável da dívida deles com seu senhor. O senhor ao qual se alude nesta parábola não elogiou a fraude, senão a política do mordomo. O mordomo somente se destaca neste aspecto. Os homens mundanos, ao escolher seus objetivos são néscios, mas em sua atividade e perseverança são usualmente mais sábios que os crentes. O mordomo injusto não é colocado como exemplo de engano a seu Amo, nem para justificar a desonestidade, senão para indicar o cuidado que têm os homens mundanos com os seus próprios interesses malignos, fraudulentos e nefastos. Bom seria que, como filhos da luz, aprendêssemos a cuidar tão bem das prioridades de Deus como cuidamos das nossas, e seguíssemos firmes em fazer a vontade de Deus com igual diligência ou melhor.

 

Ø As riquezas verdadeiras na parábola significam bênçãos espirituais; e se um homem gasta em si mesmo ou acumula o que Deus lhe confiou, enquanto as coisas externas, que prova podem ter de que é, de fato, um herdeiro de Deus por meio de Cristo? Lembremo-nos irmãos, as riquezas deste mundo são enganosas e incertas. Convençamo-nos que são ricos verdadeiramente, muito ricos, os que possuem a fé em Cristo, e também  ricos para com Deus, ricos nas promessas; então acumularemos nosso tesouro no céu e esperaremos nossa porção vinda de lá.

 

o      Nosso Senhor agrega a esta parábola uma advertência solene: Vocês não podem servir a Deus e ao mundo, pois os interesses de ambos são diametralmente opostos. Quando nosso Senhor falou assim, os fariseus cobiçosos receberam com desprezo suas instruções, porém Ele os advertiu que o que eles contendiam como se fosse à lei, era uma luta sobre o verdadeiro significado da mordomia cristã: isto mostra a nós um exemplo bem contemporâneo: Existem muitos advogados contumazes e cobiçosos que favorecem a forma de piedade e que são os inimigos mais acérrimos de Cristo, Sua palavra e Seu poder, e tratam de pôr os outros, com seus ensinos malignos, contra da Verdade de Deus.

 


3. Mordomia Cristã: A Mãe da Teologia da Adoração.

Ø Rev. Onezio Figueiredo, disse: Todo trabalho do cristão, no templo ou fora dele, realizado com dedicação, eficiência e consagração, é culto ao Criador e Salvador. A adoração é filha da mordomia.

Ø Foi dada para Adão (Mordomo-Mor da Criação) a responsabilidade e autoridade sobre o mundo criado por Deus. Adão é visto no principio recebendo de Deus tudo que lhe é necessário para o seu sustento e desenvolvimento. A provisão divina incluía todas as perspectivas especiais de Deus para sua preservação, tanto física quanto espiritual, sendo necessário apenas que Adão obedecesse e confiasse nas instruções divinas. O homem é descrito no Livro dos Gênesis de Moisés como a coroa da criação de Deus. Deus deu ao Homem um pacto de obras; nesse pacto foi à vida prometida a Adão e nele à sua posteridade, sob a condição de perfeita obediência pessoal. (Gl 3:12; Rm. 5: 12-14 e 10:5; Gn. 2:17; Gl. 3: 10). A lei da por Deus a Adão o obrigou, bem como toda sua posteridade, a adorar e obedecer pessoal, inteira, exata e perpétua ao único e verdadeiro Deus. O Senhor prometeu-lhe a vida sob a condição dele cumprir com a lei e o ameaçou com a morte no caso dele violá-la; e dotou-o com o poder e capacidade de guardá-la. (Gn. 1:26, e 2:17; Ef. 4:24; Rom. 2:14-15, e 10:5, e 5:12, 19).

1. Deus deu ao Homem o poder do domínio. (Gn. 1.28)

2. Deus deu ao Homem o poder da aquisição. (Gn 1:28-29)

3. Deus deu ao Homem o poder da reprodução. (Gn 1:29)

4. Deus deu ao Homem o poder da preservação. (Gn 2:15)

5. Deus deu ao Homem o poder da auto-safisfação (Gn 2:16).

6. Deus deu ao Homem o poder da auto-preservação (Gn 2:17).

A.     Deus deu ao Homem o Poder de Escolher Adora-lo.

ØDeus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza. (Tg 1:14; Dt. 30:19; João 5:40; Mt. 17:12; At.7:51; Tg 4:7). O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder. (Ec. 7:29; Cl. 3: 10; Gn. 1:26 e 2:16-17 e 3:6). O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso. (Rm. 5:6 e 8:7-8; Jo 15:5; Rm. 3:9-10, 12, 23; Ef.2:1, 5; Cl. 2:13; Jo 6:44, 65; I Co. 2:14; Tt 3:3-5. Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau. (Cl.1: 13; Jo 8:34, 36; Fp 2:13; Rm. 6:18, 22; Gl.5:17; Rm. 7:15, 21-23; I Jo 1:8,10). É no estado de glória que a vontade do homem se torna perfeita e imutavelmente livre para o bem só. (Ef. 4:13; Jd, 24; I Jo 3:2).[ Confissão de Fé de Westminster. Art. 9; Do Livre-Arbítrio]

Ø O homem foi colocado dentro do paraíso para adorar e servir a Deus. Adoração sempre vem antes do serviço. Jesus priorizou a adoração e depois o serviço: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. (Mt 4:10); Jesus elogiou a primazia da adoração de Maria, mostrando que adoração é uma questão sine qua non a verdadeira mordomia cristã. E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. (Lc 10:42).

Ø A.W.Pink, disse: Sim, após a adoração vem o serviço, em que glorificamos a Deus entre os homens e nos tornamos beneficentes para com o próximo. "... A fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra..." (Colossenses 1:10). A criação dos filhos (em que não é preciso arrastá-los à força!), a hospitalidade para com os estrangeiros (espirituais), a lavagem dos pés dos santos (que também indica a ministração a seus confortos temporais) e o alívio dado aos aflitos (I Timóteo 5:10), tudo é considerado como "boas obras". A menos que nossa leitura e estudo das Escrituras estejam contribuindo para nos tornarmos melhores soldados de Jesus Cristo, melhores cidadãos do país onde vivemos como forasteiro, e melhores membros de nossos lares terrenos (mais gentis, mais bondosos, mais altruístas), ficando assim preparados para "toda boa obra", aquilo de pouco ou nada nos está aproveitando. [PROFITING FROM THE WORD; pág. 63]

Ø  “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás,” (Gênesis 2:16-17). É interessante que, aparentemente, só para Adão é dito por Deus que o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não devia ser comido. Alguém pode pensar na seguinte conjectura: como a ordem de Deus para Adão foi comunicada a Eva. Poderia isto explicar a avaliação imprecisa de Eva em 3:2-3?

 Ø Apesar de certamente se regozijar nesse Paraíso de Delicias, ele também estava lá para cultivá-lo e guarda-lo. “Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo.” (Gn. 2:5). Quando colocado no jardim, Adão teve que trabalhar. Todavia, o trabalho não era penoso nem enfadonho.

ØObserve um fator interessantíssimo, o paraíso do Éden foi um lugar um pouco diferente daquilo que muitos cristãos visualizam. E ainda que a igreja do Novo Testamento possa ser mais bem descrita como um rebanho, ainda assim a imagem do jardim não é inapropriada. Há uma mordomia cristã a ser feita pelos filhos de Deus. Observem o que era o Jardim do Éden:

1.      Era um lugar de Trabalho. Os homens hoje pensam no paraíso como uma rede pendurada entre dois coqueiros numa ilha deserta, onde o trabalho nunca mais será encarado. Além do mais, o céu é tido como o fim de todas as proibições. O céu freqüentemente é confundido com hedonismo. Como um lugar de puro egocentrismo e auto-safisfação. Enquanto que o estado de Adão foi de beleza e felicidade, não se pode pensar que foi de prazer irrestrito. O fruto proibido também era uma parte do Paraíso. O céu não é experimentar todos os desejos, mas a satisfação de desejos benéficos e sadios.

2.      Era um lugar de Subserviência. Serviço significativo dá satisfação e significado à vida. Deus descreve Israel como um jardim cultivado, uma vinha (Isaías 5:1-2 ss). Jesus falou de si mesmo como uma Videira e nós como os ramos. O Pai ternamente cuida de Sua vinha (João 15:1 e ss). Paulo descreve o ministério como o trabalho de um lavrador (II Timóteo 2:6). Essa mordomia não é penosa, nem é um dever a ser relutantemente cumprido; pois é uma fonte de alegria e satisfação. Hoje muitos não têm senso real de sentido e propósito porque não estão fazendo o trabalho que Deus designou para que façam.

3.      Era um lugar de Unidade. O homem é uma unidade tricotômica criado à imagem de Deus e sexuado em sua diversidade. Enquanto há considerável discussão do que isso significa, muitas coisas estão implícitas no próprio texto. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn. 1:27). Isso não quer dizer que Deus seja homem ou mulher, mas que Deus é ambos, unidade e diversidade. O homem e a mulher no casamento se tornam um e ainda assim são distintos um do outro. Unidade na diversidade como refletida na relação do homem com sua mulher reflete uma faceta da personalidade de Deus. Também, o homem, de alguma forma, é parecido com Deus naquilo que o distingue do mundo animal. O homem, enquanto distinto dos animais, é feito à imagem e semelhança de Deus. O que distingue o homem dos animais deve então ser uma parte de seu reflexo de Deus. A habilidade do homem de raciocinar, de se comunicar e de tomar decisões morais deve ser uma parte dessa distinção.

4.      Era um lugar de Provação3.   O pecado entrou no mundo através da desobediência de Adão contra a lei de Deus, e todos os seus filhos decaídos são gerados com similar depravação (Gn 5:3). O pecado de Adão foi um atentado contra a Santidade de Deus e de Seus Mandamentos, foi uma anarquia espiritual. Foi o repúdio ao Domínio exercido por Deus, em que a Sua autoridade é repelida, em que o indivíduo se rebela contra a Sua vontade. Satanás atacou Eva para conduzi-la ao pecado e o resultado foi fatal. O diabo, tomando a forma e semelhança de uma serpente hipnotizou Eva com sua beleza e ardis. O plano de Satanás era arrastar a Eva para que ela conduzisse Adão ao erro. A tática do diabo é enviar as tentações por meios dos que não suspeitamos, e através dos que têm maior influência sobre nós. Satanás incutiu na mente de Eva que Deus era egoísta, mentiroso e injusto. Quem quiser estar a salvo deve cuidar-se de não dar ouvidos a voz serpentina e venenosa do diabo.

 

 

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[3] Matthew Henry, comentado sobre O Engano da Serpente, diz Observe os passos da transgressão: não são passos ascendentes, senão descendentes, rumo ao abismo. 1) Ela viu. Uma grande quantidade de pecado vem pelos olhos. Não atentemos para aquilo que traz consigo o risco de estimular a concupiscência (Mt 5.28). 2) Ela tomou. Foi seu próprio ato e obra. Satanás pode tentar, mas não pode obrigar; pode persuadir-nos a que nos lancemos ao precipício, porém não pode lançar-nos (Mt 4.6). 3) Ela comeu. Quando olhou talvez não tivesse intenção de tomá-lo; ou quando o pegou que não tivesse a intenção de comer; porém, acabou nisso. É sabedoria deter os primeiros movimentos do pecado, e abandoná-lo antes de ver-se comprometido com ele. 4) Deu também a seu marido. Os que têm feito mal estão dispostos a arrastar consigo a outros a fazerem o mesmo. 5) Ele comeu. Ao não levar em conta a árvore da vida, do qual lhe era permitido comer, e ao comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, que estava proibido, Adão claramente mostra seu desprezo pelo que Deus tinha-lhe outorgado, e seu desejo pelo que Deus considerou prudente não dar-lhe. Desejava ter o que queria e fazer o que lhe aprazer. Em uma palavra, seu pecado foi à desobediência (Rm 5.19); a desobediência a um mandado claro, simples e expresso. Não tinha uma natureza pecaminosa que o traísse; em vez disso tinha liberdade de vontade, com toda sua força, não enfraquecida nem desequilibrada. Afastou-se com muita presteza. Arrastou a toda sua posteridade no pecado e na miséria. Então, quem pode dizer que o pecado de Adão em si causou pouco dano? Já era demasiado tarde, quando Adão e Eva viram a tolice de comer a fruta proibida. Viram a felicidade da qual caíram e a miséria em que afundaram. Viram um Deus amante irritado, e a perda de sua graça e seu favor. Veja-se aqui que desonra e transtorno provoca o pecado; faz maldade onde quer que se introduza e destrói todo consolo. Cedo ou tarde acarreta a vergonha; seja a vergonha do arrependimento verdadeiro, que termina em glória, ou a vergonha e confusão perpétua, na qual despertarão os malvados no grande dia. Veja-se aqui em que consiste correntemente a idiotice dos que pecaram. Cuidam mais de salvar seu crédito ante os homens que de obterem o perdão de Deus. As escusas que dão os homens para cobrirem e restar importância a seus pecados são vãs e frívolas; assim como os aventais de folhas de figueira que se fizeram não conseguiram melhorar as coisas: não obstante, todos temos a tradição de cobrir as nossas transgressões como Adão. Antes de pecarem, eles acolhiam com gozo humilde as bondosas visitas de Deus; agora Ele se convertia num terror para eles. Não cabe assombrar-se de que se convertessem em terror para si mesmos e se enchessem de confusão. Isto mostra a falsidade do tentador e a fraude de suas tentações. Satanás prometeu que estariam a salvo, porém, eles não podem nem pensar que seja assim! Adão e Eva eram, agora, consoladores infelizes o um para o outro!

Ø Em minha opinião, são nos locais mais favoráveis ao bem-estar espiritual, onde nós cristãos, somos colocados à prova! Em Adão a história da humanidade desencaminhava-se, sofrendo uma fratura por causa da falsa idéia de Deus. Adão perdeu as chaves da sua mordomia onde tudo lhe era favorável. Não havia absolutamente nada que o conduzi-se ao tropeço e a depravação. Somente sua própria concupiscência foi o suficiente para lhe despejar do Paraíso. Adão quis ser como Deus... Deus não o aliciava a ser como Ele, todavia Adão assim o quis, enganando a si mesmo. Adão acreditava ser ele um Deus, um Ser Independente, Autônomo, e Auto-suficiente; e, a fim de tornar-se como um deus, revoltou-se contra Seu Deus, mostrando sua desobediente e depravação. Mas Deus, ao mostrar-se como era, como é, e como sempre será; em Cristo (o segundo Adão- 1 Co 15:45) revelou-se como amor, ternura, e transbordante graça em si mesmo; com infinita ternura de afetos paternos. Cristo é o maior exemplo de mordomia cristã, mostrou-se obediente, e obediente até à morte. Adão desviou-se totalmente de Deus, retirando-se para a solidão, enquanto Deus é só comunhão.

Ø Creio, piamente, que o papel do ministro cristão é ressaltar na Igreja do púlpito, da vida publica e privada o valor inestimável e inegociável da mordomia cristã. Comunicar o Evangelho do governo de Deus a todos, e preparar aqueles que podem assumir posições estratégicas no mundo para serem mordomos do Senhor. Se ensinados de forma apropriada, tais cristãos, em ambientes seculares importantes, serão encarregados de providenciar, por meio de todos os recursos possíveis deste mundo, aquilo que é necessário para o bom desenvolvimento do ministério local. A Igreja, certamente, deve liderar o caminho na obra da mordomia, mas, também, exortar e aconselhar as agências públicas e políticas para o bem-estar geral da sociedade. Mas sua obra fundamental é mostrar àqueles que freqüentam suas reuniões como participar plenamente a mordomia para Deus. Também é fundamental para o sucesso da Igreja de Deus atrai todas as nações à descoberta de como a humanidade pode ter uma visão de servitude geral de ética, justiça e bem-estar por meio da mordomia cristã. De igual modo, não podemos esquecer de vacinar as ovelhas de Cristo dos perigos do secularismo e do materialismo, de como um desequilíbrio doutrinário entre a mordomia e ambição podem ser letais para a Igreja.

 

Ø O Rev.John Stott, disse: Hoje vivemos em uma sociedade que adora o poder. Obviamente, a situação não é nada nova. A cobiça pelo poder tem caracterizado sempre o ser humano. Foi precisamente essa ambição que conduziu a queda de Adão e Eva, já que Satanás os tentou a desobedecer em troca de lhes dar poder.

A sede de poder se expressa hoje em três ambições humanas muito amplas: a ambição desmedida pelo dinheiro, de fama e influência. Encontramos esta cobiça pelo poder em todos os âmbitos: na política, na vida pública, nas relações familiares, nos negócios, na indústria e no exercício profissional. Lamentavelmente, também aparece na igreja: na luta pelo poder eclesiástico nos altos níveis, nas disputas denominacionais, no exercício da liderança em algumas igrejas locais e ainda nas organizações paraeclesiasticas que pretendem conveter-se em impérios mundiais. Se formos honestos, descobrimos que esta sede de poder chegou ao púlpito. O púlpito é um lugar extremamente perigoso para qualquer filho de Adão.

O poder é mais intoxicante que a bebida e mais vicioso que as drogas. Lorde Acton, um político inglês do século XIX, estava preocupado pelas lutas de poder no seio do governo que pretendia ser democrático, e ainda na igreja católica romana, à que ele pertencia. Em 1817, o Concilio Vaticano I declarou a infalibilidade do Papa. Lorde Acton manifestou seu desacordo, e suas palavras seguem vigentes: “O poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Também deveria nos preocupar a luta pelo poder que vemos entre os evangélicos, ainda se se trata do poder do Espírito Santo....

 Ainda que no mundo se usa a autoridade para controlar outros, Jesus disse a seus discípulos que não devia ser assim entre eles: Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos (Mc 10h42min-45) (grifo meu). [SINAIS DE UMA IGREJA VIVA, pág. 19]

 

4. Diretrizes da Doutrina da Mordomia Cristã.

1.      A MORDOMIA CRISTÃ ADORA A DEUS.

·        Como soberano Senhor: Ex 6.3; 34.23; At 2.36.

·        Como soberano Criador: Gn 1.1; Am 4.13; 9.5,6; Jo 1.3.

·        Como soberano Redentor: Gn 3.15; Hb 2.1-10; Jo 16.8-11.

2.      O EXERCÍCIO DA MORDOMIA CRISTÃ ADORA A DEUS.

·   Com seus recursos materiais:  Pv 3.9; Sl 90.12; 2 Co 8.12-14.

·   Com seus recursos vocacionais: Ex 31.1-11; Lc 16.9; Tg 4.17.

·   Com recursos espirituais: 1 Co 12.7; Jz 16.20; Mt 6.33.

3.      O RESULTADO DA MORDOMIA CRISTÃ ADORA A DEUS.

·   Os Mordomos prestarão contas a Deus: Mt 18.23; Lc 19.15; Rm 14.12.

·   Os Mordomos serão recompensados por Deus: I Co 15.33; Gl 6.14.

·   Os Mordomos serão julgados por Deus: Rm 14.10; 1 Co 3.15; Mt 25.28-30.

4.      OS MORDOMOS ADORAM O REINO DE DEUS.

·   Como embaixadores de Deus - representando: Lc 2.48,49; Jo 2.13-17.

·   Como soldados de Deus - batalhando: 1 Sm 17.26,45; Ef 6.11,12.

·   Como servos de Deus - obedecendo: Lc 22.41,42; At 10.19-21.

5.      A IMPORTÂNCIA DA MORDOMIA DA ADORAÇÃO PARA A IGREJA.

· Conservando a Igreja, pelo zelo: 1 Tm 4.6,7, 16; Gl 4.18,19.

· Dinamizando a Igreja, pelo testemunho: Fp 1.12-14; Ef 4.11,12,16; Rm 12.4-8.

· Acrescentando à Igreja, pelo trabalho: At 2.46,47; 4.21,29-31.

6.      A IMPORTÂNCIA DA MORDOMIA CRISTÃ PARA O MUNDO.

·   Oferecendo-lhe o exemplo da paz: Jo 14.27; Mc 4.37,38.

·   Oferecendo-lhe o exemplo do amor: At 2.44,45; Gl 6.6,10.

·   Oferecendo-lhe o exemplo da segurança: Sl 37.25; Lc 12.24; 1 Rs 17.5,6.

 

 

 

5. Implicações Conclusivas:

Ø Deus não só nos chama para uma mordomia responsável em relação ao meio ambiente, e a uma parceria com ele mesmo no que tange ao domínio e exploração da natureza para o bem comum; ele nos deu também, através da ciência e da arte, habilidades inovadoras para fazê-lo. Somos "criaturas criativas". Isto é, como criaturas, nós dependemos do nosso Criador. Porém, tendo sido criados à semelhança do nosso Criador, ele nos deu o desejo e a capacidade de sermos também criadores. Portanto, nós dançamos, escrevemos poemas e fazemos música. Podemos apreciar o que agrada aos olhos, ao ouvido e ao nosso toque.

Ø Nós precisamos admitir que testemunho cristão seja essencialmente testemunhar de Cristo, e que o único Cristo autêntico que existe é o Cristo testemunhado pelos apóstolos. Afinal, os apóstolos foram às testemunhas originais, as testemunhas oculares; nosso testemunho, por mais vital que seja, continua sendo secundário em relação ao deles. Nós não temos autoridade alguma para alterar o evangelho deles. Pelo contrário, somos chamados para preservá-lo como mordomos, proclamá-lo como arautos e defendê-lo como advogados.

Ø Deus continua sendo o Dono de todo o Universo, de suas criaturas, e seres visíveis e invisíveis. Deus não nos deu posse de nada, não nos lavrou nenhuma escritura de proprietários, somos apenas mordomos, e nada mais.  Em Gn 14:22, Abraão disse para o rei de Sodoma que o “Deus altíssimo possui o céus e a terra”. Moisés em Dt 10:14, afirmou,“Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor, teu Deus, a terra e tudo o que nela há”. O rei Davi no Salmo 24:1, louva a Majestade Augusta das Alturas: “Ao Senhor pertence à terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam”. Os animais são de Deus (Sl 50:10-12), a terra é de Deus (Lv 25:23), a prata e o ouro são de Deus (Ag 2:8), o que a terra produz é de Deus (Os 2:8); até mesmo os bens que administramos e empregamos na obra de Deus é de Deus (1 Cr 29:13-16). Sempre que granjeamos, administramos e gastamos os recursos como se eles fossem nossos, não observando que pertencem a Deus, tornamo-nos mordomos infiéis. Nós mesmos não nos pertencemos, mas somos propriedade exclusiva de Deus. Não possuímos qualquer autoridade se não formos investidos por Ele. Muitos, nos dias de hoje, esbanjam-se e auto-intitulam-se Apóstolos, Profetas, Papas, Arcebispo, Bispo, etc. Todavia, como suas próprias naturezas, tais títulos apodrecem. Thomas de Aquino, chamado de o doutor angelical, se tornou dentro do catolicismo um dos, se não o maior dos teólogos, dos mestres e pregadores da igreja. Três meses antes de sua morte, em 1274, anunciou que uma visão celestial lhe mostrara claramente que sua visão teológica "era simplesmente um monte de palha". Ele desistiu de produzir obras teológicas, e a Suma teológica nunca foi concluída. Que lastima!

1 Co 3:11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. O apóstolo era um perito construtor, mas a graça de Deus o fez assim. O orgulho espiritual é abominável; é usar os maiores favores de Deus para alimentar nossa vaidade, e fazer ídolos de nós mesmos. Todavia, que todo homem se cuide: pode haver má edificação sobre um fundamento bom. Nada deve ser colocado acima, senão o que o fundamento suportar, e que seja uma peça com ele. não nos atrevamos a unir uma vida meramente humana ou carnal com a fé divina, a corrupção do pecado com a confissão do cristianismo. Cristo é a Rocha dos tempos, firme, eterno e imutável; capaz de suportar, de todas as formas, todo o peso que Deus mesmo ou o pecador podem depositar acima Dele; tampouco há salvação em nenhum outro Nome. Há duas classes dos que se apóiam neste fundamento. Alguns não se aferram a nada senão à verdade como é em Jesus, e não pregam outra coisa. E outros edificam sobre o bom fundamento o que não passará o exame quando chegar o dia da prova.  Há outros cujas corruptas opiniões e doutrinas e vã invenções e práticas no culto a Deus serão reveladas, rejeitadas e abandonadas naquele dia. Isto claramente se diz de um fogo figurado, não de um real, porque que fogo real pode consumir ritos ou doutrinas religiosas? É para provar as obras de cada homem, os de Paulo e os de Apolo, e as de outrem. Consideremos a tendência de mordomia, comparemo-las com a Palavra de Deus e julguemos nós mesmos para que não sejamos julgados pelo Senhor.

 

·        1 Co 3:5-11 5 Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o SENHOR deu a cada um?  6 Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.  7 Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.  8 Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.  9 Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.  10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.  11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.

Ø Os homens, diz o Apostolo Paulo, são apenas instrumentos de Deus no Seu serviço: “Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos...” (5). Paulo detalha o serviço: “Eu plantei, Apolo regou...” (6). Algo interessante nesta questão, é que Paulo desviou a atenção da pessoa de Paulo e de Apolo através da pergunta, que poderia ser traduzida assim: “O que é Apolo? E o que Paulo?”(5). A resposta então, enfoca o seu serviço; ambos são servos. “Paulo e Apolo não são nada mais que instrumentos por meio de quem Deus realiza Sua obra. Estes ministros só podiam agir conforme o Senhor concedeu a cada um deles.  Quando Paulo refere-se a Apolo e a si mesmo como “servos”, tem em vista o serviço que prestaram pois, foi através deles, do seu trabalho, que os coríntios creram (5)

·   A Mordomia na Humildade: “... nem o que planta é alguma cousa, nem o que rega...” (7). “Quando Deus resolve, por si mesmo, levar avante as coisas, ele nos toma, seres insignificantes que somos, como seus auxiliares e nos usa como seus instrumentos.”

·   A Mordomia na Unidade no Serviço: “Ora, o que planta e o que rega são um....” (8)  Todos cooperamos juntamente, uns com os outros no serviço de Deus. Os serviços não são estanques, nem têm diferenças qualitativas, antes um completa o outro de forma necessária.

·   A Mordomia da Sinceridade: “Porque de Deus somos cooperadores” (9). Paulo realça a igualdade dos cooperadores de Deus. O valor daquele que serve só lhe é conferido realmente quando reconhecemos a proporção do seu trabalho: nem mais, nem menos... “A fé não admite glorificação senão exclusivamente em Cristo.

Ø Segue-se que aqueles que exaltam excessivamente a homens, os privam de sua genuína grandeza. Pois a coisa mais importante de todas é que eles são ministros da fé, ou seja: conquistam seguidores, sim, mas não para eles mesmos, e, sim, para Cristo.

Ø A Mordomia do Reconhecimento de Deus: Paulo, recorrendo à outra metáfora, a do construtor, diz: “Segundo a graça que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor...” (10) É Deus quem nos capacita para trabalharmos com eficiência.

·  A Mordomia Fiel Recompensa: Não devemos buscar simplesmente agradar ou esperar o seu reconhecimento: A recompensa virá do Senhor, o reto juiz que nos chamou e nos preservou fielmente em Seu trabalho... A recompensa aqui, que é proveniente da graça, está associada ao trabalho, não ao sucesso (8). As pessoas devem ser avaliadas não pelo seu dinheiro, mas por sua piedade. Os piedosos aprendem a reverenciar e a imitar os genuínos servos de Deus: “Aprendamos, pois, a não avaliar uma pessoa pelo prisma de seu estado ou seu dinheiro, nem pelo prisma de suas honras transitórias, mas avaliá-la pelo prisma de sua piedade ou de seu temor a Deus. E certamente que ninguém jamais aplicará verdadeiramente seu intelecto ao estudo da piedade que, ao mesmo tempo, também não reverencie os servos de Deus; da mesma forma, por outro lado, o amor que nutrimos por eles nos incita a imitá-los em sua santidade de vida.” [João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, (Sl 15.4), p. 294]. Aos pastores e aos crentes em geral, Calvino apresenta uma recomendação: “Os ministros devem viver contentes com uma mesa frugal, e devem evitar o perigo do regalo e do fausto. Portanto, até onde suas necessidades o requeiram que os crentes considerem toda a sua propriedade como à disposição dos piedosos e santos mestres.” [João Calvino, Gálatas, São Paulo, Paracletos, 1998, (Gl 6.6), p. 181].

Ø A Mordomia Cristã Afirma que Todas as Ciosas Pertencem a Deus ( I Co 3.21-23; 4.7). Paulo mais uma vez toca na questão do partidarismo da Igreja. Contudo, agora, apresentando uma palavra mais pastoral, no sentido de dizer: deixem disso: Paulo, Apolo, Cefas, a vida, a morte, o mundo, o agora e o porvir; tudo; todas as coisas pertencem a Deus... A Igreja pertence a Deus: Deus é quem a formou, dá-lhe crescimento e a preserva. Ela não é de homens: pastores, presbíteros, diáconos; é de Deus. Portanto, diz Paulo, não nos gloriemos em homens (1Co 3.21/1Co 3.7). Deus é o nosso Senhor bem como de todas as coisas, ainda que o mundo não esteja disposto a reconhecer o senhorio de Cristo, isto não significa que não seja assim... Aqui há uma mensagem de grande conforto: Se todos pertencemos a Cristo, tudo é nosso: Cristo compartilha conosco de seus bens: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm 8.17). “Paulo está plenamente certo em ensinar-nos que qualquer preeminência que seja atribuída ao homem, que envolva o detrimento da glória de Cristo, é sacrílega”. Paulo insiste no combate à arrogância daqueles que querem se nomear na Igreja como tendo grandes dons e competência. Paulo demonstra que tudo que temos provém de Deus. Se isso é assim, somos mais devedores a Deus, visto que tudo que temos provém Dele. (1Co 4.7)  PAULO: “A nossa suficiência vem de Deus” (2Co 3.5). “Tudo provém de Deus” (2Co 5.18). “... sejam quais forem os dons que possuamos, não devemos ensoberbecer-nos por causa deles, visto que eles nos põem sob as mais profundas obrigações para com Deus.”21 Notemos: Paulo é despenseiro de Deus, não de si mesmo ou dos bens alheios, mas de Deus.

 

 

 

Ø NOSSAS RESPONSABILIDADES COMO MORDOMOS DE DEUS.

A Responsabilidade da Espiritualidade: Kuyper (1837-1920): “Os carismata ou dons espirituais são os meios e o poder divinamente ordenados pelos qual o Rei habilita a Sua Igreja a realizar sua tarefa na terra.”22 O Carisma tem sempre um fim social: a Igreja; a comunhão dos santos. E também, como elemento de ajuda na proclamação do Evangelho (Hb 2.3-4). “O povo de Deus, a comunidade de Deus, é Sua casa, que Ele edifica mediante a obra daqueles que vocacionou à tarefa, aos quais confia a administração da casa. Não devem considerar estas questões da casa como sendo assuntos particulares deles; são meramente mordomos dos dons que lhe foram confiados, e devem prestar contas da sua mordomia.”

A Responsabilidade de Planejamento: Sem um planejamento baseado em valores bíblicos, ideais e prioridades, o dinheiro se torna um duro capataz, e como uma folha pega por um vento, nós somos jogados dentro da busca do mundo de tesouros terrenos (Lc 12:13-23; 1Tm 6:6-1).Planejamento financeiro é bíblico e é um caminho para se alcançar uma boa mordomia, para libertar do deus do materialismo, e um meio de proteção contra o desperdício dos talentos que Deus confiou aos nossos cuidados (Pv 27:23-24; Lc 14:28; 1Co 14:40).Planejamento financeiro deveria ser feito na dependência da direção de Deus e em fé enquanto nós descansamos nEle para segurança e felicidade mais do que em nossas próprias estratégias (Pv 16:1-4, 9; Sl 37:1-10; 1Tm 6:17; Fp 4:19).

A Responsabilidade da Disciplina: Se nosso planejamento financeiro é para funcionar, ele irá requerer disciplina e comprometimento para que nossos planos se traduzam em ações. Nós devemos perseverar nas nossas boas intenções (Pv 14:23). Fidelidade financeira é um importante aspecto do completo, bem-formado crescimento espiritual (2Co 8:7). Mas seguir a vontade de Deus requer disciplina (cf. 1Tm 4:8; 6:3-8). Boa intenção não tem utilidade sem planos que os traduzam em ações. Os Coríntios indicaram seus desejos e vontades de distribuírem e foram até instruídos em dar de forma planejada (1Co 16:1-2), ainda assim eles falharam em perseverar em suas boas intenções (2Co 8:10-11). Fidelidade financeira por fim flui do reconhecimento de que tudo que somos e temos pertence ao Senhor (1Cr 29:11-16; Rm 14:7-9; 1Co 6:19-20). Vida é uma visita temporária que os Cristãos precisam se ver como forasteiros, residentes temporários, que estão aqui como mordomos da multiforme graça de Deus. Tudo que somos e temos - nossos talentos, tempo, e tesouros - foi nos confiado por Deus para nós investirmos para o reino e a glória de Deus (1Pe 1:17; 2:11; 4:10-11; Lc 19:11-26).

A Responsabilidade de Trabalhar: Uma das maneiras básicas de Deus prover para as nossas necessidades é através do trabalho - uma ocupação na qual nós ganhamos nosso sustento para que possamos sustentar nós mesmos e nossos familiares (2Ts 3:6-12; Pv 25:27).

A Responsabilidade de Economizar:

1.      Deus direciona José para guardar para o futuro (Gn 41:35).

2.      Economizar para o futuro mostra sabedoria e é demonstrado na criação de Deus (Pv 21:20; 30:24-25; 6:6-8).

3.      Economizar para o futuro é mordomia responsável quando é designada para alcançar ambas as necessidades previsíveis e imprevisíveis da família (1Tm 5:8; 2Co 12:14).

4.      Manter uma visão correta de propriedade. Lembre-se, toda a nossa riqueza pertence a Deus. Nós somos gerentes, não donos (1Cr 29:11-16; Lc 16:12).

5.      Manter uma visão correta da nossa segurança. Nós temos que colocar nossa confiança no Senhor e não nos nossos investimentos (1Tm 6:17).

6.      Tomar cuidado com motivos impuros e não bíblicos, prioridades, e razões para economizar tais como ansiedade e estocar em grande quantidade por insegurança ou cobiça (Mt 6:25-33; Lc 12:13-31).

7.      Decisões com relação a investimentos futuros têm que ser tomadas em oração na visão da vontade de Deus (Tg 4:13-15).

8.      Não use dinheiro em programas para economizar/investir que Deus deseja que seja usado para dar aos outros. Isto ocorre quando as economias ou investimentos se tornam extremas e pelas razões erradas da já vistas acima (Lc 12:16-21; 1Tm 6:18-19; 1Jo 3:17).

9.      Evite investimentos de alto risco ou esquemas do tipo riqueza rápida (Pv 21:5; 28:20, 22; 1Tm 6:9).

10.    Observe estas prioridades. Faça do reino de Deus seu investimento número um (Mt 6:33; Lc 12:31; 1Tm 6:18-19).

Concluo, esta parte introdutória sobre mordomia cristã, citando o reverendo John Wesley, ele disse: Mas que nenhum homem imagine que terá feito o suficiente, meramente por chegar assim tão longe, 'ganhar e poupar tudo que ele possa', se parar por aqui. Tudo isto é nada, se um homem não seguir adiante, se ele não objetivar tudo isto para uma finalidade mais além. Nem, de fato, um homem pode propriamente dizer que poupou alguma coisa, se ele apenas juntar seu dinheiro. Você pode igualmente atirar seu dinheiro no mar, tanto quanto enterrá-lo. E pode enterrá-lo, assim como colocá-lo em seu cofre, ou no Bank of England. Não usá-lo é efetivamente atirá-lo fora, Se, na verdade, você 'faz de si mesmo, amigo do mamon da injustiça', acrescente a terceira regra às duas precedentes. 1º. Ganhe tudo que você puder; 2º. Poupe tudo que você puder; 3º. Distribua tudo que você puder. Com o objetivo de ver o fundamento e a razão disto, considere que, quando o Senhor dos céus e terra o trouxe para a existência, e o colocou neste mundo, ele o colocou aqui, não como proprietário, mas como mordomo. Como tal, Ele confiou a você, para uma temporada, os bens de vários tipos; mas a propriedade única destes repousa sobre Ele, e não pode ser alienada Dele. Assim como você não se pertence, mas a Ele, tal é, igualmente, tudo que você desfruta. Tal é sua alma e seu corpo, que não são seus, mas de Deus. E assim são seus bens, em particular. E Ele tem dito a você, nos termos mais claros e categóricos, como você deve empregá-los para Ele, de tal maneira que ele possa ser um sacrifício santo, e aceitável através de Jesus Cristo. E por esse serviço leve e fácil, ele promete a recompensa com o peso eterno da glória. As direções que Deus nos deu, no tocante ao uso de nossos bens mundanos, podem ser resumidas nos seguintes detalhes. Se você deseja ser um mordomo fiel e sábio, daquela porção dos bens de seu Senhor, que Ele, no presente, colocou em suas mãos, com direito a recuperá-los, quando quer que agrade a Ele, Em Primeiro Lugar, providencie as coisas necessárias para si mesmo; alimento, vestimentas, o que quer que a natureza, moderadamente, requeira para preservar o corpo na saúde e força. Em Segundo Lugar, providencie estes para sua esposa, filhos, servos, ou alguns outros que pertençam à sua casa. Se quando isto for feito, existirem algumas sobras, então, 'faça o bem àqueles que são seus familiares na fé'. Se ainda restar mais alguma coisa, 'se tiver oportunidade, faça o bem a todos os homens'. Ao fazer isto, você estará dando tudo que você pode; mais do que isto, em um sentido mais profundo, tudo que você tem: Porque tudo que é disposto desta forma, é realmente dado para Deus. 'Retribua a Deus as coisas que são de Deus', não apenas, pelo que você dá ao pobre, mas também, pelo que você gasta ao providenciar coisas necessárias para si mesmo e seus familiares.

Fortaleza, quinta-feira, 18 de setembro de 2008.

Pastor George Emanuel Lira Ferreira