UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE LINGUAGENS DEPARTAMENTO DE LETRAS CURSO DE LETRAS/ESPANHOL PAULO MARCOS FERREIRA ANDRADE LITERATURA PORTUGUESA I ATIVIDADE II 3ª SEMANA ANÁLISE LITERÁRIA INTERTEXTUALIDADE NA MÚSICA MONTE CASTELO LEGIÃO URBANA Cuiabá, MT 2014 INTERTEXTUALIDADE NA MÚSICA MONTE CASTELO LEGIÃO URBANA Para início da análise se faz necessário destacar que a canção Monte Castelo esta composta por três diferentes textos, a saber, um bíblico que alude a trechos da carta do apóstolo São Paulo aos coríntios (1º Coríntios 13:1), um poético focado no soneto 11 de Luiz Vaz de Camões, e um de própria autoria para com o qual o autor a sua obra. O título faz referência a uma região ao norte da Itália, onde militares brasileiros e estadunidenses guerrearam já no final da segunda Guerra mundial. Pegando por base esta referencia podemos dizer que a intertextualidade não está tão evidente como no restante da música por se tratar de um fato que às vezes nem é tão lembrado ou conhecido por esta nova geração. “A conquista do Monte Castelo na cordilheira apenina, no norte da Itália, foi uma atuação heroica dos soldados brasileiros. Mesmo mal treinados, com equipamento inadequado e enfrentando um frio de até 15 ºC negativos, eles conseguiram derrotar as forças alemãs que estavam entrincheiradas no alto do monte Castelo. O resultado das operações conjuntas com outras forças na batalha foi a expulsão dos alemães dos montes Apeninos, permitindo uma ofensiva dos aliados no norte da Itália que marcaria o fim dos confrontos no país”. NAVARRO (2005) O eu lírico descreve o amor de dois modos distintos, enfatizando suas ações, fazendo comparações, mostrando que em vários momentos sociais se tornou apenas um sentimento abstrato, descrevendo-o por antíteses. Assim o descreve em diferentes sentidos ao fazer a releitura de textos que possui características definidas por suas amplitudes e pelo tempo cultural de cada um deles. A poesia em Monte Castelo mostra claramente duas faces do amor. Uma que se embriaga no amor carnal e expurga os sentimentos entre duas pessoas e trazem a tona o soneto 11 de Camões e outra que mergulha no cálice do amor divino, evidenciando a carta paulina à igreja de Corinto. Enquanto no texto bíblico parafraseia-se o amor verdadeiro, com os textos de Camões o autor o apresenta como paradoxal. O sentimento de funde na ambiguidade do amor que tudo suporta e da paixão para qual não há limites. É importante salientar três contextos que serviram de pano de fundo na composição da canção Monte Castelo: I. Camões escreveu seu soneto, na época da Idade Média ocorriam muitas guerras, como a Guerra dos Cem Anos, Guerra Civil Inglesa, entre outras que nos faz pensar que o paradoxo do amor utilizado pelo poeta objetivava contrapor-se às embates de sua época, uma vez que as paixões ardentes permeavam este contexto. II. Paulo ao saber das intrigas que se passavam na igreja de corintos escreveu lhes exortativamente sobre o amor divino puro e verdadeiro, que vence as barreiras de todas as relações interpessoais. Seu propósito era conclamar o povo de Corinto a vivencia da essência do amor, sem o qual qualquer outra ação seria em vão. III. Renato russo escreveu esta música na década de 80, exatamente onde os movimentos da juventude estudantil saiam paras ruas pedindo “diretas já”, sendo um período caracterizado pela conturbação e repressão. Onde muitas ações foram efetuadas em nome do amor a pátria e contra qualquer exploração econômica, política ou moral. Mediante este contexto pode-se dizer que o eu-lírico trata-se da pátria brasileira pedindo socorro, recorrendo ao amor como porto seguro. A mensagem é de ruptura com a situação caótica e repressiva do país. A lírica vislumbra resgatar o quanto já foi perdido pelas guerras e pela falta de amor. E não intitula amor como rótulos, mas a sua essência que transforma e faz a vida mais bonita, uma vez que transforma as ações humanas. Desta forma a canção Monte Castelo trás a tona o sentimento e anseios de pátria que a mais 500 anos vem sofrendo abusos de um amor fingindo. Uma pátria que não está mais deitada em berço esplendido, pois já compreendeu que a mão que balança o berço não de mãe gentil.