A leitura nos leva à reflexão. Sartre afirmava “o inferno são os outros”. E não é esta a razão de toda nossa dificuldade de relacionamento?

Nossa intolerância se agiganta quando tratamos de perceber os defeitos alheios, nossa língua é afiada e nossas observações ferinas. Esquecemos por um momento que todos somos humanos e passíveis de erros. Cobramos a perfeição alheia e raramente nos olhamos no espelho com a crítica necessária.

Se exercemos a difícil arte da clemência, da busca do que é bom e agradável nesta ou naquela pessoa que nos incomoda, seja em qualquer âmbito, cresceremos como indivíduos. Não quero aqui dizer que devamos perder nosso senso crítico. Devemos sim, dosá-lo e sermos mais atentos ao que realmente interessa criticar. A crítica pela crítica, pela mesquinharia, pela inveja ou pela falta do que falar, em nada nos acrescenta.

Se aprendermos a criticar construtivamente, estaremos mais próximos do crescimento e da solução dos problemas que os afligem. Até aos nossos “inimigos” devemos dar as mãos, objetivando o bem comum. Estar de lados opostos muitas vezes nos cega. Quando ocupamos as extremidades não olhamos para o que está no meio. Interessa-nos a ponta da corda que seguramos, a bandeira que levantamos. Houvesse mais tolerância em nossa política e seríamos mais fortes.

Houvesse mais tolerância em nossa convivência com o próximo, com as divergências, seríamos mais humanos. Houvesse mais tolerância em tudo o que fazemos e seríamos menos cegos para um novo mundo que se descortina independentemente de nossa vontade.

Reinaldo Müller > "Reizinho"