Estudante: Claudio José Bezerra de Aguiar

Tarefa: resenha

Obra: Jean GRONDIN. Introdução à Hermenêutica Filosófica. São Leopoldo: Unisinos, 1999, p.91-156.

Introdução à hermenêutica filosófica

  No decorrer da história, na busca de encontrar os significados de passagens obscuras das Escrituras, a utilização da alegorese, que é a descoberta de significados oculto nas palavras, pareceu conveniente. Contudo surgiu muita confusão, sendo necessária a criação de uma universalização de sinais para interpretações. Lutero afirma que a Escritura explica a si própria. Mas, só esse argumento não pareceu suficiente, pois um padrão para interpretação se torna necessário, não apenas para a Bíblia, mas porque muitasfunções utilizama interpretação, como médicos, que analisam sintomas, sociólogos, que estudam os comportamentos, etc. Neste afinco, de encontrar uma universalização para as interpretações, se elevam algumas teorias. 

  O teólogo Johann Conrad Dannhauer, supunha que se pode conhecer deve ser correspondido por uma ciência filosófica.Logo toda interpretação deve estar vinculada a um conhecimento cientifico já existente.

  Johan Martin Chladenius, diferente de Dannhauer, via que a interpretação precisava mais do que a lógica cientifica, ela na verdade depende de todo conhecimento humano. Porque esse daria luz a passagens obscuras, sendo que a principal função da hermenêutica era se aplicar neste ponto, o desvendar da obscuridade. Para Chladenius existemvários estágios de obscuridades. A passagem pode se tornar obscura por falhas na editoração, por falta de informação sobre a linguagem, por ambiguidades das palavras do texto, por falta de conhecimento do contexto histórico, etc. Por isso ele conclui que para interpretar é necessário ter um conhecimento geral, não apenas cientifico.

GeorgFriedrich Meier fugiu dos passos escriturísticos utilizados pelos autores antecedentes. Ele apelou para o fato de que tudo é um sinal, e o mundo gira em torno de sinais. Assim, a interpretação que pretende ser universal, deve partir dos sinais, tanto naturais como artificiais.

Augusto Germano Franke, um pietista que se destacou na universalização da hermenêutica, mesmo quando essa estava entrando no esquecimento em sua época.Afirma ele que, por trás de toda palavra existe um afeto. Esse afeto é o sentimento que o autor quer que as pessoas tenham quando estiverem lendo seu escrito. Por isso, para se fazer uma correta interpretação é preciso descobrir esse afeto.

  O Romantismo do século XIX, que foi uma época de busca apaixonada pela perfeição, também se colocou no encontro de uma verdade Hermenêutica. Influenciados por escritos Kantianos, eles afirmaram a ideia do espírito e do todo. A questão do espírito diz respeito ao fato considerado, que por trás de toda ideia tem um espírito, e para chegar ao conhecimento desse espírito, se torna necessário um conhecimento do todo. O todo, fala de tudo que envolve a passagem, a história, contexto, o autor, etc. Quando se tem esse conhecimento, pode então a chegar uma conclusão do particular. Essa foi a primeira teoria que foi aceita como universal.

  O romantista Friedrich Schleiermarcher, em seus escritos sobre hermenêutica se apoiou na linguagem, para ele ela se divide em gramatical, e técnica. A primeira se ocupa com a escrita, a outra se aplica na mensagem interior, no espírito da mensagem que quer ser transmita. Outro ponto importante trata do mal-entendido. Antes a interpretação ocorria até chegar ao ponto em que não se conseguia entender, onde se passava para o estudo em busca de respostas. Schleiermarcher via que a obscuridade devia ser pressuposta antes de começar uma interpretação. Apartir desse devia se aplicar os estudos. Uma interpretação pode se concluir como boa, quando se consegue desmontar e montar um texto desde sua base, tendo a correta interpretação do autor, e podendo chegar a uma conclusão mais profunda que o próprio autor.A linguagem técnica de Schleiermarcher se tornou objeto de debate, até passou a ser considerada psicológica. Pois ele tratava da busca pela alma da mensagem, aquilo que o autor estava dizendo que estava por trás de seus escritos.

O historicismo foi outra fase da hermenêutica, que via na história o primeiro passo para interpretação. Contudo, a realidade dos fatos é relativa, pois cada estágio da história deve ser interpretado dentro dele. O que se tem hoje de fatos passados são interpretações de acontecimentos ocorridos, nunca um fato em si para que esse possa ser interpretado. Descobrir o fato por trás das interpretações é função hermenêutica, por isso que Schleiermacher procurava saber tudo sobre o autor, para tentar desvendar que fatores influenciaram os escritos. Nesse interesse, que o historicismo via que quanto mais se sabia sobre o passado, melhor se tornava a compreensão dos fatos.

  Por fim, com Dilthey a psicologia passou a fazer parte da hermenêutica. Sendo que para compreender o espírito da mensagem, era necessário buscar conhecer os aspectos da alma. Porque as coisas visíveis poderiam ser explicadas, mas os argumentos do espírito eram precisos serem entendidos.

  A busca por universalização não chega ao fim, pois muito se trás de teorias, sendo possível ter pontos que se utilizem de uma e outra teoria. Mas no seu todo fica impossível definir uma como universal, por causa da complexibilidade do entendimento humano, pois sempre está condicionado aos aspetos de sua época. Nisso cada teoria teve seu peso e impacto dentro de sua época, sendo posteriormente argumentada, destruída ou reconstruída por novos estudos no campo em questão.